sábado, 23 de maio de 2015

O DIVINO: EIXO COMUM DOS SABERES HUMANOS

A tradicional segmentação entre as diversas áreas do saber no Ensino Básico é recomendável a título de organização pedagógica e clarificação (aos alunos) do objeto de estudo de cada ramo do saber. Tanto que nossa legislação estabelece uma divisão obrigatória - e coerente.

De acordo com o Artigo 26, parágrafo n1, da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996,

"§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil."

Entende-se por "conhecimento do mundo físico" todas as teorias, experiências, livros, artigos, etc referentes ao universo infra-hominal - aquilo que conhecemos por natureza - e suas relações com a vida individual e social, além de sua própria trajetória, possibilidades e tendências. Aí incluem-se, de modo geral, a física, a química e a biologia, com ramificações em outras áreas específicas. E "realidade social e política" refere-se a todo saber e experiência relativo ao universo hominal, incluindo sua evolução ao longo do tempo, a distribuição espacial, as relações homem-homem e homem-natureza, entre outras. Aí temos de forma geral a História e a Geografia, com suas ramificações em diversos campos.

Por língua mãe (o português, no nosso caso) é óbvia sua importância. Quanto à matemática, trata-se de uma linguagem universal com alta permeabilidade em diversos ramos do saber, sendo ao longo da história humana muito comum nas ciências naturais, na economia e em alguns estudos de linguagem; e atualmente cada vez mais aplicada para descrever fenômenos sociais, psicológicos e de outra natureza - sua aplicação depende muito da criatividade humana em captar o abstrato no concreto.

De qualquer forma, essa segmentação não é exclusiva, mas sim inclusiva. O que isso significa em termos concretos? Primeiro, que a divisão em quatro grandes ramos na escola primária não nega o surgimento de áreas mais específicas, cujos princípios partam dessa base comum. Como exemplo temos a sociologia e a antropologia nas Ciências Humanas; e a astrofísica e bioquímica nas Ciências Naturais.

Tudo isso eu falei apenas para ressaltar que, à medida que um ser em busca do esclarecimento integral* assimila campo, adentra em outros e relaciona alguns ou muitos destes e daqueles, mais clara é sua visão de interconexão entre estes campos. Além disso, se sua busca for sincera, tornará-se visível (e fascinante!) o inexorável transformismo que rege cada um desses campos. Aquilo que era uma orquestra desordenada e em conflito se torna uma sinfonia rumo ao infinito, sempre com mais novidades - e cada vez mais simples de assimilar e vivenciar.

Logo, para aquele em busca da sabedoria, a departamentalização dos saberes, a divisão das esferas da vida e a dissociação entre ensino e prática são contraproducentes em termos individuais e coletivos.

Esclarecimento sem afastamento.
Libertação sem esforço externo.
Para ser lido, refletido, sentido e vivido.
Nada menos, nada mais.
É possível ser um especialista muito bem sucedido e ter-se uma visão global do mundo. Uma visão global não apenas de sua área, mas de tudo que rege a Vida. Porque não se trata de saber tudo sobre tudo, nos mínimos detalhes, e sim: 1) perceber o fio condutor (essência) comum que rege todos fenômenos; 2) conhecer e vivenciar um eixo diretor cuja força de atração ordena e estimula para uma finalidade inconcebível (a princípio) e irresistível (sempre, apesar de tudo); 3) permear toda sua atividade especialista com essa vivência cósmica que diz "Unidade na diversidade", de modo a sempre criar eficientemente e conscientemente. Nada mais, nada menos.

Com isso fica clara a infantilidade da divisão mental entre áreas do saber. Há uns que se julgam mais do que outros porque sua profissão "paga mais"; ou porque ela dá mais "oportunidades"; ou porque ela é "mais importante"; ou simplesmente porque ela é o "mais importante" (notem a diferença: "é mais", "é a mais"). E assim só contribuem para o atraso do progresso humano. Essa forma mental desemboca em outras divisões: igrejas, partidos, etnias, raças, nacionalidades, etc. Tem-se tudo armado para o atrito máximo. Dissipação de calor. Em português: muito trabalho, muito esforço para pouco resultado efetivo. E quando digo "resultado efetivo" não me refiro a matéria animada ou não, a plásticos ou a títulos. Me refiro a uma transformação do SER que colime (inconscientemente) em atitudes tão eficazes e duradouras quanto imperceptíveis. Isso é o que chamo de "resultado efetivo". Porque com ele os outros (necessários) resultados virão: casa, comida, bens, amigos, amigas, dinheiro, oportunidades,...Na medida do necessário.

O conhecimento torna a pessoa preconceituosa afirma Pietro Ubaldi frequentemente em sua Obra. Isso significa que a intelectualidade pode ser útil ou não. Se orientada e posicionada em seu devido lugar, ela é uma ferramenta poderosa; se não, torna-se um carro desgovernado que atropela e sufoca vidas elegantemente, com modas, medidas e teorias aparentemente fantásticas. Atitudes que desconsideram o longo prazo, ignoram o imponderável e não fecham o circuito.

