Os anjos tem uma
vivência muito peculiar. Eles se assombram com algumas coisas –
como nós humanos. No entanto, as causas dos assombros (e
preocupações) são completamente diversas. O mesmo podemos dizer do
que consideram sério ou fútil: questões que humanos veem como
fúteis são tidas como sérias para os anjos; e assuntos vitais para
(a maioria dos) humanos são uma mera quimera do ponto de vista
angelical. É claro que existem casos particulares nos quais esse
contraste é reduzido (e às vezes, quase imperceptível).
Anjos tem uma fase
CONTURBADA seguida de uma fase PLENA em sua vivência. Na conturbada,
o anjo, recém-nascido, sente-se pouco à vontade com a sua condição,
e faz esforços – às vezes colossais – para mimetizar
comportamentos e (falta de) sentimentos humanos, numa vã tentativa
de se sentir menos apartado do meio. Ele ainda não reconhece que
adentrou num mundo interior diferente, cujas leis são completamente
diversas daqueles das quais ele estava habituado. É natural o
sentimento de deslocamento. Mesmo porque ele recém-adquiriu sensores
que ainda não estão regulados para captar a presença de outros
iguais.
Por mais que se tente
retornar ao estado anterior, se houver algum sucesso nessa
empreitada, ele é temporário. O que leva o ser a imaginar que
existe uma lei que o proibe de voltar a ser o que era.
Irreversibilidade. Isso porque o sentido da evolução é um só, e
tentar desfazer uma obra divina é um atentado contra a Lei de Deus.
Após um período de
turbulência o anjo passa a ter consciência do que se passa dentro
dele. Auto-conhecimento, auto-aceitação. Paz e (finalmente)
capacidade de atuar no meio usando métodos e ferramentas
completamente diversas – e poderosas.
Anjos são DISCRETOS,
agem pensando na TRANSFORMAÇÃO DA SUBSTÂNCIA; não encarnam (são
espíritos que não mais necessitam nascer como humanos, ou seja, não
os veremos em carne e osso pelas ruas); trabalham os SENTIMENTOS dos
humanos; às vezes CHORAM ao ver o estado da humanidade; se ALEGRAM
tremendamente com um gesto divino oriundo de um ser não-divino
(nós); são profundamente REFLEXIVOS e DETERMINADOS.
Anjos nunca se enjoam
de seu trabalho, pois este parece ser infinito – transformar as
pessoas. fazê-las despertarem para seu Eu divino. Eles estão sempre
no 'front' de guerra.
Qualquer local onde nós
não queiramos estar, ELES ESTARÃO.
Qualquer sentimento que
nós não queiramos demonstrar, ELES DEMONSTRARÃO.
Qualquer esforço que
não queiramos fazer, ELES FARÃO.
Qualquer verdade que
nós queiramos revelar, ELES REVELARÃO.
E assim nossa
insensatez humana é contrabalançada pela sensatez divina.
E no dia em que todos
positivos dos anjos não forem anulados por todos negativos da gente,
o mundo escapará de sua inércia.
A soma não será zero.
Será maior que zero.
Será positiva.
* as descrições
presentes nesse ensaio e no outro – intitulado “Como Nascem os
Anjos” – são meramente ficcionais, não contendo nenhum tipo de
fundamento científico. Trata-se primordialmente de um exercício
(prazeroso!) da criatividade. Mas não uma criatividade infundada, e
sim aquela baseada num desejo de como as coisas poderiam (ou
deveriam) ser.
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