Estou
lendo meu 16o livro de Ubaldi. Com sua finalização completo 2/3 de
sua Obra (são 24 volumes). E cada parágrafo lido traz em si um
conjunto de palavras reveladoras. Associando cada momento – bom e
ruim – de minha vida posso sentir a mais profunda verdade expressa
de forma sublime.
São
páginas e páginas. Aparentemente repetitivas à primeira vista. Mas
o autor justifica numa de suas obras. Escreve daquela forma de
propósito. Apenas quem estiver preparado para suas palavras chegarão
até o seu real significado. Isso é aparentemente arrogante e
elitista. Mas quantos casos há de gente mal-intencionada que se
apropriou de bela prosa usando uma experiência vivida intensamente
para criar uma seita visando escravizar ao invés de libertar?
Nosso
mundo ainda não está preparado para conversar à fundo sobre
questões tão delicadas. Essa é uma verdade que só se intensifica
à medida que os anos passam. Cada fragmento de conversa que ouço ao
caminhar confirma algo. O conjunto forma um moscaico da sociedade. Um
quadro que mesmo sem investigar as minúcias analíticas revela uma
visão sintética. E quanto maior a percepção, maior a decepção.
Mas ao mesmo tempo, a paciência com o mundo aumenta. Compreende-se o
estágio evolutivo atual e aceita-se a realidade. Qualquer problema,
qualquer mal, qualquer sentimento sufocante que invada minha mente é
cada vez menos extravasado. A paciência com o mundo aumenta, mas
inicia-se uma batalha contra seu egoísmo e vaidade.
Existem
problemas que só nós podemos resolver. Como dizem, é nosso
problema. Eu descobri que tenho muitos defeitos a resolver. Mais
interessante: a Lei aplica seus golpes em nossos pontos mais fracos,
para que melhoremos nosso calcanhar de Aquiles. Por isso a vida é
dor. Mas é justo. Nossa maior vulnerabilidade reside em nossas
fraquezas morais. O que dói hoje abranda amanhã.
A dor bem
aceita e bem trabalhada de hoje pode se tornar a alegria celestial de
amanhã. Uma alegria cada vez menos dependente da escravidão
horizontal na qual nós nos encontramos – até o pescoço...
Mas o
caminho é longo e árduo. As pessoas ainda tem dificuldade em
compreender que “o tempo que você gosta de perder não é tempo
perdido”. Tudo deve ter uma vantagem utilitária. No entanto, o
utilitarismo tem banda larga. Traduzindo: quanto mais SENTIRMOS e
PERCEBEMOS a riqueza de pessoas, assuntos e atividades “insossas”,
mais facilidade teremos para ascender (e acender!).
Em nosso
mundo veloz, utilitário e com pouco tempo para assuntos
(aparentemente) vazios e distantes, nenhuma pessoa vê sentido em
dedicar horas e horas em algo tão incerto. É lógico de acordo com
as leis da vida, que necessita se ater às férreas necessidades do
mundo, que bombardeia constantemente com propagandas e exigências e
ameaças e coisas do tipo. O problema é estarmos excessivamente
mergulhados numa realidade que em si nada oferece.
Quando um
ciclo se exaure deve-se começar outro. É Lei biológica. Vale para
a sociedade. Vale para o indivíduo.
Tentamos
realizar ascensões em alguns aspectos de nossa vida. Tomamos
decisões e atitudes ousadas. Somos bombardeados e incompreendidos.
Sofremos. Depois repomos as energias. Continuamos, persistindo. Nos
desgastamos diariamente numa tentativa romântica de mostrar que tudo
pode ser melhor. De várias formas. No agir, no pensar e no
expressar. Fracassamos. Continuamos. Fracassamos. Mas percebendo a
vacuidade de todos outros caminhos já tentados ou em tentativa,
continuamos. E a reação é semelhante...Mas nesse percurso
percebemos que algumas coisas começam a mudar. Não sabemos o
porquê. Podem haver várias razões, mas sentimos que algo começa a
parecer diferente. Mudanças pequenas. Mudanças discretas. Mudanças
substanciais. Eis o mais incrível! O tratamento, os olhares, mesmo
que envergonhados, revelam algo de muito profundo. Ganha-se espaço
em certas conversas. O respeito que parecia impossível emerge. O
olhar do outro é mais atento. Você passa a ter voz.
Eis que
tudo melhora na substância. Muito pouco, mas definitivamente. Mas a
evolução é eterna. A felicidade dura enquanto o novo estado
estiver se consolidando. Depois, um novo golpe. Mais duro, mais
inesperado.
Antes de
nos voltarmos para o mundo devemos nos voltarmos para nosso Eu.
Questioná-lo incessantemente até seu esgotamento. Só depois
podemos partir para a atuação. Devemos estar íntegros para
dialogarmos com a vida exterior. Caso contrário estaremos
prejudicando a nós mesmos e (pior) aos outros por não termos nada a
lhes demonstrar e nenhuma alternativa para os problemas atuais.
Uma
ascensão oscilante composta de dores e alegrias. É assim que
caminha a humanidade. O regime estacionário dura o necessário para
nos recompormos e nos prepararmos.
Aquilo
que julgamos inútil na tranquilidade pode ser o único meio de
ascensão. Cada um deve buscar os seus meios para lidar com o mundo.
Essa é a
busca dolorosa e eterna.
Dor-alegria-dor-alegria-....
Uma
cadeia que ascende.
Dores
cada vez mais refinadas e alegrias cada vez mais independentes.
Devemos
nos esgotar antes de lançarmos qualquer palavra contra o outro.
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