terça-feira, 24 de abril de 2018

Fusão, Ensaio e Implementação

De nada servem estes escritos se o autor (ou leitor(a)) não compreender o significado de cada sentença. Uma leitura prazerosa não nos garante a evolução interior. Cultura e intelecto são matéria inerte se não houver uma ardente intuição que os conduza. Assim expele-se apenas letra morta, ordenadamente, elegantemente e precisamente. Mas apenas letra morta, incapaz de acender uma chama de consciência capaz de despertar sentidos além dos conhecidos. Quem lê apenas por distração e erudição deve esquecer esse blog - para o próprio bem. Estudar e ler altos conceitos não irão transformar a pessoa para melhor. Muitas vezes travam o processo evolutivo. Deve-se viver, nem que em grau mínimo, as ideias supremas. Assim pode-se dizer: "sim, eu vivi e sofri e tentei e senti o ideal, e agora posso transmitir o que isso realmente significa. as minhas orquestrações verbais virão da alma, única capaz de fazer os outros iniciarem seu caminhar, não por temerosa coerção, mas por livre convicção!"

Baghavad Gita: a obra contém conceitos de profundidade
inimagináveis. Pouco ainda sei - porque pouco vivi.
Me dirijo a todos mas especialmente a mim. Aprendi que a difusão de altos conceitos se dá no silêncio absoluto. O contrário pode ser usado de forma equivocada, através de interpretações errôneas. Não basta ser bondoso se se é incapaz de compreender como manejar as forças da astúcia, ignorantes mas eficientes em obter à curto prazo as coisas do mundo - e esmagar qualquer tentativa de imprimir um ideal, tornando-o uma prática cotidiana. É uma tarefa solitária, incompreendida e aparentemente sem sentido. No entanto a força que a sustenta tem persistido ao longo dos anos, renascendo de tempos em tempos sob uma veste nova, mais íntegra, conhecedora dos meandros do mundo e dos pontos sensíveis da mente e das emoções humanas. 

O momento atual é grave. O mundo tentas ignorá-lo com distrações. Ao mesmo tempo lamenta a vida - sabendo inconscientemente que muitas das lamentações são reforçadas pelas práticas cotidianas de rituais repetitivos. Gestos, falas, pensamentos, comportamentos. O terreno da inércia é confortável, quente e seguro, cheio de confortos. Ao se tentar erguer uma vertical numa tentativa de ascensão, estranha-se. O trabalho de compreender o porquê de estarmos aqui; do porquê dos gestos; de como se diz o não falado; do porquê da degradação do corpo; da fascinação e subsequente fastio por ilusões; das intermitentes falas agradáveis mas que não levam a lugar algum; do que nos leva a escolher z e não y; da dificuldade em superarmos tendências...Tudo isso foge ao consciente médio, que opta por aceitar os mistérios da vida e viver no modo normal. No entanto - e cada vez mais - sente-se um estacionar. A espécie, em larga medida, patina num paradigma incapaz de resolver a questão humana. Trata-se de paradigma exterior, que busca soluções em qualquer meio - exceto dentro do ser.

Aquele que trouxe a Síntese, servindo de canal de Sua Voz.
É dificílimo buscar soluções a partir do próprio ser. O estudo da personalidade irá se defrontar com a necessidade imperiosa de autocrítica. Expor os defeitos e reduzir o discurso. Submeter suas ideias à arena dos questionamentos, de onde virão golpes dos mais variados. Isso é contraproducente (loucura) do ponto de vista da razão, que se desenvolveu para satisfazer nossa vontade, seja ela individual, seja ela de pessoa, de família, de grupo, de nação, de religião, de partido, de ideologia. Dois cientistas franceses já apontam para isso [1], validando os conceitos de Sua Voz - trazidos pela pena de Ubaldi.

Venho optando pelo caminho mais árduo e ingrato. Não faço-o por vaidosa meta de bela ocupação, ou por vestir-me de santidade. Faço-o por exaustão de todas outras possibilidades que o mundo me apresentou. Possibilidades das mais diversas. Encantadoras sob vários aspectos. Mas sempre com um fim vazio, incapaz de dar significado às ações intermediárias do processo, seja ele longo ou curto. Já percebi que a fama é face de dois gumes; que a riqueza atrai moscas, falsidade e interesses ocultos (muito bem disfarçados); que a beleza exterior serve apenas para agradar aos olhos daqueles que mais necessitam do estímulo dos sentidos; que o falar agradável é aceito apenas pela insuportabilidade do mundo em lidar com sua própria substância; que o caminho seguro das convenções, apesar de importante e a ser respeitado, possui uma limitação, cada ano mais visível; que a coletividade humana é, em larga medida neutra, e que essa neutralidade (aparentemente inocente) é ferramenta que os maus elementos usam para criar um corpo coletivo caótico, cego às reais questões da vida, da interconexão e do telefinalismo. 

Vida é evolução - em sentido lato.
Uma escalada íngreme que clama
por transformação interior. Como meios:
saúde, conhecimento, experiencia,
estudos, leitura, conversas, aquisições e
perdas.
Ao longo de vinte anos realizo esse trabalho de constatação, registrando em meu subconsciente as sensações - especialmente as ruins. Assim compreendo as limitações e não me lanço às aventuras tão comuns que podem parecer a "solução definitiva que trará a libertação e a felicidade". As dores são mais recentes. São sete anos de golpes que, se num momento pareceram trazer a obliteração completa da vida, por outro foram o estímulo para olhar para o lado e perceber que os grandes estavam próximos, bastando apenas estender a mão e absorver os conceitos do Alto, trazidos e vividos por almas de grandeza incomensurável. 

