sexta-feira, 31 de maio de 2019

Inversão e diferenciação

Desdobramentos da Teoria da Queda de Ubaldi:

Não é possível à criatura ser diferente do Criador pelo fato de Deus ser Tudo que existe e inexiste.

A revolta colima na queda. Queda é involução, emborcamento, contração dimensional.

A diferenciação só ocorre entre os finitos de nosso Universo físico-dinâmico-psíquico - que está em  permanente transformação devido à sua imperfeição.

Podemos fazer uma analogia da queda espaço-temporal com
a queda dimensional. Cair de um penhasco é rápido e fácil.
Escalá-lo é lentíssimo e dificílimo. As escalas de tempo e
espírito são incompatíveis. Eis o significado do fenômeno
queda-salvação - dois períodos de um único ciclo.
Imprimir força e orientação ao processo  evolutivo é realizar as transformações que viabilizam a ascensão, que se traduz no alinhamento com a Lei. Assim retifica-se aquilo que foi emborcado pela queda.

A queda foi gerada pelo processo de inversão. Isso significa que houve um emborcamento do Sistema (S), culminando na criação de um universo decaído, o Anti-Sistema (AS), que é a antítese do Absoluto, eterno e infinito. 

Confrontar um sistema perfeito só é possível gerando-se uma inversão de valores por parte da criatura. Contra a perfeição, somente um esquema baseado na perfeição. Um esquema que, por mais possibilidades que tenha, sempre será um avesso do único modelo possível. Modelo perfeito. Modelo de Deus. 

A queda - que, vale lembrar, foi dimensional - comprimiu o espírito (big crunch) e expandiu o princípio material (big bang). Fenômeno involutivo que clama por um correspondente movimento de reequilíbrio (evolutivo) para retificar a perfeição original.

A queda atesta o livre-arbítrio da criatura. Parte dos espíritos optaram por criar sua própria lei, desejando que tudo orbitasse em torno deles.

A criatura é perfeita mas idêntica a Deus. É semelhante mas não igual. Ou seja, se ela desejasse exercitar mais o egocentrismo do que o altruísmo, causando desequilíbrio, ela o poderia, sem saber das consequências.

Se ela soubesse das consequências de criar sua própria lei, ela não faria uma escolha livre, mas por temor, se tornando uma escrava da perfeição divina. Deus não quer isso.

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Nosso universo é uma caos que está sendo constantemente reconstruído e destruído. Forças negativas e positivas atuam em todos lugares, em todos os tempos, das mais diversas formas, num embate titânico entre intenção de unificação (S) e desejo de pulverização (AS).

A teoria possui uma lógica impecável, é elegante e concisa. Resta a nós observarmos esses grandes delineamentos traçados pelo apóstolo de Cristo e interpretarmos as minúcias, relacionando o grande esquema queda-salvação com nosso cotidiano, com erros orientados para a evolução, a involução ou o regime estacionário na horizontalidade mundana.

Esquema gráfico do fenômeno queda-salvação.


O problema do ser humano consiste no seguinte: ao errar, cedo ou tarde chega a reação da Lei via dor. A escolha por um caminho é livre - as consequências, fatais. 

"A Semeadura é livre mas a colheita obrigatória" - (Bíblia - Gal. 6:7)

A semeadura é  livre escolha da trajetória a ser traçada por um determinado período. Somos livres para causar, mas presos aos efeitos decorrentes desse impulso (causa) genética. A colheita é a fatalidade, em que o determinismo da Lei passa a dominar nossas vidas, restando pouco a ser feito para evitar o que deve ocorrer. A força da Lei de Deus é infinita. A força da criatura é finita - por maior que seja. Logo, quem vence, no final, é sempre Deus, através de Sua Lei. E Ele, vencendo, nos salva, conduzindo-nos à felicidade. 

Resolve-se assim o problema do determinismo e livre-arbítrio. 
Da fatalidade e liberdade de escolha. 
Da força da Justiça divina e da doçura do Amor crístico.

Podemos concatenar as palavras-chave do esquema numa narrativa sobre-humana, na qual é possível sentir o drama dos espíritos decaídos, imersos no lodo da matéria, num universo de caos que anseia pela reconstrução. Vidas despedaçadas que sonham pela vida eterna, reconstituindo a unidade do ser. Ser originariamente íntegro, como seu Pai.  


O esquema da unificação é universal e portanto se aplica a todos os níveis e momentos. Pode ser realizado das mais diferentes formas. Eis o significado da diferenciação. Ela é um mecanismo de segurança pulverizado - ou seja, adaptado à natureza de nosso universo cancerígeno - que nos garantirá a salvação. 

Com as relações sinérgicas obtidas através das criaturas, realiza-se a retificação. Inicialmente interior, e logo em seguida coletiva. Uma retroalimentação positiva que é intercalada por uma negativa. A primeira busca ousadas ascensões. A segunda cria meios para sedimentação das práticas - cada vez mais elevadas. Transformação e estabilidade. Períodos de revoluções e consolidações. Progresso e conservação. Guerra e paz. Eis o esquema do universo. 

Aqui a paz é temporária e incerta. Ela não é sustentável e só se justifica enquanto um grupo domina. Assim que esse perde influência, a balança pende para outro lado, esfacelando o que outrora era um grande império, economia, líder ou grande pensamento através da progressão do tempo.

Nada resiste ao fluxo do tempo, que tudo corrói. 

Ele deve ser superado por uma consciência que clama por uma essência além das restrições existentes. 

Compreender tudo isso dá paz durante as tempestades e ímpeto nos momentos de conforto.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

1.1. Educação ambiental (conceitos-chave)

Fundamentos


Níveis do ser


Ciclos


Sistemas complexos


Crescimento populacional e limites


Desenvolvimento ecologicamente sustentável


Desenvolvimento socialmente inclusivo

Conhecimento e incertezas

Senso do sagrado

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Cosmossíntese monista

Chegamos ao final.

Introdução - a Missão de Ubaldi, 
a Magnitude de Cristo e a Importância 
do Monismo

Comparações 1 - ciência clássica x ciência quântica

Comparações 2 - evolucionismo materialista e espiritualista


Sincretismo e Síntese

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Para compreender é preciso viver

A teoria da queda que Ubaldi apresentou ao mundo é um marco sem igual. Através da elevação do conceito de queda - que passou de espacial para dimensional - é possível resolver vários dos mistérios de nosso universo macro e microscópico, e de nossa vida pessoal. 

Não é possível à mente moderna aceitar uma teoria que não mais se adapte às últimas descobertas e orientações da ciência, deixando de lado a moderna cosmogonia, a física subatômica (quântica) e a biologia. É preciso dar algo que satisfaça mente e coração - simultaneamente e definitivamente. Algo que a racionalidade seja capaz de sistematizar e compreender - e que o coração sinta que seja sincero e aponte para o bem. 

O repouso possibilita um estado de inspiração sem igual.
Ele é base das verdadeiras criações. Por que o mundo
moderno tanto fala do mesmo mas estrutura tudo de forma
a impossibilitá-lo? 
O ser humano tem sede do imponderável e para isso é preciso dar lhe uma nova visão de Deus e do Universo. Isso o apóstolo da Umbria fez - e muito bem. Hoje já vemos movimentos de assimilação por parte de seus discípulos [1], homens guiados pela fé, iluminados pela sensibilidade e imbuídos de capacidades intelectivas acima da média. Assim a humanidade progride. E é em nossa terra que está havendo a assimilação mais pronunciada da Obra. O Brasil assim cumpre uma missão cósmica. Uma missão de difusão de um novo tipo de visão de mundo. Uma doutrina que sempre embalou as religiões e crenças; que acompanhou as grandes mentes nas descobertas mais substanciais; que inspirou poetas e músicos; cineastas e dramaturgos; que levou seres ordinários a fazerem coisas extraordinárias em tempos extraordinários. 

