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sexta-feira, 5 de março de 2021

Evolução da coletividade

"O fenômeno econômico, apesar de ser expressão da lei do menor esforço, assume sempre a forma de coação. O equilíbrio entre oferta e procura resulta de uma luta na qual a oferta de uma mercadoria é apenas a exigência de um preço, sendo tudo movido pela própria necessidade, e não pela consciência das necessidades recíprocas. Trata-se de um sistema cheio de atritos, sobrecarregado pelo peso do egoísmo e apoiado num frágil equilíbrio de forças antagônicas que intentam eliminar-se."

AGS, Cap. XCII (grifos meus)

"Os equilíbrios da vida são feitos de desigualdades que, em vista das naturezas diversas, correspondem à justiça, mesmo havendo diferentes posições. É absurdo pretender um nivelamento de unidades substancialmente desiguais, o qual, mesmo sendo imposto à força, seria destruído pela natureza dos indivíduos em pouco tempo. O único comunismo substancial, existente de fato, é aquele que une todos os fenômenos, vincula todas as ações e irmana a todos, arrastando tudo dentro da mesma lei, na mesma correnteza, sem possibilidade de isolamento. Trata-se de uma comunidade substancial de deveres, de trabalho e de responsabilidades, apesar das inevitáveis diferenças de nível, que exprimem a diversidade de tipos e de valores."

Fig.1: Queda da Bastilha (1789). Apenas um início.

"É imprescindível ter em mente, na construção dos coletivismos humanos, que a natureza não constrói os homens por meio de máquina e que, portanto, não se podem dividir as falanges humanas por tipos em série. Ao contrário, a natureza cria tipos complementares, reciprocamente necessários. As diferenças são feitas para que eles se compreendam e se compensem, unindo-se, a fim de se completarem em seus pontos fracos e se combinarem organicamente."

"Quanto mais elevada é uma posição social, mais insegura e vulnerável ela se torna, mais dificuldade impõe para a sua defesa e mais facilmente tende a cair, exigindo a presença de um valor intrínseco que a sustente através de um esforço contínuo."

"O lucro obtido no mal não trará vantagens, mas sim prejuízos. Há dinheiro que não pode trazer satisfação, razão pela qual sua posse não significa lucro nem riqueza, mas sim perda e pobreza, pois ele foi substancialmente impregnado de qualidades negativas, tornando-se uma força de destruição."

AGS, Cap. XCIII (grifos meus)

"O cristianismo possui a ideia, e o comunismo tem a força para forçar a sua realização. A ideia, por si só, permanece uma abstração fora da realidade. A força, sem a ideia para lhe dirigir a ação, pode ser levada a realizar as piores coisas. A vida produz os opostos e depois os aproxima em posição de complementaridade, para fazê-los colaborar, lutando como rivais para alcançar o mesmo fim – colaboração entre opostos complementares – como acontece na luta do casal macho-fêmea, destinado à procriação."

"A estrada é longa, e nos encontramos apenas no começo da grande curva. Não estamos formulando teorias. Estamos contando uma história, em grande parte ainda futura. Se Cristo prometeu o triunfo da Sua verdade, esta deverá acabar por afirmar-se, mesmo que sejam necessárias semelhantes tempestades de dor, para vencer a tentativa do homem de deter a evolução e retroceder ao Anti-Sistema."

DI, Cap.IX (grifos meus)

Fig.2: Alinhamento de visões. Um objetivo presente. Fonte: analogicus (Pexels)

"O comunismo quis antecipar demasiadamente os tempos, presumindo no indivíduo uma maturidade que não existe, uma consciência coletiva que lhe permitisse viver no estado orgânico, uma consciência a ser conquistada, da qual se está ainda longe. Eis então que o comunismo pode cumprir uma função útil à vida, enquanto, sob a forma de imposição ou de coação, serve como escola que ensina a viver em forma coletiva e enquanto, como antecipação de um futuro hoje utópico, serve para lançar ideias de justiça social que eram des- conhecidas no mundo democrático."

