quinta-feira, 9 de maio de 2019

Só a dor revela - e liberta

Existe um homem que permanece em meu pensamento. Uma pessoa distante, que nem sequer sabe da minha existência - mas fez muito por mim. Um ato seu, embalado por um desenvolvimento histórico e impulsionado por uma corrente de pensamento, viabilizou o milagre que ocorreu. Esse acontecimento deu as bases materiais para que duas almas pudessem levar uma vida conjuntamente, intercambiando emoções, ideias e ideais. Viabilizou o crescimento profissional e intelectual, despertando potencialidades e desenvolvendo-as. Assim foi possível chegar a uma posição mais útil, de missão, acompanhado pela pessoa ideal, sem a qual a caminhada seria sem sentido.

Esse homem, por muito ter feito, - além de ter lidado com incontáveis pessoas, de todos espectros ideológicos, de todas classes, de todas escolaridades e de todas etnias e credos - foi, é (e ainda será) muito julgado. Os poderes o temem e formam a opinião de boa parte do rebanho para que este aceite o que é arquitetado contra sua pessoa. E assim comete-se uma injustiça de proporção histórica, cujos efeitos serão nefastos para os que no calor do momento se julgavam no controle da situação. Nessa narrativa fantástica, cheia de dores (explícitas) e à espera de glórias (interiores), emerge a possibilidade de um despertar profundo de um povo. 

A gratidão vem de ter retirado milhões da miséria.
O próximo passo será o advento de um líder, um pensamento,
que dê cidadania, consciência política e senso crítico.
Mas antes era necessário satisfazer o estômago. 
É preciso se dar conta do que está ocorrendo para não ser vítima de interesses mundanos. Não há nada mais difícil do que isso. Por isso é necessário dizer o indizível da forma mais ousada e clara possível, provocando a reestruturação daquele que tem contato com a corrente de pensamento que embala esse espaço virtual. 

Ubaldi sabiamente afirma que todo processo histórico tem seus protagonistas - meras ferramentas com uma função evolutiva imprescindível e momentânea. Seja no campo da arte, da ciência, do pensamento, da santidade, da condução dos povos, do amor ou das invenções, de tempos em tempos as forças da vida sempre trazem à tona protagonistas que melhor exprimem o desejo coletivo oculto, escondido no íntimo das massas.

A Grande Sìntese traz luz a essa questão, quando avalia o poder (político-social) em função de um princípio biológico, íntimo, que jaz em todo universo:

"Em minha concepção, os fenômenos sociais são despidos de todas as incrustações exteriores, aparecendo nus em sua substância, como um feixe de forças em ação. Regidos por uma lei exata e profunda, eles são a fisionomia externa de um conceito que se desenvolve com uma lógica própria, cujo andamento é expresso por diagramas estatísticos, permitindo-vos, desse modo, a previsão de seu desenvolvimento futuro. De outra forma, não poderíeis estabelecer o cálculo das probabilidades. Estudamos esses processos no desenvolvimento da trajetória típica dos movimentos fenomênicos (Cap. 25), observando sua lei de variação (evolução em função do tempo), primeiro em coordenadas ortogonais (fig. 1: tempo no eixo horizontal, das abcissas; evolução no eixo vertical, das ordenadas), depois em coordenadas polares (fig. 3) e, a seguir, por interpolação parabólica (fig. 4). A linha determinada pela relação entre as ordenadas e as abcissas descreve esta lei na forma de um problema geométrico, cujas equações correspondem a expressões de cálculo algébrico."
A Grande Síntese
Cap. 96- Concepção Biológica do Poder                                              (grifos meus)

Existe uma explicação muito profunda par o que ocorre em nosso país hoje. As mazelas pelos quais as pessoas passam é produto de sua inércia ao longo de muitos anos. Nessa história todos somos culpados, com uma parcela proporcional aos meios do qual cada qual dispõe. Quem mais tem poder, recursos e habilidades, mais dever tem de usá-los bem - em prol do Bem. É por isso que optar por reencarnar em famílias abastadas, com belo físico e muita fama, é a tarefa mais perigosa: muitos sucumbem às tentações e acabam se tornando gozadores em sua posição "privilegiada", corrompendo o espírito em troca dos prazeres de uma vida de sensações - e de controle sobre os outros. Mal sabe esse ser que Aquele que realmente está no controle é a Deus, através de sua Lei inexorável [1].