O autor se entristece a cada dia que deve sair do recôndito de seus pensamentos e contemplações para lidar com o mundo. Pouquíssimo pode falar sobre suas sensações. Seus esquemas e ideias não são compreendidos. A intensidade com que sente o semelhante é indescritível, o que o força a se reconstituir permanentemente com o alimento e o sono. Sempre que pode caminha no parque e fica a olhar a paisagem de sua varanda. Quer entrar em contato com coisas que, para o mundo, está no reino do imaginário. Mas trata-se de coisas reais, regido por leis morais que se situam no imponderável e não são percebidas pela sociedade atual. A sensibilidade é baixa. A intuição é esporádica e incompreendida. O pensamento sequencial e linear é visto como o ápice evolutivo da psique humana. A objetividade é sinônimo de realidade - enquanto o subjetivismo é irreal e perigoso. 

O Duomo de Brunelleschi revela genialidade artística
e técnica, obtida através da inspiração.
Para mais, ver [4].
A física quântica se consolidou a e nasceu há cem anos. Ela surge num momento ímpar, composto por impulsos sem igual em nossa história, em que máquinas, eficiência e interesse tomaram proporções assombrosas. Evoluímos no campo da sistematização e do bem-estar; da abundância de informações e das múltiplas possibilidades; da atuação eficaz. Mas deixamos para trás a orientação e a reflexão; a individualidade e a sensibilidade. Eis o que o divórcio completo entre pares nos trouxe. É imperioso surgir uma teoria e uma personalidade capaz de viver os grandes e elevados ensinamentos das escrituras sagradas para comprovar a existência de leis superiores, que sempre nos regeram e ficam cada vez mais evidentes. Em suma: é hora de olharmos para cima, dando um salto de fé para o maravilhoso desconhecido, cheio de possibilidades. Uma região não-espacial que pode ser acessada a qualquer momento, por qualquer um. Uma "região" que se encontra nos recônditos do nosso universo e transmite informações de modo instantâneo, desafiando as leis físicas [2].

A imperfeição de nosso universo se explica pela nossa desobediência à Lei de Deus. Ou colocamos a culpa no Criador - ou colocamos a culpa em nós mesmos. Se responsabilizarmos o Pai pelas nossas misérias, estaremos dizendo que de fato que Ele não É, não existe. Assim, não há justiça e o mal pode sair impune - contanto que você tenha sorte e seja suficientemente esperto. Isso é inadmissível para o autor, que chora só de pensar num universo sem a presença imanente de Deus. A vida seria um caos sem sentido e nada se explicaria. A constante oscilação entre as forças do bem (ascensão, Sistema) e do mal (involução, Anti-Sistema) revela a característica do nosso Universo: dualismo. Mas é preciso compreender que esse dualismo está contido no monismo de Deus, que abrange tudo, todos e além, abraçando o imperfeito e apontando para o perfeito - ainda inconcebível para nosso grau evolutivo. Assim, resta admitir que a culpa é nossa. Essa é a grande contribuição da Teoria da Queda.

Deus e os seres evoluídos compreendem que esse monismo divino contém esse dualismo caótico, e por isso não se limitam às circunstâncias. Fazer rápido com interesses particulares é morte - ser paciente, construindo amorosamente e de forma orientada, é sabedoria e potência. Potência oculta que pode se manifestar em conceitos fantásticos que servem para plantar as bases de um novo mundo. São Francisco de Assis sabia perfeitamente disso - e vivia integralmente.


No Tao Te Ching fala-se sobre a criação original e a queda (ou criação secundária, ou Big-Bang). 

De Tao veio o Um.
Do Um veio o Dois.
Do Dois veio o Três.
E o Três gerou os Muitos.
Toda a vida surgiu da Treva
E demanda a Luz.
A essência da vida engendra
A harmonia das duas forças.
Nenhum homem quer ser solitário
Abandonado e insignificante.
Reis e príncipes se dizem ser assim
Porque sabem do mistério:
Que o inconspícuo será exaltado
E o importante decairá.
Por isto, ensino também eu
O que outros ensinavam:
Quem age egoicamente
Está morto
Antes de morrer.

É este o ponto de partida da minha filosofia.

Tao Te Ching - Huberto Rohden (Ed. Martin Claret) [3]

Do Tao veio o Um 
a partir de Deus foram feitas infinitas individuações, num mundo perfeito. O todo homogêneo se tornou um sistema orgânico. as criaturas (espíritos puros) foram criados ! Universo puramente monista.

Do Um veio o Dois 
a criatura, com seu livre arbítrio, tinha a possibilidade de optar: ou seguir a Lei ou criar a sua própria. a parcela que optou por colocar tudo para orbitar em torno de si sofreu um emborcamento dimensional junto com todas demais. o princípio material se manifesta - o espírito fica "preso" na matéria, enterrado nos recônditos de um mundo brutal de caos. surge  nosso universo, surge o dualismo de elementos, forças, de seres, de ideologias, de sexo, de visões,...

Do Dois veio o Três 
o universo é físico-dinâmico-psíquico. sua estrutura é ternária, assim como nosso corpo é constituído de parte física, orgânica e psíquica. tudo é ternário em nosso mundo: os deuses das diversas religiões, a trindade dos cristãos, os três momentos da criação (pensamento - vontade - realização), as gunas vêm em três (sattva, rajas e tamas), etc. existe um contínuo processo, simultâneo, no qual esses três aspectos interagem e evoluem. mas todos são a mesma coisa (substância), com manifestações distintas (formas).

E o Três gerou o Muitos 
a partir do momento em que surge o momento (o eterno se manifesta em forma de tempo, o infinito se manifesta em forma de espaço, o absoluto se manifesta em relativo), as possibilidades passam a ser incontáveis. variações de todos tipos. a estequiogênese e a gênese das quatro forças fundamentais abrem espaço para desenvolvimentos subsequentes. a vida surge como um produto refinado de associações específicas de tipos de elementos com condições atmosféricas especiais e a presença de energia elétrica (eletricidade globular). o dualismo abre a possibilidade para combinações diversas, gerando uma diversidade enorme em todos níveis, desde os tipos de elementos minerais, formas de energia e transformações, vida orgânica, tipos humanos, pensamentos e sentimentos, ideias e pontos de vista, sistemas, religiões, etc. 

Tudo possui um significado profundo. Apenas quem experimentou a vida e compreendeu a essência das banalidades do cotidiano é capaz de saborear os versos de Lao Tsé. Ele apenas transcreveu em papel fragmentos do Grande Livro da vida, que é indescritível. Nossos modelos mentais não chegam aos pés da Realidade. Somos limitados em nosso relativo - mas ilimitados em nossa conexão com o absoluto. 

Uma versão multilíngua do desenho "Let it Go" revela uma pensamento unitário manifestado através da diversidade cultural/linguística. Isso é Uni-verso. Unidade orientadora e unificadora das diversidades - diversidade da manifestação da unidade.


O processo de queda e ascensão tem uma dinâmica. Para evoluirmos precisamos compreender as relações e o porquê das mesmas:

Pela experiência se compreende o erro.
Pelo conhecimento se supera a ignorância.
Pela ascensão se vence a queda.
Pela obediência se domina a revolta.

O ciclo involução-evolução é o produto da queda. Estamos na fase evolutiva, na qual a dor deve se traduzir em experiência, que deve gerar conhecimento, que leva à subida, realizada através da obediência (à Lei de Deus), culminando na (verdadeira) felicidade.

A Grande Síntese é o volume que trata desse processo de subida, partindo do átomo até se chegar às mais altas concepções de Justiça, Estado e Arte. Uma viagem pelos elementos do universo, suas forças, pelas formas de vida, pelo pensamento humano e seu desenvolvimento coletivo. Temos uma síntese filosófico-científica.

Deus e Universo dá a grande visão da criação e o porquê da queda (involução). É uma síntese teológica. Um poema ao Criador. Obra mais importante do século XX, que não tardará ser reconhecida como a prosa mais poética e a poesia mais prosada dentre todos os tratados da História, revelando em sua própria estrutura o monismo subjacente a toda forma de vida. 

