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terça-feira, 13 de julho de 2021

Dinâmica da evolução (parte 2)

Continuamos a análise da situação presente do ser humano e de seu corpo coletivo. Será focado a parte superior do esquema gráfico S-AS (área hachurada) para que possamos analisar a condição humana presente e futura - nosso destino. Será possível assim perceber com clareza o papel dos pólos de nossa consciência atual (razão e sentimento), como ambos se combinam e co-evoluem no nível intuitivo; e finalmente, como por fim se fundem, naquilo que se conhece como fenômeno místico.

Fig. 1: Ascensão no AS é em espiral. A progressividade retilínea do S adapta-se ao aspecto cíclico do AS.
A fusão dos dois termos é uma espiral. Uma espiral que oscila em seus pormenores, 
revelando os embates locais entre S e AS. E assim, pelas próprias características de nosso universo, 
retomamos conceitos e experiências a título de progredirmos mais em determinados pontos de nossas vidas.

Ubaldi tinha a intuição altamente desenvolvida. Tanto que seu sentimento de todos fenômenos era vivenciado como uma realidade importantíssima, suprema. Compreender o universo e seu papel nele era central. Era toda a motivação dele estudar, se concentrar, viver e sofrer; era o motivo pelo qual tanto se dedicou à Obra. Logo, sua empreitada foi de mente e coração. O professor não era um especialista nos temas em que tratava, mas deu contribuições imensas para a ciência da época e futura - mostrando como as pesquisas deveriam ser conduzidas e qual era o caminho para continuar o avanço na trilha do conhecimento. Ele demonstrou na teoria e na prática (as duas características se fundiam em sua vida) como se deve fazer para obter resultados capazes de alavancar o desenvolvimento da humanidade.

O homem moderno quer provas. Deseja ávidamente explicações detalhadas e métodos. Um roteiro de como fazer as coisas. Tudo deve estar na forma conveniente a seu tipo e não ir além de sua capacidade de assimilar. Ele desejaria evoluir na horizontalidade infinita de uma dimensão a ser superada. É por esse motivo que pedagogas não compreendem a questão da importância do absoluto guiando os relativos, da necessidade de se imprimir uma parcela de divindade nos conceitos ensinados em classe; nas práticas; nas visões; nos gestos e nas filosofias de vida. É por isso que pessoas da área da pesquisa vêm avançando mais em formalismos do que em criações verdadeiramente revolucionárias. Por isso a obra de Ubaldi é para poucos (pouquíssimos), ainda. E por isso esse blog é (ainda) para uma aristocracia do espírito - que já percebeu que a coisa mais importante que a humanidade pode fazer no momento é se melhorar (sensibilidade e compreensão); e pensar sem deixar dogmas e pré-conceitos dominarem o processo (de pensar). No entanto, apesar de tudo, o trabalho não deve jamais parar.

A recompensa por desenvolver todos esses conceitos; por difundi-los; por constantemente retomá-los em nível mais elevado; por trocar ideias e explicar; por trocar vivências e saberes, afetos e teorias; está justamente no próprio ato, que em si já contém a alegria da eternidade e do infinito. 

A alegria do autor consiste em poder realizar o seu trabalho - aquilo para o qual ele veio ao mundo. Nada mais, nada menos. Isso envolve se aprofundar na Obra, relacioná-las com os grupos específicos que mais estão se aprofundando em seus campos, viver com mais qualidade em todos níveis, e imprimir onde puder conceitos profundos, além de desenvolver ideias e escrever. As interações devem servir um propósito superior. Meios para a sublimação! Esse é o eixo central. 

Vamos focar em nosso presente complexo, incerto (para a mente racional) e contraditório. E a partir dele, nos lançar ao futuro.

O determinismo da Lei se torna mais tolerante - menos estreito - à medida que a criatura ascende. Mas as próprias características do AS vão estreitando a liberdade de atuação do ser: esse é o choque dos egoísmos. De tal modo que existe um equilíbrio: as limitações dos egoísmos individuais, de grupos, de povos, de nações, de civilizações, coexiste com o determinismo férreo da Lei. As restrições vem de dois lados: do S que quer o bem da criatura - e do AS que por contradições internas acaba por limitar seu próprio campo de atuação. Um é determinismo ciente - outro é determinismo por limitação de visão.

Em outras palavras: a liberdade desalinhada com a lei, a partir de certo ponto, começa a produzir tamanhas contradições internas que todo o sistema construído pela criatura desaba. Assim foi com as invenções, as teorias, as civilizações, os sistemas econômicos e políticos, as filosofias e as religiões. 

Então a linha verde que se afunila representa um amadurecimento do uso do livre-arbítrio, que cada vez mais tenta se alinhar com a Lei. Em consequência (e naturalmente), a Lei se expande de modo a restituir o estado original do S, que é pleno amor (=liberdade).