De tempos em tempos são enviados emissários. Seres de amor, que desejam mostrar o caminho menos árduo. Cristo foi o expoente. Houveram outros formidáveis antes e depois. Continuarão a haver. O mais notável dos últimos tempos foi uma criatura nascida na Umbria, que se fez pobre, professor de ginásio, usando todo seu vigor, conhecimento e dores para servir à Deus. Esse homem foi Pietro Ubaldi, maior pensador do Século XX - aquele que viveu o Evangelho no mundo moderno. 

Mas continuemos com as observações de A Grande Síntese antes de revelar o tal homem que tanto permanece em meu pensamento:

"A relação de causalidade impõe, na evolução dos fenômenos sociais, um determinismo histórico inviolável. Assim como há um destino do indivíduo, há também um destino do povo. Existe um cálculo exato de responsabilidades no qual, tal como acontece em relação à liberdade individual, equilibra-se a liberdade coletiva. A ignorância do materialismo pode desconhecer todos estes aspectos, mas isso não impede absolutamente que a Lei esteja sempre presente. Insisto nas bases científicas do fenômeno histórico, porque ele só pode ser compreendido como um momento da fenomenologia universal, sob as mesmas leis de relação e de cálculo de equilíbrios que regem o mundo físico e dinâmico. Há uma continuidade psicológica no desenvolvimento dos fenômenos sociais, estabelecida por uma concatenação férrea de causalidades, ainda que os atores colocados no palco, homens e povos, nem sempre a compreendam."
A Grande Síntese
Cap. 96- Concepção Biológica do Poder                                              (grifos meus)

Se alguém vem a este mundo para melhorá-lo, deve obedecer à natureza deste. Isso implica em respeitar os absurdos e compactuar (dentro de certos limites) com os poderosos. Sem isso ninguém governa - muito menos cumpre a missão de melhorar a vida dos outros.

É óbvio que alguém incumbido de tarefa suprema de liderança esteja sujeito a erros muito grandes. Sempre se poderia ter feito melhor e mais. Talvez fosse possível avançar mais, se se houvesse apossado de mais de ousadia...Ao mesmo tempo, o risco é muito grande porque o poder é intolerante a a natureza humana é muito frouxa. As pessoas são sugestionáveis porque se ancoram fortemente em seus vícios e hábitos. Tornam-se rebanho porque temem sua imagem e reputação. Assim não avançam. Não passam pelo ridículo, mas jamais colhem as glórias de quem vence a si mesmo a adquire uma nova percepção do mundo - que lhe traz paz de convivência e potência de transformação.

Só o tempo irá possibilitar uma mais madura interpretação
dos fatos. É preciso perceber as implicações do evento
- que já se inseriu nos anais da história.
É preciso compreender à fundo o fenômeno "vida" e a estrutura do universo para se chegar ao princípio que o rege. Tatear pela razão é a único método que o interesse pode nos prover. É limitado e frouxo. Suas fronteiras são delimitadas e cada vez mais cristalinas àqueles que já  muito observaram e refletiram. Há de existir algo, em outro plano, capaz de fazer uso do intelecto para construir o conhecimento. Apenas a visão - descortinadora de credos e desmascaradora de preconceitos - impulsiona a transformação e consolida um novo ritmo à História. 

O Brasil teve 38 presidentes [2]. A pergunta é: quantos se propuseram e efetivaram a dar um novo impulso evolutivo à nação? Poucos. Pouquíssimos.

Em minha mente vem Getúlio Vargas e Lula. Há ainda João Goulart, que pode ser inserido na lista, mas não pôde realizar magnânimas construções que esses dois homens fizeram. Apesar de seus defeitos e erros (pois são seres humanos), as construções e impulsos viabilizados através dessas almas deu chances ao país atingir novos patamares - se tornando mais maduro para a assimilação de novos pensamentos e movimentos.

O restante (dos presidentes) pode ser visto como normal, condutor do processo evolutivo em ritmo médio ("morno" como se diz). O mal e o bem que fizeram não objetivavam uma elevação efetiva, a introdução de um novo impulso, a preparação do terreno para conquistas posteriores. Assim podemos ler à fundo todos os outros. 

