domingo, 29 de dezembro de 2019

Processos Colaborativos na ESBM - Palestra, 05/2019

Conforme prometido, segue a palestra de Processos Colaborativos na Engenharia de Sistemas Baseada em Modelos (ESBM), proferida em maio de 2019 na Semana da Engenharia do IFSP/SJC.

Aqui o foco é mais específico, visando um público mais restrito, da área técnica, com enfoque especial para os(as) futuros engenheiros(as) da instituição - e todos docentes interessados no tópico, que trabalharam ou trabalham com o tema apresentado.

Dividi a apresentação em seis tópicos (ver vídeos abaixo). A ideia é transmitir as tendências na área de desenvolvimento de sistemas, e a partir daí explicar o trabalho desenvolvido por mim durante meus anos como estudante de Pós-graduação no INPE. Irei definir e caracterizar brevemente os modelos, para a seguir  mostrar dois importantes paradigmas na representação de sistemas físicos (físico e informacional), destacando as diferenças entre ambos em termos de simbologia, fidelidade, simplicidade e resultados de simulação. Tudo isso foi feito no meu Mestrado, que consistiu em comparar as duas abordagens tendo como base um subsistema propulsivo para satélites*.

A segunda parte contextualiza o desenvolvimento colaborativo e seus processos. Irei aqui apenas esboçar a natureza desse tipo de desenvolvimento. Comento sobre o ambiente colaborativo - que viabiliza a implementação de processos colaborativos. Também destaco os requisitos de processo, exemplificando o porquê deles serem especificados durante a construção da cadeia de processo - e antes da execução da mesma.

A definição de requisitos implica em restrições. Essas são definidas pelas ferramentas, objetivos do processo e tipos de conexões. Eles permitem, dito de modo simples, a construção de uma ou mais cadeias de processo de forma orientada. Pode-se inclusive pensar numa hierarquia de funcionalidades e, dentro de uma mesma (funcionalidade), uma sub-hierarquia de eficácia. Tudo isso dependerá do grau de complexidade da rede.

No meu Doutorado estive concentrado em criar uma nova metodologia de interconexão e reuso de ferramentas computacionais, além de implementar uma análise paramétrica automatizada (e remota) de um processo colaborativo.

O que é isso?, alguns podem estar se perguntando.

Bom...tudo que envolve 'análise' pode ser lido como 'estudo'. Se estou analisando algo (ou alguém), há uma série de processos cognitivos acionados responsáveis por estabelecer mensurações, filtragens e classificações para, a partir destas, tomar uma decisão - ou dar uma resposta ao meu chefe.

'Paramétrica' é a junção dos vocábulos 'parâmetro' com 'mensuração'.:

substantivo masculino
  1. 1.
    padrão, regra, princípio etc. por intermédio do qual se estabelece uma relação ou comparação entre termos.
  2. 2.
    MATEMÁTICA
    variável de caráter secundário cuja finalidade é especificar os objetos de um conjunto ou de uma família [P.ex., na família de planos ax + by + cz + d = o ; abc e d são parâmetros.].

mensuração
substantivo feminino
  1. ato ou efeito de medir ou mensurar.
    • MÚSICA
      m.q. MENSURA.
Origem
⊙ ETIM lat.tar. mensuratĭo,ōnis 'medição de terras; agrimensura'


Dito de outra forma, 'parâmetros', em engenharia, são atributos de componentes, subsistemas ou sistemas. A massa de um eixo, por exemplo, é um parâmetro. Seu diâmetro. Os diâmetros das seções de um bocal convergente-divergente. A densidade de um combustível (se não variar com a temperatura e pressão). São grandezas que não sofrem variação ao longo do tempo de operação. No entanto, elas mudam (e muito!) ao longo da fase de projeto, em que o sistema ainda está sendo definido. 

Mensurar é medir. Logo, uma 'análise paramétrica' é um estudo que visa medir parâmetros - que variam a cada ciclo - com o intuito de observar qual combinação (de parâmetros) é a mais próxima ao ideal para compor definitivamente aquele sistema (ou produto, na linguagem empresarial). 

Automatizar esse processo implica em aliviar o trabalho humano, tornando o computador responsável por fazer as variações e coletar ordenadamente os dados, gerando gráficos, tabelas e até mesmo relatórios. É claro que necessário se faz setar como serão essas variações e quantos ciclos serão executados. O humano sempre está no início e no fim dos processos automáticos - cada vez mais próximo às origens e concentrado nos fins.

Ela é feita remotamente porque toda essa rede pode ser executada envolvendo diversos profissionais e grupos situados em locais geográficos distintos. Cada um tem sua ferramenta, instalada em sua máquina, construída a partir de seus modelos analíticos, usando uma linguagem e assumindo hipóteses.

