domingo, 24 de fevereiro de 2019

Uma intuição que despeja em forma de palavras

Existem seres muito lentos para os padrões vigentes nos meios em que vivem. Em sua fala eles têm dificuldade em manifestar-se no ritmo exigido pelo ambiente (leia-se sociedade). Seu pensar pode até se dar de forma mais ágil no campo racional - mas ainda está muito aquém dos padrões exigidos pela sua posição relativa na sociedade. De modo que isso seja percebido com facilidade pelos outros, ocasionando num julgamento de superfície, que torna o ser alvo de críticas com fundamentação frouxa e objeto de escárnio. Isso se torna tão mais intenso e frequente quanto mais o indivíduo apresenta um descompasso entre sua razão e sua intuição. Entre sua imaginação e seu raciocínio. Entre suas ideias (e ideais) e suas implementações. Entre sua bondade e sua capacidade defensiva (neste mundo).

Uma personalidade forte faz barulho a
todo momento, chamando atenção.
Já uma individualidade mística
silencia com sua essência.
É o trovejar do silêncio...
Dificilmente alguém parou para pensar e refletir que todo julgamento é baseado em uma concepção de mundo particular - de como as coisas devem ser e quais os métodos 'ideais'. É muito simples estabelecermos um conjunto de 'certos' e 'errados', de 'bons' e 'maus', quando nosso grau de percepção dos fenômenos é muito primário.

Geralmente, pessoas que tem soluções prontas (respostas imediatas) para as questões mais polêmicas e delicadas tem um raciocínio de superfície, limitado pela frouxidão de suas capacidades em estabelecer interconexões e sentir o transformismo que as rege. São indivíduos que creem em certa verdade (relativa), encarando-a como ponto fundamental, inquestionável. É comum que, ao indagarmos o sujeito portador desse sistema de crenças e valores, nos vejamos diante de alguém temeroso de avançar na senda do pensamento e da emoção. Receoso de ousar em campos inexplorados. De rever conceitos e combinar ideias. De redefinir ideais. De revelar fraquezas para se lançar na construção de novas proezas...Dessa forma, o medo vence a ousadia e a repetição se torna regra. Adentra-se num ciclo de autodefesa, em que a ferramenta do intelecto analítico serve tanto ao pior quanto ao melhor dos tipos. Terreno arenoso...

Recentemente pude perceber uma situação da qual não mais me agrada participar. Porque já percebi que isso não irá mudar a mente de um ser preso na superfície - dos preconceitos, das narrativas pré-fabricadas e das sensações momentâneas. Trata-se de uma conversa entre três ou quatro pessoas.

Uma delas tinha a visão simplória. As outras duas - que mais ardentemente tentavam explicar ao primeiro os equívocos de seu modo de pensar - já percebem os defeitos estruturais de nosso sistema, apesar de não verem claramente como se forja a solução definitiva desse mal. Essas pessoas explicavam várias vezes, através de fatos e realidades vivenciadas; através da lógica que a racionalidade compreende. Argumentavam do porquê uma pessoa muito rica dever pagar imposto proporcional à sua fortuna, propriedades e ganhos. Tudo isso, para quem estudou (Domenico) DE MASI, (Ladislau) DOWBOR, (Noam) CHOMSKY - só para ficar em três grandes pensadores da 2 ª metade do século XX e início do XXI - é óbvio. Ou mesmo para quem intuitivamente está alinhado com essas correntes de pensamento. Não vou adentrar nos porquês aqui porque o blog já tratou exaustivamente desses temas (quem desejar pode encontrar explicações ao longo da espiral evolutiva deste espaço virtual). Mas há muita gente que ainda não percebe do que se trata, e tais conceitos se situam no inconcebível (superconcebível), pois demandam ao (pequeno) ser uma habilidade em lidar com contradições (espírito democrático) maior. Revela-se um mundo mais complexo, em que os fatos são construídos por poucos atores (grande mídia), forjando narrativas, exaustivamente repetidas aos quatro ventos. Um mundo em que as pessoas estão tão atarefadas em atividades de pouco valor que não resta tempo, energia ou vontade para repousar e observar à fundo o que de fato ocorre à sua volta. Assim, problemas como fome, corrupção, trânsito, etc. são resolvidos prendendo-se alguém, anulando-se o sistema tributário e desmontando entidades "muito poderosas" (como o Estado).

