"Ou você é 100% A ou 100% B."
Mas no fundo tanto o A quanto o B tem sua parcela de verdade (e ignorância). E ambos estão perdidos num vasto oceano onde só existem (ou melhor, são reconhecidas) provas, análises e erudição intelectual.
Não aderir a certos movimentos cegamente por considerar que estes são - em sua essência - apenas massa de manobra arquitetada por agentes econômicos poderosos é sinal de sapiência. Significa não seguir a onda da forma mental dominante. Significa perceber o jogo de forças agindo silenciosamente no subterrâneo - jogo que na superfície assume as formas mais belas e aceitáveis, e portanto capaz de aliciar os mais diversos membros. Não me refiro a não seguir simplesmente por ser "do contra" ou por ter alguma relação egoísta relacionada ao alvo do momento, e sim por sentir um quê de vazio em participar de algo que o fundo da alma rejeita.
Para quem deseja compreender melhor do que estou falando recomendo que leiam o último artigo do Mino Carta [1].
Anne Frank: disse tudo! |
BLOG --> TEXTO (SÍNTESE --> ANÁLISE)
TEXTO --> BLOG (ANÁLISE --> SÍNTESE)
Na análise - como se sabe - trata-se de temas específicos. Portanto o exemplo que peguei se encaixa perfeitamente na síntese, que é universal e imparcial; assim como qualquer tema. Mas sob a ótica de uma análise (uma área do conhecimento, por exemplo, as ciências térmicas), é impossível englobar o Todo.
Eu particularmente não pretendo me enveredar pelos caminhos da ciência política ou econômica. Este blog (creio eu) é mais universal - e portanto poderoso - do que isso. O que não implica que a política e a economia estejam desvinculados dos grandes temas aqui tratados. A diferença é que os temas lidam com a essência, a síntese, trabalhando com o universo intuitivo; ao passo que as especificidades de nosso mundo lidam com os teoremas, a análise racional, trabalhando com o universo intelectual. Ambas são importantes. Mas o nosso mundo está dando sinais de saturamento intelectual, clamando inconscientemente por algo a mais: a consciência.
De acordo com Ubaldi existem diversos níveis evolutivos:
SENSÓRIO --> INTELECTUAL --> CONSCIENCIAL --> MÍSTICO -->...
Em seu terceiro livro, Ascese Mística, ele não soube conceber o que havia além do nível místico-unitário, mas afirma a possibilidade de haverem níveis além de sua visão.
Nós estamos no segundo nível. Depois de tantos séculos e milênios...Eis como a evolução efetiva se dá a passos de tartaruga.
Lentos mas firmes...
Os diferentes finitos orbitando em torno do infinito. Orientados por ele, agindo por conta própria. |
Muitos são inteligentes. Sabem explicar e provar e argumentar. Tão sedutor é o campo mental que muitos entram no campo de batalha armados de intelectualidade para vencer os outros (igualmente armados dela).
Quem entrou no campo consciencial pode não ter a mesma potência intelectual de seus vizinhos terrestres. Portanto, é incapaz de provar ou argumentar com a mesma elegância e eloquência algo que é uma verdade universal. Logo, esses seres partem para o refúgio e interagem com o mundo na medida do necessário, garantindo seu sustento físico. São pessoas calmas e serenas que não tomam posição e pouco interagem com o mundo que acontece.
Ser consciente e não ter o intelecto desenvolvido como o dos leões do mundo demanda resignação.
Ser intelectualmente rico e inconsciente arrasta o ser para a luta competitiva.
Ser consciente e intelectualmente alinhado - mesmo que em pequeno grau - impulsiona o ser a desejar construir pontes entre os dois mundos.
A consciência permeia o intelecto. Início de uma ascensão humana integral.
Nem isolamento consciencial-resignado passivo,
O livro desmistifica o que o mundo tenta consolidar. O perigo do livro: ser interpretado erroneamente por introduzir conceitos universais. |
E sim consciência trabalhando no mundo via intelecto, guiando-o.
