Há mundos ocultos sob o véu da ignorância das ações humanas. Há verdadeiros universos de possibilidades, plenos de novidades, nas recônditas profundezas de cada ser que habita esse Universo. Esses universos são interiores e infinitos, superando a dimensão limitada e limitante do espaço e do tempo. Essa potência interior, verdadeira riqueza que jamais perece, - apenas floresce e cresce - vence gradativamente, de modo sutil e elegante, cirúrgico e definitivo, o infindável, contraproducente e sanguinolento embate entre os relativos desgastados pelas vergas do tempo.
Esse Absoluto contido em nosso íntimo alberga o Eterno e as chaves do Reino. Um Novo Continente, situado num 'não-local'. Tão perto e tão longe...
O inverno frio e estéril do materialismo está desgastado pelas repetições cada vez mais infrutíferas do ego evanescente, que exigem doses crescentes de negações - do evidente. Para isso, a tara de nossos tempos: o desenvolvimento (apenas) tecnológico. Os aplicativos, as fofocas, as sensações intensas que impressionam os sentidos e trazem em seu bojo a promessa de gozo imediato, sem pensar nas consequências e no retardamento do despertar do verdadeiro Ser. Vivemos em tempos líquidos (Zygmunt Baumann), mas também de descrença e superstição. Esta acaba colocando no pedestal a ignorância. Só que nos tempos modernos, ela tem ares de erudição e criatividade, pois está adornada com argumentações sustentadas por diversas referências (vazias em essência); com perspectivas advindas de fontes novas (porém não-pensantes). Fontes apenas expressam um conjunto de micro-verdades, rearranjadas de modo monstruoso, formando uma verdadeira ode à ignorância, ao gozo e à irresponsabilidade. Tudo deve ser visto nas entrelinhas, pois a sofisticação do intelecto luciférico atingiu um grau de inteligência que apenas uma intuição iluminadora é capaz de perceber o labirinto em que nos inserimos. Labirinto horrível e desesperador. Eu já muito dissertei sobre isso aqui, estabelecendo uma relação entre o conhecimento humano e a sabedoria divina.
O que era (e deveria ser) um meio se tornou fim supremo. Está cada vez mais evidente que não sairemos desse cipoal de parafernalhas (informações, tecnologias, redes sociais, fofocas, consumo de sensações, 'obrigações', reuniões, comissões, normalizações, etc.) através do paradigma (modo de ver o mundo e nosso papel nele) que o criou. A forma mental humana criou a própria armadilha da qual é incapaz de sair. Dela só sairemos abraçando uma realidade que já se faz presente - e se difunde aos poucos, mas com ímpeto, coragem e criatividade ímpar. Exemplos abundam pela internet. Basta saber buscar.
Vejam por exemplo um depoimento (de 2009) de Jim Carrey a respeito dessas questões:
Ou pegue um filme como Matrix (o primeiro e único que vale a pena assistir, de 1999), em especial a cena final, quando assistimos a Ressurreição de Neo. É puro cristianismo sob vestes modernas. Ou melhor, o aspecto da ressurreição tratado pelo Monismo Substancial - que Ubaldi nos trouxe de modo poético, lógico e científico.
Peguemos um trecho do O Show de Truman (1998), quando o personagem principal percebe que toda sua vida é uma encenação para entreter o mundo - que deve permanecer em sua ignorância e não enfrentar questões civilizatórias. A pessoa desperta para a realidade. Percebe que está sendo usada - assim como todos espectadores, que são marionetes nas mãos da indústria do entretenimento. Marionetes enclausuradas numa vida limitada e limitante, de escravidão e misérias, sem possibilidade de expressar as verdadeiras potencialidades de sua genialidade, seja na ciência, no pensamento, na arte, na vivência, na liderança ou no amor.
Temos ainda Pleasantville - a vida em preto e branco (1998), que trata também da importância de passarmos por uma fase caótica, de incertezas, 'líquida', cheia de diversidades e perspectivas conflitantes (porque limitadas). O choque causado nos outros, de vida ordenada porém limitada, ao expandir a forma de expressar-se e viver, é algo que merece ser visto com olhos espirituais.
Voltando um pouco no tempo (1994), Um Sonho de Liberdade, que no fundo fala sobre a fuga de nossas prisões internas. Nossa forma mental, que acaba por nos prender no mundo concreto - às vezes de forma bem cruel. Uma fuga que só pode ser realizada com a assimilação de novos aspectos da realidade. Que por sua vez trarão uma liberdade muito maior do que aquela que tínhamos anteriormente - ou julgávamos possuir. Fala sobre a natureza do ser que é capaz de se libertar das tristes amarras de um mundo cruel e de visão estreita. Mundo em que impera um misoneísmo impiedoso. E numa cena muito tocante, quando Andy, o personagem principal, interpretado por Tim Robbins, dá aos prisioneiros uma perspectiva do paraíso (através de uma bela soprano que canta divinamente), sentimos que viemos a esse mundo para expressar a Vontade de Deus. Viemos para brilhar e iluminar.
Podemos avançar um pouco e extrair aspectos muito profundos a respeito de pensamento (e revolução) sistêmica, processo de despertar, e o fenômeno intuitivo, ao assistirmos - com olhos espirituais - V de Vingança (2006). Abaixo a intuição (=clarividência) do detetive obediente porém perspicaz, interpretado por Stephen Rea - dos eventos subsequentes.
E como não falar (nesse mesmo filme) do momento culminante de catarse de Evey (Natalie Portman) que, prestes a surtar com o que V lhe fez, compreende o sentido da dor.
