Um das
mais famosas fábulas infantis é aquela da tartaruga e da lebre.
Todos conhecem a estória e sua moral. Mas vale a pena reforçar essa
lição que Esopo – o autor – queria passar.
A lebre,
obviamente, era famosa por ser a criatura mais veloz da floresta. E a
tartaruga, a mais lenta. Além disso, assistindo o desenho ou vendo
ilustrações da historinha, percebe-se que a lebre equivale ao tipo
bem sucedido na sociedade atual: uma criatura prática, ágil,
esbelta, sorridente (mas não necessariamente feliz), saudável e
esperta. Essas descrições – ou adjetivos do tipo – nos vem à
cabeça quando vemos a lebre.
A
tartaruga, por outro lado, é conhecida por ser a antítese da lebre
– e isso é demonstrado na fábula: lenta, pouco saudável, séria
(mas não necessariamente triste), pouco atraente e até meio boba.
Pelo menos essa é a impressão que muitas crianças (e adultos)
devem ter ao se depararem com a descrição dela. Mas essas
descrições são superficiais e escondem os verdadeiros atributos
que deveriam ser considerados. Esses atributos são as virtudes e os
vícios.
Quando a
largada é dada a lebre sai voando que nem um relâmpago – apesar
de relâmpagos não voarem – pela pista, deixando a tartaruga
engolindo pó.
A lebre
é tão rápida, mas tão rápida, que decide tirar uma soneca quando
chega bem próxima da linha de chegada (algumas versões narram que
ela vê umas coelhinhas numa quadra de tênis e, decidindo mostrar
sua agilidade para elas, acaba passando horas jogando e jogando e se
mostrando e sorrindo e coisas do tipo...se esquecendo completamente
da corrida). A tartaruga, por outro lado, continua correndo com
DETERMINAÇÃO e FOCADA, independentemente das gargalhadas dos outros
animais, de sua grande massa, de sua baixa velocidade e tudo mais. O
resultado já sabemos: a tartaruga acaba vencendo.
O que
essa história tem de tão grandiosa é que a VONTADE é muito mais
importante do que o que você É POR FORA. Isto é, no físico. Nas
aparências.
A
tartaruga não tinha quase nenhuma das vantagens essenciais para
ganhar uma corrida contra a lebre. Quase. Porque havia uma ÚNICA –
a mais importante – que ela tinha em grau MUITO maior do que a
lebre: a VONTADE.
Frequentemente
me deparo com pessoas que se veem como incapazes num assunto (numa
ciência, numa técnica, numa arte, em falar, em praticar uma
atividade, etc) e acabam se rebaixando em consequência dessa crença
infundada. Mas a sua habilidade no momento numa determinada atividade
não é o fator mais importante para você ter sucesso na vida. O que
é importante (muito mais) é a sua vontade em aprender aquela
atividade. A sua capacidade de sempre renovar seu interesse, criar,
pensar, refletir, aprender, gostar daquilo. A sua curiosidade e
busca incessante por melhora. A sua não acomodação com a
situação. Tudo isso é muito mais importante para o sucesso de uma
pessoa.
Algumas
pessoas são lebres nessa vida. Pessoas bem sucedidas sob a ótica
material que impera nesse mundo. E o pior disso não é ser a lebre
em si. O pior de tudo é se essas pessoas se dão conta de que são
lebres. Porque, a partir desse momento, a pessoa, seduzida pela sua
própria posição e atributos, se torna arrogante e consequentemente
se acomoda. Como a lebre da historinha. E a partir desse pensamento,
a pessoa trava na vida, se julgando que já atingiu o máximo em
termos de evolução. E dá pouco valor àqueles que não são
lebres, IGNORANDO potencialidades ocultas de seus próximos. Isso é
extremamente perigoso. Porque o próprio inimigo de seu progresso
acaba se desnvolvendo dentro deles mesmos.
Cuidado
lebres!
A
vontade é motor ciador. É criatividade pura. É o ponto do qual o
conhecimento é gerado. É fonte de toda inteligência. É pura
emoção. Muito sedutora.
Existem
muitas pessoas do tipo tartaruga que estão (cada vez mais) CHEIAS de
VONTADE. Elas estão constantemente melhorando, criando, refletindo e
tudo mais. O corpo pode não demonstrar isso. Mas pode ter certeza de
que a mente, com as ideias e sentimentos lá dentro, bem no fundo,
trabalha intensamente e incessantemente. E isso não é percebido
pelos outros “animais da floresta”, que estão acostumados a ver e
julgar pela carcaça.
Cuidado
animais da floresta!
Lembrem-se:
o mais importante não é o que você É no momento, e sim o que você
QUER SER no futuro.
Por isso
não importa os seus títulos, as suas posses, a sua aparência
externa, os seus atributos, e coisas do tipo. Importa o seu caráter.
Apenas isso. Muito simples.
Quanto
às tartarugas, só tenho a dizer:
Parabéns,
sigam em frente e não desanimem!
E...continuem
o bom trabalho.
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