No ensaio anterior sobre o tema foi dado um panorama geral da matriz energética global. Relacionamos desenvolvimento, finalidade da vida humana, condições ideais para esse desenvolvimento e finalidade, e alguns detalhes pouco percebidos pelo público em geral. Assim foi dado um significado mais exato do que entende-se por sustentabilidade. O ponto mais importante é perceber que a criação de facetas do novo (que sustenta novo modo de vida) depende do velho (que polui e degrada). E que energia é a base do desenvolvimento humano, mesmo quando atinge-se um estado como o nosso, de bens e serviços menos físicos e mais digitais.
Agora é momento de, dadas as circunstâncias em que nos colocamos, vislumbrar alternativas para realizar essa transição - como indivíduo e como espécie. Tarefa titância a ser feita por todos muito em breve.
Como se sabe, a crise política e econômica é efeito da questão energética. E esta é um problema causado pela forma mental humana, que forjou uma lógica sistêmica inadequada a longo prazo. Uma lógica insustentável, que deve ser abandonada o quanto antes para não sermos varridos da face do planeta. A afirmação é grave porque a forma mental dominante é tão teimosa quanto ignorante.
Questões como essa deveriam ser pensadas e discutidas em grupos com afinco e responsabilidade. Isso geraria atitudes e ações coordenadas da sociedade. Com uma pitada de visão espiritual, o medo de coerções não seria capaz de abalar um povo que toma rumo de seu destino. Porque as pessoas saberiam que o que interessa não são as aparências nem o domínio das coisas, mas a essência e o controle de si mesmo. Um projeto comum nasce e as fileiras se avolumam (quantidade) e adensam (intensidade) naturalmente, criando assim uma massa crítica - e não amorfa.
É preciso matar o passado para fazer nascer o futuro. Por mais doloroso que seja. É assim que a natureza infra-humana opera. Ela destrói coisas magníficas sem piedade, porém reconstrói ainda mais belo e melhor, num ímpeto de criatividade e vitalidade incessante.
Nos habituamos a um modo de pensar que não dá resultados realmente úteis. Mas por ser a única maneira de concebermos as coisas, persistimos, variando os modos - mas jamais conseguindo alterar os princípios. Exemplo 1: o trabalho. Acreditamos que mais tempo num local específico, associado a um cansaço, sofrimento, é o que é trabalhar, gerar riqueza. No entanto, estudiosos e pessoas vêm percebendo de forma mais clara que isso não tem sentido. A riqueza é cada vez mais imaterial, sem vínculo ao seu "criador", e tanto mais beneficiará a todos quanto mais difundida for. Mas não apenas isso, mas também filtrada, assimilada, trabalhada e expandida.
Para o evoluído, muitas coisas que ocorrem hoje em dia não tem sentido. Exemplo 2: alimentação. Tem sentido privar pessoas de alimentação saudável porque elas não tem dinheiro e/ou estão desempregadas? Qual o ganho econômico disso? Ter de sustentar massas de miseráveis, que podem difundir doenças, que podem se revoltar, que não conseguem contribuir para o coletivo porque precisam apenas sobreviver em meio à barbárie de uma vida de perseguição, exclusão, humilhação...As condições econômicas não gerariam empobrecimento real de ninguém para dar dignidade aos desabrigados, aos refugiados, aos famintos, aos doentes, aos privados de um mínimo de instrução.
Uma sociedade incapaz de recompensar trabalho de verdade e ainda não gerar empregos em quantidade suficiente não tem o direito de associar aquisição de bens básicos com emprego ou posses. Devemos redefinir o significado de trabalho e aprofundar o significado de riqueza. Devemos saber consumir para não poluir - a alma e o ambiente. Devemos nos desgastar fisicamente pelas coisas que constroem valores eternos. Nada mais, nada menos.