Desconsiderar o longo prazo até hoje fez parte da natureza humana (subconsciente, instinto). No entanto, não precisa - nem será - sempre assim. Porque o acúmulo de erros em forma de dor, aliado à não solução destes pela implementação de diversas alternativas frouxas (que vemos ao montes por aí), num dado momento cansará o ser oprimido e o levará a ganhar audácia e determinação para superar seu plano evolutivo. Elegantemente em sua substância - não apenas "elegantemente" na forma, que é idêntico a nada resolver...

A ciência do século XX já provou que os 92 elementos da
natureza são lucigênitos. Ou seja, todos átomos provêm da luz.
Com isso as palavras da Sua Voz de "A Grande Sìntese" é
validada, revelando que a intuição está à frente do intelecto.
Compreenda-o quem o puder.
Ignorar o imponderável é não ter apreendido a história humana. Nossa espécie descobriu tantas leis físicas que não são visíveis (ex: gravidade) e até aponta para a descoberta de alguma essência além (mais profundo) que influencia no campo mental, nas atitudes. Considerar o mais, o intangível, o inconcebível, é cada vez mais solucionador e estimulante. Abstrair (ir além das coisas do mundo) sempre fez parte das viagens mentais dos grandes gênios da arte e da ciência. O pensar e analisar pode ter sido condição em muitos casos, mas jamais causa da gênese das grandes idéias, descobertas e inventos. 

Pensar é condição para sensibilizar.
Sensibilizar abre os canais finitos para o Infinito.
Quando parte do Infinito é captado pelo finito pensante, tem-se aí o que chamamos de "criação".

Talvez estejamos num ponto em que a compreensão dos grandes Profetas e Místicos se torna mais lógica. Muitas vidas, ao findarem, se conscientizam dum Todo. Anseiam mas não sabem explicar. As leis férreas de nosso plano impedem muitos intuitivos de se manifestarem e propagarem seus conceitos. Impedem (discretamente) o discurso silencioso, consciente e "louco", taxando-o de fútil e/ou perigoso. E com isso bilhões partem pro gozo que desemboca em dores, e depois clama por mais gozo, e assim indefinidamente, numa espiral de perdição sem reflexão.

Eu digo que é importante permear o mundo material de espiritualidade. No entanto, invoco um conceito físico para clarear que devemos deixar o "extremo" do espiritual se manifestar para que um dia tenhamos um equilíbrio virtuoso.

A polaridade é boa para a diferenciação das coisas. Fica cada vez mais evidente o que é o que.

Uma "apolaridade"* é uma neutralidade estática que dá a falsa sensação de paz. Essa "paz" é ilusória e vai se tornando mórbida com a evolução interna do Ser.

A polaridade é um posicionamento que dá a oportunidade de um conflito construtivo de idéias para promover o progresso humano. Mas em sua fase inicial é dolorosa. Dolorosa porque recorre-se ao conflito: a) físico-militar (1a aproximação); b) econômico-verbal (2a aprox.); c) econômico-psicológico (3a aprox.), e só após milênios de dores inicia-se a um choque de idéias que nem mais se pode chamar de conflito - que seria a 4a aproximação: intuitivo-intelectual.

Físico-militar.
Econômico-verbal.
Econômico-psicológico.
Intuitivo-intelectual.

A violência se sublima até se tornar convivência.

Milhões de anos passamos no primeiro.
Milhares no segundo.
Estamos no terceiro, julgando-o o "modo definitivo", e usando o Mais (nosso Eu-espiritual) para servir aos interesses do menos (nosso Ego físico-mental-emocional).
Quando chegaremos ao quarto? Espero que em breve.

Eis que a insistência na outra realidade - até mais do que o necessário - se torna essencial. Estamos marcando passo no pólo matéria (-) sem incluirmos o pólo espírito (+). Com isso uma Lei interna começa a se manifestar de modo a um dia atingirmos um equilíbrio espírito-matéria (+-). Passamos para um plano mais elevado - conceitualmente - em que o embate de polaridades se darão de modo mais sublimado (suave). E assim haverá menos atrito e mais progresso. Progresso integral e orientado. Verdadeiro progresso. Evolução.

Não se trata de fazer uma "salada de idéias", e sim de transcender a realidade para atingir uma realidade mais elevada. Trabalhar interiormente para ganhar consciencialmente. E todo o resto virá de acréscimo.

A própria ciência é dogmática ao estabelecer postulados (o axiomas) e se desenvolver metodicamente a partir daí. Nesse ponto Religião e Ciência possuem uma essência comum. E com isso fica evidente o monismo que rege todos fenômenos da Vida.

Só avançaremos efetivamente superando o atual plano biológico. 

A evolução se dá pela dor. Uma dor cada vez mais sublimada.

Mas para que essa dor seja cada vez menos dor, devemos continuar o caminho.

Sintonizar com o Infinito para criar no finito.


*apolaridade: ausência de polaridade (neologismo meu)


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