O Sistema dá continuidade ao volume anterior, entrando em pormenores de nossa criação. Nele percebemos o ato de amor de Deus e a Sua grandeza. Compreende-se que o fato de termos caído não implica de forma alguma num defeito da Obra de Deus, mas sim em sua força e sabedoria. Aquele que deseja saber o porquê disso, leia, estuda e contemple. Compreenda quem o puder...

Os momentos mais felizes da vida do autor são os momentos que o mundo dá menos prioridade - mas muito anseia e fala sobre. Porque não se vê como coisas reais, práticas, existentes...

Em meio à natureza se sente a sua natureza.
Para atingir a perfeição humana, deve-se
observar a perfeição infra-humana.
Para muitos o Evangelho é (no máximo) um belo conto de fadas agradável para ler de vez em quando. Ou um livro para se estudar e realizar debates. Ou algo para se caçoar, vendo que (na superfície) os dizeres de Cristo não se casam com a realidade dos fatos. Apenas quem olha em profundidade (inteligência volumétrica) percebe a Lei de Deus atuando da profundidade, a partir do caos. Usando elementos do mundo para se realizar. O autor pode afirmar que percebeu isso. E agora não pode mais parar de expor essa realidade e continuar a vivê-la em cada momento de sua vida. 

O intelecto (inteligência de superfície) somente enxerga o que lhe impressiona os sentidos. Sua mentalidade linear e presa na objetividade (seguir as correntes das massas, sejam povo ou elites) limita seu campo de atuação. Essa mentalidade reflete todas as possibilidades de um plano. Esse plano não é capaz de solucionar efetivamente os problemas que gerou. 

Quatrocentos anos de despertar pleno do intelecto nos levaram a um beco sem saída. É imperioso admitir um outro plano. Um novo início - não uma continuação do mesmo em forma distinta. Morrer para renascer num plano mais elevado. Isso é ressurreição. Por isso Ubaldi tão sabiamente nos diz que na morte está a vida. Podemos complementar dizendo que (nesta) vida está a (definitiva) morte. Porque vemos tudo de forma emborcada. 

Acreditamos que a morte orgânica é o fim de tudo. Que a verdadeira felicidade é satisfazer as necessidades do corpo e do ego. De se manter pelo máximo tempo possível. De aparecer mais - em detrimento de ser menos...E assim temos pavor desse "fim". 

Somente quem realmente compreende e vive a vida em seu aspecto mais vasto pode chegar às portas da morte e dizer "finalmente! irei me libertar e ascender!".

Morrer e renascer aqui no mundo também é possível. Uma guinada na vida. Nos relacionamentos. Na atitude. Paulo de Tarso nos mostra justamente isso. Personalidades "mornas" dificilmente chegam a um estado de tensão que lhes permite dar um salto quântico na vida. É preciso ser intenso e sincero, mesmo que na ignorância, para dar um salto para o alto, convertendo esse ímpeto de descida num empuxo de ascensão sem igual. 

Isso é o que a vida me vem revelando.

Porque quando perdermos nossas posses, nossos títulos, nossa saúde, nosso corpo, nosso salário e tudo mais, teremos a única coisa imortal, que jamais perece e sempre evoluiu: nossa individualidade - nosso espírito!

Investiremos no que tem prazo de validade ou no que é imortal?

Referências:
[1] FREIRE, Gilson T.; CRISPIM, Maurício N.; RIBEIRO, Pedro O.; etc.
[2] Quem Somos Nós? Dispoível em:  https://www.youtube.com/watch?v=93b3UwHCxGM

terça-feira, 21 de maio de 2019

FTRE3

Bom dia !

Aqui a turma de Eng. de Controle e Automação encontra a resolução da Avaliação 3 da disciplina Fenômenos de Transporte.

Parte 1


Parte 2

Quaisquer dúvidas sintam-se à vontade para enviar comentários.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Extensão expandida: EDMA

Minha intenção aqui é expandir e divulgar o curso de extensão que atualmente ministro na minha unidade de ensino. Disponibilizar através da rede o curso servirá para expandir o curso pelo universo virtual, informando o que está sendo feito, de que forma e com qual propósito.

Dado o iminente colapso civilizatório que nos aguarda, algum leitor já bem ciente da gravidade da situação pode se perguntar o porquê de se realizar um curso (ou informar as pessoas) se tudo já está perdido e não é possível reverter as consequências que plantamos ao longo das últimas décadas. Devo dizer que, de fato, o ponto não é esse. A questão sempre foi o cumprimento do dever, independentemente da situação exterior, sistêmica, global.

Não é possível ficar parado com a simples justificativa do fato consumado. Mesmo porque nossa individualidade não perecerá - e tende a se expandir com seu aumento de experiência. É a partir desse prisma que as pessoas (já esclarecidas) devem realizar suas obras. 

Figura 1: Diagrama que relaciona a tríade composta
pela biosfera, pela humanidade e pelo seu sistema
político-econômico.
Irei sempre disponibilizar referências de leitura e vídeos - para quem desejar se aprofundar nos tópicos.

Adotei como logotipo do curso um diagrama de Venn* com três conjuntos: ambiente, sociedade e economia. 

O primeiro representa o planeta em seu aspecto fundamental, automático e já perfeito, a natureza (hilosfera + biosfera); o segundo se refere à nossa espécie, cujo foco é desenvolvimento humano; e o terceiro representa o sistema (que na verdade seria o par economia-política) coletivo que deve viabilizar nosso progresso.

Sustentabilidade seria a intersecção dos três domínios hierárquicos, desde o mais fundamental e perfeito (natureza infra-humana) até o mais complexo e imperfeito (natureza humana).

Um diagrama mais próximo à realidade (ecologia profunda) revela que estamos contidos no meio - e nossos sistemas estariam contidos em nós.


Figura 2: Diagrama da ecologia profunda, mostrando que
os agentes interpenetram e interdependem.
Dessa forma podemos perceber a emergência como uma aglutinação surgida a partir de um substrato material, cujo produto é uma nova forma, muito diferente da anterior, dependente dessa base e ao mesmo tempo mais complexo do que ela - apresentando mais possibilidades evolutivas. Essas possibilidades se dão em planos mais elevados. 
Podemos então inserir um eixo normal à folha (em z), no qual cada nova construção perde em área (menos fundamental) e ganha em altura (mais complexo, maiores possibilidades).

Esse aspecto será percebido à medida que o curso avança. Recomenda-se a leitura aprofundada de relatórios e a leitura da biografia de personalidades que possibilitaram saltos na compreensão de nosso papel no universo. 

O conhecimento de ciência sistêmica (tenho um curso especialmente dedicado a ela) é igualmente importante. Nela podemos esclarecer o que é: não-linearidade, realimentação, atrasos, emergência, sinergia, variáveis, modelos, etc. 

A questão da energia é igualmente vital, já que a nossa espécie é dependente da mesma para executar sua evolução. Aliás, trata-se de algo fundamental à vida em si. No livro A Grande Síntese percebemos como o papel da eletricidade globular, aliada a certas condições atmosféricas - muito singulares - e à presença de elementos químicos como carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e azoto (em proporções precisas!) colimou na gênese da vida: eis os primeiros seres unicelulares. A energia é um elemento fundamental para compreender-se a gênese dos seres orgânicos.

Nosso sistema econômico é uma extensão da biologia no sentido de buscar sempre otimizar os processos, gerando mais bem estar (teoricamente) com menos recursos. O que percebemos é que ele vêm falhando nessa tarefa. Por que? Por não atualizar seus modelos. Nesse sentido é preciso fazer uma reformulação dos conceitos mais fundamentais, que embalaram nosso doloroso progresso nos últimos 400 anos.

É nesse contexto que surge esse curso. E é com a finalidade de ajudar a mim mesmo e as outros que ele irá crescer.

