O humilde professor de Gubio levou duas vidas em paralelo - desde que iniciou a construir a Obra. A primeira delas, para o sustento da família, de si mesmo e, quando possível, dos pobres; a segunda, para a edificação do espírito, isto é, a maturação evolutiva através da dedicação integral em transcrever: mensagens sublimes; tratados filosófico-teológicos; sínteses científicas; experiências vívidas e vividas; trajetórias sublimes e sangrentas; profecias.
Diagrama da evolução espiritual. Ascese Mística (1939). |
Ao longo de quarenta anos (do Natal de 1931 ao Natal de 1971), foram escritos 24 volumes que constituem a base para a fundação da Nova Civilização do Terceiro Milênio. Através do martírio de seu autor, finca-se em terreno humano as diretrizes para seres em sua imensa maioria involuídos (nós) iniciarem a ter contato com os aspectos mais profundos do Evangelho. Tem-se aí, através da vida sincera, honesta e solitária de um homem, uma prova definitiva de que todos os escritos sagrados - em especial da Bhagavad Gita de Krishna, do Tao Te Ching de Lao Tsé, e do Evangelho de Cristo - são aplicáveis na vida cotidiana. E de que viver de acordo com o Evangelho representa a maior utilidade, trazendo ganhos indescritíveis para quem o aplica integralmente. Somente quem já sofreu e encarou as suas misérias frente à frente poderá compreender. E ser tocado pela obra de Ubaldi, que traça o início de uma Arquitetura Monista sem igual, resolvendo inúmeros paradoxos do catolicismo, do espiritismo e da ciência. Mas o caminho não termina aí.
É verdade que existem questões não resolvidas (sempre há). Mas o salto que a concepção monista de Deus, da vida, do universo e da evolução nos dá irá permitir que seja construída a base de uma verdadeira civilização, restando-nos apenas analisar, sistematizar e implementar as diretrizes desse novo mundo. É preciso antes de tudo ser tocado por essas palavras, esses conceitos. Por essa sublime poesia científica, fé raciocinada, ciência sensível. Nas palavras da Obra sente-se a fusão completa de todos termos antagônicos, de forma harmônica, dando uma nova orientação ao ser humano - criatura tão perdida e carente no estágio atual...
Á medida que as notícias vêm à tona, tudo vai se tornando mais claro. A física quântica confirma que a objetividade dos fatos não se aplica ao mundo quântico [1]. Num nível profundo, aquém e além de nossas dimensões, instrumentos e capacidade de conceber, os fatos deixam de ter sua característica de universalidade homogênea para se revelarem universalmente diferenciados, assumindo determinada forma em função do sujeito que o observa e assimila. A subjetividade jaz na profundidade dos acontecimentos! Isso já foi destacado em 1939, no volume Ascese Mística [2]:
"O método da intuição não é aceito pela ciência positiva moderna, porque é
antiobjetivo. Ele é rejeitado porque, enquanto o mundo fenomênico, segundo o
método da observação e da experimentação, é aproximadamente igual para
todos e suscetível de ser entendido e construído, o método intuitivo, sendo
extremamente pessoal e subjetivo, não possui força para subir e elevar-se a
uma altura maior do que a de uma interpretação pessoal." (grifos meus)
(Cap. V, p. 15)
Em nosso mundo predomina o número. A verdade se faz com a quantidade e a força - mas isso não significa que ela represente a realidade mais profunda que coordena os fenômenos.
Alessandro Fedrizzi, da Universidade Heriot-Watt, na Escócia, encabeçou a pesquisa responsável por demonstrar o o predomínio da subjetividade da profundidade quântica. |
"Existe aí uma ideia preconcebida, que, baseando-se na quantidade, admite
como garantia da verdade a simples extensão numérica do juízo. Dá-me isto a
ideia de cegos que se dão a mão, para guiarem-se reciprocamente. Ora, o resultado da observação exterior é, se não total, pelo menos parcialmente igual
para todos, porque, sendo exterior, está conjugado apenas à forma mais simples de percepção sensória, a qual, por ser a mais rudimentar, é também a
mais difusa e fundamental no mundo biológico. O valor da objetividade
apoia-se, portanto, somente na extensão de uma identidade de juízo, que é,
por sua vez, filha de uma identidade de construção fisiológica, nervosa e psíquica. A objetividade, então, revela-se tanto mais evidente, quanto mais primitiva é a estruturação sensória da qual ela depende, como se dá primeiramente com o tato (e sabemos quão ilusória é esta indiscutível realidade sensória em face da constituição cinética da matéria), depois a vista, o ouvido etc.
Pode-se dizer então que ela é função direta da inferioridade do nível evolutivo, pois o ser, necessariamente, quanto mais evolve, tanto mais penetra, graças à lei de diferenciação, no subjetivismo." (grifos meus)
(Cap. V, p. 16)
A subjetividade - capacidade de sentir através da alma fatos não-perceptíveis aos instrumentos modernos e sensíveis ao senso comum - é, de fato, uma característica que destaca a evolução do ser. Ela se relaciona diretamente com a diferenciação do ser em relação a massa humana, que vive apoiada em rituais e quantidades. O objetivismo destaca e disseca. O subjetivismo visa unificar sujeito e objeto através do amor.
Operar nas fronteiras do pensamento racional significa estimular a dilatação dos horizontes através de atitudes de sintonia e perseverança (fé). O que convencionou-se chamar de barreira intransponível possui uma plasticidade sutil, que nos momentos que clamam por superações titânicas não se desfazem por simples extensão de linhas de pensamentos num plano - mas pela ascensão a outro plano (paradigma), iniciando-se construções novas, que superem definitivamente os estágios primitivos. O fluxo da história demonstra essa plasticidade. Vendo de longe parece banal. Quem viveu os momentos críticos e percebeu seu significado na vastidão dos tempos e nas concepções futuras, fez história!
Essas conexões psíquicas devem conduzir às outras conexões - entre saberes, pessoas, nações, igrejas, partidos, sistemas, etc. O ápice é a fusão de almas, verdadeira unificação atingida através das ascensões da consciências.
[1] https://www.bbc.com/portuguese/geral-47529442
[2] http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/ubaldi_04.pdf
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