No momento releio História de um Homem [2]. Cada centelha de alto pensamento de traduz em grandiloquentes orações. Palavreado que possui muito mais do que bela erudição - revela profunda mistificação. Aqueles que sofreram e atingiram a maturidade espiritual poderão compreender a obra. Para aqueles que jamais tentaram, à seu modo, viver o grande ideal, fazendo ensaios de implementação, os escritos de Ubaldi irão parecer palavras chiques, elegantes e vazias, sem aplicação prática. Esses terão de receber o grande batismo da dor para despertarem os sentidos sobre-humanos. Me dirijo, aqui neste espaço, àqueles(as) já preparados a colocar os dedos nas fendas do mistério, prontos a viverem a vertigem da razão e a explosão do sentimento sem sofrerem quedas fatais. Pouquíssimos compreendem, alguns sentem e muitos olham, perplexos, sentindo uma miríade de sensações que vão desde os julgamentos de loucura até a admiração. 

Essa trajetória é gloriosamente ignorada, belamente sofrida e fatalmente vencedora - à longo prazo, nem que esse esteja além da existência corpórea. 

Para crermos precisamos ver. Isso constitui numa falta de fé enorme. Isso eu sinto através das aulas. 

Há pouco tempo me dei conta de que se não imprimo intensidade e forma chamativa ao meu discurso em sala de aula, muitos creem que meu interesse em que o outro aprenda é nulo. Julga-se pela forma. As mensagem sérias, precisas e orientadas dadas desde o início são vistas com um olhar superficial. Repara-se mais na forma do professor falar, nos seus gestos, nas suas particularidades e altas intensidades do que no conceito sendo repassado. E aí, quando brotam dificuldades imensas, culminando na ruína das notas das provas, chora-se o desespero de quem está perdido e culpa-se quem está mais acessível. Culpa-se o outro, mas nunca a si mesmo. Pode até haver culpa além de si, mas que o diagnóstico, julgamento e implementação sejam conduzidos de modo mais imparcial e universal possível - o que é raríssimo. 

Para quem desejar embarcar, essa será a estrada.
Gélida e solitária. Incompreendida. Mas o íntimo
grita por ela. Por que? (isso eu deixo para vocês)
Dessa forma percebe-se que o mundo quer forma, aparência, sensações. Esse é o único modo que permitirá o aprendizado. Diluí-se a seriedade em doses de brincadeiras, distrações. Não se trata de dificuldade de conteúdo, mas em impossibilidade de envolvimento. É muito mais questão de sintonização do que de aprendizado. Esta virá com a sintonização, naturalmente, à seu tempo. Pode demorar um pouco, mas virá. E com firmeza. Alguns já pressentem essas verdades. Mas a massa dos alunos (e da humanidade) escuta, leva a sério num primeiro momento - apenas para mostrar que é séria - e logo a seguir, na vida pessoal, esquece por completo a mensagem, julgando-a muito difícil, irrealista, bela mas utópica. Não se busca investigar o porquê disso. Não se busca perceber que, se se trata de algo realmente impossível, qual seria a solução para as questões cada vez mais dolorosas, que estão nos levando a uma fragmentação sem precedentes? 

Portanto irei buscar fazer aqui a fusão das coisas mais díspares, trazendo a Obra de P. Ubaldi, H. Rohden, T. de Chardin, B. Pascal, G. Freire, L. Boff, entre outros iluminados dos tempos modernos, para mostrar, pelo caminho da razão e dos valores modernos, que estamos muito longe de atingir o ponto final - mas que todos os segredos já nos foram revelados, restando apenas assimilá-los, trabalhando-os cada vez mais, fundindo Razão e Fé, para que haja a gênese da Intuição, nova inteligência, a ser dominada de forma sistemática por nós, seres humanos. Irei me basear na obra A Grande Síntese, tão bem explicada por Pedro Orlando, parte por parte, relacionando-a com outros aspectos da vida [3]. Será um trabalho monumental, mas necessário - se eu quiser realmente difundir, subsequentemente, a grande visão ubaldiana, de forma oficial. Assim eu, pequeno e insignificante, limitado e impotente, me lanço loucamente nesse abismo de mistério, em meio a um mar de obrigações cotidianas.

Sem isso a vida não tem sentido.

Irei demolir os conceitos e valores mais queridos de muitos, mas apenas para construí-los em plano mais elevado, único capaz de superar o atual impasse humano. Assim, e somente assim, a questão econômica, social, política, da justiça, afetiva, psicológica, religiosa e científica, poderá ser resolvida de forma efetiva.

Farei aqui uma fusão de conceitos, para a seguir realizar um ensaio de práticas, e finalmente uma implementação formal, sustentada pela força da vivência.

Referências:

[1]https://www.google.com.br/search?q=cientistas+franceses+contradizem+descartes&source=lnms&sa=X&ved=0ahUKEwiI-6Lk-9LaAhVGhpAKHfx7BDMQ_AUICSgA&biw=1280&bih=829&dpr=1

[2] http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/ubaldi_05.pdf

[3] http://monismo.net/indice1.html

Vídeo para iniciação no tema:
                                                                                   

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