A energia é uma questão fundamental para o desenvolvimento da humanidade, como percebemos. E dada a nossa situação, seremos forçados pelas circunstâncias da história (que nós mesmos buscamos nos colocar) a realizar feitos inimagináveis. Faremos milagres. Ou melhor, o que antes era encarado como inviável e inaceitável, será colocado como meta e buscado com disciplina e criatividade. É uma questão de sobrevivência não apenas da pessoa, mas de espírito. O despertar de uma consciência latente, de profundidade (intuição), que é sábia e guia a consciência de superfície (razão), que executa. A execução será tanto mais efetiva quanto mais for permitido à intuição coordenar o processo.
Vamos voltar às bases concretas.
Um artigo muito bom explica em linhas gerais os porquês de não podermos depositar nossas esperanças no que as propagandas falam [1]. Ele começa enumerando os diversos materiais que são a base de nosso modo de vida, e desnuda a situação de cada um deles. De forma resumida:
1. Concreto. Usado para construir casas, estradas, pontes, represas, etc. Para obtê-lo, precisamos fazer mineração de giz, calcário e argila. Depois, aquecê-los a 1450 °C, que é feito usando gás natural ou carvão (muita energia!). Com renováveis não conseguimos atingir essas temperaturas. Esse é o vínculo forte que dá primazia aos combustíveis fósseis. Eles são essenciais ao modo de vida atual.
A areia - que é base do concreto - também é um recurso não-renovável. E cada vez mais escasso. Inclusive sua extração desmedida e desesperada vêm causando problemas sérios de erosão do solo por todo mundo. Há documentários que tratam especificamente o tema (busquem e encontrarão, agora não me recordo).
E o concreto não é um material durável. Observe o quão caducáveis são nossas construções. Ou seja, o ritmo de extração, produção e construção deve ser muito intenso, piorando ainda mais a situação energética da humanidade.
2. Ferro e aço. Outro elemento basilar. Todo maquinário de produção, veículos e prédios grandes. Painéis solares e baterias também dependem de aço (a quantidade de aço nelas é relativamente grande). Vincula-se assim fontes renováveis com aço, que por sua vez demanda alta quantidade de calor (=energia) para ser produzido, o que significa alguma fonte fóssil. São 1538 °C para derreter e formar a liga.
A produção de hidrogênio (H2) é muito ineficiente em termos energéticos. Resistência elétrica? Poderia ser gerada essa temperatura por ela, sim. Mas seriam necessários muitos (muitos, muitos) painéis solares ou espelhos solares. Além disso, eles fornecem energia de modo intermitente. E o carvão, apesar de aquecer, libera impurezas. Esse processo poderia ser melhorado, mas sempre à custa de mais energia - o que é cada vez mais difícil num futuro próximo.
3. Outros materiais. Problemas semelhantes surgem quando observamos vidro, cerâmica e fertilizantes agrícolas. A metalurgia e a química também dependem de altas temperaturas para seus produtos. Calor de uma fonte estável. Porque se a fonte for intermitente (baseada em renováveis), o fluxo de energia para e volta, para e volta, em ciclos, e com isso o material sendo produzido (viga, barra, produto químico, etc.) irá entupir as tubulações ou solidificar nas chaminés, estragando toda infraestrutura. Seria necessária reprojetar e reconstruir toda infraestrutura industrial do planeta.
"Meu Deus!", você pode estar pensando. "Vamos morrer!?". Não, meu amigo. Apenas teremos de nos adaptar gradativamente a um novo modo de vida. Será preciso matar seu eu consumidor, acumulador, de aparências, centrado numa vida de propaganda de margarina. Você mata seu eu inferior e desperta aos poucos seu Eu superior. Você consegue. Eu consigo. Nós conseguimos. Basta aceitar a realidade.
4. Produtos derivados do petróleo. Esse produto é uma fonte de energia mas também um material. Se tornou a base de muitas roupas e equipamentos e coisas que armazenam alimentos e bebidas e etc. Polímeros que permeiam muitas das maravilhas modernas também estão no rol dos recursos finitos.
