quinta-feira, 6 de junho de 2019

Movimentos Fenomênicos

A trajetória dos movimentos fenomênicos, revelada por Sua Voz, é o primeiro passo para jungir as mais avançadas conclusões da ciência com as centenas (se não milhares) de crenças e mitos que sempre acompanharam os povos da humanidade. Através da magnífica prosa poética de A Grande Sìntese, ficou comprovado que a evolução, em seu sentido lato, é um processo cíclico, oscilante e ascensional

A galáxia de Andrômeda está a 2,5 milhões de anos-luz da
nossa Via Láctea. Ambas estão em rota de colisão. Dentro
de algumas centenas de milhões de anos isso deve ocorrer.
O que explica tamanha destruição a não ser o fato de nosso
universo ser o emborcamento de um outro (universo)
perfeito - o divino?
Em sua circularidade ele atesta uma periodicidade caraterística. Vemos isso no movimento dos astros; nas repetições de vícios, hábitos e formalidades cotidianas; na reprodução dos seres vivos; nas estações do ano; nas eras glaciais; no metabolismo celular; na oscilação de regimes políticos; nos resgates de ideias pela ciência - e de visões de mundo pela religião. A História possui em seu devenir uma série de repetições. Mas cada novo retorno de posição traz um diferencial sutil que o distingue do que ocorreu. Esse delta caracteriza a ascensão - ou abertura desse círculo. Constata-se que estamos inseridos num ritmo universal descrito graficamente por uma espiral. Uma forma que observamos por toda natureza viva e não-viva. Uma forma que permeia e descreve diversos fenômenos humanos, desde o indivíduo até a coletividade. Mas a teoria da queda adiciona um novo elemento a esse aspecto já conhecido por muitos antigos: a dualidade

Percebemos que nosso universo é regido por um confronto entre forças destrutivas, que desejam realizar sua "vontade", e um pensamento construtivo, que domina essas forças em seu íntimo, criando uma ordem apenas visível a longo prazo e com olhares profundos, capazes de vislumbrar outros planos de existência. Um pensamento que não constrange, mas coordena. Um pensamento que age na intimidade e (por isso) não se preocupa com prazos e resultados - porque está além do espaço-tempo. Assistimos assim a uma verdadeira batalha entre uma vontade de gerar caos e outra de ordenar tudo. A primeira é a vontade do Anti-Sistema (AS), gerado com a queda. A outra é o domínio do Sistema (S), que torna-se real à medida que estudamos os recônditos do mundo subatômico e os desconhecidos dos limites cósmicos. Nos dois extremos (mecânica quântica e relatividade) transparece a impotência das nossas fórmulas clássicas e de nossa tríade de paradigmas (objetividade, simplicidade e estabilidade) [1].

O AS clama por destruição. O S aponta para reorganização. Nesse embate entre Bem e Mal, extrai-se uma tendência. Essa tendência é evolução, progresso, melhoria, ascensão, libertação, conscientização, potência. Um ritmo de 3 para 2 (3:2), segundo o magnífico Pedro Orlando (1936-2014) [2]. A cada três degraus de ascensão, dois de retrocesso, completando um ciclo, que se dá em várias escalas, formas e locais. Do infinito negativo ao infinito positivo, a tendência é predominante.

Um olhar para o infinito. A postura diz tudo.
Ninguém compreende. O mundo apenas estranha.
Não tem palavras, não tem reação à altura...
Busca infinita num mundo finito...[3].
Assim percebemos uma espiral que oscila, dando uma característica de quebra. Assim a descrição está completa e se encaixa na fenomenologia universal. A lei que rege o universo físico-dinâmico-psíquico, em sua forma geral, pode ser usada como espinha dorsal para a compreensão dos fenômenos mais díspares.

Orlando explica com suas palavras os profundos conceitos captados por Ubaldi. O Universo é (simultaneamente) simples e complexo:

- Simples nos seus fundamentos conceituais.
- Complexo na sua organização.

