O mundo pode ser explicado a partir de vários sistemas de crenças e valores. Cada explicação está vinculada a uma cultura - a história de um povo, seu ambiente, sua linguagem, sua memória, o que um povo é capaz de conceber. Pela perspectiva científica, há várias teorias que tratam de aspectos particulares do universo. Essas teorias se interfaceiam a partir da necessidade que sentimos de compreender as causas mais profundas dos fenômenos. E assim surgem os esboços de unificação no campo da ciência.
O pensamento é tão antigo quanto a História. Desde que iniciou-se a busca racional - isto é, usando a mente e suas qualidades de dedução e análise - pela essência da nossa realidade estamos numa busca incessante (e intensa) por uma explicação satisfatória que seja capaz de integrar as multiplicidades - e dar orientação suprema (telefinalismo) a tudo que ocorre conosco e à nossa volta. A filosofia (= amor à sabedoria) nasceu com esse propósito: buscar a causa não-causada; descobrir e compreender o substrato que se manifesta no mundo sensório; ir além das aparências. Tudo isso para levarmos uma vida plena, orientada, isto é, de significado.
Como eu disse, grandes verdades já foram praticadas / proferidas desde tempos imemoriais. Todas culturas pré-históricas tinham seus mitos cosmogônicos. Suas práticas e formas de organização social refletiam essa visão que tinham do nosso mundo. E isso ocorre até hoje - e sempre será assim. Nossos modelos mentais (causa profunda) se expressam através de nosso modo de fazer as coisas e nossas obras (efeitos concretos). De forma que podemos traçar uma relação que concatena o pensamento puro, mais abstrato, com os eventos que ocorrem em nossa vida, mais concreto - seja como indivíduos, seja como coletividade. Então percebemos que, em nosso universo (o Anti-Sistema, AS), a gênese dos fenômenos (fenomenogonia) ocorre no plano extra-físico.
Podemos negar à vontade o que foi dito acima. Mas quanto mais observa-se a vida; os acontecimentos; o desenvolvimento das civilizações; o desenvolvimento de sistemas (tecnológicos ou sociais); dos povos; de uma vida; de uma teoria ou corrente de pensamento; de uma religião; de uma relação amorosa; de uma ideia; de qualquer fenômeno, mais se tem certeza de que esse é o princípio geral de funcionamento do Universo.
1°) Concebe-se algo como puro pensamento. Um princípio. Uma lei. Uma visão;3°) Esse ato acaba se materializando numa obra. Um destino. Uma consequência - sendo esta boa ou má.
Três momentos. Três fases de um mesmo movimento: pensamento - vontade - obra.
Assim se deu a nossa criação original como Espíritos puros, num universo perfeito: o Sistema, S. E assim ocorrem as criações em nosso universo imperfeito - e por isso em perpétua evolução. Uma criação às avessas, mas ainda assim essencial para a redenção da criatura. Uma criação que só pode se dar a partir da derivação da criação original (que representa tudo).
Compreenda: não é possível escapar do Campo Divino (o S), pois ele é o Todo. Nada há fora Dele. Logo, qualquer tentativa de negá-lo é feita como um emborcamento do modelo (perfeito). Isso foi o que ocorreu com a Queda do Espírito.
Retornemos ao mundo mais concreto...
A busca da Religião, da Filosofia, da Arte e da Ciência é uma só: a Verdade. Cada campo realiza essa busca de um modo particular. Todos estão certos quando a busca é guiada por uma boa intenção (bondade) aliada a um pensamento profundo (inteligência). Todos estão errados quando a busca é feita de má fé (maldade) aliada a uma inteligência luciférica (inteligência) ou quando essa busca tem boa intenção, porém não há competência (pensamento) envolvido.
Não basta ser bom sem pensar. Não basta ser inteligente sem possuir moral. É imperativo desenvolver e fundir inteligência com bondade. Somente assim as portas do conhecimento ser-lhe-ão abertas. Assim conhecerás a Verdade - e essa Verdade te libertará.
Libertará de que?
De você mesmo! Das amarras dos prazos; de seus medos e traumas; das limitações da mente; das falsas esperanças; das ilusões; das coisas que caducam. De tudo que é secundário, ou seja, apenas ferramenta que devemos administrar - inclusive os saberes do mundo.
Então temos diante de nós uma visão que vai se tornando cada vez mais lógica (ou coerente), mais interessante (filosoficamente), mais importante (cientificamente) e, em seu último estágio, maravilhosa (espiritualmente). Porque ela oferece a arquitetura que vêm sendo divulgada de modo confuso ao longo das eras. Como um esboço turvo e apagado de uma bela silhueta. Trata-se de algo comum a toda humanidade e a todos seres que habitam esse universo. Universal no verdadeiro sentido da palavra. Trata-se de um esboço da fenomenologia universal.
Essa arquitetura é o que podemos denominar, nas palavras de Gilson Freire, de Monismo Substancial.
Não se trata de uma nova religião ou corrente filosófica. Não é mais uma criação humana que busca prosélitos. Não é algo que se contrapõe ao que já temos aí. Não se trata tampouco de uma teoria científica (no sentido que temos do termo), porém de uma visão profunda que se manifesta numa ideia geral que irá conduzir a ciência a um novo patamar, gerando assim uma teoria verdadeiramente esclarecedora de tudo e todos. Se trata de uma arquitetura que, se desenvolvida, deve resolver os graves problemas de nossa espécie - preparando-nos, ao longo de milênios e milênios de assimilação, para a recepção de verdades ainda mais elevadas.