Nesse ponto você e eu ganhamos uma certa maturidade acerca do tema. É claro que devemos nos informar melhor sobre certos detalhes. Mas a visão geral está aí, dada, baseada em vozes sérias e competentes que se preocupam com a vida nesse planeta.
Precisamos nos relacionar com os objetos de maneira distinta. E igualmente com as pessoas. É preciso conceber novas formas de trocas. É preciso compartilhar aquilo que não tem sentido exibir ou armazenar. É preciso usar muito bem cada item, dando valor além de sua materialidade limitada. É preciso ganhar estofo psicológico para viver uma rotina menos dependente de coisas que não estarão aí por muito tempo - isso inclusive vale para pessoas.
Temos muito a aprender com esse decréscimo energético e material. É a oportunidade de começarmos a pensar numa nova civilização, cujo foco será muito mais o progresso da espiritualidade do que do bem-estar.
Segundo a fonte consultada (ver referência), estamos no pico da civilização humana como um todo: jamais houve uma oferta tão grande de recursos, energia, produtos, comodidades e possibilidades. E jamais haverá. Antes era escasso - depois também será. Mas entre o antes medieval e o depois futurista, há a possibilidade de um despertar presente. Um despertar que extraia o melhor das condições, usando tudo possível para melhorar o espírito. Ganhar experiência de vida, saberes, intuições, habilidades, aprendizado, para sedimentar na consciência de profundidade.
Agora é momento de semear uma visão monista do todo. O que não será destruído é aquilo que tem valor substancial. Aquilo que pode ser "levado" consigo nas inúmeras idas e vindas. É preciso construir algo que vá sobreviver a essa transição. Algo que não dependa de cadeias de produção, grandes quantidades de energia, de tecnologia hiper-sofisticada. Essa é a única construção que vale a pena nos dias atuais.
Agora vamos aos termos concretos: o que você e eu podemos fazer?
Primeiro, é preciso ter plena consciência do que tudo isso significa. Qual será nossa orientação de vida daqui para a frente? Quais as prioridades? Qual os planos de longo prazo? (10, 20, 30, 40 anos) Em que habilidades investir? Como mudar a forma mental para viver de modo menos dependente de eletrônicos, com menos acesso a transportes, com menor variedade de serviços e bens?
Segundo, é precisamos usar nossos empregos bem. Como assim? Devemos poupar o que for possível e comprar o que é útil. Investir em novas habilidades, adquirir conhecimentos, desenvolver uma percepção mais apurada sobre a realidade - em todas suas dimensões. E, claro, aproveitar de modo equilibrado as benesses de nossos dias (para quem as tem).
Poucas são as pessoas que possuem uma vida privilegiada, com tempo e recursos. Não me refiro a super-ricos, mas a pessoas cujas vidas possuem uma configuração que lhes dê tempo para pensar, para pesquisar, para o lazer, para planejar coisas de seu interesse, para caminhar, para fazer compras, para meditar, para orar, para se exercitar, para consultar seu médico, para cuidar de sua higiene adequadamente, para cultivar amizades, para realizar estudos, para ler, para ouvir música, para fazer amor, para viajar, para conversar, par debater, para ousar. São poucos, mas existem. Em larga medida essas condições são resultado de uma construção que perpassa vidas. Vem como uma recompensa por um esforço de planejamento e execução, que forja um microcosmo dentro do meio (uma bolha boa) cheia de possibilidades. Isso deve ser aproveitado ao máximo. Deve-se descobrir como aproveitar essas condições.