O desenvolvimento colaborativo parte do mesmo princípio
da organização de uma orquestra. Os músicos são os especialistas.
Seus instrumentos, suas teorias, ferramentas e métodos. O maestro,
o coordenador (ambiente). As músicas, os arranjos (processos).
Trata-se sem dúvida de algo que pode aumentar em muito a eficiência do desenvolvimento de sistemas. Em particular, na engenharia. Mas não apenas restrito a esse campo. A diminuição de ciclos (tempo), aliada à maior facilidade em obter um conjunto enorme de dados de forma ordenada (informação) permite decisões mais inteligentes. Há ainda a diminuição do custo: menos ferramentas computacionais são necessárias, o que implica em menos licenças. Os dados são distribuídos / compartilhados na rede. A memória computacional (armazenamento e execução) pode ser menor. Ganha-se agilidade dos elementos e do todo através da integração e interconexão das ferramentas num ambiente (virtual) colaborativo. Mas isso ainda não é tudo: há a questão da possibilidade de reuso.

O reuso de ferramentas depende do mapeamento do conjunto. Isso independe da cadeia de processo a ser construída. Para construí-lá (a cadeia) o grupo (conjunto de instituições, grupos, pessoas) deve não apenas se basear em seu sistema, mas num mapa (de ferramentas) que revele as possibilidades de construção. A esse mapa dei o nome de 'diagrama inter-ferramentas dinâmico '.

Por que 'inter-ferramentas'? Porque são várias, e relacionadas direta ou indiretamente entre si.
Por que 'dinâmico'? Porque percebi que ele pode adquirir diferentes configurações. Para isso é preciso compreender os tipos de conexões entre ferramentas existentes.

Segundo Deshmukh et al. (2014), existem sete tipos de relações entre modelos (que eu estendi para ferramentas, um termo mais geral):


I) "Depende de" é uma relação de necessidade. Um modelo depende de outro para ser executado. A inversa seria "é requisito para".

II) "Foi derivado de" é uma relação de criação. Um modelo parte de outro para ser construído. Sua inversa é "é um template para".

III) "É uma extensão de" é uma relação de ampliação. Um modelo tem as mesmas características de outro, além de suas próprias. A inversa é "foi estendido por".

IV) "É uma reimplementação de" é uma relação de identidade funcional. A diferença reside na executabilidade para uma plataforma de simulação distinta. Sua inversa é "foi reimplementada com".

V) "É mais complexo que" é uma relação de aumento de fidelidade em relação a outro. O modelo fornece informações que o outro é incapaz. Sua inversa é "é mais simples que".

VI) "É uma alternativa a" trata de uma relação de semelhança. A função é a mesma que de outro modelo, mas a lógica interna de funcionamento é distinta.

VII) "É compatível a" é uma relação de parceria. O modelo pode ser usado conjuntamente com outro (está adaptado a isso).

As relações são setas bi ou unidirecionais que conectam ferramentas (círculos numerados). A cor do círculo determina sua natureza (ver árvore de classificação). Assim é possível construir um diagrama que relacione todos os modelos que os grupos possuem, formando um mapa completo que dará as possibilidades de arranjos e rearranjos de suas cadeias de processo.

Após essa visão geral entro com o estudo de caso feito.

1. Histórico e tendências
parte 1

parte 2

parte 3

2. Modelos e paradigmas
parte 1

parte 2

3. Desenvolvimento colaborativo
parte 1

parte 2

parte 3

4. Estudo de caso
parte 1

parte 2

parte 3

5. Conclusões

Notas
*trata-se da Plataforma Multi-Missão, PMM, o primeiro inteiramente desenvolvido no Brasil.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Compilação de visões (D8)

Atividade 2.2 – Fórum Avaliativo – O público-alvo da Educação Especial no contexto educacional Regular

Neste fórum iremos analisar e debater o processo de inclusão de alunos que fazem parte do público-alvo da Educação Especial no contexto de cursos do Centro Paula Souza.
Você já teve ou tem alunos público-alvo da Educação Especial (deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TEA) ou altas habilidades ou superdotação) em algumas de suas salas de aula? Compartilhe com os colegas as seguintes reflexões:
  1. Você conversou com esse aluno no início do curso?
  2. Você realizou alguma atividade ou conversa com sua turma ao receber esse aluno?
  3. Foi necessário adaptar algum material, procedimento ou conteúdo?
  4. Como foi a convivência desse aluno com o restante da turma?
Caso você não tenha tido um aluno público-alvo da Educação Especial em suas turmas, reflita as questões acima de forma a se colocar da maneira como agiria se tivesse tido um aluno com tais características em seus cursos.


por LEONARDO LEITE OLIVA - segunda, 7 Out 2019, 17:08
Bom dia a todos(as) !

Eu nunca tive de lidar com um aluno que exigisse cuidados especiais. Não imagino como eu agiria. Provavelmente seja necessário algum treinamento para saber como proceder durante o curso - pois trata-se de alguém que possui menos sentidos e/ou diferente ritmo de aprendizado, com limitações do ponto de vista do que consideramos normal.