Para quem é estudioso ou não sabe, vamos definir um pouco melhor do que se trata.
Podemos conceber a realidade de duas formas: como monismo ou dualismo.
O dualismo vê mente e corpo (matéria) como entidades separadas, que se relacionam, mas que não tem um mesmo princípio comum. As religiões ocidentais se apoiam nessa visão de mundo quando apontam para um Deus transcendente que no entanto não está estreitamente jungido à criação. O modo de agirmos no mundo também atesta essa realidade, uma vez que sempre nos colocamos contrários a tudo que desagrada nosso ego - ou favoráveis aquilo que o agrada. Percebemos a realidade através de contrastes (pense no jogo de luz e sombras, na apreciação musical através de vibrações que causam ondas sonoras ou na relatividade quando estudamos movimento de corpos).
O monismo pode ser subdividido em três tipos:
Há o monismo materialista (ou físico), que atesta que a realidade sensória é a base de tudo, inclusive gerando a consciência;
Há o monismo idealista, que atesta que a matéria é um produto da consciência;
Há o monismo neutro, que afirma que nem matéria nem mente são a essência da realidade, mais uma substância.
O que Sua Voz fez, através de Pietro Ubaldi, foi revelar à fundo esse último tipo de monismo. Isso foi feito no livro A Grande Síntese.
Na verdade temos que definir muito bem e andar com cuidado aqui - pois muita gente pode ficar confusa ou interpretar erroneamente as coisas. É preciso estar muito concentrado, livre de qualquer pré-conceito e disposto a compreender a essência das coisas. Mergulhar na Realidade.
O monismo substancial explica de forma coerente, lógica, harmônica e poética o que os filósofos mundanos não conseguiram fazer ao definir o monismo neutro. Ele supera os pseudo-monismos (puramente espiritual ou puramente material) e circunscreve o dualismo numa férrea lógica superior.
Superar é ir além sem negar as conquistas pretéritas.
Circunscrever é admitir porém enquadrar numa ordem superior, desconhecida àquele circunscrito.
Muito bem. Interiorize esse conceitos. Estamos em profundezas que a maioria está inapta a vasculhar - mas que influencia toda a vida, até os atos mais banais. Mas em breve uma legião de pessoas irá despertar. Basta que o mundo continue seu caminho de destruição para que as forças de reconstrução comecem a atuar. É o despertar da consciência. É o plantio das bases de uma nova civilização.
Não se equivoquem: o espírito é elevadíssimo, é sincero, é livre, é infinito - a matéria é baixíssima, é ilusória, é escrava, é finita. Mas ao mesmo tempo, a matéria é o espírito em sua forma mais baixa - e o espírito é a matéria na sua forma mais alta. Eles são individuações diferentes, aparentemente contraditórias, de uma única substância: a substância Divina.
Nesse intermeio temos a energia, que se traduz no aspecto dinâmica de nosso universo. Ela é espírito (pensamento) coagulado - ou matéria liberta do determinismo das leis mais baixas. Podemos, para começar, associar o espírito à dimensão consciência; a energia à dimensão tempo; e a matéria à dimensão espaço.
Essas três grandes individuações se ramificam em outras individuações. Por exemplo, a série estequiogenética (elementos químicos, matéria) possui 92 elementos naturais divididos em sete famílias. O mesmo ocorre com as formas dinâmicas (energia), em que há energia gravífica, de raios X, gama, de luz visível, de eletricidade, de som, etc. E na biologia vemos a divisão em sete filos, cada qual com suas classes, gêneros, espécies. E no grau de consciência também temos subdivisões - que a ciência ainda está descobrindo.
Temos então, no Monismo Substancial, a base para uma Teoria Unificada do Conhecimento.
Eu bem que gostaria de estar equivocado. Mas quanto mais busco expor essa visão, sujeitando-a a ataques e críticas, mais ela se reforça em minha alma. E encontro comprovações por todos lugares - inclusive nas pessoas mais sérias. Abaixo uma entrevista a Peter B. Todd, psicoterapeuta com orientação Jungiana, autor do livro A Individuação de Deus: Integrando Ciência e Religião, realizada por Jeffrey Mishlove (dura 46 min., basta acionar legendas em português).
A conversa é muito interessante porque se alinha perfeitamente com o que foi revelado no livro A Grande Síntese por Sua Voz. O homem moderno está chegando aos poucos, através da razão, àquilo que foi revelado a Ubaldi pelas vias da intuição. Dessa forma síntese e análise começam a trabalhar em conjunto: uma traçando o panorama geral através de palavras potentes e substanciais (síntese), e outra caminhando pelo pensamento sequencial, apoiado no pensamento, com uso de confirmações e sistematizações ponderadas e bem costuradas (análise).
A evolução é fundamental para compreendermos nossa relação com o Criador.
E Deus é essencial para descobrirmos a dinâmica mais profunda do fenômeno evolutivo.
Esse ensaio foi uma breve introdução ao MONISMO SUBSTANCIAL.
E porque ele deverá transformar a humanidade, elevando-a para um novo patamar consciencial.
É isso.
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