Algumas
pessoas podem se interessar pelo fenômeno do meu processo de
escrita. Aliás, podem se interessar pelo de qualquer pessoa que
admirem. De onde surgem as palavras, as combinações das mesmas, os
temas, o tempo, a energia, a inspiração? E mais: Por quê? A
interrogação mais fundamental, e portanto mais difícil de
responder de forma satisfatória. Não por falta de vontade, mas por
incapacidade de trazer na forma de palavras a miríade de sensações
captadas (quase) intuitivamente, de forma sintética. Modos de
conceber o mundo que ainda carecem de ferramentas suficientemente
concretas para convencer grande parte das pessoas. Seres com
capacidade racional aguçada e exigentes de explicações lógicas e
sustentadas pela ciência.
Não
posso responder pelas pessoas que escrevem de forma interessante
temas interessantíssimos (ou vice-versa, ou de forma equitativa, o
que constitui a maior das capacidades). Posso apenas responder por
mim, pois este é o único ser que conheço relativamente bem. E que
portanto posso avaliar. Não se trata de exaltação, e sim de uma
tentativa de recapitular a gênese e o desenvolvimento de um processo
que todo ser humano pode reproduzir nos mais diversos campos.
Experiências, dores, auto-análise, coragem e vivência.
A
princípio miraculoso, o ato de escrever bem temas importantes –
como tudo – jamais deve ser forçado. O desejo ardente de
simplesmente seguir uma moda, ou buscar uma recompensa (amor carnal,
dinheiro, fama,...), pode ser, a princípio, elemento ignitor do
processo. E pode até haver uma produção com certa substância. Mas
se aquele que escreve não encontrar um novo elemento de sustentação
imaterial, afirmo com segurança que sua substância vai se esvair
inexoravelmente. Alguns podem objetar: mas muitos se prendem ao
dinheiro e à fama e com isso ficam cada vez mais ricos, famosos e
felizes. Então eu concordo, mas digo que sua verdade é parcial e
encerrada na forma mental dominante. Feito isso, o desafio é lançado
ao meu ser: mostre-me então o que há de mais importante a ser
considerado. E amplio a visão, convidando o leitor a um giro,
elevando-o a um patamar mais elevado, donde é possível ter
concepções mais vastas dos fenômenos e suas causas.
Uma
pessoa que é conduzida pelo sucesso material tende a agir de acordo
com a materialidade que lhe possibilita tal sucesso. As relações de
sucesso são bidirecionais. Você dá o que o mercado pede do jeito
certo na hora certa, o mercado te devolve o que você deseja (do
jeito que lhe agrade e imediatamente). É uma equação que se
encerra na horizontalidade. Logo, o escrever bem é apenas relativo à
sua época e ao seu meio. Ou melhor, o valor de suas palavras
dependem da forma mental dominante.
Um
ser conduzido por um impulso íntimo, intangível, desinteressado, é
capaz de buscar inspiração nas condições mais inóspitas para a
média, e a partir daí transmitir – baseado em suas experiências
- idéias
vindas de planos mais elevados. O que lhe vem de fora pesa pouco.
Muito pouco. O sucesso é recebido de forma simples e humilde. O
fracasso é aceito sem represálias. O exterior pouco influencia seu
espírito criativo. Seu foco é tão intenso no interior que alguns
(poucos) começam a se perguntar o que há de tão PODEROSO dentro
daquele ser. Esse é o Deus imanente, que reside em TODAS as formas
de vida. A diferença é que ele ainda está inacessível para a
grande maioria dos seres, que se revestiram tanto de materialidade
que deixaram sua essência divina enterrada.
O
ser se torna cada vez menos egoísta à medida que o incêndio
criativo o consome. O foco é imune à indiferença e opinião
alheia. A partir daí é possível ter uma ideia, ainda que muito
vaga, do místico. Sua ligação não é com este mundo, apesar de
seu exemplo influenciar o íntimo dos habitantes deste, que anseiam
por algo além da mecanicidade do cotidiano, e por isso são
arrastados por um desejo ardente de descobrir verdades insondáveis.
Não
há planejamento na minha escrita. Os temas surgem de acordo com o
alinhamento do trinômio VIVÊNCIA-CATARSE-IGNIÇÃO. Ou seja, as
experiências adquiridas na trajetória de vida (vivência), aliadas
ao processo de exteriorização ordenada de emoções armazenadas
(catarse) e a um evento que ativará a expressão (ignição). Não
há segredos. Nem vontade em tê-los. Eles são contraproducentes e
somente darão trabalho desnecessário.
O
objetivo é despertar a potência espiritual em todos os seres, de
forma que o processo de sensibilização orientada da humanidade se
dê de forma mais rápida, evitando menos dores.
E
por último: teoria sem prática nada vale. A vivência é MUITO mais
importante do que a teoria. Sem aquela esta não passaria de uma elucubração acadêmica sem sentido para a vida. E a vida rejeita
tudo que não lhe acrescenta um mínimo. Porque ela é sábia. As
teorias só valem se forem apoiadas numa vivência – ou pelo menos
numa observação profunda. As ferramentas (todo conhecimento) só
serão úteis para dar a devida orientação.
Eis
o segredo que nada tem de tal.
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