Decidi dividir os tópicos dos vídeos de acordo com a organização do curso:

1. FUNDAMENTOS
       1.1. Educação ambiental__________________________(aula expositiva)
       1.2. Desenvolvimento econômico___________________(aula expositiva)
       1.3. Limites do crescimento________________________(aula expositiva / 1º debate)
       1.4. Ecologia____________________________________(palestra)

2. ENERGIA
      2.1. Conceitos___________________________________(aula expositiva)
      2.2. Formas de energia____________________________(aula expositiva)
      2.3. Energia e economia___________________________(aula expositiva)
      2.4. Energia e conflitos____________________________(aula expositiva)

3. JOGOS AMBIENTAIS____________________________(atividades lúdicas)

4. PRINCÍPIOS DA BIOECONOMIA
      4.1. Economia política como extensão da biologia_________(aula expositiva)
      4.2. Termodinâmica versus mecânica___________________(aula expositiva)
      4.3. Desigualdades, limites e ética______________________(aula expositiva)
      4.4. Quo Vadis Homo Sapiens sapiens?__________________(apresentação / 2º debate)

Devo disponibilizar trechos dos debates, da palestra, dos jogos e as apresentações.

Até breve !

* Diagrama de Venn. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Diagrama_de_Venn>

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Da Crença para a Razão - e desta para a Fé.

A crença está para o engessamento num sistema de crenças e valores particular. É algo que te fixa num verdade relativa - uma verdade que congelou no tempo. O fluxo está à volta, mas o crente o nega, dizendo que movimento (leia-se questionamento, mudança, intercâmbio de experiências) não tem sentido uma vez que ele já atingiu o ponto ômega.

A razão está para o pensamento crítico. Está para a elaboração de teorias e pensamentos a partir dos fatos capturáveis pelos sentidos e assimilados pela mente.

A está para a um salto ao desconhecido com a mente aberta.

Num linguajar popular, podemos dizer que:

A crença se agarra a algo;
A razão analisa os muito algos tangíveis;
A fé conduz a razão a terrenos inusitados e misteriosos.

É preciso viver (n)o presente para atingir-se a eternidade.
Porque "eternidade" não é a soma de inúmeros tempos,
e sim a ausência da dimensão tempo.
Logo, existe uma diferença muito profunda entre crer e ser fiel. Ao contrário do que o senso comum diz, essas duas atitudes são muito diferentes. Podem se assemelhar em alguns momentos, sob a ótica da razão, que vê ambas operando num terreno irracional - por se prender a um aspecto (muito) limitado da realidade, de forma que adentrar numa região não admitida pela mente leva a um julgamento sem uma base holística, integral.

A crença é produto dos instintos que desejam ser manifestados/exercitados.

A razão é um despertar para uma consciência de superfície.

A é o produto de um zênite interior, que busca a conquista de uma consciência de profundidade.

Cada indivíduo possui a potencialidade de se tornar perfeito em termos de sua posição específica na hierarquia cósmica. Para isso é preciso assimilar e subir nessa grande escada interior: da crença supersticiosa para a razão materialista - e desta para a fé refletida. Assim faz-se a espiral oscilante, que abarca cada vez mais campos, de forma mais coordenada, lidando com a complexidade do mundo que se revela de forma nítida.

A razão (ou intelecto) é um despertar
inicial. Ela dará a base para a conquista
de uma transformação profunda...
Nossa ascensão passa por uma profunda experiência interior, que transcende as barreiras da interação social. Passamos a ter uma interação com um Eu profundo, que se irmana com as multiplicidades das outras individualidades (que ainda não estão despertas). Nesse aspecto pode-se falar em experiência mística de caráter universal-unificador.

A sensibilidade social é muito mais profunda do que a sociabilidade. Justamente por ser mais ousada e lidar com a fenomenologia humana através da subjetividade, cujos métodos devem ser edificados pelo próprio ser que realiza a pesquisa (interior), é condenada. Sem uma base objetiva sobre a qual se pode analisar e comunicar, é imperioso estabelecer uma metodologia própria, que não dependa de auxílios externos - porque não haverá compreensão clara por parte de ninguém.

Cortando as amarras com o mundo constrói-se as bases para um novo mundo.

Respeita-se as coisas do mundo "sério" até um ponto. Apenas o estritamente necessário é seguido a acatado. O restante das forças e habilidades devem ser projetadas em ascensões, cujo produto final é a gloriosa conquista de um novo patamar de consciência: a intuição.

Grandes almas podem iluminar nosso caminho. Mas quando atinge-se uma fronteira, um limite, o ser se dá conta que está por conta própria. As forças da vida dizem: "Agora você deverá adquirir, por conta própria, novos conceitos, ideias, métodos e habilidades. Avance!"

O desafio é titânico, mas a criatura empenhada em supremas ascensões sempre encontrará forças para cumprir seu destino. A "barreira do som espiritual" foi ultrapassada. Segue avançar em velocidade crescente, vertiginosa. Até o ponto de superar o próprio conceito de movimento mental, entrando numa zona de inatividade externa devido a uma profunda meditação interna. Um não-fazer que plenifica. Isso o Tao já nos diz há mais de 25 séculos.

Tornar-se receptivo à Fonte. Esse é o caminho
para a conquista da superconsciência (ou intuição).
Essa progressão da consciência se manifestará na gênese e consolidação definitiva de novos sistemas coletivos. É preciso que as construções exteriores estejam minimamente alinhadas com as vontades e com os instintos. O subconsciente está a ser superado devido a uma exposição cada vez maior proporcionado pelos artifícios do intelecto. Os métodos do AS são sofisticados e conseguem convencer a mente a acatar os maiores absurdos. Porque a mente está ancorada nas emoções - e não no sentimento. É cada vez mais difícil ao ser fugir da realidade. Expor-se se torna obrigatório para quem se propões ascender.

Para nos libertarmos devemos nos lançar ao desconhecido sem pensar no nosso pequeno ego humano. Dar um salto de fé é adentrar no ignoto que oferece possibilidades infinitas. Para realizá-las, basta lidar com a Realidade até as últimas consequências.

Apenas quem viveu no imo os grandes tormentos da existência pode despejar palavras com significado, criar melodias tocantes, realizar atos sublimes, formalizar teorias revolucionárias e concretizar novas formas de vida.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Arquitetura monista

Introdução

Definição - monismo

Definição - monismo (2)

Ubaldi - vida

Ubaldi - obra

O processo involutivo-evolutivo.
A Grande Equação da Substância.

Apreciação de Enrico Fermi

Queda e Salvação - esquema gráfico 1

Queda e Salvação - esquema gráfico 2

Queda e Salvação - esquema gráfico 3

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Só a dor revela - e liberta

Existe um homem que permanece em meu pensamento. Uma pessoa distante, que nem sequer sabe da minha existência - mas fez muito por mim. Um ato seu, embalado por um desenvolvimento histórico e impulsionado por uma corrente de pensamento, viabilizou o milagre que ocorreu. Esse acontecimento deu as bases materiais para que duas almas pudessem levar uma vida conjuntamente, intercambiando emoções, ideias e ideais. Viabilizou o crescimento profissional e intelectual, despertando potencialidades e desenvolvendo-as. Assim foi possível chegar a uma posição mais útil, de missão, acompanhado pela pessoa ideal, sem a qual a caminhada seria sem sentido.

Esse homem, por muito ter feito, - além de ter lidado com incontáveis pessoas, de todos espectros ideológicos, de todas classes, de todas escolaridades e de todas etnias e credos - foi, é (e ainda será) muito julgado. Os poderes o temem e formam a opinião de boa parte do rebanho para que este aceite o que é arquitetado contra sua pessoa. E assim comete-se uma injustiça de proporção histórica, cujos efeitos serão nefastos para os que no calor do momento se julgavam no controle da situação. Nessa narrativa fantástica, cheia de dores (explícitas) e à espera de glórias (interiores), emerge a possibilidade de um despertar profundo de um povo. 

