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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Compilação de visões (D4)

Atividade 2.2 – Fórum Avaliativo – Parte 1 (Disciplina 4)

Neste fórum iremos analisar e debater os fundamentos da metodologia do Estudo do Meio e sua relevância para a formação da cidadania e para o ensino de conceitos, princípios e procedimentos científicos a partir da investigação da realidade social ou natural.
Considerando o trecho de Antoni Zabala, o qual argumenta sobre a relação entre formação científica e cidadã, abaixo transcrito
Numa sociedade democrática, o espírito científico formará cidadãos com capacidade de observar, de avaliar, de escolher e de criticar, já que este espírito científico significa capacidade e aptidão para observar as coisas, mas, sobretudo, para interpretar suas relações. “A capacidade de propor hipóteses, de programar uma experiência, de tirar conclusões ensina (...) a pensar, a raciocinar, a comprovar se uma coisa é verdadeira ou falsa; ensina a distinguir, a escolher; sem ela não existe hábito democrático. Uma mente passiva, inerte, conformista, não pode constituir uma personalidade democrática” (1998, p.153).
1- Argumentem sobre a importância dos princípios e etapas do Estudo do Meio para a formação profissional e
2- Relatem propostas pedagógicas desenvolvidas por vocês que se articulam ou se inspiram na metodologia.  


por LEONARDO LEITE OLIVA - sexta, 8 Fev 2019, 14:37
 
Bom dia a todos(as). 

Percebo o Estudo do Meio como imprescindível para o aluno se apropriar do conhecimento. Através da experiência direta com uma problemática – que deve ser lidada de forma colaborativa, interagindo com outras pessoas e fazendo uso de múltiplos conhecimentos – se torna mais viável para o estudante construir a ponte que une os conceitos da(s) disciplina(s) com o cotidiano por ele sentido e valorizado. 

Partindo de um problema reconhecido como crítico (ex: deslocamentos nas grandes cidades), é possível estabelecer um objetivo a ser seguido, que deve servir de elemento orientador para a elaboração das soluções. O cerne é despertar no estudante o senso crítico, tornando-o capaz de fazer uma leitura crítica da realidade, percebendo como os entrelaçamentos dos sujeitos históricos permitem a emergência de novos sistemas, instituições e hábitos; e como, dada a estrutura (mental e sistêmica) e os dilemas da atualidade, se projetar no futuro, esboçando novas práticas e ideias.

por LEONARDO LEITE OLIVA - segunda, 11 Fev 2019, 10:36
 
De fato X, a interdisciplinaridade deve ser usada como um elemento fortificador de uma dada disciplina - e não dispersivo, como pode parecer à primeira vista. Usam-se os conhecimentos adjacentes para se ter uma nova perspectiva sobre o assunto tratado (no vosso caso,algum ramo da gastronomia), seja em seu aspecto histórico (porque surgiu tal prática?); no porquê de seguir determinado passo na elaboração da receita (propriedades bioquímicas do(s) ingrediente(s)); na justificativa de certas práticas (questões de segurança), entre outros. 

A questão do aproveitamento de alimentos é central, pois deve ser (se já não é) um tópico nos currículos da gastronomia. Sei que muitos talos de vegetais e mesmo casca de banana e de mamão, podem ser aproveitados para elaboração de saladas de futas (no caso destas últimas, por exemplo). É imprescindível entrar com a realidade geográfica, realçando a importância do uso de produtos locais.