O rumo que a elite (e seu fantoche, o governo) vêm dando
ao país parece ter como destino fatal uma explosão de revolta.
A reforma se revela desmonte e a crença num futuro melhor
(nesse modelo) só diminuí. 
O Brasil está dominado pelo não-pensamento. Ou melhor, pelo pavor ao: pensamento crítico, reflexão, análise. E pela existência de contrapontos - daí a tentativa de diminuir a democracia (que opera com base na contradição), incrementando o autoritarismo (que suprime o outro). Muitos indivíduos, independentemente de seu grau de escolaridade ou posição social, aderem a comportamentos automáticos, baseados no senso comum que se forma a respeito de certos temas. É o instinto de rebanho, que torna o próprio (rebanho) co-partícipe de políticas de intensificação da violência cometida contra o mesmo. Funcionário público a favor da privatização (de seu setor), negro racista, mulher machista, empregados contra leis que os defendem, e muitos outros paradoxos da sociedade contemporânea. Isso tem um motivo, que reside na psique do ser - em seu subconsciente.

Quando o indivíduo deixa de acreditar no potencial de transformação da espécie, ele adentra numa linha de individualismo - que é justamente o contrário da diferenciação, que colima no senso de coletividade em prol da edificação de um pensamento sistêmico. Essa espiral faz a pessoa se ver restrita a uma existência limitada, cuja vida se encerra numa carcaça (corpo) que deve ser nutrida da melhor forma (satisfação dos instintos, ainda baixos no estado atual). Assim, faz-se de tudo para conquistar o quinhão da sobrevivência - num sistema que torna a competição cada vez mais acirrada e sem sentido. Assim, a pessoa deixa de se identificar com as causas que possui em comum com muitos irmãos, negando sua identidade terrena e seu senso moral. Trata-se de uma tentativa de ganhar um pouco a mais. Estamos no mundo em que visa-se garantir-se às custas dos outros humanos, da sustentabilidade do sistema-Terra e sistema-Vida, e da degradação das próprias ideias que embalaram a nossa espécie na esteira do tempo.

É muito árduo resolver um problema definitivamente. Constroem-se teorias e usam-se fatos (passados) para justificar sua inaplicabilidade. Mas as soluções momentâneas são aparentes e esboroam no tempo, deixando como resíduo um problema ainda pior, com um sulco mais profundo na alma humana.

Observando a vida constatei essas verdades. Minha paciência é limitada porque os tempos clamam por soluções impetuosas aliadas a uma nova forma de conceber as coisas. 'Deus', 'trabalho', 'evolução', 'criação', 'educação', 'reprodução', 'Estado', 'amor', 'ciência',...São conceitos-chave que precisam ser revistos sob uma lente monista. É preciso deixar claro como eles (concepção) nasceram, qual seu vir-a-ser na espiral evolutiva e como se relacionam. Parte-se do ponto central: DEUS.

Somente uma nova concepção da divindade poderá fazer a humanidade evoluir sem dores apocalípticas. É mister absorver as visões de Ubaldi, Rohden, Roustaing* e Chardin. Percebê-las em seu imo. Sentir a relação entre tudo isso e a vida que levamos, com dores e superações. Ver-nos a partir de outro plano. Isso tudo pode ser feito a partir de uma nova atitude perante as coisas do mundo. Mas é preciso antes sentir que se trata de uma arquitetura nova - a mais completa apresentada até o momento em nosso mundo atrasadíssimo.

