sábado, 13 de novembro de 2021

Teoria da Queda

Pietro Ubaldi apresentou uma visão de Deus e do Universo inteiramente nova. Seu método intuitivo é uma antecipação evolutiva que uma humanidade adulta irá ter como prática normal para nos aproximarmos da verdade. O místico da Umbria ousou publicar em seus 24 volumes uma visão vasta (em conhecimentos e exemplificações) e profunda (em sabedoria e vivência) da evolução, de nossa origem, de nosso destino, da função da dor e de Deus.

Fig.1: A queda dos espíritos não foi espacial. Foi dimensional. 
O espírito livre se embatumou na matéria, refém das leis deterministas.

Depois do monismo ubaldiano a humanidade jamais será a mesma. Trata-se da forma de expressar uma metafísica poderosa - talvez a única que não se abale por todo o transformismo e complexidade de nosso mundo pós-moderno - de forma a conjugar todos os domínios científicos num único fenômeno: a grande equação da substância. Daí podemos derivar os motos fenomênicos, a evolução das dimensões, os movimentos vorticosos e todas belezas da criação incessante - que em sua forma emborcada, no Anti-Sistema, assume o dinamismo de um evolucionismo perpétuo que degrada uma forma inferior para gerar uma forma superior, e assim sucessivamente, até os limites do concebível.

É uma visão gloriosa! Quem estudou bem e de forma orientada, busca ardentemente a auto-realização e tem em si um senso moral já desperto, é tocado pela Obra como uma agulha toca um nervo vital. Daí em diante a vida nunca será a mesma. 

Vê-se tudo com outros olhos. Compreende-se antes mesmo de entender; ama-se antes de sistematizar; sintetiza antes de analisar; age antes de planejar. Porque a única atuação certeira é aquela que é guiada por um senso de realização que jaz no âmago da alma - e ela é instantânea...é uma ousadia inteligente que se planeja enquanto o ser está pairando entre a terra firme e o abismo. Um salto de fé. Um ato de coragem guiado pela sinceridade e pela simplicidade. 

Para superarmos as barreiras da lógica econômica; para superarmos os desentendimentos da política; para aceitarmos a diversidade religiosa; para reconhecermos a importância dos saberes; enfim, para amarmos incondicionalmente, é imperativo adotarmos um novo método. Esse método só pode ser implementado seguramente (ou seja, eficazmente) quando superarmos a forma mental presente. Exatamente: é preciso adquiri uma nova forma mental.  

Fig.2: A progressão é por oitavas. A música reflete isso. Essa lei de coesão obriga a uma 
retomada de movimentos inferiores para que eles revivam em oitavas mais altas. O alto de sobra para baixo para que todo o Universo marche para a frente. Glória e Salvação. Graças a Deus.

A Teoria da Queda de Ubaldi é aquela ideia que, mesmo sem possuir referências bibliográficas, mesmo sem seguir os formalismos (cada vez mais) engessantes da academia, mesmo sem parecer relacionada com nossa vida quotidiana (cheia de dramas e misérias), é algo que convence e nos dá um senso de preenchimento interior sem igual. Porque ela é simples e profunda. Através de palavras orquestradas de forma semi-musical, de um rigor lógico-científico orientado e apenas suficiente para a assimilação da pobre mente racional, de uma estética apaixonada e apaixonante, o profeta de Gubbio apresenta ao mundo a visão mais avançada até o momento. 

Foi erigido um edifício conceitual sem igual - no máximo com outros conceitos que se aproximam - através de um sincretismo envolvente. A fusão de diversos sistemas de crenças e valores, sem ofender nenhuma teoria científica, resultou numa teoria toda revigorada sobre a nossa origem, o nosso destino e a causa de nossas dores. É fantástico sob todas as perspectivas. Basta ter os olhos para ver. Olhos espirituais - não carnais.

Para começar a entender do que se trata, um vídeo do Dr. Gilson Freire explica essa nova visão da queda:

"Que absurdo!", alguém pode pensar. "Como pode a obra de Deus conter a possibilidade de falha?"..."Das duas uma: Ou Ele é imperfeito ou Ele não existe!". Mas essas observações passam pela cabeça de muitos porque o grau de compreensão da natureza divina ainda é muito pequeno. Se observarmos com mais cuidado, na essência, percebemos que essa possibilidade de falha é a comprovação da magnanimidade e inteligência do Criador.