Logo, para estudá-lo, devemos usar as ferramentas da mais avançada física-matemática aliadas às intuições da mais sincera teologia e filosofia. Uma complexidade organizada que aponta para uma simplicidade conceitual. A Lei das Unidades Coletivas atesta que
"Cada individualidade é composta de individualidades menores, que são agregados de individualidades ainda menores, até o infinito negativo; por sua vez, é elemento constitutivo de individualidades maiores, as quais são de outras ainda maiores, até o infinito positivo."
Essa lei, em seu aspecto dinâmico (energia), ganha o nome de Lei dos Ciclos Múltiplos e é definida (por Ubaldi) como:
"Cada ciclo é determinado pelo desenvolvimento de ciclos menores, que são a resultante do desenvolvimento de ciclos ainda menores, até o infinito negativo; por sua vez, é a determinante do desenvolvimento de ciclos maiores, que por sua vez o são de ciclos ainda maiores, até o infinito positivo."
Ciclos contidos um dentro do outro. No espaço, no tempo, no pensamento.

A evolução aponta que existe uma tendência em aglutinar unidades em grupos cada vez mais organizados e complexos, capazes de lidar com maiores contradições sem se desmembrar. A partir desse prisma podemos observar o ser humano, cujo organismo físico praticamente já atingiu seu máximo desenvolvimento. Começa-se a delinear os primeiros ensaios de um mundo psíquico, imaterial, que aponta para conquista de inteligências mais sutis. Trata-se de uma capacidade de vislumbrar uma realidade maior, percebendo relações e fins mais sustentáveis. Busca-se integrar os saberes e inseri-los no campo das experiências. As formalidades só valem quando se é preciso transmitir essa realidade mais densa para um público mais próximo.

É preciso observar o mundo com outras lentes. A da
objetividade não é mais suficiente. Não pode-se mais descartar
visão criacionista nem a hipótese da realidade do espírito.
A consciência é íntegra e imaterial, independente (em parte)
do organismo físico.
Ubaldi diz que o próprio conceito de relativo clama por outro, de absoluto, sem o qual o primeiro não tem sua razão de existir. Na vida todos traçamos metas - mesmo que estas sejam equivocadas ou muito limitadas. Hierarquizamos nossos objetivos. Até comparamos com o de outros. Premissas superficiais levam a resultados temporários e ilusórios, apesar de pequenos ganhos momentâneos. À medida que a finalidade se torna mais ousada, transcendendo planos existentes, arranhando o superconcebível, os métodos se tornam mais estranhos ao mundo. A maneira de conceber a vida e as relações muda para esse ser. Em sua jornada - em alguns casos missionária - a criatura se dá conta de que não pode contar com a compreensão do mundo. Se vê completamente abandonada pelas forças do mundo. Incompreendida, desprezada e (não raro) vilipendiada. Deve recorrer às suas parcas qualidades, que apenas ganharão força e resiliência com a sua abertura para o Alto. O diálogo com Deus é o combustível espiritual que preenche de significado as atitudes e pensamentos desse ser raro. Tão mais raro quanto mais insiste em resolver problemas insolúveis - ao menos em sua aparência.

O mundo recorre a métodos consolidados que não mais servem às aspirações emergentes. 

Giordano Bruno abriu caminho para a ciência progredir - morreu corporalmente para dar vazão ao fluxo do conhecimento científico.

Newton conjugou os conhecimentos de Galileu, Kepler e outros grandes nomes para formular uma descrição geral do universo. Descartes se alinha a isso e cria sua visão cartesiana. Ambos se aliam à concepção de mundo de Demócrito: o universo o infinito e eterno, uma grande máquina plena de matéria que pode ser descrita por nossa mente racional.

Einstein supera Newton, concatenando espaço com tempo, numa malha. Niels Bohr, De Broglie e Cia inauguram a Física quântica, revelando que o íntimo da matéria é um grande vazio (!). O que nossos sentidos capturam é ilusão. Coisas "reais" são criadas do "nada". Um campo de probabilidades, cheio de possibilidades.

Alexander Friedmann, um cosmólogo russo, derivando as equações de Campo de Einstein, atestando que o universo pode estar se expandindo, colocando em cheque o modelo de "universo estático" do pai da relatividade.


Georges Lemaître fornece as bases para a teoria do Big Bang. A ciência resgata os conceitos criacionistas. O nosso infinito é relativo, portanto limitado e com fim estabelecido. Atingir o infinito significa superar a finitude de nosso universo, entrando no reino do absoluto, em que inexiste passado, futuro e local. Os infinitos para menos e para o mais que percebemos nos limites do mundo subatômico (dimensões e massas reduzidíssimas) e no mundo sideral (grandes massas, velocidades, energias e distâncias) são fechados. Isto é, não é com nossos métodos e ferramentas que atingiremos a solução dos últimos problemas. Imperativo é criar uma mentalidade completamente nova. Amar o fenômeno, tornando-se parte dele.