Voltando ao tema...
O momento atual é polarização. O problema: achar que cortar um elemento ou grupo resolverá o problema substancial. Não. A forma mental continua a mesma, e com isso o sistema que opera segundo ela e a estrutura que o sustenta continuam iguais. Muda-se a forma. Apenas.
Outro ponto: o ódio é comumente manifestado de maneira a parecer desejoso pelos mais altos ideais. Não quero dizer com isso que as afirmativas belas sejam inválidas, e sim que elas podem ser usadas para manter tudo como está.
O problema de alguns leitores está em querer usar o parágrafo anterior para desqualificar EM SUA ESSÊNCIA ideais que tentaram ser implantados no século XX. Igualam a substância à forma. E com isso se prendem à sua forma mental.
Vale lembrar que os seres não são estáticos, e consequentemente os sistemas que os governam. Uma idéia acima no nível biológico dos seres que a implementam levará facilmente a uma catástrofe. O biótipo presente não consegue criar e viver em tal sistema, mas apenas idealizá-lo.
O ideal é sempre ideal.
A implementação do mesmo muda com o tempo.
Ontem desastrosa, hoje repensada, amanhã concretizada.
Escravismo, Feudalismo, Capitalismo, Socialismo,...
O homem sempre desejou mais bem-estar e felicidade em seu íntimo. O escravismo, o feudalismo e o capitalismo foram capazes de propiciar isso.
Mas vejam: eu afirmo isso e muitos vão achar absurdo que a escravidão e o feudalismo foram bons. Mas foi justamente do feudalismo que chegou-se ao capitalismo (por pior que muitos julguem a Idade Média). A questão é que o ser humano sempre irá fazer aquilo compatível com seu nível biológico.
Não se deve culpar a fera por ser fera.
Quem está acima não julga ou culpa. Pode no máximo constatar.
Da mesma forma que na época julgava-se o feudalismo o melhor tipo de organização, amanhã pode ser que o capitalismo seja uma forma primitiva de conceber as relações (ou falta de...).
A questão é a seguinte: É fácil afirmar o que está em voga e parece inexorável e insubstituível; Difícil é conceber novos patamares, pautados por novas relações e prioridades, sem ignorar as coisas boas do mundo presente, e trabalhar para o mundo perceber isso.
Arrisco afirmar que o socialismo, em sua essência até hoje não praticada - mas cada vez mais assimilável e praticável - será o próximo sistema político-econômico. Um socialismo corrigido, englobando não apenas a sociedade, mas toda a fauna e flora e fenômenos físicos. E não será o último. Apenas mais um grande passo rumo à perfeição.
(Obs: Neste ponto, antes de causar divergências, recomendo fortemente a leitura de obras de Bertrand Russell e Noam Chomsky [2].)
Muito além deixarão de haver organizações e tudo funcionará sem leis.
Somente a Lei de Deus, revelada em cada Ser, bastará.
Ela é Tudo e é Simples para aqueles que atingiram sapiência...
Como eu disse em outro ensaio, o TER deve servir o SER. Mas - como se vê - isso não implica na eliminação do velho.
Quando a humanidade incorporar em sua alma essa noção de transformismo, a verdadeira revolução terá início. A revolução consciencial que demarcará a fronteira entre os futuros saltos pacíficos e os passados saltos violentos.
Nós somos mais do que sabemos.
Nós podemos mais do que queremos.
Nós seremos mais do que somos.
Estamos em transformação rumo à fonte Infinita.
Referências
[1] http://www.cartacapital.com.br/revista/842/o-brasil-explica-a-si-mesmo-8290.html
[2] De Russell, Elogio do Ócio; de Chomsky, Notas Sobre o Anarquismo - nada de
radicalismo ou apologia ao nada-fazer...creiam em mim.
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