As pessoas que construíram seu meio são seres relativamente isolados. Num mar de criaturas que se deixam levar pela força do número (quantidade), das opiniões e das aparências, elas se destacam por sua singularidade. Pela sua graça e coragem. Pela sua inteligência distinta - mais intuitiva do que racional, porém também esta. Suas rotinas são mais flexíveis e livres. Seus gastos, mais orientados. Seu vigor, maior. Sua criatividade, crescente. Suas experiências, diversificadas apesar de simples: elas não requerem grandes barulhos, muitas pessoas, locais distantes para conseguirem ter uma nova percepção do cosmos. São, a meu ver, núcleos embrionários de indivíduos que deverão compor uma nova civilização. São de muitos tipos (extremamente diferenciados, mesmo entre si), porém apresentam características em comuns. Características essas que devem ser os pilares de uma nova civilização.
Como seria uma civilização ecológica? Uma fonte pode nos dar algumas pistas de seus princípios [3]. Vamos mostrar como eles coincidem com as diretrizes apontadas por Sua Voz na Grande Síntese.
1. DIVERSIFICADA= "A system’s health depends on differentiation and integration."O princípio da diferenciação (1º momento) para posterior reorganização, com integração (2º momento) está muito claro em AGS. De fato, o pensamento sistêmico nos revela que a resiliência está intimamente relacionada com a diversidade.
O equilíbrio é outra Lei universal, bem destacada em AGS. Não há nada (nada) isolado no Universo. Nem indivíduo, nem fenômeno, nem coisa, nem ideia, nem coletividade. Tudo possui uma relação com o todo. Uma relação dinâmica que aponta para uma progressividade, rumo a uma meta (destino). Um regresso a um não-local, atemporal, no Absoluto. Tem relação com o aspecto dualista do cosmo, que aponta para polaridades que interagem continuamente, em todos os níveis, de todas as formas, a todo momento, co-evoluindo.
A hierarquia é natural e uma característica sistêmica. O que está em cima é como o que está em baixo, e vice-versa, já dizia um dos sete princípios herméticos. Sua Voz deixa isso cristalino, e explica cientificamente, com a linguagem moderna seu significado: trata-se de uma organização fractal, em que o pequeno reflete e depende do todo - e o todo expressa os pequenos e depende deles também. Logo, todos seres devem ter o necessário para cumprir sua função.
A realimentação implica que há uma comunicação saudável entre as partes. Isso requer compreensão e interação (profunda) contínua. Ela viabiliza o caráter cíclico de uma civilização, que assim passa a seguir o fluxo dos movimentos fenomênicos. Esses movimentos são constituídos de: ciclos, oscilação e progressão. É a trajetória evolutiva em nosso Universo. É geral, e portanto uma civilização só se beneficiaria ao se alinhar a esse princípio.
Subsidiarização é uma aspecto de solidariedade. Pois num sistema verdadeiro, tudo é orgânico e portanto há necessidade de auxílio constante. Assim que a parte mais saudável percebe que outra parte está com algum problema, ela se apressa em socorrê-la. Algo bem diferente da lógica do mundo presente. Mas no entanto não há saída para nossos problemas se não adotarmos essa filosofia de vida.
A simbiose ocorre quando ambas as partes são beneficiadas com uma interação. Não precisa ser na mesma moeda, quantidade ou imediata. Mas deve ser uma retribuição de mesma qualidade. Isso aponta para substância. Construindo relações simbióticas estaremos reproduzindo um dos aspectos da Lei de Deus. Reproduzindo esse aspecto, estaremos nos alinhando. Nos alinhando, evitaremos contratempos - a Lei não precisara atuar para nos corrigir, e a dor diminuirá. Simples, certo? A implementação é que é (ainda) difícil, penosa.
Por quê? Porque ainda não percebemos a vantagem que isso nos trará.
No livro The Limits of Growth (1972) foram simulados vários cenários possíveis para nosso século. Trago aqui um deles em forma gráfica.
Perceba que estamos chegando num ponto de máximo, com consequente queda. As dinâmicas se interrelacionam - as variáveis se afetam. A disponibilidade de alimento (per capita) diminui, assim como a produção industrial. Isso afetará o modo de vida de todos. Uma configuração social mais avançada precisará ser implementada se quisermos construir algo melhor nos futuros séculos e milênios. E pode ter certeza, meu amigo, que para isso se dar será necessário abraçar o aspecto mais abstrato, mais espiritual, mais singelo, da existência. Porque na verdade, o que é visto pelo involuído como abstrato é a realidade mais concreta que existe - e a concretude de hoje é apenas um efeito final de uma forma mental situada no plano hiperpsíquico.
