À medida que as dores aparecem em nossa vida começamos a alterar nossa atitude para com certas coisas. Aqueles que fazem pouco uso do discernimento irão enfrentar os choques costumeiros, - cedo ou tarde - reagindo superficialmente, com a psicologia média. Seguirão seu rumo tão insensibilizados quanto antes, apenas buscando com mais afinco um jeito astuto de se desviar de certas dores para que possam satisfazer suas vontades imediatas. Satisfação dos sentidos e poder é o que lhes interessa. Outros, tipos muito raros, irão reagir de forma completamente diversa. Externamente podem aparentar reagir igual à média. Mas interiormente elaboram processos psíquicos-emocionais intensos que alteram profundamente a natureza do ser. É a esses que as chances de ascensão são maiores.
Existe um ponto comum que unifica todos os seres humanos. Um ponto. Por si só o termo já é indício de convergência ou unificação. Vértice onde se encontram duas ou mais retas, caminhos, destinos, vontades, objetivos. Esse ômega é a síntese de todas as relatividades humanas, sub-humanas e super-humanas. É a "região" de paz eterna, além das dimensões 'tempo' e 'espaço'. É o que dá orientação suprema nos afazeres cotidianos e nos períodos pós-choques. Que vértice é esse? As religiões denominam esse fim "Deus" - cada qual com o nome mais apropriado à sua história e cultura. E outros domínios humanos fazem isso de forma implícita. A ciência o faz apontando para as suas fronteiras e suas premissas, mostrando quão apaixonante é o caminho da evolução do pensamento. A sociedade o faz através de seu princípio unificador, buscando sempre meios de se organizar de forma mais harmônica, mesmo que com interesses segregados, com seus sistemas políticos e econômicos. A filosofia o faz por meio das abstrações, arranhando os conceitos deixados pela ciência. Os casais o fazem através do amor, se colocando - conscientemente ou não - numa arena de provas cuja exigência-mor é aplicar os princípios do Evangelho. E assim toda humanidade cumpre de várias formas um impulso ascensional.
Dentro desse princípio de convergência podemos extrair um aspecto aparentemente contraditório: quanto mais vivenciamos uma realidade (ponto de vista), adquirindo conhecimento, experiência e vivência, maior a nossa sensibilidade em reparar pontos em comum com outras experiências diversas, conhecimentos distantes e vivências opostas. Isso não se dá para todos, mas poderia. Basta para isso que algumas cordas interiores estejam suficientemente afinadas para receberem certos tipos de vibração.
Um sentimento de interconexão entre tudo e todos sempre pairou sobre minha mente e coração. Busquei uma síntese através daqueles que tentaram fazê-lo. Encontrei espíritos fantásticos. Destes, um me chamou a atenção não apenas pela sua capacidade de sentir e vivenciar a vida de forma integralmente honesta e sincera, mas também - na mesma proporção - de erguer uma obra capaz de resolver os últimos problemas da existência: Pietro Ubaldi. Esse professor da Umbria, nascido em família riquíssima, trilhou um rumo que chocou o mundo, e este condenou-o. Mas com isso foi deixado para uma civilização futura uma seta orientadora de poder ainda hoje incompreendido - até para aqueles que estudam, sentem e admiram a obra do místico do século XX. Esboçou diretrizes gerais para uma futura humanidade. Essas diretrizes serão apenas esboços perante os gênios que o futuro nos trará, capazes de assimilar tudo e aprofundar cada vez mais essa síntese geral. Essa Grande Sìntese.
O título parece contraditório (Grande Síntese). Uma síntese geralmente é pequena, resumida, breve. No entanto não se trata de uma síntese de um tópico específico com finalidades limitadas no espaço-tempo. Trata-se de uma orientação universal de todo pensamento e sentimento humano, fundidos num único sistema, dando características poéticas à ciência, aspecto racional à crença e objetivo definido para a arte. Para fazer isso é mister ir além da especialização de domínios específicos - mas ao mesmo tempo não ficar simplesmente acumulando fatos e técnicas na vastidão da superfície. É preciso combinar harmonicamente essas duas características - generalidade e especificidade - para criar algo novo, que não é nem um nem outro, mas um elemento que é maior (em termos conceptuais) do que os precedentes.
