Li
numa crítica de Sérgio domingues que "Um filme falado'' afirma
a sabedoria das palavras. Num mundo cada vez mais governado pelas
ações rápidas e práticas, o filme do Manoel de Oliveira pode
parecer fora de moda e sem novidade alguma. Grande engano, grande
engano...
Rosa Maria (Leonor Silveira) e sua filha Maria Joana
(Filipa de Almeida) partem num cruzeiro marítimo, cujo ponto de
partida é Lisboa. Rosa é professora de História e irá visitar seu
marido que está a serviço na Índia.
Desde o início do filme já é possível deduzir que os próximos minutos serão uma breve lição de História e civilização. As perguntas incessantes de Maria para sua mãe demonstram uma sede pelo conhecimento, algo que a maioria de nós parece perder quando nos tornamos adultos, variando criaturas preocupadas em excesso com praticidade e rendimento. A mãe vai explicando com paciência e amor cada monumento visto no caminho.
De início parece que o diretor quis imprimir uma visão eurocêntrica do mundo. Outro engano. Na verdade podemos observar que a história, paralelamente às explicações de mãe para filha, vai sofrendo uma ''abertura'' com o passar do tempo. Primeiro, uma idéia de saudosismo dos séculos em que Portugal dominava o mundo e explorava suas colônias a partir do envio de seus marinheiros para as novas terras; depois a idéia de que antes dos gregos não havia nenhum tipo de civilização que merecesse ser designada por esse termo; logo após o Egito, onde Rosa explica para a filha que as pirâmides custaram muitas vidas humanas para serem construídas.
Desde o início do filme já é possível deduzir que os próximos minutos serão uma breve lição de História e civilização. As perguntas incessantes de Maria para sua mãe demonstram uma sede pelo conhecimento, algo que a maioria de nós parece perder quando nos tornamos adultos, variando criaturas preocupadas em excesso com praticidade e rendimento. A mãe vai explicando com paciência e amor cada monumento visto no caminho.
De início parece que o diretor quis imprimir uma visão eurocêntrica do mundo. Outro engano. Na verdade podemos observar que a história, paralelamente às explicações de mãe para filha, vai sofrendo uma ''abertura'' com o passar do tempo. Primeiro, uma idéia de saudosismo dos séculos em que Portugal dominava o mundo e explorava suas colônias a partir do envio de seus marinheiros para as novas terras; depois a idéia de que antes dos gregos não havia nenhum tipo de civilização que merecesse ser designada por esse termo; logo após o Egito, onde Rosa explica para a filha que as pirâmides custaram muitas vidas humanas para serem construídas.
A curiosidade da menina é o motor que mantêm a conversa, e junto com esta a verdade começa a aparecer, devagar, bem devagar, para ser digerida tanto pela menina quanto pelos espectadores.
O jantar é o momento de máxima expressão de toda a idéia que vinha sendo ''trabalhada'' entre a mulher e sua menina.
O capitão norte-americano (John Malkovitch) está sentado junto com três senhoras de diferentes nacionalidades, pessoas famosas. Uma italiana (Stefania Sandrelli), uma francesa (Catherine Deneuve) e uma grega (Irene Papas). Juntos conversam sobre a vida, os povos, os amores, frustrações, e visão de mundo. Cada um fala sua língua mas todos se entendem perfeitamente. E o papel de capitão não é dado por acaso a um norte-americano - basta relacionar dirigir o navio com controlar o mundo. No entanto, o ambiente é de diálogo e compreensão. A historiadora se junta a eles, convidada pelo capitão, que fala um pouco de português. Sua filha também.
O aparecimento de Rosa na mesa pode significar a inserção de Portugal no mundo atual. O clima de pluralidade continua, mas há uma falha de comunicação entre a grega e a portuguesa, pois esta fala todas línguas presentes exceto o grego enquanto aquela não compreende o português. Passa se a falar a linguagem comum a todos, o inglês. A fala fica mais pobre. Mas as idéias e questionamentos a respeito do estado atual das coisas não param de vir à tona.
"Um filme falado'' vai contra a massificação dos dias atuais. Ele questiona a falta de compreensão entre os povos. Sua forma é tão importante quanto seu conteúdo. Ambos andam de mãos dadas.
A cena final talvez seja um alerta para todos nós. Quem planta a bomba não é necessariamente quem o faz fisicamente, e sim os líderes mundiais que criam um terreno fértil para a proliferação do ódio e violência, impondo suas culturas e modo de vida mundo afora, sem desejo de dialogar, de falar...
Trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=Y6dMwakX2H4
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