Falar é, no máximo, dizer coisas profundas, com sinceridade e elegância.
Agir é, no máximo, fazer coisas significativas, com esforço e cansaço.
Tudo isso é bom, muito bom. No entanto, são ações que não se sustentam ao longo do tempo. Elas tendem a se enfraquecer à medida que são executadas. Elas não vêm carregadas de substância. São portanto degradáveis à medida que são feitas. Devem ser sustentadas por algo externo, artificial ao universo interior, do espírito.
Necessidade de reconhecimento (nem que mínimo). Ter um público seguidor. Alguma coisa. Algum sinal. Alguma manifestação exterior, objetiva. Esse é o problema. Essa é a barreira que se impõe entre o mundo esforçado e trabalhoso humano e o mundo espontâneo e suave divino.
Ser é (simplesmente), ou seja, essência. Sem passado ou futuro, apenas um eterno presente. Sem dimensões espaciais, mas além delas. Centrado nela (essência), age-se diretamente, na raiz, efetivamente, para resolver problemas. Fala-se pouco e diz-se muito. Não há esforço - apenas alegria de criar. Ou melhor, alegria de revelar através de uma vivência profunda os caminhos da evolução.
Nossa civilização como um todo está baseada em princípios errôneos. Há culturas mais próximas de um equilíbrio social, de um dinamismo do conhecimento e das práticas, de uma síntese entre os polos, de uma harmonização com o meio ambiente. Mas ainda assim, são passos pequenos. Insuficientes para os desafios da nova civilização que deverá surgir - por bem ou por mal, isto é, pela força da Lei ou pelo esforço humano.
Nós temos um problema quando se trata de compreender o nosso destino e nosso papel no Universo.
Porque isso ocorre?
Porque estamos imersos duplamente no reino do relativo.
Por um lado vivemos no Anti-Sistema (AS), em que existe o dualismo, o movimento, a degradação, a matéria e energia (espaço-tempo) e as dores. Por outro, nossa espécie vive um momento de exaltação do relativo (relativismo), tornando-o um absoluto e assim caindo numa contradição conceitual que leva a horrores quando desenvolvemos esse princípio até as últimas consequências.
Criamos o hábito de pensar que tudo pode ser feito desde que as argumentações sejam convincentes ou a força impeça a frenagem de absurdos. Criamos a mania de albergar montanhas de informações, objetos, likes, publicações, momentos de prazer, dinheiro e coisas relacionadas às aparências, à matéria e à posse. Criamos o vício de gozarmos por meio de comparações, nos atendo mais às relações entre as coisas do que à filtragem de qual coisa é mais englobante do que a outra; de qual está mais alinhada à corrente evolutiva; à vontade de Deus. Estamos viciados...
Essa tara pelo relativo (relativismo, ideologia dos tempos) nos levou a um beco sem saída, em que pondera-se em meio à catástrofe. Isso leva sempre a cálculos metódicos, reuniões seguidas, argumentações elaboradas, pensamentos sistematizantes e sistematizados e toda geração de coisas que nos pesa. Coisas que dão armas a quem não deseja progredir. Coisas que causam mais atritos, desentendimentos (porque quantidade em excesso polui a mente, cansa, confunde e coloca os seres e debaterem sobre pontos de forma, de letra, de símbolos).
Debatemos sobre os símbolos e esquecemos o simbolizado. A essência imutável e eterna foi jogada de lado. Os mais adiantados se prenderam apenas ao devenir, ao vir-a-ser, que é uma das grandes verdades de nosso Universo - mas não a única.
O Universo possui um esquema monístico. Ele é essência, vir-a-ser e forma.
Essência está para espírito. Espírito está para pensamento (profundo), princípio e lei.
Vir-a-ser está para energia. Energia está para movimento (íntimo), evolução e complexidade.
Forma está para matéria. Matéria está para física, manifestação, aparência.
Os três aspectos coexistem. Não podem ser separados na menor escala de espaço ou tempo. Independente da cultura, não será feita uma leitura da realidade saudável (fiel) sem levar em consideração essa trindade. Não podemos compreender a realidade sem levar em conta (e vivenciar) as três fases do cosmo. Nada dará certo sem uma lente metafísica adequada. E essa lente - a única que poderá nos salvar de uma catástrofe que levará séculos ou milênios para nos recuperarmos, é o monismo.
Para vencermos o desafio ecológico, devemos nos espiritualizar. Para vencermos a desorganização política e a destruição econômica, devemos superar a política e a economia. Como? Criando uma nova forma mental, que irá gerar novos métodos. E quando digo 'criando', é gerando algo imaterial, dentro de nós.
I truly and emphatically believe that a shift/return to a new/ancient nature-based spirituality is the only way we are going to move into the next phase of our evolution.
Fonte: [1]
Eu realmente e enfaticamente acredito que um translado/retorno para uma nova/antiga cultura natural baseada na espiritualidade é a única forma de nos movermos para a próxima etapa de nossa evolução.
Tradução
Eu recebo e leio coisas que muito busco. Os mecanismos de buscam viciam apenas aqueles que não estão orientados - que é a imensa maioria da humanidade. Por isso tantos alertas sobre o perigo dos algoritmos. Sem dúvida, para um ser que possuí um baixo grau de consciência, as más intenções podem causar muitos danos. Por outro lado, quem já está fervorosamente orientado para certas coisas consegue tirar proveito de todas essas más intenções.
