Para a humanidade, o trabalho jamais finda. Especialmente porque tão pouco houve dele nos últimos 7 milênios de civilização. Me refiro a um trabalho que não envolva sofrimento e esteja orientado para fins mais elevados. Me refiro a um trabalho que englobe a natureza como uma entidade viva; a cultura como um patrimônio útil; a arte como uma fonte inspiradora; a espiritualidade como um vir-a-ser (próximo).
Um artigo muito interessante diz que a rotina matinal poderá nos garantir a produção de coisas realmente úteis - para nós, o entorno e a vida em geral [5]. Um trecho é particularmente interessante (grifos meus):
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Um artigo muito interessante diz que a rotina matinal poderá nos garantir a produção de coisas realmente úteis - para nós, o entorno e a vida em geral [5]. Um trecho é particularmente interessante (grifos meus):
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According to psychologist Ron Friedman, the first three hours of your day are your most precious for maximized productivity.
“Typically, we have a window of about three hours where we’re really, really focused. We’re able to have some strong contributions in terms of planning, in terms of thinking, in terms of speaking well,” Friedman told Harvard Business Review.
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É interessante me deparar com isso, pois é justamente nas manhãs que me sinto mais inspirado a escrever neste espaço, ou ler um livro, ou fazer ginástica, ou conversar, ou estudar. E os estudos nas primeiras 3, 4 horas do dia são de tal intensidade que eu sinto que se pudesse coordená-las adequadamente, mantendo uma rotina matinal pelo resto de meus dias, poderia gerar muita coisa.
Foi assim que aprendi francês; foi assim que emagreci 15 kg; foi assim que criei muitos de meus melhores e textos; foi assim que consegui ir excepcionalmente bem em algumas provas. Entre outras coisas que no momento não me vêm à cabeça.
Existem muitas pessoas fazendo trabalhos realmente úteis para o mundo que está prestes a nascer - não me incluo nesse campo prático. Pretendo de alguma forma entrar nessa engrenagem planetária , dirigida por uma elevada consciência coletiva nascente. Por a mão na massa, como dizem.
Há alguns dias fiquei sabendo que nevou numa cidade localizada no sul da Itália. A cidade se chama Salento [4].
O que impressiona é:
1º, desde que existem registros históricos, nunca foi registrado neve nessa cidade;
2º, no sul da península itálica - uma região muito quente, semelhante ao nosso nordeste - não é normal nevar;
3º, Matteo Tafuri "previu", há aproximadamente 500 anos, que quando isso ocorresse, o mundo tal como o conhecemos estaria próximo do seu fim.
Matteo Tafuri viveu 90 anos, entre 1492 e 1582, o que na época era incrívelmente fora do comum. Era um filósofo e ganhou fama por fazer profecias, sendo considerado o "Nostradamus" italiano. Ele disse:
“dois dias de neve, dois relâmpagos no céu. Eu sei que o mundo acaba, mas eu não estou ansioso”.
A cidade de Salento é famosa por suas belíssimas praias - conforme pode ser constatado por uma breve pesquisa no Google.
O fato provavelmente está relacionado ao aquecimento global, que leva a alterações climáticas. É já admitido que várias regiões da Europa vêm sofrendo com ondas de calor ou frio pouco usuais.
Praias de Salento com neve. |
Quanto ao dito "o mundo acaba", cuidado. Como outros Profetas, sempre é usado o termo "fim do mundo" para designar grandes catástrofes, mas não se trata do fim de nosso planeta - nem necessariamente nossa espécie. O que irá - a meu ver - desmoronar é o atual paradigma, que plasmou a forma mental dos últimos 5 séculos. Forma mental que plasmou em forma econômica e - concomitantemente - política o sistema o qual denominamos capitalismo.
Inicialmente assumindo a forma Mercantilista (Séc. XV-XVIII), na qual as molas propulsoras foram Portugal e Espanha, passamos à forma Industrial (Séc. XIX-XX), na qual a mola propulsora inicialmente foi a Inglaterra, sendo alcançada posteriormente pela Alemanha e após pelos EUA. Atualmente essa forma se plasmou para a Financeira (1970 - Séc. XXI), e segue seu desenvolvimento máximo, que culminará em outra crise, desta vez relacionada à energia, aos alimentos e à economia - que no fundo estão intimamente relacionadas. Essas formas, por sua vez, podem ser vistos como ciclos, que possuem ciclos menores, internos, que influenciam e caracterizam os maiores - e vice-versa.