Se aprofundar em algo de forma potente envolve escutar a natureza, e assim conhecer a sua própria. |
Dentro desse princípio de convergência podemos extrair um aspecto aparentemente contraditório: quanto mais vivenciamos uma realidade (ponto de vista), adquirindo conhecimento, experiência e vivência, maior a nossa sensibilidade em reparar pontos em comum com outras experiências diversas, conhecimentos distantes e vivências opostas. Isso não se dá para todos, mas poderia. Basta para isso que algumas cordas interiores estejam suficientemente afinadas para receberem certos tipos de vibração.
Um sentimento de interconexão entre tudo e todos sempre pairou sobre minha mente e coração. Busquei uma síntese através daqueles que tentaram fazê-lo. Encontrei espíritos fantásticos. Destes, um me chamou a atenção não apenas pela sua capacidade de sentir e vivenciar a vida de forma integralmente honesta e sincera, mas também - na mesma proporção - de erguer uma obra capaz de resolver os últimos problemas da existência: Pietro Ubaldi. Esse professor da Umbria, nascido em família riquíssima, trilhou um rumo que chocou o mundo, e este condenou-o. Mas com isso foi deixado para uma civilização futura uma seta orientadora de poder ainda hoje incompreendido - até para aqueles que estudam, sentem e admiram a obra do místico do século XX. Esboçou diretrizes gerais para uma futura humanidade. Essas diretrizes serão apenas esboços perante os gênios que o futuro nos trará, capazes de assimilar tudo e aprofundar cada vez mais essa síntese geral. Essa Grande Sìntese.
O título parece contraditório (Grande Síntese). Uma síntese geralmente é pequena, resumida, breve. No entanto não se trata de uma síntese de um tópico específico com finalidades limitadas no espaço-tempo. Trata-se de uma orientação universal de todo pensamento e sentimento humano, fundidos num único sistema, dando características poéticas à ciência, aspecto racional à crença e objetivo definido para a arte. Para fazer isso é mister ir além da especialização de domínios específicos - mas ao mesmo tempo não ficar simplesmente acumulando fatos e técnicas na vastidão da superfície. É preciso combinar harmonicamente essas duas características - generalidade e especificidade - para criar algo novo, que não é nem um nem outro, mas um elemento que é maior (em termos conceptuais) do que os precedentes.
Um ensaio muito interessante me chamou a atenção recentemente [1]. Ele trata de uma visão pessoal (porém universal) de que o futuro pertence aos polímatos. Trata-se de seres com um leque de conhecimento - talvez vivência - muito amplo, que se especializaram em um ou dois campos, e frequentemente trazem contribuições substanciais para a ciência, a arte, a administração, a técnica ou a filosofia. Aristóteles, Leonardo da Vinci, Galileo, John Von Neumann, Georgescu Roegen e Herbert Simon são alguns exemplares.
Leonardo da Vinci. Inventor, pintor, cientista, desenhista, anatomista, alquimista, entre outros. Arte e Ciência andam juntas e conversam. Vivem e até fazem amor em algumas ocasiões. |
É verdade que estamos diante de contribuições raras de um tipo singular, completamente raro neste mundo. Especialistas puros deram o grosso das contribuições em todos os campos. Mas ao mesmo tempo não podemos negar a magnificência desses seres que vem e vão, deixando um rastro diferenciado pela Terra, abalando conceitos e invocando sentimentos; abaulando normas rígidas e ardendo o gelo da frieza.
Muitas das conquistas obtidas por polímatos não seriam concretizadas se não fossem abordadas de modo a invocar um repertório diverso. Um repertório de grande envergadura, mas ao mesmo tempo com as associações adequadas, no momento certo e da melhor forma.