Às vezes, enquanto reflito num momento de calma, seja na natureza ou no lar, imagino que algumas 'limitações' de certas criaturas se devem a um excesso de visão sobre a realidade. Essa visão intensa, ao se manifestar, se degrada e às vezes seu processo se dá desordenadamente - porque a mente racional não é capaz de coordenar o trovejar da intuição. E assim o ser que é portador desse 'problema' (indicativo de um possível adiantamento evolutivo) deve tomar o cuidado de manter em riste suas capacidades de abstração e sintonização com correntes mais altas, enquanto (paralelamente) estuda e ganha experiência nas artes do mundo, adquirindo capacidades literárias, lógicas, orais, gestuais, materiais, etc. Sempre tendo em conta o objetivo supremo: espiritualizar a matéria através da vivência integral, orientada pela simplicidade e encouraçada pela astúcia.

Observações:
* https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Baptiste_Roustaing

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Do Alfa ao Ômega

Partindo do princípio da sinceridade (alfa) as trajetórias de vida são lançadas. Quanto mais intenso e ousado esse princípio, maior a capacidade de se lançar num caminho orientado. Eleva-se mais com um parto mais intenso. Após o primeiro tiro não há mais como cessar o movimento. A meta passa a ser o correto agir, culminando no fim último: ômega.

Qual é esse correto agir? E esse fim último? Pouco se sabe sobre a organicidade da vida. Muito se teme sobre a intangibilidade de leis superiores, que transcendem o campo do mundo sensível e cognoscível. A arte é o único campo - no momento - capaz de aceitar (e lidar) de forma mais séria com o fenômeno inspirativo, se apropriando de algumas de suas características através de suas práticas. Resta-nos permear de forma consciente e sistemática a ciência com esse espírito de superações. Não se trata obviamente de tornar ciência em arte, objetividade em subjetividade - mas sim de tornar as chispas de genialidade advindas dos recônditos da alma intersubjetiva, realidades saboreadas em todas suas dores e glórias, construindo um elo entre esse mundo e o mundo objetivo. Dessa forma ter-se-á uma nova objetividade, com visão mais larga, percebida por todos porque sentida no imo do ser.

Quando nos vemos diante de um abismo insuperável é
necessário fazer brotar o senso mais elevado de Deus.
A Fé e a Razão estão prestes a se casar. A ciência será
feita apaixonadamente. A religião será coerente. Religião e
Ciência serão uma única coisa: o estudo de Deus e Universo.
Estudo intuitivo, conduzindo o intelecto e as ações.
O processo evolutivo humano se dá no campo psíquico. Nosso desenvolvimento orgânico se apoiou na continuidade do mundo animal (evolucionismo material), sofisticando-se dentro de suas possibilidades para permitir a manifestação das potencialidades da mente. Assim os primeiros hominídeos eram rudimentares, com volume craniano limitado, pelos no corpo, braços grandes e sem nenhum senso de transcendência. É apenas por volta de 80 a 100 mil anos a.C. que o ser humano (já Homo sapiens sapiens) passa a demonstrar um despertamento para a realidade de uma vida além da existência física: túmulos com objetos são encontrados que datam dessa época. Nasce o senso de religiosidade.

O advento das civilizações antigas atesta um salto evolutivo sem precedentes. Segundo as teorias do evolucionismo espiritualista - para ser mais preciso, do espiritismo - um expurgo de almas do sistema solar da estrela Capela [1] nos trouxe o impulso necessário para sairmos da pré-história. A partir do  décimo milênio antes de Cristo surgem as primeiras aglomerações urbanas. O senso de organização coletiva começa a surgir, de forma rudimentar e bárbara - mas surge. No quinto milênio a.C. florescem civilizações: sumérios, hititas, egípcios,...No oriente, na China e Índia, grandes dinastias, com religiões, política  culturas próprias. Para coordenar os instintos humanos mais basilares de forma eficiente, edificam-se sistemas de leis (controle), organizam-se exércitos (domínio de recursos), erguem-se religiões (cultura), desenvolve-se o pensamento (filosofia e ciência). Mas é na Grécia Antiga que surgirá o início de uma trajetória sistematizadora, cujos herdeiros somos nós.

