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terça-feira, 30 de abril de 2019

Pilares da Renovação Planetária

À medida que ensinamos outras pessoas conseguimos aprender coisas novas. Somos forçados a transmitir algo de acordo com os modelos mentais de cada indivíduo, cada grupo. Ao fazer isso, percebemos detalhes que sempre estiveram ai - mas de alguma forma sempre escaparam à nossa mente. As perguntas desferidas pelas pessoas nos forçam a melhorar nossas explicações e buscar entender o porquê das coisas. Novos modos de transmitir podem revelar novas visões.

Ao elaborar os slides de meu curso de extensão surgem algumas ideias. Começo a esboçar diagramas e coloco tudo na prancheta. Assim cria-se uma nova forma de demonstrar pensamentos. A construção de algo baseado em várias fontes sempre traz elementos adicionais, originais, de quem está elaborando o material. E também multiplica a potência de certos diagnósticos, tornando uma informação verbal em visual; ou visual em cinemática; ou visual em sonora; ou em expressões matemáticas; ou em diagramas; etc. Mesmo mantendo-se a comunicação no plano verbal, uma nova combinação de palavras pode trazer um maior impacto para as pessoas, que assimilam a informação de forma mais efetiva. 

Colocar-se acima das nuvens: superar o estado de inquietação.
Longe das tempestades inúteis do mundo, para enfrentar a
suprema tempestade das criações interiores...
Photo by Joshua Earle on Unsplash.
É preciso tocar o coração das pessoas. Sensibilizá-las aos temas. E isso não pode ser feito apenas com verniz cultural. É mister ter vivenciado o que se transmite - em algum grau, de alguma forma. Sentir-se-à, do lado daquele que escuta, a potência das palavras, que trarão por trás de si um mistério plenificado de infinito e repleto de eternidade. Isso será percebido, inconscientemente (via subconsciente), durante a exposição, na qual o ouvinte irá deparar-se com algo inusitado. O gesto, tom de voz, olhar, segurança, atitude, abordagem diferenciada, transformação do semblante de forma impressionante...tudo isso ocorre quando o discurso está plenificado de sapiência. Não se trata de crer - e sim de saber. Mesmo que de forma intuitiva, supra-racional, cujo conteúdo não possa ser explicado de maneira objetiva - o que pode levar muitos céticos a se afastarem. 

Quando a capacidade de vivenciar os fenômenos da vida extrapola os limites da mente racional, sente-se um descompasso entre duas inteligências: a razão sistematizadora e a intuição vivenciadora. Desde o nível da matéria e da energia, físico-químico, passando pela vida orgânica, adentrando na psique humana e nas organizações coletivas, com seus sistemas tecnológicos e sociais, culminando nas fronteiras do pensamento e da paixão, a compreensão torna-se mais profunda. Vê-se o significado de tudo. A busca do conhecimento passa a ser uma epopeia que permeia cada instante da vida, inclusive os mais banais - pois 

Deus está em tudo e tudo está em Deus, mas Deus é mais do que a soma das partes, 

porque Ele É:

transcendente em sua potência de controle e imanente em sua amorosidade regeneradora

Dessa forma, tudo que se vive passa a ser banhado com novo significado. As dores se tornam recurso ao invés de resíduo. Recurso significa que pode-se transformar algo em outra coisa. Passar dos estoques de uma voltagem de dores para o fluir de uma amperagem benéfica de amores [1]. Não se trata de destruir ou fugir da dor - e sim de convertê-la em criações. Quanto mais intensos os golpes, mais criatividade é exigida para realizar superações. 

Criações fantásticas aguardam a nossa espécie - mas para isso, feliz ou infelizmente, haverá necessidade de um batismo de dor tal qual o mundo jamais viu, em escala global. Ferimentos que beiram o insuportável para uma civilização com meta no conforto e bem-estar material. 

É preciso gerar conforto - mas apenas se as benesses materiais servirem à evolução. A vida clama por uma coletividade de seres evoluídos, e dá tempo para que todos percebam isso. Mas há prazos para perceber as coisas. A finalidade da vida não é gerar gordos involuídos (leia-se gente plena de confortos materiais, títulos e distrações digitais, sem consciência e estofo espiritual), e sim evoluídos, nem que para isso seja necessário que todos sejam do tipo magros evoluídos (leia-se, gente pobre de recursos, sem confortos e destituídos de prole e coisas que o mundo valoriza, mas com grande capacidade de síntese, ousadia inteligente e capacidade de renovação ímpar).

Contemplação da natureza - ou a natureza da contemplação?
Ambas! Percebam: ser humano e natureza se interpenetram...
 Photo by ali pazani on Unsplash.
Raríssimo são os casos daqueles que, em meio a diversos confortos e posições privilegiadas, cumprem a tarefa evolutiva de ascender. Isso explica em parte a degeneração pela qual o Brasil passou a partir de 2014, com o acirramento da crise econômica, esfacelamento da pesquisa, da cultura e da orientação geral, além do desmembramento da Constituição de 88. Foram criados consumidores, não cidadãos minimamente conscientes (minimamente). Seria necessário iniciar um movimento paralelo, discreto e sustentável, de formação de uma cultura de pensamento crítico. No entanto, as pessoas tem seu quinhão de culpa.

