terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

DIVERSIDADE E MUDANÇA: ALICERCES DA ESTABILIDADE ESPIRITUAL

Existem momentos em nossas vidas que são muito difíceis de serem aceitos e/ou vividos de modo estável. A tendência de nos inclinarmos para um extremo é fácil quando nos impõem um outro extremo, de mesma intensidade e sentido oposto. Um caso clássico seria a quantidade de horas nas quais um indivíduo é obrigado a ficar preso num ambiente institucionalizado para satisfazer necessidades mercadológicas e (infelizmente) de subsistência. Como reação, a grande maioria das pessoas tende, quando chegam as férias, feriados – ou mesmo fins de semana – a cometer abusos para “compensar” o excesso de estresse acumulado – inutilmente – ao longo das semanas. Mas o sistema só ganha com essa reação. E assim realimentamos um ciclo de destruição interior cujo inimigo está pulverizado nas mentes e sonhos de muitos e muitas. No entanto, existem alternativas para fugir pela tangente dessa (e de inúmeras outras) loucura, e consequentemente se libertar – mesmo que por algum tempo – do campo de gravidade mercadológico-materialista.

Eu gostaria de falar brevemente sobre duas características INTRÍNSECAS de toda sociedade e ser humano que podem ser usadas como ponto de apoio para qualquer pessoa sair desse grande oceano de areia movediça que nos sufoca intermitentemente. Essas características se aplicam a todo tipo de gente, independente de sua crença ou etnia ou classe social ou profissão ou saúde ou ideologia ou etc, de forma que se tratam de dois aliados importantes, intangíveis (mas poderosos!), sempre presentes, sempre aplicáveis. Trata-se da DIVERSIDADE e da MUDANÇA.

Uma das características mais impressionantes do ser humano é sua capacidade de fazer uso da diversidade, ou melhor, reconhecê-la, para buscar construir novas relações, descobrir novos lugares, desenvolver habilidades latentes e encontrar paz interior.

Mas o que significa isso exatamente?

Imagine-se que você está numa escola, e o grupo de pessoas mais próximas a você não permitem que sua pessoa desenvolva suas capacidades plenamente. Isso pode se dar por falta de AFINIDADE em assuntos, modos de se expressar, modo de perceber os acontecimentos do mundo. Etc. Então, para se manter recolhido e com a mente sã simultaneamente, é necessário perceber que as pessoas e grupos no mundo são muito diversos, e com certeza existem pessoas com mesmas inclinações fundamentais que você. E os modos de escutar e falar se encaixam de forma muito mais harmoniosa. Portanto, sabendo disso, é recomendável que a pessoa procure em seu tempo livre se inserir em outros ambientes, de forma que a PROBABILIDADE de encontrar pessoas DIFERENTES seja mais alta.


O ato de frequentar ambientes diferentes – ou um mesmo ambiente que tenha uma circulação de pessoas com diferentes modos de vida – é saudável para qualquer indivíduo. Abre sua mente. Tranquiliza sua mente. Corrói preconceitos. Derruba muros e leva a novas formas de manifestação. É possível encontrar liberdade para falar de várias ideias que em certos lugares são malvistas. E essa diversidade sempre irá existir em nossa sociedade. Ou melhor, a individualidade de cada ser sempre será própria apenas dele. E nada melhor do que aproveitar esse mundo multifacetado para SE ENCONTRAR encontrando outros.

Outra particularidade intrínseca de nosso mundo é a dinamicidade dos seres humanos. Ela é a mudança constante de nós mesmos e das sociedades. Mudança de conceitos e costumes e hábitos.

Nós humanos, diferentemente das outras espécies desse planeta, não fomos programados para agir de determinada forma sempre. Estamos em constante processo de metamorfose – mesmo que nossos costumes ainda sejam muito primitivos em termos morais.

Se voltarmos três séculos, a sociedade humana tinha costumes absolutamente diferentes dos atuais. As famílias, a criação dos filhos, o modo de obtenção de alimentos, as relações, etc. Mas os animais continuam a agir do mesmo modo.

Se voltarmos mil, dois mil, dez mil anos, observaremos na espécie humana sociedades completamente diferente em cada época, com modos de produção diferente, ocupações privadas diferentes e valores diferentes (entre ouras coisas). Isso não se dá com as formigas, os cães, os bovinos, os peixes, as aves, os gatos, os pernilongos,...Eles sempre agiram da mesma forma. Se relacionam, interagem, buscam alimento, se comportam como sempre fizeram. Não existe uma diferenciação histórica. Não existe uma construção. São seres que aparentemente já vem “programados” para executar suas tarefas. E não nego que muitos fazem de forma impecável e perfeita. De um modo que um ser humano jamais será capaz de reproduzir com todo seu conhecimento. Mas é estático.

Agora – e mais fascinante em nossa espécie – é essa capacidade de nos metamorfosearmos continuamente ao longo das eras, nos moldando. Tudo em busca de uma maior liberdade. Da felicidade. Do auto-conhecimento. E isso ocorre em nível individual. Uma pessoa pode (deve!) se metamorfosear durante sua vida terrena. E com isso ocorre o milagre de encontrarmos uma outra pessoa na mesma pessoa (!). Basta darmos alguns anos preenchidos de experiências (boas e ruins).

Saber que as pessoas mudam é reconfortante porque isso permite uma renovação da esperança. Aquele que jamais seria seu amigo agora pode se tornar. Porque ele mudou. Porque você mudou. Porque ambos mudaram de modo que estabeleceu-se uma proximidade de ideias e sentimentos com tamanha afinidade que a amizade se inicia naturalmente.

Se uma pessoa tiver consciência da DIVERSIDADE e da MUDANÇA em sua vida e na vida das pessoas ao seu redor, e souber fazer uso da sua liberdade sabiamente, há boas chances dessa pessoa se encontrar e – quem sabe – um dia poder arranjar uma ocupação que a permita fazer as coisas NO SEU RITMO, DO SEU JEITO, EM PROL DAQUELES QUE MAIS PRECISAM, sem precisar passar por privações materiais. E também encontrar alguém especial para caminhar ao longo dessa longa e árdua estrada rumo à perfeição espiritual.

Eis os dois fenômenos apresentados.

Resta reconhecê-los e fazer uso sábio dos mesmos.

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