Voltando na Era Clássica do Cinema, podemos pinçar o belíssimo Lawrence da Arábia (1962), em especial a cena de conquista de Aqaba, cidade considerada inexpugnável por mar, devido aos seus canhões de 14 polegadas. E (especialmente) por terra, devido à 'proteção' do grande deserto de Nefud.
Essa conquista tem a ver com o que chamo de ousadia inteligente, que já tratei algures.
Nesse filme temos também questões históricas; do livre-arbítrio vs. fatalidade; da sagacidade política; da natureza dos povos; dos futuros desenvolvimentos econômicos através das politicas presentes; das desilusões de grandes almas; entre outros temas fascinantes. É muito (mas muito) revelador para quem tem olhos para ver.
Meu amigo...eu posso continuar por dias e dias citando filmes e cenas marcantes que remetem ao Absoluto que anima o relativo. Porque agora eu vejo a essência e com isso tudo tem significado.
Voltando aos nossos tempos.
O inverno do culto à matéria está terminando. Será um fim muito cruel para quem está preso às novidades mundanas, focado no que a mídia diz ser progresso. Mas aqueles que estão ancorados no Espírito, percebendo que a destruição da forma nada mais é do que um necessário (e salutar) processo de renovação, ficarão serenos e determinados. Esses irão expressar de modo cada vez mais destemido, criativo e enérgico a Vontade de Deus. Essa Vontade nos diz: Evolução!
E com isso tudo que o tipo médio (astuto) mais estima será destroçado pelo vendaval das consequências naturais, tendo suas fantasias varridas pelos fenômenos que desejam conviver com uma civilização um pouco mais madura. Civilização capaz de aceitar a realidade do Espírito, da unicidade permeando a diversidade, da ciência religiosa e da fé raciocinada. Uma civilização de equilíbrio material e evolução íntima, liberta das burocracias estafantes e das reuniões mórbidas. Liberta de medos agudos e de esperanças fúteis. Uma civilização focada no aspecto substancial. Nova civilização. Do terceiro milênio...
Mas antes de florescer essa primavera nesse planeta, é necessário haver uma limpeza interior. A oportunidade está dada. Quem decidir preencher seus atos de significado, poderá continuar e fazer parte desse novo mundo, mais simples porém muito mais pacífico. E será muito bom. Essa é a nota dez que devemos buscar a todo custo. Não agredindo ninguém nem gozando demais. Buscando a paz dentro de nós em meio ao desespero dos inconscientes. E o fim 'desse mundo' (não do mundo, nem da espécie, nem das possibilidades...) está próximo. É o fim da civilização materialista, egoísta ao extremo, dos argumentos com fins de gozo individual, das aparências, da astúcia que governa e do coração que agoniza. E quem afirma isso, de forma muito clara e lógica, é Noam Chomsky, um dos Profetas dos Tempos Modernos.
Um artigo bem elucidativo pode ajudar os bem intencionados (porém ainda perdidos)a despertar para o verdadeiro problema de nossos tempos.
Quem persistir na ignorância, será varrido e terá de nascer e renascer em orbes cruéis, mais adaptados ao seu nível.
E em meio à destruição do velho, nada melhor do que se preparar para o novo. A Ciência do Espírito irá superar a ciência materialista - não negando-a, mas ordenando-a numa ordem mais vasta. Transcender o paradoxo, a forma mental, superando os instintos mais baixos. Deixar a mente ser guiada pela intuição ao invés dos instintos. Essa é a meta e devemos expressá-la através de qualquer coisa que façamos. Eu o faço ao ministrar todas minhas aulas.
Nos textos, nas conversas com os amigos, com a família, em meus estudos de ciência e espiritualidade, ao assistir séries e vivenciar dimensões do amor. Ao caminhar nas ruas e contemplar a vida.
Chegará a Primavera do Espírito para todos - mas apenas quem souber reconhecê-la irá abraça-la, permanecendo reencarnando seus ciclos multimilenares de existências num mundo de regeneração. Um mundo que será muito mais convidativo para almas sinceras e sérias.
Esse novo mundo, a meu ver, deve ser, em seus primeiros séculos ou milênios, um mundo de baixa tecnologia e consumo energético (em relação ao presente). Os motivos podem ser encontrados em muitos locais, mas gostaria de recomendar os textos de B, o site de Gail Tverber e de Erik Michaels.
Outra característica desse mundo: ele será pautado pelo monismo substancial - se não explicitamente, implicitamente, nos atos e pensamentos e sentimentos, que é o que conta. Porque trata-se de uma Metateoria que alberga o melhor de tudo que descobrimos e desenvolvemos até o presente momento. Da ciência, da filosofia e da religião, perpassando por toda a fenomenologia universal - inclusive os setores da vida humana. Esse blog tem por escopo difundir, explicar, relacionar, debater esse grandiloquente pensamento, ajudando almas já despertas a buscar seu próprio caminho nesse período de transformação abrupta - e como jamais vista antes na história humana.
Estamos no fim de um grande ciclo, que pode ser descrito como o (ciclo) de expiações e provas, das quais o nosso planeta participou. E juntamente com esse ciclo, uma miríade de ciclos menores, em todos níveis e escalas, também se completam. Agora é momento de ascender. A natureza já recebeu os golpes de nossa ávida e impávida ignorância, e as leis morais (ainda desconhecidas pela ciência e, consequentemente, pela nossa espécie) encerram a coletividade humana num estreito e inexorável determinismo que deve servir como um batismo de fogo para a Nova Civilização - e os seres que irão participar de seu desenvolvimento.
Essa será a Primavera do Espírito.
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