DI, Cap.IX (grifos meus)

*Obs.: AGS = A Grande Síntese
              DI = A Descida dos Ideais

A obra de Ubaldi é completa, evolutiva, concisa, lógica, científica, poética e, sobretudo, mística.

Completa porque abarca todos domínios conhecidos pela espécie humana de forma sintética. Não entra em pormenores analíticos para não perder seu eixo central - que é dar orientação a uma humanidade perdida, e alimentar aqueles já prontos a assimilar elevados conceitos e viver experiências que despertem o espírito. Seu foco é dar as diretrizes gerais para a ciência orientar suas pesquisas e métodos; para a arte se expressar adequadamente; para a política se tornar bela e nobre; para para as filosofias se unirem e apontarem para o princípio e o fim (ômega, Deus); para as religiões se irmanarem.
 
É evolutiva porque cada livro está relacionado a outro, e após a captação das Grandes Mensagens e da Grande Síntese (cujas palavras exprimem a visão do que Ubaldi denominou Sua Voz, não se referindo à dele, mas a uma entidade de grau elevadíssimo), o autor passa a desenvolver seu seu pensamento, construído a partir do contato intuitivo com fontes elevadas (noúres) consolidando nova teoria. Cada livro traz uma visão diferenciada em relação ao antecessor. Assim a obra de constrói e se eleva, em espiral expansiva. Expansiva de conceitos, de síntese, de vivência, de paixão. Ela é criacionista porque admite uma origem e finalidade - mas também é evolucionista porque percebe o transformismo íntimo presente em cada sujeito e objeto de nosso universo. Em todos momentos, escalas, níveis. Por todos motivos. Mas com uma única finalidade: expressar um princípio.

É concisa por ir direto ao ponto. Cada tijolo está em seu lugar. Quase tudo se explica. "Quase", porque a palavra final ainda não foi dita - como o próprio professor reforça em seus escritos. 

É lógica e científica, pois se embasa em princípios abraçados por toda humanidade, construindo a partir de premissas fundamentais um magnífico edifício conceitual, jamais ignorando as últimas descobertas da ciência (seja ela natural ou humana). Em Ubaldi percebemos a Ciência se elevar cada vez mais em direção a Deus.

É poética, pois as palavras, mesmo sendo mortas, possuem uma vida que não é possível descrever aqui nem oralmente. Nem gestos de amor humano, nem danças, música ou atos heroicos podem traduzir o significado da Obra. Apesar disso, é possível ter uma sensação fora do comum. Inexplicável. Inexprimível. Repassá-la é o desafio. Vivenciá-la é uma bênção.

É mística, pois é unitária, apontando para o Todo através das partes - e mostrando a substância do Todo presente nas partes. É sensação além do pensamento. Mais precisa do que planos meticulosamente calculados; mais duradoura do que projetos bilionários; mais robusta do que fortificações assustadoras; mais prática do que ações cotidianas. Ela nos convida a amar os fenômenos. A viver o presente, sempre, para assim conquistar o tempo e vencer a morte. 

 
Fig.3: As grandes obras visam estimular todos nós a mergulharmos no grande oceano da evolução.

É preciso compreender as palavras de modo profundo. Apenas uma mente preparada, aliada a um coração já desabrochado, aberto para o infinito, pode captar a mensagem das palavras proferidas por criaturas evolvidas (a letra é pobre forma de expressão, ainda assim a mais adequada para tal). 

A evolução é algo que ocorre a todo momento. Mas há uma diferença importante: quando uma espécie adquire um grau de consciência coletivo suficiente, o livre-arbítrio lhe dá a possibilidade de evoluir ou não. Lhe dá a escolha de escolher o ritmo. Mas ao mesmo tempo, cedo ou tarde, o ser, a família, o grupo, a nação, a humanidade, as coletividades galácticas, deverão ascender. 