Mas como poderia acontecer fosse o Sistema, obra de Deus, tão imperfeito que pudesse desmoronar a cada momento? Não. Ao contrário, era tão perfeito, podendo até desmoronar sem dano definitivo, justamente por isso podia conter, deixada à mercê da livre vontade do ser, a possibilidade de uma queda. Se isso tivesse ocorrido, é porque o Sistema era perfeito a tal ponto, que teria tido a possibilidade de ressurgir de sua queda. Esta implícita capacidade de automedicação, apta a resolver qualquer crise, tornava inócuo, em última análise, esse perigo e erro. Não se tratava, pois, de imperfeição. Ao contrário, na perfeição do Sistema, tudo estava previsto, até a possibilidade de uma desordem e de uma queda; por isso, foi deixada nas mãos do ser a escolha entre obediência e a desobediência, com a possibilidade de uma desordem e uma queda.

O Sistema, Cap. III  (grifos meus)

Sabendo que, haja o que houver, tudo permanecerá sob controle, e com isso dar liberdade plena à criatura é o maior ato de amor (liberdade concedida) e sabedoria (domínio de Sua Criação) imaginável. Para cinco minutos para refletir sobre esse ponto.

A queda dos anjos (nós, espíritos tendo uma experiência humana atualmente) se deu por termos uma perfeição que era relativa, não absoluta. Pois caso tivéssemos perfeição absoluta nos igualaríamos a Deus em potência (Criador = Criatura), resultando num sistema anárquico, com infinitos deuses - ou seja, sem Deus de fato. Absurdo completo. 

O que temos de compreender é que somos da mesma natureza de Deus - mas não de mesma potência. Isso é destacado por Ubaldi em sua obra. É um ponto capital na teoria apresentada. Sem ele não podemos fazer um estudo com vistas a realmente compreender o que aconteceu.

Como se deu o processo?

Fora dada por Deus, à multidão dos espíritos, uma livre autonomia de vontade, com a condição desta ser coordenada em harmonia com a Lei, em função Dele. Mas, este poder estava nas mãos deles que, sendo livres, podiam dirigi-lo mesmo em direção errada, contra a ordem, contra a Lei, contra o próprio Deus. Bastava aquele poder, ser canalizado pela vontade livre deles, para fora do caminho justo, e ocorreria a queda.

O Sistema, Cap. III  (grifos meus) 

 E isso foi o que se deu para todos nós que estamos aqui.

Não se tratou simplesmente de uma desordem qualquer, que semeasse o caos no seio da ordem. Dada a natureza do impulso de onde nascera, essa desordem assumiu uma direção precisa e significou exatamente o emborcamento do Sistema num estado antagônico ao anterior: o Anti-Sistema.

O Sistema, Cap. III  (grifos meus) 

Um impulso contra a vontade de Deus só pode resultar em algo catastrófico. Pois a melhor atitude que sempre podemos tomar é sempre (sempre, sempre, sempre) aquela que se alinha inteiramente à Vontade de Deus. De um estado unitário decaímos num estado dualista. Mas não há com o que se preocupar: o monismo continuou no domínio, envolvendo o dualismo. Assim, os aspectos fenomênicos de nosso universo são (muito discretamente) coordenados por uma sábio princípio diretor. 

Com efeito, o nosso atual universo é baseado no dualismo: Sistema e Anti-Sistema, e só assim podem ser encontradas e compreendidas as suas primeiras causas. Só assim podemos compreender por que, em nosso universo, tudo se baseia no contraste dos elementos, impulsos e conceitos opostos e complementares. 

O Sistema, Cap. III  (grifos meus) 

O dualismo gerou o relativo. Com este surge o ritmo, os oposto, o contraste. E assim surge o movimento  tal qual a ciência o concebe (e conhece). Não um movimento intrínseco, mas espacial, molecular, atômico. Nasce a energia e a energia se embatuma na matéria. A trajetória, outrora não-vibracional e aberta ao infinito (livre do espaço-tempo), se torna ondulatória (energia) e fechada (matéria). Uma contração dimensional pré-tempo (big crush) atinge o fundo do abismo, explodindo em seu ponto mais baixo, involuído (big bang), que a partir daí se expande, evoluindo sem cessar, até o momento presente. 

A ideia de uma criação do nada é absurda, conforme pessoas já estão percebendo (BAKER, 2021). Houve uma causa para o fenômeno da origem de tudo que conhecemos. Mas essa causa está no superconcebível. Um universo super-dimensional (o Sistema), que está curando o nosso universo de espaço-tempo (o Anti-Sistema). 

Vejamos o que uma pessoa leiga nas questões da ciência, mas intuitiva (que é o que realmente interessa), pensa:

Whether you ascribe the causal power of the Big Bang to a physical law or to the classical ideal of God, the result is the same for both. To be able to create time, space, and all matter and energy; the cause must be timeless, beyond the constraints of space, and immensely powerful. This again sounds exceedingly close to God whether you call it a law or God, it doesn’t matter.