Atividade 6.2 – Fórum Avaliativo – Parte 2 (Disciplina 4)

Neste fórum iremos debater a Pedagogia Contextualizada e o Movimento da Aprendizagem Situada no cenário da Educação Profissional.
Com base nos trechos abaixo e nos textos abordados na Unidade, vamos refletir sobre a importância da contextualização na aprendizagem técnica-profissional, especialmente na construção da relação entre os conhecimentos técnicos-científicos e o saber-fazer, levando-se em conta a organização atual dos sistemas produtivos e a crítica da divisão social do trabalho que orientou a lógica taylorista e fordista.
Também vamos discutir a metodologia da Aprendizagem Situada, concebida como uma “ferramenta” dinâmica para apropriação da cultura presente nos locais de práticas, para a aprendizagem colaborativa e a integração in loco entre saberes técnicos e os saberes da prática, entre outros propósitos.
Trecho 1:
“A Pedagogia contextualizada orienta, na atualidade, programas e metodologias dirigidas à Educação Profissional, como é possível constatar na RESOLUÇÃO Nº 6, DE 20 DE SETEMBRO DE 2012, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, em seu Artigo 6º, Capítulo II, dos Princípios Norteadores, inciso VIII, a contextualização figura como um dos princípios da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, sendo compreendida como um princípio operador de estratégias educacionais favoráveis à compreensão significativa dos conteúdos curriculares dos cursos técnicos, e para a integração entre a teoria e a prática profissional (integração referendada no inciso VI do mesmo artigo que prediz a “indissociabilidade entre teoria e prática no processo de ensino-aprendizagem”). “
Trecho 2:
“Do ponto de vista da Educação Profissional, o desenvolvimento de metodologias inspiradas na aprendizagem situada promoveria a integração entre os saberes técnico-científicos e os saberes da prática, bem como investiria em um desenvolvimento cognitivo e de competências nos estudantes, num espectro muito mais amplo do que o admitido pela assimilação teórica stricto sensu dos saberes laborais que dominaram o cenário da Educação Profissional sob a orientação da divisão social do trabalho, expressa na lógica taylorista e fordista. A perspectiva educacional da aprendizagem situada considera que as descrições formais de uma atividade ou técnica laboral não estão ajustadas às ações profissionais e sociais desenvolvidas na prática, pois esta última abarcaria uma dinâmica de produção de conhecimentos muito mais espessa do que somente a aplicação de uma técnica ou desempenho de uma atividade. A prática contaria com interações sociais específicas; com artefatos culturais e materiais próprios; com demandas localizadas; com identidades peculiares a cada processo social ou situações de trabalho – elementos de difícil previsão ou reconstituição nas salas de aula. Daí a importância de mobilizar aprendizagens situadas para o interior da escola, de modo a convergir os elementos intrínsecos à determinada prática para o processo formativo dos estudantes, interconectando-os aos campos teóricos mediados pelos docentes em sala de aula.”

Embasados nos trechos citados,
1. Apresentem relações entre as características da pedagogia contextualizada e a aprendizagem situada;
2. Relatem propostas pedagógicas desenvolvidas por vocês que favoreçam a relação entre conhecimentos técnico-científicos e o saber fazer, considerando contextos situados.


por LEONARDO LEITE OLIVA - quarta, 13 Mar 2019, 10:09
 
X, bom dia.

Essa  prisão mental a "verdades absolutas" é uma característica humana que deve ser superada. Nós temos a tendência de absolutizar os relativos, como os nossos interesses, o nosso modo de vida, a nossa formação, etc. E tudo que é "absolutizado" - nesse universo em constante transformação - se cristaliza. Tem-se um ser estático, que começa a não lidar com as contradições que a evolução lhe apresenta - das mais variadas formas. 

Mas por outro lado (e indo um pouco mais à fundo no terreno do imponderável...) o Absoluto está imerso nos recônditos do nosso universo relativo e imperfeito. Mas nada que se manifesta aqui é absoluto. Apenas temos manifestações dele, gerando um imperfeição. 

Agora...descendo um pouco para o nosso mundo concreto.

Vossa frase capta um grande problema:
"Os alunos, em sua maioria, ainda estão "programados" para uma resposta decorada. Por isso rever o modelo de avaliação se faz necessário. O quanto eficiente é uma avaliação formal na atualidade?  O modelo que era sucesso há alguns anos, hoje, não cabe mais, pouco agrega, pouco reflete."  (grifos meus)

Modelos (mentais) são a imagem que temos da realidade. A questão é o seguinte: à medida que dilatamos nossa consciência, a realidade se torna mais vasta. Logo, nossos modelos mentais (dessa "nova" realidade) devem se tornar aptos a ela. E consequentemente, evoluem nossos modelos simbólicos e físicos da mesma. 