Suspensa entre os séculos V e XVI d.C. o mundo ocidental fez uso de muitos conceitos de Aristóteles para forjar uma geometria do universo. Geometria fechada, considerando o cosmos finito, e a Terra circunscrita em esferas celestiais com gradações especificadas pela Igreja. Essa foi a Idade Média. Época das dolorosas privações e doenças. Mas ao mesmo tempo das visões sublimes e da manifestação dos Santos. Era do misticismo na sua forma mais pura - sem um pingo de racionalidade. Era em que Fé e Razão estavam completamente divorciadas, sendo que os dogmas e a revelação constituíam a única forma de se chegar a verdades. Era do monopólio da Igreja, com seu império que dominava mentes e corações - além de terras e ouro. Era que trouxe contribuições em meio a dores. Época ainda mal compreendida.

O advento da Revolução Científica (séc. XVI) brindou a humanidade com o despertar pleno do intelecto. Me parece que o sofrimento de Giordano Bruno abriu as portas para uma nova onda de expansão do pensamento e do bem-estar material. Esse ser acreditava que o universo era infinito em sua extensão espacial, sempre existente (eterno) e com incontáveis mundos, muitos deles habitados por seres vivos como nós, sendo o nosso planeta um mero ponto num oceano de partículas siderais. Por sentir isso e manifestar, foi torturado por sete anos e queimado vivo. Galileu Galilei tinha as mesmas visões, e comprovou muitas verdades com sua luneta. Mas foi poupado: negou oficialmente que a Terra se movia (mas admitia isso em seu imo...eppur si muove....). A partir daí as descobertas se dão em ritmo crescente e vertiginoso.

Giordano Bruno (1548-1600). Homem de ímpeto,
de determinação e de coragem. Com sua dor ele
abriu novos caminhos.
O universo de geometria fechada passa a ser de geometria aberta. Demócrio substitui Aristóteles. Tudo passa a ser explicável através do mecanicismo científico. O materialismo ganha corpo e começa a dominar todas esferas da vida humana. Á medida que a ciência descobre e explica fenômenos do mundo circunjacente, o império da Igreja cai, pouco a pouco, com o escorrer do tempo. A astronomia desvenda os mundos e comprova verdades irrefutáveis; Newton, Kepler e cia.  estabelece as leis de movimento, percebe as cores, desenvolve ferramentas matemáticas; Lavoisier estabelece as leis de conservação de massa e energia (nada se cria, nada se perde, tudo se transforma);  Darwin comprova a evolução das espécies; Freud explica a natureza humana (do tipo médio, predominante); e assim por diante. Parece que nada iria frear esse impulso impetuoso.

Milhões migram da crença pura e simples para o raciocínio frio e cortante. Esse parece trazer mais conforto. Bem-estar e tecnologia são as palavras do dia. Assim, no século XIX, explode o ateísmo. Muitos seres humanos, percebendo as novas verdades, aceitam-as. Mas em seu imo reside uma centelha de divindade que afirma haver algo a mais. Que Deus não poderia estar morto - a não ser que se tratasse de uma concepção de Deus.

O teísmo da Idade Média passou a ser o deísmo de Descartes e Newton. Logo em breve, esse deísmo se transmuda em ateísmo [2]. Deus acaba saindo fora do jogo humano, ficando restrito às práticas religiosas e aos ensinamentos morais. O evolucionismo traria em si uma vertente equivalente para o lado do além-túmulo, permitindo ao ser humano voltar a ter uma crença. Foi necessário assim surgir uma doutrina que explicasse de forma mais madura os fenômenos sobrenaturais. Nasce assim o evolucionismo espiritualista.

Gilson Freire destaca em sua monumental obra [3] a importância da teosofia e da doutrina espírita. Essa corrente de pensamento soluciona muitos dos paradoxos do criacionismo judaico-cristão, ao mesmo tempo em que abraça e trabalha com as mais modernas teorias da ciência. Seu mérito está em revelar de forma sistemática, coerente e comprovada a continuidade da existência no além-túmulo, e com isso o fenômeno da reencarnação; deu alento aos perdidos; consolou milhões; e trouxe importantes revelações. Seu desafio é não parar na esteira do progresso e admitir novas visões e teorias.