Evoluir naturalmente é do mundo infra-humano. Aí o determinismo é predominante. Não há responsabilidade, portanto. No entanto, a ferocidade é grande. Especialmente do ponto de vista daqueles que adquiriram certo grau de consciência e acabaram de sair da última esfera em que era predominante esse determinismo. Percebam! Esse é o motivo pelo qual tanto nos horroriza certos atos de outras espécies. No entanto tudo é natural e adequado para aquele nível biológico. 

Mas ao mesmo tempo, (evoluir naturalmente) também é do mundo super-humano. Superando a fase racional-analítica, adentramos numa forma mental completamente nova. Seremos intuitivos, conscientemente, isto é, com pleno domínio do fenômeno, para planejar e viver nossas vidas. Faremos sínteses (fortes como um trovão, rápidas como um relâmpago), criando terreno para que nossa (agora secundária) razão trabalhe de forma eficiente. Nesse dia teremos superado as piores crueldades de nossos instintos. E a ascensão será menos dolorosa. Muito menos...

A humanidade se desenvolve por meio de rearranjos coletivos. Quando os indivíduos se especializam, ficando diferenciados, o liame que unia as pessoas, os povos e sociedades, deve se refazer. Novo tipo de relações, de lógicas, devem ser internalizadas para o adequado funcionamento do organismo chamado humanidade. Isso leva a uma nova estrutura. Nossa espécie passa por essa fase. 

A tendência nos próximos anos (e décadas) é uma intensificação das dores (pandemias, doenças, crises de sistemas educacionais, da saúde, da violência, do sentimento de abandono, da desorientação religiosa e científica, da política, da economia, etc.). É necessário tomar o cálice que preparamos ao longo de tanto tempo até a última gota - para que aprendamos a nunca mais preparar algo tão vistoso e venenoso.

Nosso mundo passa por um momento sem igual. Nosso país se destaca ainda mais nesse circo de horrores de inconsciência.

Há coisas óbvias para quem já despertou. Irei dar alguns exemplos:

1) Igualdade não significa equalizar de forma quadrada as rendas e patrimônios;
2) Religião é um aspecto importante da evolução humana, mas ela deve evoluir;
3) A ciência não sabe lidar com os últimos problemas, e a partir desses limites deve se transformar numa ciência de espírito;
4) E economia é um subsistema (uma ferramenta) da sociedade. Esta é um subsistema da biosfera. Esta é um subsistema da geosfera - e todas esferas são geradas e desenvolvidas por leis;
5) A política deve incorporar a espiritualidade - e esta deve agir no mundo político.

Poderia citar muito mais, mas creio que os cinco pontos já dão uma boa ideia das bases para construirmos uma verdadeira civilização planetária. 

Eu acompanho muitos autores, assisto a vídeos. Já entrei em contato com diversas correntes filosóficas, sistemas de crenças e valores (ética e religião), sei em linhas gerais os escopos das ciências. Senti a respiração da História através de incontáveis filmes e séries, dosados por músicas fortes e encantadoras, com personagens sem igual (em todos sentidos). Vivi muitas coisas não apenas em minha pele, mas através da arte. Tudo que nos toca na alma passa a ser sentido como uma experiência real. 

Costumo dizer que nossas vidas individuais podem melhorar até certo ponto por parte de nosso próprio controle. Mas a partir de um ponto, apenas a mudança coletiva pode continuar esse processo de incremento de qualidade de vida.

Mudança coletiva exige atuação exterior eficaz. E para isso é imperativo antes tomar consciência da realidade. 

O que está realmente acontecendo no mundo?
Por quê tudo isso acontece?
As causas residem em quem (ou melhor...em quê)?

Esse ensaio é um convite à reflexão. 

Reflexão que espero contribuir para trazer atuação.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Leonardo, vc é um verdadeiro professor! Parabéns! O Gilson Freire criou um grupo no whats para estudo do seu proximo livro, "A Física do Espirito". Se quiser contribuir com teu conhecimento, será muito bom!
    Abraços!

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    1. Estimado Paulo, esse livro deve ser uma verdadeira luz. Irei procurar entrar nesse grupo.
      Abraços fraternos.

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