No entanto - e na verdade - parece haver o caso inverso, em que existe um claro plano de se colocar contra as forças da vida, unindo o que antes era impossível unificar [3] e tornando atuantes personalidades que estavam numa posição de conforto, mas encontraram na ousadia inteligente a receita para serem úteis ao próximo e à vida [4]. Esses que se colocam contra as forças da vida estão no poder e servem a interesses escusos. Esses tipos serão varridos pela História, sendo desnecessárias críticas. As forças da vida, através dos ritmos do tempo, irão corroer os planos relativos desses capangas (o governo atual) e seus mandatários (mercado financeiro e elite global). Antes dos primeiros - posteriormente dos últimos. O que me interessa aqui é elucidar a missão histórica de um homem. Esse homem se chama Luiz Inácio Lula da Silva.

Trata-se de um ser cheio de defeitos e repleto de qualidades. Mas estas estão a cada dia provando que superam aqueles. Sua capacidade de permanecer equilibrado e consciente em meio a ataques violentos das forças telúricas dessa terra (repleta de espíritos adormecidos) é um indício de compromisso - que por vezes tangencia a teimosia...mas uma teimosia com muito mais justificativas do que as comuns. Um ser que, sem saber ou planejar, alçou uma posição suprema de condução dos povos. Antes através da liderança sindical, depois na carreira legislativa. Finalmente na posição de presidência. Sobre a trajetória dessa personalidade muito controversa, a filósofa Márcia Tiburi pode trazer alguma luz (ver vídeo abaixo).


Os erros e acertos deste que foi e será (por muito tempo) o maior estadista brasileiro*, se ocultam em face ao abalo que suas ações causaram ao país. É preciso ter em mente isso. Mas o fenômeno de descida dos ideais [5] é uma realidade cada vez mais visível para quem esgotou o campo de possibilidade racional, percebendo que certos atos absurdos da vida contém em si um agregado composto de desenvolvimento histórico e natureza dos seres que o viabilizam, de tal forma a justificá-lo. 

Quando alguém se propõe chegar ao poder para realizar uma mudança, deve lidar com um descompasso. Quanto maior a diferença entre o ideal e o real, mais titânica a tarefa de transformar.


Jango só queria tornar o Brasil desenvolvido
(em termos capitalistas!). Desejava evitar problemas futuros.
Por isso as Reformas de Base: agrária, educacional, fiscal,
urbana e bancária. 
Acabamos julgando e criticando com mais violência aqueles que se propõem atingir uma meta coletiva mais ousada. Mas esquecemos que nós, ao compartilhar o mesmo desejo de uma sociedade mais eficiente e fraterna, devemos estar dispostos a trabalhar junto com aqueles que elegemos, fazendo as críticas de modo muito profundo, considerando as complexidades e as forças férreas que impedem o progresso em linha reta. E apoiando aquele que subiu em suas dificuldades - se é que ele possua boas intenções e inteligência. Sem essa ajuda o trabalho daqueles que estão no poder (eu diria, com uma parcela dele apenas) é impossível.

A verdade é: A Esquerda nunca chegou ao poder no Brasil. Ela apenas ocupou momentaneamente cargos altos no Poder Executivo.

O Legislativo sempre ficou sob mando de um grupo financiado por interesses de ruralistas, religiosos sectaristas, empresários e - acima de tudo - banqueiros, com sua lógica financeira destrutiva.

O Judiciário (como estamos observando) é composto de uma casta não sujeita ao crivo do voto, que se isola e se vende a ideologias e interesses não-relacionados à nação e seu povo.

Fora esses poderes (governamentais) podemos citar o outro poder, fora do controle do Estado e do público, que é a mídia - que representa um modo de vida pautado no consumismo, na abundância (e irrelevância) de informações, na negação da natureza ideológica da nossa espécie, e na destituição da crença de qualquer utopia, afirmando que "essas ideias estão superadas e só trouxeram catástrofes". É preciso lembrar esses senhores que muitas vezes, uma ideia, para ter todo sucesso que lhe é inerente por natureza, e se encarnar em políticas e estruturas sistêmicas, deve fracassar várias vezes.

