O trabalho real não pode parar. A civilização velha que está se corroendo, em sua onda crescente de desespero, não deixa ninguém em paz. As formas de coerção das forças do AS são diversas. Seu objetivo: atrasar ao máximo a ascensão. A alegação formal é que 'as vias desconhecidas são perigosas'. De fato o são. Especialmente porque há uma força (natureza involuída dos seres) trabalhando intensamente e constantemente para que esse perigo seja real. Constata-se ao mesmo tempo em que se cria o contexto que justifique sua observação.
No íntimo, o AS sente que existe um prazo para o seu reino. Em nosso universo, a atuação das forças do AS estão restritas ao espaço-tempo e suas fases características (matéria e energia). E essas fases - assim como suas dimensões características - chegarão a um fim. Isto é, serão superadas. Isso apavora quem se identifica plenamente com sua natureza mais baixa, no nível humano, tornando-a uma criatura inconsciente à serviço do mal. Sabe que o tempo é seu meio e seu inimigo - pois ele permite a agressão mas ao mesmo tempo concorre para sua própria extinção, deixando como produto final apenas o que foi construído de substancial, na eternidade. O uso das coisas é um passo mais próximo para a extinção dos meios. Quem foca na eternidade não tem pressa. Porque,
"Tempo não é importante - apenas a vida é importante"
Cena de 'O Quinto Elemento' (1997, de Luc Besson)
Percebem? A verdadeira Arte - feita pelos verdadeiros artistas - aponta para uma verdade universal, profunda. Uma verdade resistente a mudanças de superfície, de forma. Uma verdade incompreendida em sua plenitude. Mas que se encaixa perfeitamente nas visões das grandes almas.
Vamos prestar atenção à frase que o alienígena (pacífico, evoluído, bom) profere ao entregar a chave:
"Tempo não é importante - apenas a vida é importante."
Segundo AGS, 'tempo' é a dimensão da forma energia, enquanto 'vida' está relacionada ao psiquismo - que aponta para o espírito.
No momento em que se estabelece a hierarquia entre tempo e vida, fica claro que numa situação extrema devemos focar em preservar o que realmente interessa, que é a vida (portadora do psiquismo), sem se preocupar com o tempo. Em outras palavras: morrer pelo absoluto garante a ascensão do ser, que morre mais cedo na matéria mas eleva em espírito seu nível, renascendo em formas mais elevadas, com maior liberdade para ditar os rumos de sua vida. Vida alinhada com a Lei.
Na vida o progredir ganha um aspecto muito diverso. Os ciclos são mais curtos. O nível é maior, ou seja, as estruturas, funções, interconexões e objetivos são mais complexos, exigindo uma rede de comunicação diversa. Em suma: no nível orgânico a individuação fica mais pronunciada. A distinção é mais forte, enriquecendo cada reino, cada filo, cada classe, cada ordem, família, gênero e espécie.
Na espécie humana - ápice da escala evolutiva orgânica do planeta - inicia-se uma jornada rumo à desmaterialização. A diversidade biológica (biodiversidade) é temperada por uma diversidade de perspectivas. Memória, projeção, ética, planejamento, análise, argumentação, estética e moral entram em cena. Brotam de uma base que dá as condições para se fazer algo a mais.
No ser humano surge a energia excedente. Ela possibilita o desenvolvimento do sistema nervoso a níveis muito distintos. As outras espécies ganham em quase todos aspectos da pobre criatura bípede despida de pêlos. No entanto, é no psiquismo incomum que reside a chave para o domínio em todos os campos. E para o início da percepção de si mesmo e da geração de perguntas como 'por quê?', 'para onde?', 'como?', 'quando'?, entre outras. O senso de justiça desperta, gerando uma contradição que acompanha o Homo sapiens desde a aurora da história. Compreendemos tão bem as definições; argumentamos eloquentemente; expressamos os anseios. E no entanto, nos afogamos numa ausência de vivência. É a batalha entre a natureza que nos acompanha por milhões de anos - herdada das outras espécies, como uma tocha que passa de mão em mão na jornada evolutiva - e a cultura que aponta para uma nova consciência.