Perceba que a poluição também irá diminuir -forçosamente, pois sem recursos naturais não há produtos industrializados (ao menos não na quantidade que muitos fantasiam). E sem essa saída industrial a poluição cai. É aprender por força das circunstâncias (via dor, como Ubaldi nos mostrou).
Uma outra figura nos dá ideia de como reduzir a pegada ecológica está abaixo.
Sim, meu amigo, é sobretudo uma questão demográfica: se quisermos manter um nível de vida aceitável para tudo e todos, é imperativo ter uma mentalidade de que devemos ser naturalmente mais controlados em termos de natalidade.
Qual é o maior impacto para o clima no planeta Terra? São os carros? São os aviões? As indústrias? As termelétricas? As centrais nucleares? A dieta da carne? Na verdade o que gera cada mal em cada campo é o ser humano - dado seu atual nível de consciência. Por isso ter um filho a menos é o que causará maior impacto para melhorar as condições climáticas em nosso planeta. Nossa inconsciência nos torna a gênese de nossos males, que se manifestam em várias facetas (todos itens abaixo do primeiro).
Calma, meu amigo. Não estou pedindo para você se suicidar ou rezar pela guerra ou uma catástrofe sanitária ou qualquer coisa do tipo. Estou apenas apontando que devemos adquirir uma mentalidade mais madura da realidade. Não significa não ter filhos, mas tê-los dentro de suas capacidades de criá-los (e da sociedade albergá-los); significa ter filhos pensando que vocês deverão trabalhá-los, passando valores eternos e substanciais, que os tornem cidadãos do Universo; significa perceber que a finalidade última da vida não é se reproduzir o máximo possível (mesmo que as condições permitam) nem comer o máximo e conquistar posses, mas evoluir - coisa que eu já expliquei o que é no ensaio anterior.
O colapso é algo iminente, porém é um processo. Sendo um processo, temos um certo tempo para irmos nos adequando à nova realidade. Ao longo de nossas vidas - e da vida de nossos filhos - muitas mudanças deverão ocorrer. São tendências, não certezas. Porém, muito prováveis.
Um erro que NÃO deve ser repetido nos próximos séculos e milênios e além é vincular o sistema financeiro à economia real. Quando recompensamos com riqueza uma atividade que não gera riqueza, estamos distorcendo coisas. Comprar e vender ações não é algo produtivo e não deveria enriquecer.
Você pode dizer que a pessoa está tendo um trabalho imenso ao estudar, gastar tempo e recursos para saber quando vender e quando comprar; que ações comprar e vender; em que quantidade e etc. De fato, dá muito trabalho fazer day trade de forma a viver dele. Mas isso não significa que a atividade seja socialmente útil. É apenas individualmente útil - às custas de uma dívida que se coletiviza e será paga no futuro pela sociedade como um todo. Sendo assim, até mesmo o indivíduo está se endividando - uma vez que terá uma parcela do débito coletivo.
Não entrarei em detalhes porque o ensaio se alongaria demais. No entanto, convido você, meu amigo, a estudar as relações e a dinâmica disso que foi dito mais à fundo. Chegarás à conclusão de que se trata de uma atividade insustentável.
Essa cisão entre economia real e finanças virtuais ocasionará uma ruptura do sistema econômico. O preço do alimento será maior, e o desemprego irá explodir para níveis ainda maiores do que os atuais. Com isso a população irá diminuir - é o que digo, ou fazemos o certo por bem, ou por mal...
