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O Planeta Terra, com toda sua fauna e flora, nos tem inspirado a desenvolver tecnologias e descobrir o como (Ciência) e o porquê (Filosofia) do funcionamento do Universo. Ele alimenta nossos pulmões com sua atmosfera adequada - a nós e aos seres que consumimos; ele nos fornece terras para obtermos os alimentos e lençóis freáticos, rios, geleiras e lagos para bebermos a água (ainda) potável; igualmente temos os materiais brutos e energia disponível (convertível) que nos tem dado relativo conforto e servem para todas nossas atividades econômicas. Nossa Terra inspira poemas, músicas e investigações científicas. Em suma, ela nos dá tudo e por isso nos garante a vida.
A humanidade depende na Terra - mas esta não depende da humanidade.
Se nosso planeta fosse um ancião de 100 anos de idade nós seríamos um bebê de duas semanas. Isso nos diz muita coisa. A começar pelo fato de que essa Grande Mãe sempre se virou muito bem sem a gente. Nós, por outro lado, desde o primeiro abrir de olhos, sempre nos vimos dependentes dessa formidável massa planetária, abrigo de tantas espécies e mestra em equilibrar correntes de ar e de águas; em equilibrar climas e espécies; em criar e destruir na medida do necessário. E nos últimos 240 anos nossa espécie vem se tornando exponencialmente dependente da Grande Mãe. E o problema é que extraímos cada vez mais e evoluímos cada vez menos. Desperdício que nos coloca rumo a um (grande) abismo...
Ecologia e Socialismo usando o capital para possibilitar desenvolvimento humano, garantir direitos fundamentais e integrar o Homem com a Natureza. |
Uma sociedade doente é uma sociedade altamente desigual em patrimônio, em renda, em oportunidades, em condições elementares; ela é uma sociedade que iguala e distribui em abundância o que existe de mais degradante: programas de televisão vazios e viciantes, modelos de aprendizado engessados, mercadorias perecíveis que pouco ou quase nada acrescentam de valor ao Ser, idéias que excitam instintos e tornam a mente escrava dos mesmos - nos levando a acumular, explorar, falar, aparecer, encenar...em função da satisfação de vícios degradantes.
Uma sociedade doente é uma sociedade que diferencia as oportunidades e iguala as dependências. Ela fica em descompasso com o ritmo natural do planeta porque seus membros criaram e sustentam um sistema econômico e político que apresenta sinais de falência há décadas. Trata-se de uma lógica que não avança em linha reta rumo ao destino final, mas se curva sobre si mesma, andando em círculos. Uma lógica que está dentro do Ser. Uma lógica edificada pelo ego luciférico, que se arma contra qualquer possibilidade de surgir uma lógica mais elevada (uma supra-lógica), que a englobe, a explique, a compreenda....mas que mostre suas limitações e aponte para o mais.
A dilatação da consciência é expansão que leva a criar cada vez mais valor com menos recursos. É contentamento com o essencialmente necessário. É equilíbrio poderoso, equidistante do abuso e da recusa. É ascensão humana. É chegar um pouco mais próximo do divino. É a construção de conceitos profundos que abraçam a vastidão do Universo. É luta titânica contra seus conceitos - para parir novas idéias. É tornar o Ideal mais próximo do Realizável. É verdadeiramente vulcânico, vulcanicamente valoroso, valorosamente vivo, vivamente vertedor de verdades voluptuosas.
A humanidade começa a se despertar lentamente. Sente-se o anseio pela integração e orientação. Integração entre seres da espécie, depois entre espécies, depois com o planeta. Orientação de conceitos, de inteligências, de finalidades.
O Ecosocialismo visa integrar a ecologia com o socialismo. Ele nega o socialismo burocratizado, estático, materialista, autoritário, - que no fundo é um pseudo-socialismo - oferecendo um conceito mais profundo de sistema social justo, capaz de forjar um Estado que legisle a favor do povo, favoreça a diversidade e forneça as condições plenas para o desenvolvimento de tudo e todos. Ao mesmo tempo, ele nega a ecologia que quer se forjar num mundo capitalista-neoliberal, porque o paradigma do crescimento ilimitado e da liberdade do mercado representa tudo aquilo que a verdadeira ecologia deve combater: o consumo conspícuo e o trabalho alienado que leva a ele. Deve-se portanto transcender o modelo atual.
Não basta alterar a matriz energética - passando do não-renovável para o renovável. Precisamos diminuir a produção e o consumo. Mas para isso precisamos voltar a conciliar o mundo físico-mental com o universo do espírito. Devemos retomar a visão mística da vida, nos abrindo para possibilidades. Essa abertura é a força que inspirou os grandes artistas e cientistas, os excelsos estadistas e corajosos progressistas, o homem trabalhador e a mulher cuidadora.
As possibilidades vão mudando à medida que progredimos na maturidade. Tudo se reordena com o tempo. E com isso brotam novas combinações. Assim como surgem novos seres. Se abrir para essas possibilidades desconhecidas, nunca nem sequer ensaiadas, é simultaneamente doloroso e magnífico. É como renascer em vida.
É cada vez mais evidente que existe um Logos Crístico ansioso por nascer dentro de muita gente. Ele começa a brilhar cada vez mais por dentro de milhares de camadas de nosso ego luciférico. E assim percebemos sinais sutis que dizem: "tem alguém querendo nascer" "algo dentro de mim quer falar, quer atuar, quer realizar". Mas como nos sentimos dependentes de ilusões, calamos essa voz interior que tanto nos consola nos momentos de desespero e perdição. No entanto é ela que nos dá esperanças. É nela que está a Salvação.
Negamos o que tememos.
Tememos o que desconhecemos.
Desconhecemos o que ignoramos.
Ignoramos por preguiça.
Quem afirma o menos e oferece um mais é mais.
Quem nada teme e nada espera é indiferente a elogios ou vaias.
Quem melhor sabe conduzir um povo é o que menos o deseja.
Maravilhoso paradoxo!
De nada adianta criar culpados - sejam eles idéias, partidos, países, povos, pessoas, áreas do saber - se antes não mergulharmos na nossa essência. A partir daí poderemos atuar no mundo de forma potente, sendo firmes por motivos mais certeiros e deixando de nos desgastar por superfluidades.
Quanto mais constato, mais confirmo.
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