Continuamos a nossa jornada
nos extremos. E percebemos
nossas limitações. Precisamos
nos transformar para continuar...
A união da alma do místico com os fenômenos da natureza forjam um tipo de inteligência que não pode ser avaliada pela lógica hodierna e pelos modelos da racionalidade imperante. 

A solução está na superação.

Daí em diante a grande questão dos físicos é relacionar as quatro forças fundamentais do universo (forte, fraca, eletromagnética e gravitacional) numa única formulação matemática. A Teoria das Cordas é um modelo físico-matemático que se propõe a auxiliar nessa unificação. Nela os blocos fundamentais não são mais partículas, mas objetos extensos unidimensionais, extremamente pequenos, perceptíveis aquém de uma escala subatômica. Cada modo de vibração dessas cordas geraria um campo, que acaba se plasmando numa substância. Eis a estequiogênsese! O problema é que, devido às dimensões e imaterialidade envolvida, a teoria não pode ser testada. Os experimentos da ciência atual são limitados pela materialidade real e mental das pessoas. Os físicos modernos são verdadeiros místicos da ciência dura, adentrando num campo desconhecido com linguagem teológica na descrição dos fenômenos e formulação das hipóteses.

Ciência e Religião estão prestes a se reencontrar...

Usando a mentalidade intelectual (raciocínio) o Universo foi criado do nada - portanto Deus é excluído das possibilidades.

Com  o despertar da consciência seremos capazes de adentrar de forma segura nesse "nada". E conseguindo controlar a intuição (intuição consciente), como Ubaldi fez em sua maturação interior (ascese), o "nada" se tornará o absoluto. E tudo aqui presente (relativo), que nasce e morre, que ilude e engana, será visto a partir de um prisma profundo e vasto, superando as limitações em todos os níveis.

Pedro Orlando esboça a evolução do psiquismo [4]:

Evolução do Psiquismo
ISensibilidade Vegetal
IIInstinto Animal
IIIIntuição Inconsciente
IVRaciocínio
VConsciência
VIIntuição Consciente ou Superconsciência
VIIConsciência Unitária

Assim como os elementos químicos, as formas de energia, as suas variações, os sons (oitavas da música), a classificação taxionômica da biologia, os filos do reino animal, entre outras, o psiquismo também pode ser subdividido em oitavas.

Já temos uma noção da intuição. Mas ela ainda é inconsciente. Muitos gênios, santos, pensadores e grandes líderes entram num estado que permite intuir coisas. Eles se colocam em estado receptivo - apesar de não controlarem e selecionarem de forma ordenada o que vem de outra região..

A ciência sistêmica aponta para a consolidação da consciência. Ela diz que precisamos nos unir. Colaboracionismo é o futuro. Para gerarmos uma inteligência coletiva, unitária e harmônica, devemos criar um novo organismo coletivo. A raça humana deve se unir e caminhar junta, resolvendo o problema econômico, social e energético - para que possa avançar em terrenos muito mais interessantes (espírito, amor, arte, etc.).

Carl G. Jung intuiu inconscientemente o que a consciência já sabe:

"A criação é ao mesmo tempo destruição e construção."

Ou seja, a criação no AS é uma ascensão em que forças do mesmo (destruição) se confrontam com forças de outro universo (S), perfeito e que possui a vitória final.

Se alguém parar para refletir sobre todos esses conceitos perceberá que se trata de algo fascinante e sério. Ou seja, que é deslumbrante à alma e essencial à mente moderna.

Quanto mais o mundo ignora e persegue o ser que busca ascender, mais este encontra formas de se auto-impulsionar rumo ao S.

Quanto mais alto na escala evolutiva, mais irresistível é o ímpeto de ascensão.

Nada impede o ser.

O exemplo máximo (conhecido) é Cristo, que com seu exemplo mostrou o passo final para se reintegrar ao S. O AS, percebendo que iria perder um elemento, fez de tudo para mantê-lo preso no finito e relativo, oferecendo todas as benesses do mundo.

Compreenda-o quem o puder...

Referências
[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento_sist%C3%AAmico
[2] http://monismo.net/coment26.html
[3] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2015/07/busca-infinita-num-mundo-finito.html
[4] http://monismo.net/coment19.html
[5] http://monismo.net/Construtivo_ou_Destrutivo.html

Um comentário:

  1. Excelente leitura!

    O site do Pedro Orlando Ribeiro é maravilhoso, também.

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