Com os recursos minguando rapidamente (minérios e fontes de energia), o que temos de infraestrutura (pontes, túneis, fábricas, casas, apartamentos, praças, pontes, rede elétrica, etc.) irá deixar de ser substituída. Uma lenta deterioração de nossas construções ocorrerá. A manutenção será cada vez mais cara até o ponto em que ficará inviável qualquer reparo. Mais apagões ocorrerão devido à não-manutenção (sim, meu amigo, a rede elétrica, para transmitir, precisa de materiais, que para serem colocados e produzidos dependem de energia...).
A partir de 2030 ou 2040 teremos de buscar independência da rede de energia. Será cada vez mais comum pessoas esquematizarem pequenos aerogeradores domésticos, baterias. Quem puder irá aproveitar água das chuvas e pequenas quedas d'água. Não terá muito mais sentido consumir muito de internet - as pessoas não terão tempo para navegar nas redes sociais. Os eletrônicos deverão ser parte cada vez menor em nossas vidas (por realidade social e condições materiais). Um futuro pouco tecnológico. Para alguns é a morte. Para outros, a oportunidade de despertar mais...
Noah Yuval Harari irá se decepcionar ao perceber que a humanidade não encontrou uma fonte milagrosa para continuar se perpetuando nos moldes hodiernos. Em seu livro Sapiens, ele destacou que provavelmente a humanidade encontrará alguma maneira de obter mais energia e recursos. Afirmava assim, tranquilamente, baseado nos saltos históricos dos últimos século e milênios. Viu as coisas como lineares.
Guerras grandes serão inviáveis por falta de materiais e recursos. Sem energia não há destruição via guerra. Sem manutenção não há ataques grandes, coordenados e vigorosos. Ponto para a Lei.
A biodiversidade irá minguar em latitudes equatoriais. Em outras também, mas o maior impacto será sentido na região do equador.
A natalidade minguará por opção de não ter filhos (ou ter menos) mais do que por mortes - quem irá querer se reproduzir sem renda fixa ou condições adequadas? Haverá muito trabalho a ser feito para manter a vida.
Deverão surgir comunidades que se baseiam em energia dos ventos e solar. Tudo deve ser local e orgânico. Agricultura de larga escala, impossível. Poucos eletrônicos. Pouca internet. Será um tempo mais natureba. As pessoas deverão saber ocupar o corpo e a mente e o espírito de forma criativa. Ponto para a Lei.
As pessoas serão forçadas a se distraírem com coisas que outrora ignoravam. Quem sabe nos poucos momentos de acesso que tenham encontrem uma série de ensaios que apontem para diretrizes de uma nova civilização. Um espaço virtual que já estava colocando os alertas, as diretrizes, os princípios gerais do ser e do cosmos. Quem sabe...
Após a metade desse século é difícil saber exatamente o que acontecerá. Convido o leitor a ler a referência principal, que faz uma previsão para os próximos milênios, em linhas gerais.
De tudo isso o que mais me interessa é extrair os aprendizados que possam nos levar a uma nova civilização. Centrada no espírito. Isto é, com uma consciência mais profunda dos fenômenos. Que saiba da fenomenologia universal e que se importe em compreendê-la cada vez mais à fundo. Que aplique em seu quotidiano os grandes princípios diretivos da vida. Que seja moral sem aparentar. Que seja amorosa sem forçar. Que seja eficiente na raíz. Que seja evoluída nas atitudes e nos atos. Que seja criativa nas combinações e superações. Que seja verdadeiramente nova.
Quem sabe...
Luiz Marques deu uma aula que mostra o que ocorrerá e o que podemos fazer para a transição ser mais suave.
Referências:
B. True sustainability - part 2. Link:<https://thehonestsorcerer.medium.com/true-sustainability-part-2-d275e7c9be6b>
JEREMY, Lent. Whats doe's an Ecologycal CIvilization Looks Like? 16 Fev, 2021. Link: <https://www.yesmagazine.org/issue/ecological-civilization/2021/02/16/what-does-ecological-civilization-look-like>
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