Não basta fazer esforços para eleger - é mister criticar e sustentar os eleitos, para que estes consigam realizar sua missão, quer queiram quer não. O povo é co-partícipe do processo político - mesmo num país de baixíssima densidade democrática. Mas para que essa participação seja efetiva, verdadeiramente delimitadora de ações deletérias, - e deliberativa em termos de ações progressistas - as pessoas devem ter consciência. Isso significa perceber a questão política como um devenir histórico da coletividade humana. Não basta adquirir informações. Deve-se interpretá-la, contextualizá-la no tempo, no espaço e nos modelos mentais predominantes (e possíveis), relacioná-la. É essencial ter a coragem de questionar e expor o que se pensa. 

Seguir a tendência, reproduzindo o passado, é morrer. 
Se contrapor gratuitamente a tudo, destruindo sem criar, é insensatez.
Compreender os porquês e criar um modelo mais vasto, que supere a realidade, é renascer.

Quem segue é escravo, seja rico, saudável ou poderoso;
Quem se contrapõe é revoltado, mesmo que consiga subverter uma ordem;
Quem compreende e supera é sábio, seja qual for sua posição neste mundo. 

É claro que um pouco de benesses materiais (do mundo) podem fazer uma grande diferença para a divulgação e penetração das ideias do Alto. Consequentemente há necessidade em se estabelecer um pacto entre o (belo) Ideal e o (deprimente) Real. Assim haverá criação de valores, de tendências, de hábitos - e assim, a superação do sistema, com novos comportamentos. 

No meu curso de extensão (voltando a ele) esbocei três eixos (ou pilares) essenciais para a transição de uma humanidade desesperada:

(I) Alteração da matriz energética global, de fontes não-renováveis para fontes renováveis;
(II) Mudança da cultura de consumo, passando de consumismo (desmensurado, instintivo) para um consumo consciente e necessário (racional);
(III) Superação dos valores e crenças, controlando o excesso de população com uma mentalidade de que há mais na vida além da conservação da espécie (reprodução).

O item (I) diz respeito à base material-energética na qual nos apoiamos para nos desenvolvermos;
O item (II) aponta para a limitação da 1ª lei de Ubaldi (conservação individual, lei da fome);
O item (III) aponta para uma limitação da 2ª lei de Ubaldi (conservação da espécie, lei do amor).

Mas para realizar as duas limitações (II e III), além de transicionar nossa matriz produtiva-energética (I), é essencial apresentar um quid que esteja em ressonância com o imo dos indivíduos. Aí entra a 3ª lei de Ubaldi (lei da evolução). 

O caminho está traçado. As últimas descobertas da ciência
nos atestam. As conjecturas da mesma, aliada às filosofias
em busca e às religiões em mutação, confirmam a necessidade
de um novo paradigma - base de uma nova civilização.
Photo by Pop & Zebra on Unsplash.
A natureza humana está clamando por uma nova descoberta. Estamos nos dando conta de que evoluir é tão importante quanto deixarmos descendentes e adquirirmos propriedade. A depender do momento histórico, a 3ª lei se torna mais importante do que as outras duas. Mas para ser alguém que segue antes de tudo essa lei mais elevada, é preciso antes ter compreendido as duas anteriores - e mesmo se desenvolvido com base nelas. 

Apenas os santos, gênios, verdadeiros heróis, são capazes de abdicar de tudo do mundo para se dedicar aos fins supremos da vida. Vida em sentido lato, que extrapole as definições biológicas materialistas, a partir do conceito de célula, com seu DNA e RNA, sua replicabilidade e coordenação. Trata-se de um conceito mais vasto, que enxergue "vida" como um princípio diretor. Um pensamento que anima a matéria e se faz misterioso na transmissão instantânea de informação. 

O que vemos em nossa galáxia, nesse sistema solar, atualmente, é a necessidade de um suporte material para que a vida possa ser percebida e manifestada. Para quem se interessar, recomendo o estudo e contemplação da Obra de Pietro Ubaldi, Huberto Rohden e Pierre Teilhard de Chardin - gigantes desbravadores dos mistérios do infinito.

O surto mental se torna menos intenso...
O impulso que me embalou há pouco se esvai...
A ideia permanece, à espera de impulsos novos, renovados...

Todas as visões apreendidas intensamente pelo autor ao longo da última década de vida se revelam cada vez mais realistas [2]. Trata-se do futuro da evolução humana. O monismo é a doutrina da unidade que realça o melhor das diversidades e combina-as da forma mais sinérgica possível.

Deixo o teclado por ora. A narrativa dessa epopeia segue no livro da vida, em que as palavras devem ser 'lidas' nos atos, nos gestos e - sobretudo - nos olhares - que manifestam a grandeza e os anseios imensuráveis da alma.

Referências:

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