O ser humano vêm surfando numa onda evolutiva que se iniciou há muito tempo neste planeta. Todos processos tem um início e um fim; todo entrelaçamento envolve uma união harmônica de ritmos; toda interação tem uma finalidade; todo ser expressa a vontade de ascender. Cada qual no seu nível. Tudo no universo é transformismo. O movimento reina e assume formas distintas:
- Na matéria a trajetória é fechada, circular, dando ideia de solidez;
- Nas formas dinâmicas a trajetória é ondulatória, com curvatura enorme que dá ideia de reta;
- No psiquismo a trajetória é retilínea, não-local, possibilitando a coordenação dos níveis abaixo.
Em todas elas um mesmo comportamento: evoluir. Com que finalidade? Retornar à perfeição. Isso significa extinguir-se como forma para se libertar das dimensões que dominam a forma.
Nesse momento vou pedir ao leitor para que avance apenas se leu e compreendeu o livro Queda e Salvação, de Pietro Ubaldi. Porque as observações feitas serão baseadas no diagrama dos dois triângulos invertidos do livro, juntamente com toda teoria desenvolvida pelo professor.
No diagrama gráfico que mostra toda a estrutura do Todo, com Sistema (S) e Anti-Sistema (AS) nos extremos, podemos perceber uma riqueza extraordinária: o diagrama é extremamente simples visualmente. Mas abarca praticamente todo o drama do nosso universo - e de todos universos que formam o multiverso.
Antes de mais nada, é preciso ter clareza: o AS engloba uma infinidade de universos, todos eles sendo:
a) trifásicos,
b) contíguos entre si;
c) em evolução contínua.
Outra observação de suma importância (para evitar desentendimentos e confusões): o sistema de universos contém 'mundos' que não são iguais em seu nível. Isso significa que cada universo possui uma tríade de dimensões distintas. De modo que enquanto em nosso universo existe matéria, energia e psiquismo; em outro menos evoluído haverá dimensões inferiores que não possibilitarão o surgimento do que nós conhecemos e denominamos vida; e em outros mais evoluídos não haverá espaço e tempo, sendo o progresso imaterial, de ordem psíquica e além, sem necessitar de um suporte orgânico.
Esses são pilares que devem balizar estudos futuros.
Os dois triângulos de Ubaldi representam o S e o AS. Logo, trata-se do diagrama mais amplo possível. O Céu (S) e a Terra (AS). O infinito e eterno - e o finito e temporário.
Daqui para frente é especulação da minha parte...(logo, não afirmo, mas levanto possibilidades)
Nosso mundo representa o ponto médio de evolução no cosmos.
Nosso universo representa o o ponto médio na escala evolutiva dos infinitos universos do multiverso.
Ou seja, nós humanos estamos na média da média. O ponto central. O ponto de virada. O ponto decisivo. O ponto de equilíbrio absoluto entre as forças do S e do AS. O ponto de tensão. O ponto decisivo...[1].
Motivos pelos quais acredito no que acabei de falar:
1º) O ser humano sempre teve a dúvida como elemento propulsor de decisões;
2º) Somos contraditórios: falamos o que queríamos fazer e agimos de modo a trazer arrependimentos;
3º) Uma decisão fácil observada no futuro se torna um dilema quando vivenciado no presente;
4º) Nossas culturas estão permeadas de práticas horríveis e atos angelicais;
5º) A mente humana é capaz de enumerar mil motivos para justificar um ato vil e outros mil para um ato bondoso;
6º) Nossas teorias científicas, crenças, narrativas e sistemas políticos parecem se sustentar num dualismo que impede a comunicação entre cada um;
E de 'onde' vem esse evolucionismo?
Explico um pouco sobre sua origem num ensaio anterior [2].
E qual a relação entre os tipos de evolução (ex.: genética e cultural)?
Explico essa questão aqui [3].
É preciso ter mastigado e digerido bem todos esses conceitos porque sem eles fica difícil estar na vibração requerida para julgar esses escritos. Compreender é palavra-chave. É através disso que se pode ponderar.
A figura abaixo situa em que nível (eixo vertical) estamos: A3.
O S é pleno no topo (linha vermelha), enquanto o AS é pleno na base (linha verde). Quando caímos, fomos do S ao AS. Ou melhor: criamos o AS. Mas este permanece 'dentro' do S, sob seu domínio. De forma que está havendo uma cura gradual do câncer que é o nosso universo (e todos os outros).