Num mundo em que a automação digital e mecânica vêm tirando lugar de vários - inclusive especialistas puros de certas áreas - sinto a necessidade de desenvolvermos essa capacidade de síntese sem deixarmos de nos especializar em um ou outro domínio.
A mente humana começa a se especializar através da observação dos fenômenos. Com isso partimos de uma observação geral para os pormenores, optando por um caminho que revelará detalhes não-vistos. São ramos de uma árvore que se ramificam continuamente. Cada ramificação é uma sub-área, uma forma de vida diversa, uma experiência particular. O que polímatos percebem é que essa divisão de ramos segue um padrão comum. Existem aspectos específicos que podem ser reduzidos a um denominador comum. Um exemplo está na modelagem de sistemas físicos, com os Grafos de Ligação (GL).
GL's é uma notação surgida no final da década de 50, por um grupo de professores do MIT, que simplifica a representação de sistemas físicos. O que o Prof. Paynter (quem criou os GL's) percebeu é que as variáveis de diversos domínios físicos possuem características em comum. Logo, seria possível agrupar os conjuntos substancialmente semelhantes numa categoria única, facilitando tanto a representação quanto a simulação de sistemas físicos com alto grau de complexidade. Isso é, de certa forma, um primeiro esboço, a nível específico, de tentar uma unificação. Inicia-se dentro de um campo restrito e de forma conceptual. Futuramente a humanidade fará isso de forma cada vez mais abrangente e geral, interiorizando micro sínteses, elaborando um subconsciente mais elaborado, distanciado do primário, até atingir uma capacidade de síntese inimaginável. Incia-se com as concepções, e logo após a vivência é acionada.
Viver de forma mais sintética é perceber o cerne da questão e se ater ao que mais importa no momento. É operar de forma integrada, como Domenico De Masi aponta em seu conceito de Ócio Criativo, no qual uma pessoa pode estar trabalhando, estudando e se divertindo simultaneamente. Quem sente isso em vida sabe do que se trata, e comprova essa realidade aparentemente contraditória.
De Masi nada mais está fazendo do que derrubar conceitos cada vez mais ultrapassados de uma mente puramente calcada na racionalidade. Uma mente que opera analiticamente, descartando aspectos afetivos, místicos e espirituais. Pascal já o afirmou: o coração tem razões que a própria razão desconhece.
Quanto mais atacamos diversos ramos do saber, quanto mais experiências absorvemos e elaboramos, maior nossa potência de aprendizado. Assim essa expansão inicial serve como um preparo, um treino, uma maceração através da persistência, com desafios, que irá permitir à pessoa se especializar de forma mais rápida e eficiente quando decidir fazê-lo. Esse é o ponto fundamental que permite a contribuição numa especialidade a partir de uma cultura sintética.
Domenico De Masi. Conceitos novos de trabalho. Suas ideias apontam para a questão do pensamento sistêmico - que leva à visão sistêmica, culminando numa vivência plena, capaz de grandes sínteses. |
Conforme apresentado no ensaio anterior [2] estamos adentrando numa era de percepção sistêmica, capaz de unir a especificidade da técnica com a profundidade do sentimento místico. Isso é a interconexão.
Não à toa o mundo clama por amor e paz, mesmo que de forma equivocada mutias vezes. Estamos construindo algo que jamais existiu em nossas mentes e rarissimamente foi praticado. As únicas referências são pontos isolados, que julgamos inimitáveis. Os santos, os gênios, os heróis.
Mas se tudo provêm de Deus e retorna para Deus, num sistema orgânico governado por uma Lei suprema, então está estabelecido que o futuro nos reserva as glórias de conquistas interiores capazes de gerar os avanços que o mundo tanto necessita.
Basta para isso o nosso esforço.
Referências:
[1] https://medium.com/personal-growth/the-expert-generalist-why-the-future-belongs-to-polymaths-46b0e9edc7bc
[2] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2018/03/pensamento-sistemico-ponte-entre.html
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