No aspecto político observamos um caminhar paralelo: a formação dos Estados Nacionais, que permitiu a concentração de poder para o empreendimento de grandes projetos ultramarinos (Espanha e Portugal). Quando Alemanha e Itália se unificam e os EUA inicia sua industrialização, inicia-se uma corrida pela supremacia, que levará a Europa ao enfraquecimento global com a 1ª Guerra (1914-1918), enquanto nasce um novo protagonista na economia global: os EUA.
A forma mental conduz todos os desenvolvimentos políticos, econômicos, tecnológicos e culturais. A forma mental que desencadeou o novo paradigma é comumente conhecida como Renascimento. O Antropocentrismo assume o lugar do Teocentrismo. Ruim? Não. Natural.
A questão é: como esse grande ciclo se desenvolve?
ele saberá acabar, dando lugar a um novo?
por que ele surgiu?
o que o anterior tinha de ruim? (sabemos muito bem)
e de bom? (muitos ignoram)
Uma humanidade que se valoriza é muito útil num primeiro momento. Permite o seu desenvolvimento, geração de conhecimento, teorias, artes; criação de sinfonias e riquezas e tecnologias que viabilizam encurtar distâncias, comunicações distantes simultâneas, e desnudamento de superstições. No entanto, ao colocar a carruagem em movimento, devemos observar o que o próprio movimento nos diz. E mais: precisamos aprender a escutar o canto da História, que nos apresentou inúmeros momentos de transições. Ouvir a voz da Vida em nós e nos acontecimentos. Sentir o transformismo.
O Iluminismo foi o salto da Ciência - compilação de todos saberes até então - e estímulo aos saberes por surgir. Galielu, Kepler, Newton, Locke, Hegel, Kant, Darwin, Pasteur, Lavoisier, Rousseau, Goethe, Dante,...Tudo isso paralelo à Revolução Francesa (1789), que abriu as portas conceituais para a propagação da Era da Ciência e da Tecnologia. Logo após, uma combinação de fatores permitiu a eclosão da Era Industrial, cujos efeitos finais começamos a sentir nesse século. O que muitos vem sentindo nos últimos 2 séculos é:
1 - Vivemos num planeta de recursos finitos (materiais e energéticos não-renováveis, a depender da taxa de extração);
2 - A finalidade da vida está além da aquisição de bens e serviços (consumo) sem fim.
Perceber isso está em ressonância com os limites que começamos a sentir - limites impostos pelo planeta. Limites saudáveis.
A Consciência Humana começa a dialogar com o Grito da Natureza.
Um artigo sério, muito extenso e baseado em fontes está disponível na internet [1]. Ele cobre o problema do pico do petróleo, esmiuçando vários detalhes pouco comentados - e consequentemente desenvolvidos - entre nós, a sociedade, seja pela falta de tempo, seja pela falta de vontade, ou por ambos em proporções diferentes. Outro artigo, referenciado pelo primeiro [2], aponta para o que podemos fazer para participar desse processo. Acredito que todos concordarão e acatarão em unanimidade:
"When you realise something’s wrong with the world, the first step has to focus on educating yourself about it."
Quando você se dá conta de que há algo errado com o mundo - isto é, nosso modelo de civilização - o primeiro passo é procurar saber sobre isso. Ler diversas fontes, estudar temas, usar seus conhecimentos específicos, ouvir as pessoas nas ruas, perceber as suas reações e a dos outros, tentar traçar semelhanças, compreender o porquê das diferentes ações, relacionar. E refletir sobre as grandes questões. Isso é um primeiro passo. Não só fundamental, mas essencial.
