Ensaio de 2014
De
nada vale o que é escrito aqui se não for minimamente vivenciado no
sentir e no agir. A teoria, para ser elaborada conscientemente, deve
se apoiar numa série de vivências. É necessário um longo período
de constatações (anos ou décadas), acompanhadas por tentativas
criativas de mudança, antes de colocarmos em pauta algumas causas de
problemas fundamentais e enumerarmos possíveis soluções. Estas
devem ser criativas o suficiente para integrar. Esse é um trabalho
individual, solitário e não perceptível.
Anteriormente,
em outro texto, eu tangenciei alguns aspectos da teoria esboçada por
Ubaldi a respeito de nossa queda no Anti-Sistema (AS), o mundo da
matéria, no qual a realidade do espírito é declarada uma ilusão
infantil, enquanto a matéria (os bens, o dinheiro, o corpo, os
títulos) é a realidade que conduz ao triunfo. É com uma visão
desse tipo que a humanidade, em sua esmagadora maioria, adota
religiosamente uma forma mental que colima numa série de
comportamentos e condutas semelhantes em substância – apesar de
grande variabilidade na forma.
A
dinamicidade horizontal buscada pela massa de seres presos ao campo
gravitacional do AS cria uma ilusão de evolução que é confortável
acreditar. E ao mesmo tempo confiamos nelas, vendo nossos semelhantes
adotarem as mesmas atitudes – cada qual do seu meodo – e
declararem que se sentem transformados (será?). Além disso, eles
“vencem”, mas apenas por fora. Por dentro a guerra continua no
mesmo nível – ou até abaixo – antes dessa pseudo-vitória.
Trata-se de mudanças que não trabalham a substância do ser. Apenas
alteram a sua forma. E como em nosso plano encaramos forma como
substância, nos declaramos vencedores de nós mesmos. Isso significa
que a ilusão da matéria venceu a realidade do espírito.
Libertação é iniciada pela Conscientização. Segurança é iniciada pela Conscientização. Consciência traz liberdade segura, sem desequilíbrios, e segurança livre, sem amarras. |
É
preciso ter muita coragem para adotar uma nova postura de vida. Quem
se arriscaria em seguir sua consciência durante anos e décadas,
restringindo seu meio social, oportunidades afetivas e profissionais,
sem garantias de retorno à curto prazo? No entanto surgem na Terra
biótipos 'à la' Sócrates, Arquimedes, São Francisco, Cristo,
Kant, Beethoven, e por aí vai, que parecem edificar um edifício
invisível cuja magnificência sempre sonda e aconselha as mentes
mais perdidas e sinceras em busca de uma real solução aos
problemas. Mentes que já tentaram os caminhos práticos e fáceis
sem nada conseguir de efetivo.
Nós,
com toda informação e tecnologia, não somos capazes de trabalhar a
própria substância (e a adjacente). Isso se traduz na falta de
vontade em tratar de assuntos delicados e/ou polêmicos. É sensato
fugir do diálogo profundo, sincero e laborioso, e partir em busca de
alguém mentalmente mais próximo para reafirmarmos nosso modo de
vida. E assim tudo caminha suavemente – e estaticamente...
A
fronteira imposta pela sociedade através das normas de conduta
tornam escandaloso o investigador da alma. No entanto essa mesma
sociedade anseia secretamente e fervorosamente por um novo modo de
vida, baseado em novas relações e oportunidades, sem as quais o
mundo poderá ter a paz tão desejada. Como solucionar algo sem abrir
a mente para novas formas de ver, sentir e pensar?
O
risco é grande. Mas quem já percebeu e analisou tudo
cuidadosamente, adotando múltiplos pontos de vista, começa a ganhar
um ímpeto. Este é elevado ao quadrado com a aquisição de
experiência, adquirida dolorosamente com os choques de mentalidades
que não se comunicam. Uma percebe os acontecimentos globalmente e
busca diálogo. A outra percebe os mesmos localmente e tende a se
entrincheirar.
O
fracasso em (não) transformarmos nós mesmos e nosso entorno ao
longo dos anos reside no excesso de medo. Por medirmos tudo em curto
prazo, as humilhações aparentes e momentâneas são ampliadas
(negativismo cresce quantitativamente) e pioradas (negativismo cresce
qualitativamente), dando uma sensação de que a melhor maneira de
lidar com a vida é adotar uma astúcia hiper-maquiada e amenizar
vícios buscando outros vícios. Inicia-se assim uma ciclagem que dá
uma falsa sensação de melhora.
Um
choque de idéias bem conduzido – sem preconceitos e visando um
eixo diretor comum...a evolução – é temeroso a princípio. Mas
se as partes forem sensatas e sentirem a boa intenção dos outros a
gênese dos laços espirituais se inicia. Pura emoção. Emoção
subterrânea, sólida e restauradora da crença em si mesmo e no
universo ao redor.
Todo
esse ciclo não é mera abstração que o autor busca imprimir na
mente de seus leitores. Cada palavra e sensação trazida por ela é
a transmissão de uma vivência recente. Um caso vivido, temido (à
princípio) e praticado, até suas últimas consequências. Com a
crença de que estando na verdade e num ambiente receptivo à
evolução nada poderia acontecer de mal. E assim sucedeu.
Eis
o caminho da dinamicidade vertical. Um caminho de subida rumo ao
Sistema (S). De depuração material através da conexão espiritual.
É mais estreito? É. É mais trabalhoso? É. É demorado? É. Você
será reconhecido pelos métodos avaliativos deste mundo? Não. Vale
a pena? SIM. Por que? Simplesmente pelo fato de isso trazer
libertação. E ela é só o início de um longo processo que jamais
deve estacionar. Até atingirmos a espiritualidade absoluta e nos
fundirmos com o S.
Quando
(quase) tudo está engessado por uma forma mental predominante de
dinamicidade horizontal, qualquer atitude de autoconhecimento será
encarada como perturbação.
Mas
(felizmente) idéias não morrem. Apenas são ignoradas pela
ignorância, sendo recorridas assim que o anseio por evolução se
torna irresistível.
Será que nós, humanidade, estamos perto de atingir tal anseio?
Link interessante:
https://portal2013br.wordpress.com/2016/06/09/4-metodos-que-o-sistema-usa-para-tentar-bloquear-o-nosso-despertar/
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