A gratidão vem de ter retirado milhões da miséria.
O próximo passo será o advento de um líder, um pensamento,
que dê cidadania, consciência política e senso crítico.
Mas antes era necessário satisfazer o estômago. 
É preciso se dar conta do que está ocorrendo para não ser vítima de interesses mundanos. Não há nada mais difícil do que isso. Por isso é necessário dizer o indizível da forma mais ousada e clara possível, provocando a reestruturação daquele que tem contato com a corrente de pensamento que embala esse espaço virtual. 

Ubaldi sabiamente afirma que todo processo histórico tem seus protagonistas - meras ferramentas com uma função evolutiva imprescindível e momentânea. Seja no campo da arte, da ciência, do pensamento, da santidade, da condução dos povos, do amor ou das invenções, de tempos em tempos as forças da vida sempre trazem à tona protagonistas que melhor exprimem o desejo coletivo oculto, escondido no íntimo das massas.

A Grande Sìntese traz luz a essa questão, quando avalia o poder (político-social) em função de um princípio biológico, íntimo, que jaz em todo universo:

"Em minha concepção, os fenômenos sociais são despidos de todas as incrustações exteriores, aparecendo nus em sua substância, como um feixe de forças em ação. Regidos por uma lei exata e profunda, eles são a fisionomia externa de um conceito que se desenvolve com uma lógica própria, cujo andamento é expresso por diagramas estatísticos, permitindo-vos, desse modo, a previsão de seu desenvolvimento futuro. De outra forma, não poderíeis estabelecer o cálculo das probabilidades. Estudamos esses processos no desenvolvimento da trajetória típica dos movimentos fenomênicos (Cap. 25), observando sua lei de variação (evolução em função do tempo), primeiro em coordenadas ortogonais (fig. 1: tempo no eixo horizontal, das abcissas; evolução no eixo vertical, das ordenadas), depois em coordenadas polares (fig. 3) e, a seguir, por interpolação parabólica (fig. 4). A linha determinada pela relação entre as ordenadas e as abcissas descreve esta lei na forma de um problema geométrico, cujas equações correspondem a expressões de cálculo algébrico."
A Grande Síntese
Cap. 96- Concepção Biológica do Poder                                              (grifos meus)

Existe uma explicação muito profunda par o que ocorre em nosso país hoje. As mazelas pelos quais as pessoas passam é produto de sua inércia ao longo de muitos anos. Nessa história todos somos culpados, com uma parcela proporcional aos meios do qual cada qual dispõe. Quem mais tem poder, recursos e habilidades, mais dever tem de usá-los bem - em prol do Bem. É por isso que optar por reencarnar em famílias abastadas, com belo físico e muita fama, é a tarefa mais perigosa: muitos sucumbem às tentações e acabam se tornando gozadores em sua posição "privilegiada", corrompendo o espírito em troca dos prazeres de uma vida de sensações - e de controle sobre os outros. Mal sabe esse ser que Aquele que realmente está no controle é a Deus, através de sua Lei inexorável [1].

De tempos em tempos são enviados emissários. Seres de amor, que desejam mostrar o caminho menos árduo. Cristo foi o expoente. Houveram outros formidáveis antes e depois. Continuarão a haver. O mais notável dos últimos tempos foi uma criatura nascida na Umbria, que se fez pobre, professor de ginásio, usando todo seu vigor, conhecimento e dores para servir à Deus. Esse homem foi Pietro Ubaldi, maior pensador do Século XX - aquele que viveu o Evangelho no mundo moderno. 

Mas continuemos com as observações de A Grande Síntese antes de revelar o tal homem que tanto permanece em meu pensamento:

"A relação de causalidade impõe, na evolução dos fenômenos sociais, um determinismo histórico inviolável. Assim como há um destino do indivíduo, há também um destino do povo. Existe um cálculo exato de responsabilidades no qual, tal como acontece em relação à liberdade individual, equilibra-se a liberdade coletiva. A ignorância do materialismo pode desconhecer todos estes aspectos, mas isso não impede absolutamente que a Lei esteja sempre presente. Insisto nas bases científicas do fenômeno histórico, porque ele só pode ser compreendido como um momento da fenomenologia universal, sob as mesmas leis de relação e de cálculo de equilíbrios que regem o mundo físico e dinâmico. Há uma continuidade psicológica no desenvolvimento dos fenômenos sociais, estabelecida por uma concatenação férrea de causalidades, ainda que os atores colocados no palco, homens e povos, nem sempre a compreendam."
A Grande Síntese
Cap. 96- Concepção Biológica do Poder                                              (grifos meus)

Se alguém vem a este mundo para melhorá-lo, deve obedecer à natureza deste. Isso implica em respeitar os absurdos e compactuar (dentro de certos limites) com os poderosos. Sem isso ninguém governa - muito menos cumpre a missão de melhorar a vida dos outros.

É óbvio que alguém incumbido de tarefa suprema de liderança esteja sujeito a erros muito grandes. Sempre se poderia ter feito melhor e mais. Talvez fosse possível avançar mais, se se houvesse apossado de mais de ousadia...Ao mesmo tempo, o risco é muito grande porque o poder é intolerante a a natureza humana é muito frouxa. As pessoas são sugestionáveis porque se ancoram fortemente em seus vícios e hábitos. Tornam-se rebanho porque temem sua imagem e reputação. Assim não avançam. Não passam pelo ridículo, mas jamais colhem as glórias de quem vence a si mesmo a adquire uma nova percepção do mundo - que lhe traz paz de convivência e potência de transformação.

Só o tempo irá possibilitar uma mais madura interpretação
dos fatos. É preciso perceber as implicações do evento
- que já se inseriu nos anais da história.
É preciso compreender à fundo o fenômeno "vida" e a estrutura do universo para se chegar ao princípio que o rege. Tatear pela razão é a único método que o interesse pode nos prover. É limitado e frouxo. Suas fronteiras são delimitadas e cada vez mais cristalinas àqueles que já  muito observaram e refletiram. Há de existir algo, em outro plano, capaz de fazer uso do intelecto para construir o conhecimento. Apenas a visão - descortinadora de credos e desmascaradora de preconceitos - impulsiona a transformação e consolida um novo ritmo à História. 

O Brasil teve 38 presidentes [2]. A pergunta é: quantos se propuseram e efetivaram a dar um novo impulso evolutivo à nação? Poucos. Pouquíssimos.

Em minha mente vem Getúlio Vargas e Lula. Há ainda João Goulart, que pode ser inserido na lista, mas não pôde realizar magnânimas construções que esses dois homens fizeram. Apesar de seus defeitos e erros (pois são seres humanos), as construções e impulsos viabilizados através dessas almas deu chances ao país atingir novos patamares - se tornando mais maduro para a assimilação de novos pensamentos e movimentos.

O restante (dos presidentes) pode ser visto como normal, condutor do processo evolutivo em ritmo médio ("morno" como se diz). O mal e o bem que fizeram não objetivavam uma elevação efetiva, a introdução de um novo impulso, a preparação do terreno para conquistas posteriores. Assim podemos ler à fundo todos os outros. 

No entanto - e na verdade - parece haver o caso inverso, em que existe um claro plano de se colocar contra as forças da vida, unindo o que antes era impossível unificar [3] e tornando atuantes personalidades que estavam numa posição de conforto, mas encontraram na ousadia inteligente a receita para serem úteis ao próximo e à vida [4]. Esses que se colocam contra as forças da vida estão no poder e servem a interesses escusos. Esses tipos serão varridos pela História, sendo desnecessárias críticas. As forças da vida, através dos ritmos do tempo, irão corroer os planos relativos desses capangas (o governo atual) e seus mandatários (mercado financeiro e elite global). Antes dos primeiros - posteriormente dos últimos. O que me interessa aqui é elucidar a missão histórica de um homem. Esse homem se chama Luiz Inácio Lula da Silva.