Nascido no auge do materialismo da ciência, o espiritismo também bebeu de suas fontes: o universo continuava infinito no espaço e eterno no tempo. O dualismo ainda predominava, pois nós somos centelhas de Deus, nos apartando dele à medida que somos criados. Apesar disso ele deixa de ter uma característica antropomórfica, típica das religiões monoteístas. Deu uma interpretação geológica-paleontológica mais madura à Gênese Mosaica e atestou a existência do além-túmulo.

Por ter feito muitos males, o cristianismo teve muitos de seus conceitos (defendidos fervorosamente) afogados pelo espiritismo, como a ressurreição, substituindo-a pela reencarnação. No entanto, apesar de ser uma verdade prestes a ser comprovada pela mais moderna ciência quântica [4], a reencarnação não é a ressurreição. Eis um problema que o espiritismo não foi capaz de resolver de forma convincente. Ao mesmo tempo, o conceito de ressurreição católico (e seus derivados) não é mais aceitável à mente humana moderna, dotada de bom-senso e aderente à lógica. Seria preciso surgir um novo conceito de Deus e Universo para solucionar esses paradoxos que começavam a inquietar mentes sedentas por um alimento substancial...

O século XX nos traz o neocriacionismo científico. Com as descobertas de Hubble, a cosmologia volta a admitir um universo finito. A geometria fechada volta a ser colocada em pauta. Posteriores descobertas comprovam definitivamente que o universo está em expansão. Logo, teve uma origem no tempo - e vai se extinguir...pois tudo que nasce morre. Além disso, se surge no tempo e está em expansão, houve uma época em que era inexistente: o espaço também "morrerá". A 2ª Lei da Termodinâmica (entropia) já comprova o fim de todo movimento (zero absoluto), no qual toda vida irá deixar de existir - com o máximo de entropia. Calcula-se que dentro de 24 bilhões de anos o universo físico irá se extinguir.

Nessa jornada de descoberta espiritual, é bom ter alguém
para caminhar junto. Amor é quando duas pessoas olham
para a mesma meta, no infinito e eterno -
e não um para o outro, num egoísmo fraterno.
Porque é em Deus que eles se encontrarão... 
Einstein sistematiza sua teoria. Espaço e tempo passam a ser entrelaçados e relativos. Derruba-se o mito do absolutismo e separatismo do espaço e do tempo. Funde-se e relativiza-se as dimensões por nós conhecidas - mas misteriosas em sua essência...

Niels Bohr, De Broglie mostram um modelo atômico que atesta que a luz pode se comportar como onda ou partícula. A energia e a matéria passam a ser manifestações diferenciadas de uma mesma substância...

A Física quântica nos leva ao reino dos quarks. Partículas fundamentais são descobertas pelos modernos instrumentos. Percebe-se que nos interstícios da matéria reina a nossa completa ignorância. Percebe-se a não-localidade, a dualidade onda-partícula, a simultaneidade, o holismo, etc...como realidades do mundo subatômico. As forças fundamentais são elencadas em quatro: forte, fraca, eletromagnética e gravitacional. A Teoria das Cordas [5] busca unificar a teoria da relatividade a a teoria quântica numa única formulação matemática (um sonho e visão de Einstein), forjando uma Teoria de Tudo. A ciência, nesse segundo momento, se vê novamente diante de Deus, que é unicidade e imaterialidade...

A Biologia descobre a estrutura do DNA, com Watson e Crick [6]. Mas sabe-se que um conjunto orgânico de moléculas que contém instruções genéticas não são a causa última da lógica de construção. Coordenador não é criador! O DNA coordena e replica instruções através de moléculas especializadas.

"O ácido desoxirribonucleico (ADN, em português: ácido desoxirribonucleico; ou DNA, em inglês: deoxyribonucleic acid) é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e alguns vírus, e que transmitem as características hereditárias de cada ser vivo." (Fonte: Wikipedia)

Um composto orgânico é material. A lei que permite que ele se forme e coordene a vida é imaterial...

