Quando expressamos qualquer coisa estamos dizendo algo de profundo - mesmo aquilo que saia de nossas bocas pareça estar diametralmente oposto àquilo que originalmente foi gerado pela nossa alma. É a incapacidade de se relacionar de modo fidedigno ao sentimento. Ao Espírito.
Estamos vivendo um momento muito especial. A humanidade está passando por um período de transição global. Não se trata de novas tecnologias ou revolução 4.0 ou tempos líquidos (Baumann) ou a corrosão das democracias ou pandemias ou etc. Esses são apenas os sintomas. As últimas consequências. O fim de uma longa cadeia de uma série de eventos concatenados, cuja origem se situa na forma mental dos indivíduos. Esses eventos que pipocam de modo alucinante, cada vez mais barulhentos - que apimentam as relações vazias e congelam os dinamismos vitais da atividade inspirativa. Esses eventos que dão tom aos comportamentos, que expressam os modos de se relacionar (com pessoas, animais, ideias ou objetos), são sintomas de nossos tempos conturbados e frenéticos.
A civilização agoniza enquanto raspa o fundo da outrora rica panela de alimento que um modo de pensar lhe trouxe. A Revolução Científica pariu o Iluminismo, que por sua vez desembocou em grandes revoluções no campo econômico e político, causando um rearranjo da sociedade tão profundo que a capacidade de alterar o planeta se tornou evidente. E preocupante.
Um modo de pensar que extirpou a capacidade de sentir. Uma objetividade tão sistematizada que jogou no calabouço do esquecimento a subjetividade das visões. Uma análise fria e cortante, que trouxe várias explicações acerca de distintos fenômenos, possibilitando o advento de máquinas fantásticas. Máquinas que fazem máquinas e que até executam tarefas sofisticadas. E com isso muito conforto. Mas mal distribuído e sem sentido. Um conforto que não aponta para nada além de si mesmo, gerando uma doença chamada confortite. E assim ficamos num ciclo sem fim de gozos e buscas materiais. E quanto mais insistimos em repetições sem transformações, mais desesperados ficamos; mais intolerantes para a miséria que nos cerca (que vem de nós...nossa forma mental); mais vazios de conteúdo. Muita execução e pouco pensamento. Nenhuma contemplação por abandono da visão.
As circunstâncias expressam de modo muito incisivo e sutil uma necessidade. A necessidade de integrarmos em nossos afazeres quotidianos - pessoais e profissionais - uma visão suprema do cosmos. Ciência, Filosofia, Religião e Arte se reunindo e intercambiando suas conquistas mais intensamente.
A visão das revelações (Religião) orientando as análises e sistematizações do pensamento indutivo (Ciência). As especulações do pensamento dedutivo (Filosofia) dando dinamismo à busca do significado., que se expressa através das inspirações (Arte). Há muito a se corrigir e muito mais a se fazer. Mas se trata de um fazer profundo, orientado, permeado de significado. Os atos devem ser preenchidos de substância divina. Mas os princípios (listados logo abaixo) jamais podem ser colocados em dúvida - caso contrário, o caos reina e o desespero domina.
"Duvidem de tudo", ouvi um professor certa vez dizer a seus alunos. E isso resume o absoluto de nossos tempos: relativizamos tudo. Mas nos esquecemos de que é preciso uma meta suprema situada num 'ponto' que não está sujeito a transformações. Um 'ponto' fora do espaço-tempo. Um 'ponto' que não é questão de opinião nem de medição cautelosa para adentrar no terreno da análise objetiva e das burocracias engessantes, seguras e sem vida. Esse 'ponto' é o Absoluto que reside no imo de cada criatura do Universo. É o único refúgio. É o Porto Seguro daqueles que chegaram ao abismo do desespero.
Do Absoluto derramam os Princípios que são imutáveis:
1. O Amor;
2. A Indestrutibilidade da substância;
3. Os Movimentos Fenomênicos;
4. O instinto de Evolução;
5. O aspecto Unitário;
6. A presença da Dualidade;
7. A estrutura Trinária dos fenômenos;
Entre outros.
Esses princípios não podem estar sujeitos à dúvida. Porque eles encantam, inspiram e orientam o ser humanos em sua busca pela melhoria de sua condição. Sem eles o resto não é feito. Se sim, não é feito com resultados profícuos. São cascas sem nada de vital por dentro. Sementes vistosas por fora mas mortas por dentro. Criações natimortas. Pseudocriações.
Tudo que fazemos deve ser importante, interessante e maravilhoso.
Importante do ponto de vista científico;
Interessante sob a perspectiva filosófica;
Maravilhoso pela contemplação espiritual.
Cada gesto que esboçamos (inclusive em pensamento) fica registrado na eternidade. E um ato de bondade cândido e refletido vale mais do que uma descoberta científica ou inovação tecnológica. O intelecto intenso e frio é tão ou mais nocivo do que a bondade destituída de pensamento. A superatividade de nossas ricas e singulares polaridades impede nosso avanço na vida, culminando em atrofia do Espírito. Este é quem cria verdadeiramente e 'acumula' para a eternidade. Ele pulsa naqueles que já descobriram um plano de vida superior - e com ele leis superiores e, por consequência natural, um modo de vida mais rico. Rico no sentido interior, de conquistas internas - e orientações concretas.
As linhas gerais já foram traçadas.
Resta nos assimilá-las pela compreensão da mente e pela vivência da vida.
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