Trata-se de um ser cheio de defeitos e repleto de qualidades. Mas estas estão a cada dia provando que superam aqueles. Sua capacidade de permanecer equilibrado e consciente em meio a ataques violentos das forças telúricas dessa terra (repleta de espíritos adormecidos) é um indício de compromisso - que por vezes tangencia a teimosia...mas uma teimosia com muito mais justificativas do que as comuns. Um ser que, sem saber ou planejar, alçou uma posição suprema de condução dos povos. Antes através da liderança sindical, depois na carreira legislativa. Finalmente na posição de presidência. Sobre a trajetória dessa personalidade muito controversa, a filósofa Márcia Tiburi pode trazer alguma luz (ver vídeo abaixo).


Os erros e acertos deste que foi e será (por muito tempo) o maior estadista brasileiro*, se ocultam em face ao abalo que suas ações causaram ao país. É preciso ter em mente isso. Mas o fenômeno de descida dos ideais [5] é uma realidade cada vez mais visível para quem esgotou o campo de possibilidade racional, percebendo que certos atos absurdos da vida contém em si um agregado composto de desenvolvimento histórico e natureza dos seres que o viabilizam, de tal forma a justificá-lo. 

Quando alguém se propõe chegar ao poder para realizar uma mudança, deve lidar com um descompasso. Quanto maior a diferença entre o ideal e o real, mais titânica a tarefa de transformar.


Jango só queria tornar o Brasil desenvolvido
(em termos capitalistas!). Desejava evitar problemas futuros.
Por isso as Reformas de Base: agrária, educacional, fiscal,
urbana e bancária. 
Acabamos julgando e criticando com mais violência aqueles que se propõem atingir uma meta coletiva mais ousada. Mas esquecemos que nós, ao compartilhar o mesmo desejo de uma sociedade mais eficiente e fraterna, devemos estar dispostos a trabalhar junto com aqueles que elegemos, fazendo as críticas de modo muito profundo, considerando as complexidades e as forças férreas que impedem o progresso em linha reta. E apoiando aquele que subiu em suas dificuldades - se é que ele possua boas intenções e inteligência. Sem essa ajuda o trabalho daqueles que estão no poder (eu diria, com uma parcela dele apenas) é impossível.

A verdade é: A Esquerda nunca chegou ao poder no Brasil. Ela apenas ocupou momentaneamente cargos altos no Poder Executivo.

O Legislativo sempre ficou sob mando de um grupo financiado por interesses de ruralistas, religiosos sectaristas, empresários e - acima de tudo - banqueiros, com sua lógica financeira destrutiva.

O Judiciário (como estamos observando) é composto de uma casta não sujeita ao crivo do voto, que se isola e se vende a ideologias e interesses não-relacionados à nação e seu povo.

Fora esses poderes (governamentais) podemos citar o outro poder, fora do controle do Estado e do público, que é a mídia - que representa um modo de vida pautado no consumismo, na abundância (e irrelevância) de informações, na negação da natureza ideológica da nossa espécie, e na destituição da crença de qualquer utopia, afirmando que "essas ideias estão superadas e só trouxeram catástrofes". É preciso lembrar esses senhores que muitas vezes, uma ideia, para ter todo sucesso que lhe é inerente por natureza, e se encarnar em políticas e estruturas sistêmicas, deve fracassar várias vezes.

Há também o poder do capital financeiro internacional. O que permite a fuga de recursos valiosos dos países (populações). Esse é o que comanda tudo. E a nossa ignorância viabiliza a sua perpetuação. Não basta ser bonzinho e criticar aqueles que estão próximos: é imperativo explicitar as limitações sistêmicas (gritantes!) e a nossos modelos mentais desatualizados.

Como querer chegar a um estado de sustentabilidade social sem uma reforma tributária? Sem redefinir o conceito de trabalho? 
Como preservar o que resta do sistema-Vida e sistema-Terra sem desacoplar (ao menos em parte) desenvolvimento humano com crescimento econômico? 

As experiências subsequentes de transformações sociais serão diferentes. O mundo mudou. A forma de implementar ideias também. O que não pode ser feito é fugir do dever.

É muito cômodo se encastelar numa forma mental com um grupo afim e elaborar críticas e teorias. Difícil é se lançar na arena da vida real e partir para a batalha no campo das ideias e dos afetos, vivendo e esquematizando.

Getúlio Vargas lançou as bases par desenvolvimentos
futuros - que Lula encabeçou. Viabilizou a criação da
  CLT, da Vale,d a Petrobrás, da CSN. Soube responder
a um anseio histórico cuja hora havia chegado.
Usou as brechas para viabilizar pequena dose de ideal. 
Tudo isso temos de ter em mente quando observamos o fenômeno Lula. Trata-se de um caso muito delicado em nossa História, que será cada vez melhor compreendido à medida que a população ganhe consciência da natureza político-social e sua relação com crenças e valores. Somente uma visão monista é capaz de abordar uma situação deplorável e insolúvel de forma a elevá-la, retirando as pessoas do lodaçal em que se encontram. 

O processo evolutivo natural ao ritmo do Brasil nunca foi rompido desde 1988 (ano da CF). Houveram alguns fatos isolados (ex: Collor), logo resolvidos pelo próprio poder que viabilizou sua vitória.

A política de conciliação predominou na Nova República. Ela se consolidou e desenvolveu com FHC, atingiu seu auge com Lula e se esgotou logo após. Esse esgotamento era previsto e só se tornaria visível com o desenvolvimento máximo desse modelo, aceito pelo coletivo e forjado pelas elites: Lula fez o que pôde considerando as férreas limitações sistêmicas - que nós, inconscientemente, defendemos.

Nesse sentido podemos interpretar Lula como o presidente que mais conseguiu fazer em termos sociais, diplomáticos e desenvolvimentistas dentro da estrutura arcaica inflexível predominante. E conhecendo essa estrutura (limitadíssima), sabe-se que o máximo possível a ser atingido foi muito aquém do esperado - pela população.

Num país ancorado em atos repetitivos, que jamais condenou seus algozes da ditadura, não é possível avançar sem ruptura. 
Para transformar para melhor pacificamente, as pessoas devem mudar sua mentalidade e superar alguns aspectos de sua natureza inferior. 

Já disse certa vez um homem prestes a se suicidar:
"Os homens anseiam pela Verdade, mas são incapazes de vivê-la!"

Esse homem era Judas Iscariotes, que num lampejo de luz percebeu que serviu de ferramenta à ascensão de Cristo.

Lula percebeu que não poderia transformar o Brasil em sentido profundo sem causar um mal estar enorme. Decidiu fazer as mudanças lidando com a triste realidade que era imposta por todos os poderes.

Isso é ruim ou bom?
O que eu faria? O que você faria?

É difícil avaliar sem levar em consideração a complexidade da estrutura e a cultura assimilada por cada um de nós. Tendemos a formar modelos limitados: "o brasileiro é preguiçoso"; "todo político é corrupto"; "tem que privatizar tudo"; "a natureza humana é assim". Sim...em parte essas coisas contem um germe de verdade. Mas devemos levar em consideração muitos fatores que a mídia (e o sistema) esconde. Por exemplo, de onde vêm essa preguiça? Ela é ruim sempre? O que ela significa de fato? Ou, por que privatizar tudo se a história da Europa e EUA revelam que o Estado foi fundamental no desenvolvimento de sua sociedade? E sim...a natureza humana é baixa e deve ser levada em consideração quando se conduz uma nação - mas ao mesmo tempo precisa ser compreendida que ela pode ser elevada, lentamente, através de políticas que criem o clima propício para acelerar o processo de maturação interior dos indivíduos, cada qual a seu modo, no seu ritmo.

A 1ª entrevista pós-prisão [6], observada à fundo, revela muitas coisas sobre nossas elites e a lógica do poder.