Com o neocriacionismo científico a ciência se vê forçosamente diante da necessidade de admitir a existência de uma causa não causada, única e imaterial, fora do plano alcançável pela nossa parca razão analítica. Sim...ao ler a obra de Gilson Freire [3] percebe-se de forma cristalina que a humanidade está muito próxima de atestar o universo do espírito. E de admitir a última realidade  encoberta por mais de quatro séculos pelo materialismo: Deus.

O criacionismo aristotélico possui suas sublimes e últimas verdades da teoria da queda mas não sabe explicá-las;

O evolucionismo espiritualista revelou realidades evidentes e lógicas, dando consolo. Mas ignorando integralmente conceitos do passado, se vê diante de paradoxos;

O materialismo mecanicista nos brindou com muitos avanços no bem-estar. Mas nos deixou solitários e desesperançosos num universo infinito e incerto;

O neocriacionismo reestrutura a ciência materialista e aponta para os conceitos mais defendidos pelo criacionismo...

Chega o momento de descer à terra um novo pensador...

Esse é Ubaldi. Antes de residir no Brasil
definitivamente, passou três meses dando uma
série de palestras sobre sua Obra (1951). Percorreu
todo o país. Apóstolo de Cristo, cumpriu sua missão.
Me salvou da perdição...
Pietro Ubaldi desenvolve sua vida e obra ao longo do século XX, publicando suas visões sistematizadas, em forma de livros, ao longo de quarenta anos: de 1931 a 1971. São 24 volumes que, em seu conjunto: resolve quase todos paradoxos do espiritismo, reorienta as modernas teorias cosmogônicas e resgata de forma madura os mais queridos conceitos criacionistas. Com o místico da Umbria forja-se um sincretismo magistral e harmônico de todas as arquiteturas precedentes.

A Arquitetura Monista de Ubaldi é a mais completa jamais surgida em nosso mundo. Pela primeira vez temos registrado em nosso mundo "real" o advento de um verdadeiro apóstolo moderno. Um profeta e um santo que foi capaz de comprovar de forma consciente e sublime a existência da Lei de Deus, apresentando-nos uma Teoria da Queda que o neocriacionismo é incapaz de negar sem destruir a si próprio. Resta à nossa parca razão assimilar essa seiva divina e nos deixarmos orientar por seus ensinamentos.

Muitas questões que assolam as mentes mais irriquietas e os corações mais sinceros encontram soluções da obra ubaldiana:

A questão do juízo final (dos criacionistas) e do juízo parcial (dos espíritas);
A questão da reencarnação, com sua natureza, seu porquê e seu processo;
A questão da ressurreição: do que se trata, como obtê-la;
A questão dos milagres, vista à fundo;
A questão da Queda dos espíritos;
Os porquês da dualidade em nosso universo;
A questão da bondade de Deus aliado ao sofrimento que passamos;
O monismo explicado em sua mais alta forma.

Estamos diante de um conceito que irá transformar a humanidade efetivamente - assim que formos capazes de assimilar e praticar os ensinamentos do Prof. Ubaldi.

Esse blog surgiu para cumprir a missão de transmitir essa arquitetura. De validar a teoria [7]. De mostrar, em grau ínfimo, que a Lei de Deus está atuando incessantemente - e que os milagres ocorrem devido à sinceridade ardente aliados a ousadias inteligentíssimas.

Aqui fala um papagaio de segunda categoria, cuja única função é transmitir da forma mais intensa conceitos verdadeiramente revolucionários.

Toda a glória é de Deus.
O modelo é Cristo e seus emissários, em variados graus evolutivos: Lao Tsé, Buda, Francisco, Ubaldi,...
E a salvação é nossa.