Fig. 2: Análise do trecho evolutivo de interesse à humanidade.

Estamos compreendendo de modo cada vez mais profundo a riqueza do diagrama de Queda e Salvação. Vamos dar mais um passo e entender a figura do lado direito da Fig. 2 (acima).

R1 e S1 se referem à razão na base e à sensibilidade na base, respectivamente. A soma de ambas qualidades é 100%. Um ser humano pode ser mais lógico do que sensitivo - ou possuir mais sentimento do que pensamento. Mas o desenvolvimento e consolidação de um pede limitação do outro. É um jogo de soma fixa. Limitado. Na melhor das hipóteses podemos ter um indivíduo que possui um equilíbrio, não pendendo nem muito para a razão nem muito para o sentimento. Mas há momentos na História que demandam uma dose alta de paixão aliada com competência ímpar - ou competência primorosa aliada com sentimento cândido. Nesses casos um mero equilíbrio não resolve a questão.

A partir do ponto em que o indivíduo desperta algo dentro de si, sua moral se eleva sem perda de capacidade intelectual. Persistindo chega-se a um ponto em que ambos se equilibram e começam a ascender conjuntamente, de mãos dadas. Cada vez mais alto...

Tudo isso é explicado aqui [1].

R2 e S2 seriam a razão e sentimento num nível superior, do intuitivo. Nesse nível o intelecto é mais potente e o sentimento é mais profundo. O ser humano consegue ir além do máximo do relativo porque entra em contato com o absoluto. Dessa forma temos uma soma maior do que um (100%). Isso significa que o contato com a Fonte (o S) nos permite potencializar nossas capacidades humanas. Os dois pólos (razão e sentimento), por terem se conectado, vão além de suas possibilidades individuais. Não se trata de mero equilíbrio para se obter uma criatura ponderada, mas de transcender essa balança para chegar a planos de vida mais vastos. 

O intuitivo combina intelecto poderoso com sentimento cândido. É luz e calor (nas palavras de Sua Voz). De modo que não temos mais um jogo de forças de soma um - mas de soma maior do que um. No limite, poderemos ter a genialidade do grande pensador aliada à mais elevada moral. Esse foi o caso de Cristo. Tamanha era sua inteligência que se confundia com uma bondade enorme - tão grande era sua bondade que ofuscava sua genialidade. Isso confunde e encanta. Impressiona e inquieta. Estimula e apavora. Cada qual, de acordo com suas inclinações, seu grau evolutivo, seu contexto, sua genética, responderá de um modo, revelando assim sua íntima constituição psíquica - produto de milênios e reservatório de possibilidades. 

O diagrama abaixo (Fig. 3) mostra a soma das qualidades humanas (que atingiram seu máximo no homem atual) com as qualidades divinas crescentes (que estão nascendo). Resultado: expande-se o que era considerado rígido; dinamiza-se o que era visto como estático; sublima-se o pétreo.

Fig. 3: O poder humano é limitado e constante - o poder divino é crescente e ilimitado. Com a superação do confronto
máximo, inicia-se o aumento gradativo de sentimento e intelecto. Aflora a sensibilidade e potencia-se o pensamento.

Com a hipótese do Potencial Relativo do Gilson Freire, fica fácil perceber que, apesar de todos termos caído no mesmo ponto abissal do AS, cada criatura possui seu próprio ritmo, velocidade, capacidade, de ascensão: enquanto Cristo já atingiu o S, nós ainda temos uma boa caminhada para chegar lá. Então fica compreensível porque de tempos em tempos surgem grandes gênios, santos e heróis. O intercâmbio é necessário porque a diferença existe. O melhor exemplo disso é Jesus, que veio terminar sua jornada e concomitantemente ensinar o roteiro evolutivo para que possamos retornar ao seio do Pai. 

O Evangelho é a quintessência do Novo Testamento. Nele encontramos o modelo de vida a ser adotado para atingirmos o melhor de nós mesmos. Individualmente podemos nos tornar seres fantásticos, sem mais expiações e apenas com missões. Coletivamente seria (será) possível formar o Reino de Deus. 

A compreensão das parábolas exige mais do que intelecto analítico poderoso ou sentimento puro: é imperativo combinar ambos. Uma inteligência bem intencionada com uma moral fundamentada. Nesse aspecto o livro de Huberto Rohden (ao lado) pode ajudar.

Acionar as engrenagens do Alto para que ocorra o fenômeno conhecido como milagre é apenas uma questão de cumprir todos os requisitos para isso. Mas apenas a psicologia do homem puro é capaz de atingir os efeitos fantásticos que o S tem para nos oferecer. 

É uma questão de melhorar interiormente.

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