A cura da Lei não é a mesma que a cura aplicada pela medicina hodierna: enquanto esta tenta extrair, destruir ou limitar o tecido ou célula cancerígeno, a imanência de Deus reabsorve tudo. Isto é, em nosso universo, a matéria se espiritualiza. Pouco a pouco, seguindo um ritmo pré-estabelecido. Pois tudo que existe é substância divina, de modo que Sua destruição é impossível.
O triângulo vermelho representa a Lei, que é determinismo sábio que guia o ser.
O triângulo verde representa a liberdade desejada pela criatura, que torna a ascensão curva.
Para tudo não cair no caos completo, na fossa total do AS (=base) a Lei guiará o ser, evitando assim sua destruição. Ela irá balizar seu desenvolvimento.
Nesse ponto há outra observação que faço: os dois triângulos opostos são mais específicos ao homem, pois não tem sentido falar de livre-arbítrio em nível matéria ou energia, já que as formas físicas e dinâmicas obedecem a um férreo determinismo e não podem sair do mesmo. Logo, a base representa o nível mais elementar da vida (unicelular procarionte), enquanto o topo representa o nível mais avançado do ser (espírito puro).
O nível A2 representa o tipo involuído ou 'ogro', cuja luta é no nível físico e a sensibilidade é baixa e exige altas doses de estímulos para respostas; o nível A3 representa o nível predominante no presente, isto é, o administrador, o homem intelectual, culto, astuto, da ciência e da razão, que luta no terreno da argumentação, da economia e do psiquismo; o nível A4 representa o evoluído, super-homem do amanhã, que luta no campo das ideias e dos princípios.
A passagem e características de cada nível já foram explicadas anteriormente [4]. Quem deseja saber mais dos princípios, recomendo a leitura da parte inicial [5].
O conceito de queda do potencial relativo explicado pelo brilhante Gilson Freire em seu magistral volume Arquitetura Cósmica diz que todos caíram no mesmo abismo do AS - partimos do mesmo ponto. Porém, como cada queda foi diferente, o potencial de cada criatura (i.e. aceleração para retornar ao S) é distinta para cada classe (de espírito) e cada espírito. Ou seja, a queda de posição relativa que Ubaldi apresentou no volume O Sistema (sem dúvida um salto imenso) precisa ter uma pequena correção a título de mantermos a coerência de toda visão. É um pequeno ajuste que o Dr. Gilson Freire brilhantemente fez na Obra.
Como 'lemos' o diagrama após essas explicações?
Eu acredito que nós, neste universo ao atingirmos a plena consciência (consciência místico-unitária), teremos vencido o AS e retornado ao S. Quem está em universos inferiores (em que o tempo ainda inexiste, e mesmo o espaço abaixo), ao superá-los, estaria diante do desafio do nosso. Mas eu entendo que, como o S é uma estrutura hierárquica, a distância (evolução total) que cada criatura deve 'caminhar' (ascender) para retornar ao S é apenas a de seu universo. Ou seja, cada um vencendo em 'seu universo', retorna ao S em sua posição originária.
Todas essas questões não foram esclarecidas pela Obra. Estamos em tópicos avançadíssimos, pautado por questões de profundidade que atordoa a mente até de pessoas sensibilizadas a esses temas. Para o tipo comum tudo isso é inexistente (nem sequer considera futilidade ou loucura) porque ele não faz a menor noção do que se trata. Para o biótipo médio esse esforço está situado no inconcebível. No entanto, há pessoas já trabalhando nesse front. E creio que serão essas visões profundas que irão permitir à ciência progredir - e o ser humano se melhorar.
Apesar de todos essas tentativas de esboçar o que está além (do monismo ubaldiano), o mais importante é absorvermos os elevados conceitos já apresentados pelo apóstolo da Umbria, coordenando todos sistemas de crenças, correntes de pensamentos e teorias científicas (incluindo da coletividade humana) para construir o caminho da ascensão daqui para frente.
Na continuação da ideia gerada por esse texto irei continuar fazendo uma análise sistemática do diagrama gráfico S-AS, entrando em pormenores que explicam cada caso particular e a evolução do sentimento e do intelecto.
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