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terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Monistas sem saberem que o são

À medida que percorro as estradas da vida me deparo com criaturas bem interessantes - tanto presencialmente quanto através de leituras, vídeos e etc. É através de buscas sem pré-planejamento, feitas de modo rápido, varrendo vários tópicos de meu interesse do momento, que periodicamente me vejo diante de pessoas que estão numa busca muito semelhante à minha. E que a tendência geral é (nessa busca) essas pessoas se aproximarem da cosmovisão do Apóstolo de Gubbio (1).

Isso é o mais interessante. Essas pessoas, em sua maioria desconhecidas pela sociedade, possuem uma visão que se encaixa como uma luva na cosmovisão de Ubaldi. Eles só não chegaram ao ponto máximo, isto é, às afirmações categóricas, fortes (não definitivas, porém integralmente seguras), como o missionário de Cristo. Porque este adota o método intuitivo, desenvolvimento máximo do nível de consciência de um ser para nossos parâmetros, via maturação interior aliada ao método dedutivo.

Phil Braham é um dos primeiros que encontrei. Ele me fisgou no momento em que falou sobre uma nova teoria da consciência. E essa visão é muito próxima daquela colocada em A Grande Síntese. É realmente impressionante como esse homem chegou a essa percepção sobre as dimensões (a relação entre elas, sua progressão, seu significado, etc.) sem jamais ter tido contato com a obra de Ubaldi.

Fig.1: Phil Braham é psicólogo da Austrália. E muito, muito mais.

Sua página pessoal possui muitos artigos interessantes, cuja abordagem é (nota-se) original. Também possui vídeos em seu canal no YouTube. Visões de mundo próprias dele. Ideias puras, que partem de seu pensamento, ou seja, que não são mera reprodução ou adaptação de dizeres de pensadores antigos (ou recentes) de destaque. Em suma, é um homem que pensa por si mesmo.

O mesmo pode-se dizer de Valdemar Setzer (abaixo). Ele também possui inúmeros escritos sobre os mais diversos temas - todos muito interessantes. Sua página pessoal é verdadeiro manancial de ideias próprias, cada uma delas focada numa dimensão humana, versando sobre questões de interesse geral. Seu enfoque é fortemente calcado na realidade concreta - mas nem por isso deixa de ensaiar voos nos altiplanos de níveis superiores de vida e consciência. Aborda indiretamente questões como 'Deus', 'Espírito', 'Imortalidade', 'Sublimação', entre outras. 

É um homem de idade que através de uma vida acadêmica foi capaz de reunir uma série de evidências para tudo que afirma. 

Fig.2: Valdemar Setzer é professor do IME-USP, já aposentado. E muito, muito mais.

Mas talvez aquele que seja mais interessante a meu ver seja o Eduardo Marinho. Esse homem ficou muito conhecido por 'acaso' (no fundo nada é por acaso e ele possui uma missão a cumprir com a sua visão e vivência através de uma vida vetorizada para o valor), após ser filmado nas ruas enquanto exibia sua arte. O vídeo foi carregado no YouTube e acabou 'viralizando', como dizem. E uma coisa levou a outra.

Fig.3: Eduardo Marinho é artista, filósofo de rua, e muito muito mais.

Ele fala coisas óbvias, de forma direta e simples. É incisivo, porém de modo correto. Admite o transcendente, mas de modo não fantasioso, não ritualístico. Admite sua ignorância em certos pontos, o que acaba dinamizando sua alma a absorver de modo mais intenso novos conceitos, saberes e experiências. Ele caminha de modo orientado, colocando a intuição à frente da razão. E seguindo os instintos até o ponto em que garante-se a segurança da sobrevivência e a efetividade das construções afetivas nos estágios basilares. 

Percebe que o sentimento é um campo-chave que, se unido ao pensamento puro (não-dogmático, não-condicionado, dedutivo e não indutivo), pode gerar o que Ubaldi denomina de intuição consciente. É nessa característica que reside um verdadeiro diferencial. Diferencial que as pessoas já sentem fazerem parte delas também. 

Pode ser visto como um precursor de uma nova era, pautada por uma nova visão de mundo. Uma visão tão forte, tão poderosa e plena de sentido, que sustentará uma forma de agir completamente nova, capaz de por si só fundar as diretrizes de uma nova civilização: a do espírito.

Por 'civilização do espírito' me refiro a uma sociedade em que o aspecto transcendente da realidade será admitido tanto pela academia quanto pelo senso comum; uma sociedade que irá se equilibrar com o planeta, buscando formas de relação mais ricas (por dentro), mais plenas e sustentáveis (que evoluem e se propagam); uma sociedade em que as pessoas terão nojo do que hoje é difundido pela mídia e buscado pela maioria; uma sociedade em que a prioridade serão as coisas imateriais (que consolidam uma relação saudável com as coisas materiais); uma sociedade que respeite ideias diferentes e se alinhe a uma justiça superior; uma sociedade de altas diferenciações individuais (o que a enriquece) mas de igualdades de oportunidades (o que a torna menos violenta); uma sociedade que se coloca no lugar justo na escala evolutiva (não no topo), percebendo que há muito mais do que ela é capaz de conceber, e que para isso é preciso ter a mente aberta e o coração ativo. 

Há muitas pessoas por aí que já estão ganhando essa visão (que é A Visão). Não se trata de uma bolinha a ser inserida (e imposta) num mar de bolinhas que se digladiam loucamente. Se trata de oferecer ao mundo, ou melhor, fazê-lo perceber, que existe uma arquitetura universal (framework) capaz de oferecer a tudo e a todos uma base sólida na qual todos possamos colaborar um com os outros, todos possamos evoluir interiormente e exteriormente; na qual todos possamos expandir nossos campos de pesquisa e resolver paradoxos multimilenares, unificando correntes filosóficas, teorias, formas de sentir, viver, pessoas, culturas, nações...

Elegi essas três personalidades (duas delas muito próximas a nós, linguisticamente, culturalmente geograficamente e, principalmente, consciencialmente) para demonstrar que o importante não é saber sobre o monismo substancial, mas sim de viver alinhado à Lei (o que esses três fazem), isto é, vivê-lo integralmente, em contínua marcha evolutiva, com criatividade e superações sem cessar.

É isso.

Notas:

* A denominação que Gilson Freire, em seu último livro, A Física do Espírito, deu a pessoa de Pietro Ubaldi.

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