Buscais e achareis (Mt, 7:7).
Buscar o quê? O que realmente interessa para a sua libertação. Para a libertação do espírito e todas suas faculdades maravilhosas e poderosas. Sem aparências demasiadas. Sem posses exageradas. Sem objetivos voltados para coisas do mundo. Nada disso. Apenas o mínimo indispensável para sua evolução.
Vamos falar um pouco sobre o grau de consciência humano e a questão da alteração do clima.
Vocês estão vendo o gráfico acima? Ele expressa o nível de CO2 (em ppm, partes por milhão) na atmosfera da Terra nos últimos 60 anos. E há setas apontando para as datas em que ocorreram grandes conferência do clima (COP's) e pesquisas sérias foram publicadas (ex.: como a do Clube de Roma, em 1972).
Veja bem...todos esses encontros internacionais, esses estudos sérios interdisciplinares, esses acordos assinados...tudo isso visava em primeiro lugar reduzir as emissões do gás CO2. Gás considerado o mais controlável (e também o mais crítico, junto com o metano, CH4) para frear o efeito estufa. Percebem o que estou querendo dizer?
Falamos muito. Planejamos muito. Estudamos muito. Podemos até dizer que fazemos muito - mas no sentido emborcado, de superfície, e não na raíz. Mas nada ocorre. Nada! Por quê? Porque não estamos mexendo na essência (de nossa psique), e com isso nossos objetivos são contraditórios, nossos métodos são ineficientes, nossas ferramentas são obsoletas.
As emissões continuam seguindo a mesma tendência: aumento acelerado. Essa tendência reflete a relação entre o grau de consciência coletivo e a complexidade que se tornou o sistema geosfera-biosfera-noosfera. Ou seja, nosso grau de consciência (como espécie) não está à altura da configuração sistêmica do sistema-Terra, do sistema-Vida e do sistema-Cultura.
Vamos mostrar outra tendência, agora mais voltada para a questão econômica e social.
O que o gráfico acima mostra é a evolução do Produto Interno Bruto, o PIB (a riqueza produzida e movimentada pelo mundo dividida pelo número de habitantes) e a evolução do Desenvolvimento Interno Bruto, o DIP (a riqueza que se torna qualidade de vida no mundo dividida pelo mesmo número de habitantes).
Um (PIB) se interessa pela movimentação de coisas, ou prestação de serviços e produção de bens - independentemente deles serem úteis ao crescimento do ser humano (ou seja, aumentar a consciência, a maturidade evolutiva, integrar o ser).
O outro (DIB) se interessa pela utilidade intrínseca dessas movimentações. Ou seja, qual a riqueza real gerada? Ela está servindo para as pessoas terem mais educação, mais saúde, mais cultura, mais tempo livre para se expressar e viver e desenvolver? Para terem menos contratempos?
Fica claro qual indicador é mais substancial. E com o gráfico percebe-se o que está ocorrendo conosco.
De nada adianta se mover se o movimento é inteiramente circular. De nada adianta velocidade se não se sabe para aonde vai.
Avançamos numa dimensão: a secundária (meios)
Estagnamos em outra: a principal (meta)
Para além da riqueza real (saúde, educação, segurança, previdência, cultura, lazer), é preciso ainda apontar essa riqueza para a realização do ser (conscientização, iluminação, sensibilização). Esse é o objetivo supremo. Objetivo que um sistema econômico - por melhor que seja - só pode atingir como servo. Servo de que? De uma noosfera efervescente que almeja crescer e se reproduzir, adentrando cada vez mais no infinito, na eternidade e no absoluto.
Estamos parados na estrada evolutiva. O movimento espacial é uma constante. O movimento íntimo da substância também o é. Mas até um ponto o ser pode decidir se mover ou não em seu universo interior. Ele possui essa liberdade. Mas se não usá-la bem, a partir de certo ponto, o que deveria ter sido feito será cobrado. E quanto mais adiamos evolver, mais forte será o choque de correção. É simples lei de equilíbrio.
A Lei de Deus, sendo absolutamente perfeita, deve ser seguida cedo ou tarde, pelo bem ou pelo mal - respectivamente. Isso significa que a liberdade dada deve ser usada par alinhar-se à Lei. E isso não é ditadura, e sim amor.
Coerção apenas ocorre quando a lei que coage é imperfeita, é relativa, é particular a uma época, circunstância, povo, cultura, perspectiva.
Amor ocorre quando a lei que coage é perfeita, absoluta, geral e, ao mesmo tempo, flexível para todas épocas, circunstâncias, povos, culturas e perspectivas.
Está na hora de adotarmos uma nova metafísica para conduzirmos nossas vidas. E assim nos aproximarmos um pouco mais de nosso espírito.
Referências:
MARSHALL, Stephen. Climate worship will doom us forever. May, 2021. Link: <https://stephenmarshall.medium.com/climate-worship-will-doom-us-forever-a0f78c971745>
REMBLANCE, Erin. Life in a Degrowth Economy and Why You'll Love It. Oct, 2020. Link: <https://medium.com/postgrowth/life-in-a-degrowth-economy-and-why-youll-love-it-a0eb96c44ec7>
KUBISZEWSKI, Ida. Beyond GDP: Measuring and achieving global genuine progress. Link: <http://www.bioline.org.br/pdf?nd13075>
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