É muito importante imprimirmos esses conceitos para nossos alunos. Não apenas falando deles ou exemplificando-os, mas tornando nossas vidas um exemplo de incorporação dessa visão sistêmica. O pensamento sistêmico, a meu ver, é uma ponte entre a técnica - já tão bem desenvolvida - e o misticismo.*.

Na falta de capacidade mental e vivência interior, me calo e deixo a voz de Pietro Ubaldi ressoar, atestando que uma bondade fervorosamente buscada (reforma íntima) é o ponto central de onde serão geradas as ideias aqui discutidas:

"Em mais avançado momento, a consciência, mais amadurecida, qual tem acontecido até hoje, no seio da civilização, quer dar-se conta do valor das próprias reações, procura e exige uma verdade menos aparente e mais substancial e vai ao encontro dos fenômenos, não mais exclusivamente com a fantasia do primitivo, mas com o olhar objetivo do observador. Tem, assim, aprendido a catalogar fatos, coordená-los segundo planos hipotéticos, e tenta compenetrar-se da lógica e fixar a lei de progressão dos fenômenos, para chegar a estabelecer gradualmente os princípios, cada vez mais abstratos e gerais, que regem o funcionamento orgânico do universo. Tal é a presente fase científica. O homem moderno sente, justamente, a sua superioridade diante do homem supersticioso, que se impressiona antes de saber observar, e sente-se orgulhoso de não se deixar invadir por vãos temores, diante de fenômenos cuja causa pode surpreender com seu poder de análise. E isto já é muito. O homem tem conseguido a racionalidade, esta potência arquitetônica, que permite as construções ideológicas; ele é poder de escolha e de coordenação, é visão de relações e unificação; é indução, dedução, sistematização, que guiam para a reconstrução do pensamento originário da criação. 

A ciência tem recolhido todas as pedrinhas do grande mosaico, tem procurado reconstruir o grandioso painel, sem todavia lograr outra coisa que delinear alguma figura. Mas, ai de mim! — longo é o caminho, extremamente prolixo é o método, tanto que pode ser considerado inadequado à consecução da síntese máxima. Evidencia-se, dessarte, a inépcia da ciência, consequentemente uma fundamental questão de método; este, tal qual é concebido, nada mais pode ser que um eterno caminhar, incapaz de síntese." (grifos meus)
Ascese Mística, Cap. IV

* Obs: compreendo o (verdadeiro) misticismo como uma sublimação espiritual, que altera radicalmente a natureza humana, tornando-o um todo coeso, sempre em paz consigo mesmo e com todas criaturas, habilitando-o às criações mais poderosas, que as forças da vida conferem àqueles que souberam transcender uma "barreira do som" espiritual.

por LEONARDO LEITE OLIVA - quarta, 13 Mar 2019, 09:42
 
Bom dia a todos(as).
Estamos diante de um momento histórico crítico, sem parâmetro de comparação com qualquer outro processo evolutivo ocorrido anteriormente em nossa civilização. Trata-se de uma mudança de proporções homéricas e consequências que tanto podem ser dantescas quanto idílicas – isso dependerá de como nos organizaremos como espécie para conduzir o inexorável processo evolutivo, que nesse momento a vida nos convida a participar de uma forma criativa, demandando de cada um uma ousadia inteligente fora do normal.