Vemos diante de nossos olhos um personagem que foi se construindo, devendo enfrentar contradições inerentes ao descompasso entre implementação de ideais e manuseio da realidade. Os pactos sujos que criticamos são necessários para evitar dores (rupturas), que podem levar a mais miséria e morte.

Todo processo de manifestação, reencarnação, comunicação, "criação", etc. já é em si uma degradação (corrupção) do ideal - ou do espírito puro. É necessário compreender isso à fundo antes de esboçar qualquer conclusão - que não será definitiva. Lula compreende intuitivamente isso muito bem.

Vladimir Safatle consegue traçar um bom diagnóstico do Brasil e do mundo, revelando a lógica neoliberal e seu ritmo atual - destrutivo. Eu concordo com ele em quase todos aspectos. Quase porque falta ao grande pensador da USP a vertente espiritual, ou melhor, monista, da vida. Se ele for capaz de adquirir uma visão unitária do universo, encampando em seu discurso a questão da reforma íntima, e trazendo à arena da auto-critica não apenas a esquerda ou um partido, mas toda a população, teremos alguém da USP que colocou um pé na concepção monista do cosmos.

Confesso que é difícil trazer as massas a essa arena. Todos trabalham com o número (a quantidade). Desde nosso governo de ultra-direita neoliberal quanto à esquerda mais radical, passando por todos espectros intermediários, existe um manuseio das massas, um cuidado imenso em tratar seu comportamento como algo certo; em justificar todos atos cometidos pelas mesmas (e usá-los para interesses mais ou menos elevados). Mas ao fazer isso incorremos em um erro: não estamos convidando o indivíduo a olhar para si mesmo. Até Guilherme Boulos, ao que parece, não percebe isso. Lula igualmente. Safatle idem. E assim por diante.

Mino Carta parece perceber essa questão central: jogar as massas na arena da crítica. E essas precisam começar a olhar para si, superando sua inércia para se tornar protagonista.


Não podemos esperar o milagre - precisamos criá-lo [7].

Colocar o dedo na ferida inclui atestar que o coletivo humano está doente e necessita adquirir uma mínima percepção para ganhar força. O medo do número não pode impedir que a qualidade do ideal continue a avançar. Isso é o que constato. E nesse ponto Mino Carta levanta uma forma de agir ligeiramente mais ousada (e inovadora) para tratar a questão da conscientização do povo.

Boulos, com toda sua dedicação, transparência e coerência, aliadas a uma inteligência ímpar e vivência profunda, desmistificando "meias verdades", sem medo, acaba com 0,6% dos votos.

O que ocorre? Talvez falta de coragem em jogar as massas na arena, convocando-as a melhorar sua natureza. Precisamos lidar com o número - pois sem ele nada muda concretamente. É tarefa árdua mas deve ser feita. Não vejo outro modo de acelerar esse despertamento.

Isso trará uma avalanche para aqueles que iniciarem essa empreitada. Por isso quanto mais gente estiver envolvida nesse processo inicial, menos impacto cada um sofrerá - ele irá se distribuir. E as massas, ao receberem um banho de realidade de Profetas modernos, irão começar a ver que esse chacoalhar é no fundo muito bom - pois ele possui a potência de tirá-las do lodaçal da ilusão. É semelhante ao filme Matrix, quando Neo desperta para a realidade e nega tudo num primeiro momento. Ele escolhe a pílula vermelha. Devemos mostrar essa opção às pessoas antes que tudo esteja perdido em nosso país - e planeta.


Reforma íntima e revolução sistêmica - simultaneamente.

Reforma íntima abastecendo o processo criativo de revolução coletiva.
Debates públicos sinceros e abertos, intensos, clamando para a reforma íntima.

Sem a concepção monista da situação, não avançaremos.


* Obs: alguns veem Getúlio Vargas como o maior estadista brasileiro, por motivos igualmente justificáveis. cabe a cada um avaliar esse quesito. 

Referências:

terça-feira, 7 de maio de 2019

Família, reencarnação e despertamento

Uma existência só tem significado se a realidade (profunda) é constatada a cada momento. Uma vida sem dor é uma vida inerte porque deixa o ser atirado no lodaçal da inércia, longe do ritmo intenso. Afastado dos sentimentos que ousam ver a si mesmos e dos pensamentos que não temem romper barreiras para procurar novos territórios. Se colocar de lado quando os desafios titânicos surgem é se subtrair da tarefa de ascender (e se libertar). As pessoas preferem ficar nas garantias e confortos de uma vida limitada com prazeres e segurança relativa. A esteira evolutiva é uma pista na qual pouquíssimos se dispõem a percorrer. Por que? Porque o intervalo de tempo entre o árduo (e sofrido) trabalho e os frutos é muito grande. Os frutos residem na conquista interior. Numa nova percepção do universo, de Deus e de vida. Essa ascensão é silenciosa, ocorre no interior. Assim, aqueles que se lançam no desafio de transcender sua natureza se veem diante da incompreensão do mundo, que avalia e mede segundo métricas exteriores. Medidas que impressionam os sentidos e permitem à mente construir elucubrações a respeito dos objetos e sujeitos que observam à distância.

A união livre e espontânea deve começar
através dos afetos entre dois indivíduos.
Essas uniões podem ser de todos tipos.
Quem somos nós para julgar?
Todo acontecimento traz em si uma pista sobre a estrutura de pensamento predominante na humanidade atual. Uma ou mais. Isso significa que alguém que já se deu conta do princípio e do fim de tudo que existe passa a persistir em certos caminhos. Essas rotas tendem a isolar por se revelarem cada vez mais defasadas da forma mental predominante. Diferenciação é uma consequência da evolução - mas nem todo ser que destoa da média está na rota evolutiva. Esse tema já foi desenvolvido alhures e não pretendo retornar a ele - cabe ao leitor buscar os desenvolvimentos passados, na forma de diagramas e palavras, resíduos de um longo, lento e árduo processo de construção interior - cuja consequência final deve ser uma vida com um mínimo de significado.

Para nos acompanhar nesse processo (evolutivo), temos os espíritos mais adequados ao nosso despertar, que - diga-se de passagem - podem ser mais ou menos ignorantes, mais ou menos maléficos. Estaremos jungidos a eles por muito tempo no caso das famílias.

Ao adquirir certo grau de consciência, passamos a ter mais liberdade de escolha sobre o local e condições de reencarnação. No plano extra-físico o ser dispõe de maior liberdade. Os laços que o prendem à matéria estão mais afrouxados, permitindo maior discernimento. Isso possibilita a construção de um roteiro razoavelmente elaborado. Um roteiro que tende a ser esquecido por completo no retorno, e por muito tempo permanecerá obscuro. Porque todo renascimento é, na essência, uma repetição do processo de queda. Doloroso mas necessário para a evolução dos espíritos decaídos (todos nós).

A família é um conceito muito amplo e profundo que não pode ficar restrito a uma interpretação carnal, ancorada no sangue e definida pelo intelecto. Isso é admissível para uma humanidade limitada, em seus primeiros estágios civilizatórios - que beiram a barbaridade para aqueles que já atingiram desenvolvimentos subsequentes, eliminando várias mazelas que assolam nossa sociedade. Nisso uma passagem do Novo Testamento pode trazer pistas sobre o que é de fato uma família:

"Então chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo. Havia muita gente assentada ao seu redor; e lhe disseram: 'Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram'. 'Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?', perguntou ele. Então olhou para os que estavam assentados ao seu redor e disse: 'Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe'. " 
Marcos 3:31-25

"Fazer a vontade de Deus" é aceitar toda criatura como irmã. É perceber a essência comum das criaturas, que irmana cada elemento do universo. Francisco (de Assis) já alertava para isso. Oitocentos anos depois, a Ecologia sistêmica pode difundir esse conceito de forma muito mais eficaz. Os últimos séculos trouxeram um ferramental teórico-tecnológico fantástico, além de uma série de experiências que começam a fazer pressão, sugerindo tendências e esboçando possibilidades.