Eduardo Vaz - XXII Congresso Nacional Pietro Ubaldi



XX Congresso Pietro Ubaldi - Gilson Freire - Rumo à Superconsciência


Referências:
[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Exilados_da_Capela
[2] Teísmo atesta que Deus criou e continua atuante no Universo. O deísmo admite a existência de um Criador, mas atesta que, após esse ato, Deus deixa de atuar na sua criação. O ateísmo nega completamente a divindade, afirmando que o cosmos é puro acaso e caos.
[3] Arquitetura Cósmica.
[4] https://www.youtube.com/watch?v=EgAPwSWuRog
[5] https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_das_cordas
[6] https://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Crick
[7] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2014/11/validar-teoria.html

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Entre duas virtudes

Existe apenas um modo de apreender algo definitivamente: através da experiência. Podemos ler tudo sobre algo, estudar, abstrair conceitos e até mesmo refletir. Mas o que garantirá que o âmago de nossa alma se transforme de modo efetivo é passar por uma vivência íntima. Com o estudo de algo podemos apenas aprender - para apreender é imperioso entrar no campo de batalha. O Kurukshetra [1] da Bhagavad Gita. Todos nós podemos iniciar essa batalha, em nosso interior. Ela se inicia quando estamos prontos, tendo superado as piores tendências e nos livrado das ilusões mais sorrateiras do mundo (Maya). Vencê-la representa a maior conquista humana, capaz de transformar tudo.
Primeiro, contemplamos. Depois, com o espírito preenchido
de inspiração, "criamos" através de um trabalho incessante.
Apenas aquilo que macera a alma tem o poder de despertá-la. Ela se torna mais expandida a partir do uso positivo da dor. A capacidade (da alma) de lidar com complexidades aumenta na mesma proporção que converte experiências - geralmente dolorosas - em produtos acabados, tangíveis ou não. Assim adquire-se a habilidade de elaborar ideias, redigir textos, compor músicas, realizar estudos e trabalhos, dialogar habilmente, enfrentar situações de exposições, manifestar sentimentos, mudar os hábitos e - sobretudo - enxergar o significado profundo que se manifesta na superfície cotidiana. 

Duas são as virtudes a serem dominadas pelo ser. Uma foi percebida pelo Ocidente - outra pelo Oriente. A primeira é a capacidade de ação. A segunda, a arte da meditação. Uma é atividade que opera no mundo de forma dinâmica e se repercute na sociedade, de uma forma benéfica ou maléfica. A outra é contemplação do mundo interior, com a adoção de uma vida simples e de reflexão, buscando trabalhar a essência do indivíduo. Dessa forma podemos dizer que o leste trabalhou a arte da sabedoria enquanto o oeste exercitou a ciência da aplicação. Ambas são importantes para atingir o que a arquitetura criacionista denomina salvação. A questão é a dificuldade em exercitar ambas (virtude) e torná-las um binômio dinâmico capaz de construir a personalidade de forma a acompanhar o desenvolvimento do indivíduo.

A personalidade é a forma com que a nossa individualidade se manifesta nesse plano físico. São características relacionadas ao ambiente (geográfico-cultural) e às características genéticas (pai-mãe), que o espírito deve usar para moldar o organismo físico e mental. A individualidade se refere ao espírito, ou consciência, que - como o próprio nome indica - é algo indivisível e intangível. É muito importante destacar essa diferença para que não corramos o risco de nos confundirmos na hora de estabelecer comunicação sobre assuntos desse tipo.

O que comumente se vê é pessoas com aculturadas a exercitarem um dos pólos (reflexão ou ação). Mas isso é feito de modo incompleto e mecânico. Com baixa intensidade. Uma reflexão que se traduz como puro exercício para aquisição de verniz intelectual ou cultural é mal usada. Uma ação horizontal, que tende ao abuso, com fins egoístas (individualismo), é pior do que nada fazer. Logo, é preciso saber realizar a ação e a reflexão verdadeiras. Esse é o primeiro ponto.

A contemplação se dá através da busca do
nada. É com o esvaziamento da mente e a calmaria
dos sentidos que podemos conhecer nossa essência.
A partir do momento em que nossos atos começam a ser pautados por objetivos que extrapolem os limites de nosso horizonte de expectativas, podemos dizer que estamos ascendendo nesse pólo. É preciso ignorar as consequências do presente quando se sente um ideal distante conduzindo nossas atitudes, lá nos recônditos da alma. O mesmo se dá com a reflexão: quando mergulhamos no vazio, permeando nosso ser com conceitos incompreensíveis pela mente racional, precisamos fazê-lo a partir de um desejo sincero e ardente que visa a melhoria efetiva de nossa alma. Caso contrário o esforço será em vão. Eis a segunda observação.