(BAKER, 2021), grifos meus

Traduzindo:

Quer você atribua a causa do evento do Big Bang a uma lei física ou ao ideal clássico de Deus, o resultado é o mesmo para ambas ideias. Para ser capaz de criar tempo, espaço e toda matéria e energia; a causa deve ser atemporal, além dos limites do espaço, e imensamente poderosa. Isso novamente parece excessivamente próximo a Deus quer você chame isso a Lei ou Deus, não interessa. 

(BAKER, 2021), grifos meus

Para causar os princípios de nosso universo (leis físicas) é preciso recorrer a princípios superiores (leis metafísicas). Isso é lógico para quem já percebeu o esquema geral do cosmos e arde pelo invisível e intangível. Pelo absoluto que guia os relativos. Absoluto discreto, paciente e sábio. Absoluto amoroso, que se revela na da arte através da estética da beleza interior; da ciência através da sistematização dos fenômenos; da religião através da devoção sem preconceitos e pela contemplação; da filosofia através das sínteses intuitivas. Estamos à beira de descobrirmos um princípio que guiará tudo e todos nesse turbilhão evolutivo. É glorioso. Eu o vejo de forma nítida. Sinto de modo forte. Saboreio intensamente quando me ponho em contato com esse pensamento diretor. 

Há pessoas chegando muito próximas à visão. Arranhando o grande monismo apresentado pelo profeta de Gubbio, porta-voz da Nova Civilização do Terceiro Milênio. Uma civilização do espírito, pautada por valores mais do S do que do AS. Uma humanidade regenerada, em que teremos superado a barreira mais árdua, em que na balança universal as forças do S predominam levemente sobre as do AS. 

No momento atual, tudo me faz crer que o S e o AS estão em equilíbrio quase total, o que dá uma sensação de desespero. Muito esforço para o alto e igual esforços para se desmontar tudo isso. Desânimo e tristeza. Mas não se desespere, viajor do deserto dimensional. A tendência é uma e só uma: o avanço das forças do Bem e o recuo das forças do Mal. 

Bem é unificação, é integração, é ver as propriedades emergentes (relações) entre as partes e o telefinalismo (meta), é síntese, é moral e inteligência elevados de mãos dadas.

Mal é separação, é desintegração, é ver apenas as partes que se relacionam de modo competitivo, se destroçando e gozando na medida do possível, é análise, é baixa moral e muita inteligência, ou muita moral sem inteligência, ou ambas baixas, sempre divorciadas.

A ideia de movimento íntimo é essencial aqui. Esse é o dinamismo que devemos almejar. Dinamismo intenso, de substância, que se manifesta em atitudes que podem até ser lentas e sem adeptos, mas certeiras e intensas. Esse é o dinamismo que realmente interessa. Não movimento de superfície para aparecer e ter - e sim movimento profundo para vir a ser cada vez mais. Até atingirmos o ser de Parmênides...

Heráclito percebeu o movimento incessante e transformador. Movimento que é vida. Os relativos.

Parmênides vislumbrou a causa sem causa, a essência, o ser. Causa que contém a salvação. O Absoluto.

Ubaldi funde ambos numa síntese magistral, em que Absoluto guia relativos - que são gerados no Absoluto e a ele retornarão, por simples natureza do Todo.

Essa é a teoria que devemos compreender. Pois compreendendo a aceitaremos. E com isso, avançaremos, chegando a continentes nunca antes explorados. Continentes imateriais, intangíveis, maravilhosos. Continentes do espírito.

Será glorioso...

Celebremos esses novos tempos com a forma mais elevada de arte, a música. Deixemos nossos tímpanos carnais albergar a mensagem espiritual de Ludovico Einaudi - um compositor que soube captar aspectos do infinito e traduzi-los em música. Vamos celebrar a vida através do vir a ser (divenire). O fluxo ao qual nos devemos nos alinhar para chegarmos ao Reino de Deus.

Vídeo do canal: Jacob's Piano

Referências:

BAKER, Jeremiah. The Universe Created from Nothing is Absurd. 25 Out., 2021. Disponível em: < https://medium.com/@randomgadfly/the-universe-created-from-nothing-is-absurd-e4114b7cb972>

UBALDI, Pietro. O Sistema: gênese e estrutura do universo. Ed. FUNDAPU. PDF disponívl em: <http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/ubaldi_14.pdf>

UBALDI, Pietro. Queda e Salvação. Ed. FUNDAPU. PDF disponívl em:<http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/ubaldi_19.pdf>

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