A pedagogia contextualizada visa à integração entre teoria e prática profissional, além de buscar estratégias inteligentes para aumentar a eficiência do processo de assimilação dos conteúdos escolares – que devem ser integrados de forma hierarquizada e interconectada. O foco é para o sistema econômico, imbricado com aspectos basilares da vida social. A aprendizagem situada emerge nesse contexto, visando criar terreno fértil para a elaboração de propostas metodológicas contemporâneas nos cursos profissionalizantes (diretamente vinculados ao sistema econômico). Isso deve ser feito através de ações (aulas, projetos, trabalhos, debates, seminários, visitas técnicas, etc.) bem definidas, inseridas na realidade, vivenciada pelo corpo de estudantes, e conceptualmente ao alcance de ser abordada de forma sistemática. O objetivo é realizar o potencial de cada estudante relativo às competências necessárias a essa nova configuração tecnosocial e bioeconômica.

No momento o terreno usado para desenvolver essa dinâmica de aprendizagem são cursos de extensão – criados e ministrados pelo autor. Ambos se embasam fortemente em princípios sistêmicos, que pervadem todos os tópicos tratados. Um deles – Iniciação à Ciência de Sistemas – tem por escopo dar ao aluno uma visão contextualizada dos fenômenos infra-humanos (natureza “inerte”* e viva) e humanos através da introdução de conceitos intuitivos e de um ferramental (simbologia) simples, com exemplificações nas mais diversas esferas da vida, desde as finanças até sistemas produtivos; desde funcionamento de organismos vivos até a relação entre espécies em biomas; desde fenômenos físicos (de diversas escalas de tempo e espaço) até o comportamento social. A “mão na massa” do curso parte de um trabalho psíquico de cada aluno, situado no âmbito conceitual, que consiste em: (a) extrair de um problema de seu interesse aspectos comuns a outros (problemas); (b) fazer uso da simbologia e dos conceitos sistêmicos para modelar sistemas, analisá-los, e mesmo concretizar ideias simples, como (por ex.) delinear em linhas gerais a dinâmica de fluxos materiais, energéticos e entrópicos na residência.

Sabendo como se comporta um conjunto de elementos interconectados, via simulação e interpretação, o saber-fazer emerge: surgem questionamentos e percebe-se que otimizar algo é tarefa complexa, demandando a mobilização de diversas habilidades comunicativas (conhecer especificidades de fenômenos), de associação de variáveis (correlações), de representação (modelos) e de humildade – ou seja, saber que uma realidade particular não pode ser o centro permanente das preocupações. Melhorar a nossa realidade particular, efetivamente, de forma profunda, passa pela transformação da realidade global, sistêmica, do outro. Podemos melhorar nossas vidas individualmente. Mas cada vez mais se vê que isso é conquista efêmera, prejudicial ao próximo – se não diretamente, indiretamente – e portanto insustentável para edificar uma verdadeira civilização.

É preciso mobilizar o arsenal desenvolvido até o momento para ser usado de outro modo. Sistemas biológicos ou ecológicos que sobrevivem possuem resiliência. Esta, por sua vez, está fortemente correlacionada com a diversidade de agentes (células, espécies). Podemos estender esse princípio ao campo psíquico humano, afirmando que a plasticidade cerebral vem da capacidade da mente receber (e aceitar) em seu subconsciente ideias diversas, lidando com o dual – sem no entanto cair no dualismo classificatório. Assim chega-se à doutrina da unidade (monismo), no qual os pares de opostos não se veem como excludentes, mas sim como complementares (e indispensáveis) à reconstrução de unidades coletivas sempre mais vastas. Tem-se aí o princípio evolutivo que rege todo universo físico-dínamo-psíquico.

* Obs: segundo Pietro Ubaldi, em termos de essência, pode-se afirmar que tudo é vivo, até mesmo o minério. Ele não possui vida, mas o princípio de funcionamento que o anima atesta a influência de uma mesma lei que atua nos seres vivos. No entanto, nesse plano de existência (do latim exsistere, que é manifestar-se, tornar-se explícito, visível) o comportamento é fortemente determinístico, o que não nega a influência de um princípio diretor. Trata-se apenas de uma classificação humana que delimita uma fronteira para definir o que é “vivo” e o que é “não-vivo”.

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