Depois, devemos ser pragmáticos e realistas acerca dos eventos. Isso nos levará a não querer mudar o mundo, mas sim, alterar nossa conduta local. Isso pode significar passar a falar menos, aparecer menos, refletir mais, focar em certos tipos de atividades (novas), entre outras coisas. Pode inclusive influenciar em como você faz seu trabalho, conversa e faz atividades do dia a dia.
Precisamos perceber que existem três níveis no estudo de sistemas: eventos, comportamentos e estruturas.
Os eventos são os efeitos visíveis. O que sai nos grandes jornais, na TV, no rádio, nas rodas sociais, etc. Buscar soluções para eventos desagradáveis implementando ações-evento irá resolver problemas no curto-prazo (mas provavelmente ampliar no médio e longo). Por exemplo, aumentar o policiamento e as prisões (sem julgamento) para aumentar o temor e assim (tentar) reduzir os crimes e roubos - mas apenas os da base da pirâmide.
Os comportamentos são a lógica por trás dos eventos. Se relacionam às conexões entre as pessoas, famílias, comunidades, culturas, cidades, estados, países. São o modo de responder aos eventos. Comportamentos são cultivados e consolidados a partir do meio, de sua realidade externa e de sua forma e grau de instrução. Uma ação-comportamento pode atacar de forma mais eficaz um evento desagradável. Por exemplo, criar programas de inclusão social de dependentes químicos, de miseráveis, de órfãos fora das prisões e nas prisões. Ouvi-los.
A estrutura é a base sob a qual irão nascer os comportamentos. São os conceitos que fazem o sistema operar. Os princípios, as leis, o senso-comum. Alterá-los requer paciência, pois é provável que a pessoa não veja resultados concretos em vida. Essa é uma ação que não é ação - do ponto de vista mundano. Mas o é.
Voltando à questão fundamental (mudança de paradigma), temos a Viviane Mosé, cuja visão segue a mesma linha [3]. Basicamente estamos num ponto de inflexão na escalada cósmica. Precisamos nos atentar para ela, pois o que deve ocorrer ocorrerá independente de nossa vontade ou não.
O planeta nos alerta. A vida nos grita. A consciência nos incomoda. Tudo muda rapidamente. O previsível atravessa a barreira e se torna imprevisível. Ilya Prigogine define isso tudo como a Era das Incertezas. É transformação profunda e inexorável. Se fizermos de dentro pra fora será muito melhor. Caso contrário ela será imposta de forma pra dentro...
Na Educação muito deveria estar sendo feito. A começar pela criação de cursos livres que comecem a dialogar com a realidade dos alunos. Livre significa que apenas quem está realmente interessado irá participar - pois seu "ganho" ou "prejuízo" será zero. Cursos que façam as pessoas refletirem sobre o atual estado das coisas. Não se trata necessariamente de filosofia, e sim uma nova abordagem para questões emergentes. Se trata sobretudo de harmonizar o interior das pessoas expondo de forma criativa conhecimentos consolidados, experiências (íntimas ou não, a depender do grau de maturidade do grupo), e ideias inéditas. Fusão de saberes.
A Grande Sìntese trouxe uma visão tão avançada para nosso atual nível evolutivo que somos incapazes de assimilá-la - mesmo em grau ínfimo - seus dizeres. Um dos problemas é que nos prendemos às palavras ao invés do que elas apontam. No entanto me parece - cada vez mais - que essa descida dos ideais será a bússola nos séculos (e milênios) vindouros.
Iremos chegar lá.
Referências:
[1]
https://medium.com/insurge-intelligence/brace-for-the-financial-crash-of-2018-b2f81f85686b#.tney3wit9
[2]
https://medium.com/insurge-intelligence/how-to-change-the-world-in-three-easy-steps-92d7ca576fc1#.sxp2cz95c
[3]
https://www.youtube.com/watch?v=ku5jhVYRrkE
[4]
http://blogs.correiobraziliense.com.br/nqv/cidade-praiana-da-italia-registra-neve-por-dias-seguidos-e-fim-do-mundo-pode-estar-proximo-segundo-profecia-feita-ha-500-anos/
[5]
https://medium.com/the-mission/this-morning-routine-will-save-you-20-hours-per-week-c3088cd2c685#.oz5lzb5eu
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