Há também o poder do capital financeiro internacional. O que permite a fuga de recursos valiosos dos países (populações). Esse é o que comanda tudo. E a nossa ignorância viabiliza a sua perpetuação. Não basta ser bonzinho e criticar aqueles que estão próximos: é imperativo explicitar as limitações sistêmicas (gritantes!) e a nossos modelos mentais desatualizados.

Como querer chegar a um estado de sustentabilidade social sem uma reforma tributária? Sem redefinir o conceito de trabalho? 
Como preservar o que resta do sistema-Vida e sistema-Terra sem desacoplar (ao menos em parte) desenvolvimento humano com crescimento econômico? 

As experiências subsequentes de transformações sociais serão diferentes. O mundo mudou. A forma de implementar ideias também. O que não pode ser feito é fugir do dever.

É muito cômodo se encastelar numa forma mental com um grupo afim e elaborar críticas e teorias. Difícil é se lançar na arena da vida real e partir para a batalha no campo das ideias e dos afetos, vivendo e esquematizando.

Getúlio Vargas lançou as bases par desenvolvimentos
futuros - que Lula encabeçou. Viabilizou a criação da
  CLT, da Vale,d a Petrobrás, da CSN. Soube responder
a um anseio histórico cuja hora havia chegado.
Usou as brechas para viabilizar pequena dose de ideal. 
Tudo isso temos de ter em mente quando observamos o fenômeno Lula. Trata-se de um caso muito delicado em nossa História, que será cada vez melhor compreendido à medida que a população ganhe consciência da natureza político-social e sua relação com crenças e valores. Somente uma visão monista é capaz de abordar uma situação deplorável e insolúvel de forma a elevá-la, retirando as pessoas do lodaçal em que se encontram. 

O processo evolutivo natural ao ritmo do Brasil nunca foi rompido desde 1988 (ano da CF). Houveram alguns fatos isolados (ex: Collor), logo resolvidos pelo próprio poder que viabilizou sua vitória.

A política de conciliação predominou na Nova República. Ela se consolidou e desenvolveu com FHC, atingiu seu auge com Lula e se esgotou logo após. Esse esgotamento era previsto e só se tornaria visível com o desenvolvimento máximo desse modelo, aceito pelo coletivo e forjado pelas elites: Lula fez o que pôde considerando as férreas limitações sistêmicas - que nós, inconscientemente, defendemos.

Nesse sentido podemos interpretar Lula como o presidente que mais conseguiu fazer em termos sociais, diplomáticos e desenvolvimentistas dentro da estrutura arcaica inflexível predominante. E conhecendo essa estrutura (limitadíssima), sabe-se que o máximo possível a ser atingido foi muito aquém do esperado - pela população.

Num país ancorado em atos repetitivos, que jamais condenou seus algozes da ditadura, não é possível avançar sem ruptura. 
Para transformar para melhor pacificamente, as pessoas devem mudar sua mentalidade e superar alguns aspectos de sua natureza inferior. 

Já disse certa vez um homem prestes a se suicidar:
"Os homens anseiam pela Verdade, mas são incapazes de vivê-la!"

Esse homem era Judas Iscariotes, que num lampejo de luz percebeu que serviu de ferramenta à ascensão de Cristo.

Lula percebeu que não poderia transformar o Brasil em sentido profundo sem causar um mal estar enorme. Decidiu fazer as mudanças lidando com a triste realidade que era imposta por todos os poderes.

Isso é ruim ou bom?
O que eu faria? O que você faria?

É difícil avaliar sem levar em consideração a complexidade da estrutura e a cultura assimilada por cada um de nós. Tendemos a formar modelos limitados: "o brasileiro é preguiçoso"; "todo político é corrupto"; "tem que privatizar tudo"; "a natureza humana é assim". Sim...em parte essas coisas contem um germe de verdade. Mas devemos levar em consideração muitos fatores que a mídia (e o sistema) esconde. Por exemplo, de onde vêm essa preguiça? Ela é ruim sempre? O que ela significa de fato? Ou, por que privatizar tudo se a história da Europa e EUA revelam que o Estado foi fundamental no desenvolvimento de sua sociedade? E sim...a natureza humana é baixa e deve ser levada em consideração quando se conduz uma nação - mas ao mesmo tempo precisa ser compreendida que ela pode ser elevada, lentamente, através de políticas que criem o clima propício para acelerar o processo de maturação interior dos indivíduos, cada qual a seu modo, no seu ritmo.