Ter uma ou outra virtude bem desenvolvida leva a pessoa a notar a existência do outro pólo: para avançar na verticalidade mística é preciso dar as mãos ao outro pólo, cujas características são complementares. Esse aspecto dual do universo faz parte do monismo.

Nesse ponto Gilson Freire destaca que dualismo é um termo negativo, antagonismo entre finitos, que nega o monismo, apoiado apenas na característica transcendente de Deus - excluindo sua imanência. Ela enxerga apenas a competição - o que conduz à destruição. Já a dualidade é um termo positivo, no qual duas coisas (ou seres), apesar de suas diferenças, se unem, num amplexo de complementaridade que se traduz em cooperação. Sobre essas duas realidades da vida (cooperação - competição), Antônio Nobre [2] explica a função de cada uma: a cooperação é o modo de operação que o nosso planeta (e toda a vida!) adota para regular e viabilizar a evolução. A competição é usada como última alternativa, quando a colaboração não é mais possível.

A ação é transformação, atuação no meio. Seu produto deve
trazer um ganho de experiência - e um auxílio ao próximo.
O mundo infra-humano está em constante cooperação, apesar das crueldades dos predadores. Porque a inteligência dos animais é restrita a um férreo instinto que os prende a fronteiras de atuação. Dessa forma, no conjunto, cada qual buscando satisfazer suas necessidades (instintivas) acaba regulando a comunidade global de seres - e não alterando os fenômenos. Os humanos, por possuírem razão, são capazes de prever e planejar; de potenciar os meios e traçar finalidades; de transformar e comunicar; de encurtar as barreiras espaciais e temporais - sem no entanto superá-las. Acabam usando essa capacidade fenomenal de raciocinar para satisfazer os seus instintos - que são muito semelhantes aos dos animais, grupo mais próximo na escala evolutiva. São instintos mais sofisticados, que se traduzem em vontades buscadas de forma incessante. A elementar fome passa a ser desejo de propriedade. O sexo evolui para a perpetuação da família, da nação, da cultura. Conservação do indivíduo (fome) e da espécie (sexo). A primeira e segunda leis da vida, citadas por Pietro Ubaldi em seu livro História de um Homem. Mas nós humanos temos imiscuído em nosso âmago uma força que clama por conquistas que vão além das quantidades...Conquistas voltadas para nosso interior. Conquistas que não se preocupam com a fortificação das coisas externas como aparência, posição social, títulos, dinheiro, etc.

A terceira lei é aquela que não se interessa pelas coisas do mundo, e sim em fazê-lo melhorar. É a lei da evolução. Quem se alinha a essa lei? No momento, raríssimos indivíduos. É a lei do ser que segue o Evangelho, tendo-o em seu íntimo. Francisco de Assis é um exemplo de homem da 3ª lei. Santos,  chefes de estado, místicos, pensadores, artistas, cientistas.

É preciso combinar o melhor de cada ideia, conceito, ideologia, prática, especialidade, religião e filosofia. Sem o qual não seremos capazes de retornar ao Sistema* - ou seja, atingir a salvação. Cristo afirmou que é preciso, além de "amar a Deus acima de todas as coisas", também "amar o próximo como a si mesmo". 

Retornar-se-á aos mitos da criação de um modo amadurecido: na forma de visão unitária do Todo.

Referências:
[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Kurukshetra
[2] https://www.youtube.com/watch?v=R0z4vPOVFTc

Observações:
* Podemos resumir os conceitos ubaldianos da seguinte forma:
Sistema = 'reino' do imponderável, além do espaço-tempo e do relativo, o absoluto (o Céu dos cristãos)
Anti-Sistema = universo físico em transformação, relativo (a Terra dos cristãos, que no tempo atual é um inferno)