As Ciências humanas, sofrendo um ataque sem precedentes nesse país, se colocam em evidência. O ódio desmensurado a alguém (ou a algo) denuncia uma grandeza daquele que sofre as críticas e perseguições feéricas. Há uma singeleza nas criaturas que, sem executar esforço algum, são capazes de despertar os ânimos de todos os espectros ideológicos. Os julgamentos abundam quando o mundo se vê diante de um ser que não pode ser compreendido com suas ferramentas e métodos.

Quem despertou sabe: renascendo (re)começa um trabalho
titânico de libertação (interior) do espírito. Mil distrações,
mil ameaças, tentarão abortar a missão daqueles que mais
operam pela superação.
Lidar com o desconhecido apavora o tipo médio - a imensa maioria das pessoas. Por esses motivos aqueles que sofrem acabam se irmanando: existe um ponto comum, muito sério, muito doloroso e de difícil manuseio, que mesmo sem oferecer nenhuma ameaça concreta ao modo de vida imperante, é um foco de possibilidade que tira o sono dos poderosos - e incomoda a inércia dos neutros. Esses neutros, sem o saberem, são ferramentas do diabo, que sabe muito bem gerenciar corpos, mentes e emoções de pessoas que tem por meta suprema se garantir e desfrutar de pequenos gozos. Não se trata de um julgamento, mas sim de uma constatação de vida.

Transcorro por tudo isso porque é a partir dessa comunhão de sofrimentos profundos e substanciais que os seres com maior estofo espiritual acabam evoluindo. Tiram proveito das chagas que são inseridas em seus teres para edificarem seu ser. Purificam-se e conscientizam-se. Assim, quando criaturas dessa espécie se encontram, elas geram uma irmandade com força que supera em muito a das famílias sanguíneas.

Sinto que o ser humano está prestes a passar por um processo de transformação muito profundo, em que os porquês deverão começar a ser mais investigados. Tudo aquilo que fazemos por instinto (subconsciente) será melhor compreendido. Assim, poderemos começar a conversar sobre isso, abertamente, sem medo, porque todos terão em suas mentes e corações que o objetivo de tocar as feridas é saná-las definitivamente - e não escondê-las permanentemente. O autor sofre muito por não poder se expressar sobre assuntos que ferem e assolam seus irmãos. O fato de não poder esgotar todas suas possibilidades no espaço público e por vias oficiais torna a tarefa de conscientização muito mais desafiadora, exigindo um constante aperfeiçoamento dos atuadores (capacidade de fala, de fazer barulho, de escrever, de elaborar cursos, vídeos, de agir e tomar posturas firmes, etc.). Numa sociedade ainda engatinhando, com sensibilidade atrofiada, pouco desenvolvida, atos singelos, atitudes inteligentes e trabalhos persistentes passam despercebidos. No momento, o único auxílio só pode vir do Alto - se é que a criatura o merece.

Os últimos acontecimentos vêm demonstrando que a força do imponderável continua atuando, arquitetando as condições para o inesperado se dar [2]. Assim, chancelam-se as dúvidas mais recentes.

Em meio a uma vida pública que exige esforços constantes, com interiorização de dores, o autor recarrega suas energias com aqueles que mais lhe compreendem, através de meios diversos. Filmes, música, conversas úteis, escrita, estudos, caminhadas e contemplação renovam as forças exauridas na arena dos interesses humanos, cheio de nebulosidades. O último filme assistido trata justamente da questão da família, na qual dois casais ficam sabendo que, após quase 20 anos, seus bebês foram trocados na maternidade [3]. Para deixar a situação mais delicada: uma família é palestina, a outra é judia. Esses tipos de filmes fazem a pessoa pensar sobre as questões da vida. Faz realmente diferença saber que seu filho natural foi criado por outro?

Passamos muito tempo com os outros e nenhum tempo conosco.
Conhecer-te a ti mesmo é, no fundo, conhecer o outro -
de verdade! Nós tememos a contemplação. Temos um misto de
medo e admiração ao nos depararmos com contempladores da vida.
Tudo fica óbvio quando as coisas são explicadas e as pessoas compreendem. Todos dizem: "Estava na cara!". No entanto, se "estava na cara", por que jamais ninguém suspeitou de algo, ou se manifestou, e se comportava de modo completamente não-condizente com essa afirmação subsequente ao fato? Nas próprias falas as pessoas denunciam sua inconsciência.

Desenvolvendo o pensamento e aflorando os sentimentos, o ser humano é levado a desdobrar tudo aquilo que nunca julgou existir dentro de si. Esse processo é multimilenar e cada vez mais necessário. Assim pode-se chegar a abordar o evolucionismo espiritualista - e deste, após um despertar profundo, inciar-se no monismo.

Vejamos o que Leon Denis nos diz sobre a reencarnação:

"A reencarnação realiza-se por aproximação graduada, por assimilação das moléculas materiais ao perispírito, o qual se reduz, se condensa, tornando-se progressivamente mais pesado, até que, por adjunção suficiente de matéria, constitui um invólucro carnal, um corpo humano.

O perispírito torna-se, portanto, um molde fluidico, elástico, que calca sua forma sobre a matéria. Daí dimanam as condições fisiológicas do renascimento. As qualidades ou defeitos do molde reaparecem no corpo físico, que não é, na maioria dos casos, senão imperfeita e grosseira cópia do perispírito." (grifos meus)

Depois da Morte, Cap. 41


Logo em seguida, descreve o quão lento é o processo de retomada de consciência:

"Desde que começa a assimilação molecular que deve produzir o corpo, o Espírito fica perturbado; um torpor, uma espécie de abatimento invadem-no aos poucos. Suas faculdades vão-se velando uma após outra, a memória desaparece, a consciência fica adormecida, e o Espírito como que é sepultado em opressiva crisálida.

Entrando na vida terrestre, a alma, durante um longo período, tem de preparar esse organismo novo, de adaptá-lo às funções necessárias. Somente depois de vinte ou trinta anos de esforços instintivos é que recupera o uso de suas faculdades, embora limitadas ainda pela ação da matéria; e, então, poderá prosseguir, com alguma segurança, a travessia perigosa da existência." (grifos meus)

É interessante perceber que de fato isso ocorre. Os filhos só começam a manifestar suas reais inclinações (de forma clara) a partir de certa idade. Uns demoram mais, outros menos. Mas a reconquista é longa. Semelhante a uma queda espacial (ou na carreira, ou na vida afetiva), é difícil ao ser recuperar o estado anterior, pré-queda. Isso torna a tarefa evolutiva neste mundo muito árdua - mas necessária! Soma-se a isso o fato de que a posição original dos espíritos não é muito inclinada ao progresso (nem graduado, muito menos vertiginoso), fazendo com que a vida adulta de 20, 30, 40 ou 50 anos seja um processo lentíssimo de aquisição de sabedoria.

Aqueles que estão mais adiantados, ao retomar consciência de seu ser e se familiarizar com seus planos (o roteiro desta vida), se lançam sem dúvidas ou temores na grande espiral da vida. Não hesitam. Ousam inteligentemente e avançam perpetuamente, sem cansaço definitivo. Às vezes precisam recompor as forças e se nutrir do solidão. Necessitam da contemplação da natureza. Coisas sem as quais é possível encontrar inspiração, ânimo e ideias. O estudo é integral.

Adquirir e interiorizar essa visão é renascer. É preciso acreditar. Porque, o mundo, não tendo explicações racionais (elas se contradizem) nem convincentes (o íntimo nunca é saciado), deve abrir as portas para o desconhecido. Assim persisto e insisto.

A potência transformadora vêm das massas, e se dá apenas quando pensamentos e sentimentos se fundem numa unidade sobre-humana.

Referências:
[1] https://www.bibliaon.com/irmaos_de_jesus/
[2] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2018/12/um-salto-de-fe.html
[3] https://www.youtube.com/watch?v=EphQaJijCuY