A 1ª entrevista pós-prisão [6], observada à fundo, revela muitas coisas sobre nossas elites e a lógica do poder.

Vemos diante de nossos olhos um personagem que foi se construindo, devendo enfrentar contradições inerentes ao descompasso entre implementação de ideais e manuseio da realidade. Os pactos sujos que criticamos são necessários para evitar dores (rupturas), que podem levar a mais miséria e morte.

Todo processo de manifestação, reencarnação, comunicação, "criação", etc. já é em si uma degradação (corrupção) do ideal - ou do espírito puro. É necessário compreender isso à fundo antes de esboçar qualquer conclusão - que não será definitiva. Lula compreende intuitivamente isso muito bem.

Vladimir Safatle consegue traçar um bom diagnóstico do Brasil e do mundo, revelando a lógica neoliberal e seu ritmo atual - destrutivo. Eu concordo com ele em quase todos aspectos. Quase porque falta ao grande pensador da USP a vertente espiritual, ou melhor, monista, da vida. Se ele for capaz de adquirir uma visão unitária do universo, encampando em seu discurso a questão da reforma íntima, e trazendo à arena da auto-critica não apenas a esquerda ou um partido, mas toda a população, teremos alguém da USP que colocou um pé na concepção monista do cosmos.

Confesso que é difícil trazer as massas a essa arena. Todos trabalham com o número (a quantidade). Desde nosso governo de ultra-direita neoliberal quanto à esquerda mais radical, passando por todos espectros intermediários, existe um manuseio das massas, um cuidado imenso em tratar seu comportamento como algo certo; em justificar todos atos cometidos pelas mesmas (e usá-los para interesses mais ou menos elevados). Mas ao fazer isso incorremos em um erro: não estamos convidando o indivíduo a olhar para si mesmo. Até Guilherme Boulos, ao que parece, não percebe isso. Lula igualmente. Safatle idem. E assim por diante.

Mino Carta parece perceber essa questão central: jogar as massas na arena da crítica. E essas precisam começar a olhar para si, superando sua inércia para se tornar protagonista.


Não podemos esperar o milagre - precisamos criá-lo [7].

Colocar o dedo na ferida inclui atestar que o coletivo humano está doente e necessita adquirir uma mínima percepção para ganhar força. O medo do número não pode impedir que a qualidade do ideal continue a avançar. Isso é o que constato. E nesse ponto Mino Carta levanta uma forma de agir ligeiramente mais ousada (e inovadora) para tratar a questão da conscientização do povo.

Boulos, com toda sua dedicação, transparência e coerência, aliadas a uma inteligência ímpar e vivência profunda, desmistificando "meias verdades", sem medo, acaba com 0,6% dos votos.

O que ocorre? Talvez falta de coragem em jogar as massas na arena, convocando-as a melhorar sua natureza. Precisamos lidar com o número - pois sem ele nada muda concretamente. É tarefa árdua mas deve ser feita. Não vejo outro modo de acelerar esse despertamento.

Isso trará uma avalanche para aqueles que iniciarem essa empreitada. Por isso quanto mais gente estiver envolvida nesse processo inicial, menos impacto cada um sofrerá - ele irá se distribuir. E as massas, ao receberem um banho de realidade de Profetas modernos, irão começar a ver que esse chacoalhar é no fundo muito bom - pois ele possui a potência de tirá-las do lodaçal da ilusão. É semelhante ao filme Matrix, quando Neo desperta para a realidade e nega tudo num primeiro momento. Ele escolhe a pílula vermelha. Devemos mostrar essa opção às pessoas antes que tudo esteja perdido em nosso país - e planeta.


Reforma íntima e revolução sistêmica - simultaneamente.

Reforma íntima abastecendo o processo criativo de revolução coletiva.
Debates públicos sinceros e abertos, intensos, clamando para a reforma íntima.

Sem a concepção monista da situação, não avançaremos.


* Obs: alguns veem Getúlio Vargas como o maior estadista brasileiro, por motivos igualmente justificáveis. cabe a cada um avaliar esse quesito. 

Referências:

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