Acredito que há pessoas com mais (ou menos) aptidões para lidar com esse tipo de público, assim como temos docentes que lidam melhor com o público infantil do que com adultos - e vice-versa. Percebo que pessoas que possuem mais afinidade com as artes, em geral, são mais receptivas ao diferente, por serem capazes de internalizar sentimentos de forma mais pronunciada. Isso não significa que a pessoa tenha de ter uma formação na área, mas uma afinidade com as formas de expressão. Da mesma forma, o fenômeno pode se dar para quem se envolve de forma muito intensa com aspectos mais profundos da realidade através da ciência, da comunicação ou da filosofia.

Recentemente vi um filme muito bom que trata justamente do tema. Uma freira na França que trabalha num convento para meninas surdas acaba se responsabilizando por uma menina cega e surda, mesmo que o lugar não tenha competência para tratar de tal problemática. Ela acaba recebendo a menina e acaba conquistando sua confiança, tornando-a uma pessoa autônoma em vários sentidos.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=D5qJv_I7K6M&feature=emb_title

O espectador vê o árduo trabalho assumida pela jovem e frágil freira. Ela possui saúde precária e acaba falecendo no final, mas cumpre sua missão, considerada impossível (e indesejável) pelas suas colegas: elevar uma menina a um status aceitável, dando-lhe autonomia e confiança, expandindo seus horizontes através de um trabalho formidável, criando uma forma de comunicação nova. É realmente muito bonito. Recomendo o filme.


por LEONARDO LEITE OLIVA - quarta, 23 Out 2019, 20:06
Concordo contigo X. Eu particularmente estou muito despreparado. Não sei como agir. E às vezes, mesmo com as melhores das intenções, podemos estar fazendo algo prejudicial a alguém. Precisamos ter vivência e um certo treinamento para essas situações. Como você bem disse (grifos meus):
Analisando o contexto de inclusão de uma forma mais ampla, acredito que grande parte dos docentes, ainda está despreparado para receber em sala de aula, alunos com deficiências e dificuldades físicas e cognitivas mais significativas."

Eu fico pensando em termos de comunicação...
Nos apoiamos nos cinco sentidos para atuarmos e formarmos nossas opiniões. A carência de um deles - ou de um membro, ou de uma capacidade cognitiva - traz um problema para o indivíduo. No entanto, percebo que há casos fenomenais, em que a amputação de um sentido, membro ou capacidade intelectual acaba servindo de estímulo para a potencialização de virtudes, gerando-se assim ideias e obras de arte fantásticas.

Quantos casos de gênios não há em que personalidades fora do padrão viviam tormentos constantes e intensos durante toda a vida. Van Gogh, Beethoven e Alan Turing exemplificam esse fenômeno. O sofrimento, se atinge seres de elevado grau de consciência, tirando-lhes às vezes sentidos muito queridos (Beethoven ficou surdo) é o catalisador das criações que ecoam na vasta esteira do tempo. É sem dúvida um fenômeno muito intrigante, que nos deixa perplexos e nos leva a perguntar se existe uma função pedagógica em tudo isso.

Fico pensando em evolução com tudo isso..
Várias obras cinematográficas apontam para uma realidade futura imprevisível, porém muito ansiada pelo íntimo coletivo.

No filme Inteligência Artificial (idealizado por Kubrick e filmado por Spielberg), quando o menino-robô se depara com alienígenas num futuro distante, o espectador percebe que esses seres esbeltos, transparentes (em todos aspectos), eficientes, verdadeiramente inteligentes e pouco materializados, se comunicam por pensamento. Não é necessário ver, ouvir, cheirar, tocar, saborear...Não é necessário um subtrato físico para que ocorra a transmissão de ideias e sentimentos...Logo, a deficiência inexiste, pois vive-se num plano superior, que (aparentemente) superou, há muitos milênios, tendências instintivas que acompanham a nossa personalidade. 

Me pergunto se uma evolução profunda de nossa espécie, à nível íntimo, substancial, não terá o poder de plasmar o organismo físico de modo orientado, rumo a uma neo-configuração orgânico-molecular, reestruturando tudo. Uma evolução interior, que se dará cada vez mais no campo psíquico do que no físico. E este sofrerá influências concretas a partir de fenômenos internos, intangíveis.

Tudo me indica que deslocar nosso centro de gravidade de preocupações para planos mais sutis nos libertará cada vez mais da necessidade de sermos dependentes de órgãos saudáveis para nosso pleno desenvolvimento. Quando discorro sobre essas questões, obviamente penso na escala de milênios e milênios - pois sei que a evolução...especialmente da consciência humana...é lentíssima. 

Enfim...acredito que chegará um momento em nossa trajetória multimilenar em que não haverão mais deficiências. Porque estaremos vivendo em planos de existência hiper-sensórios (como os alienígenas do filme). Mas antes de chegar lá precisamos saber tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. É mister ter empatia para com o outro para operar essa ascensão de espírito. E...por mais paradoxal que pareça...é apenas sabendo abraçar o outro e inseri-lo na sociedade que permitirá à humanidade se livrar da dependência desse organismo pesado, com vínculo férreo ao tempo, que sente a existência se arrastar; um organismo muito sensível às perturbações do ambiente. 

Criamos tecnologias para aliviar o sofrimento. Tratamentos e medicamentos para reverter doenças e deficiências. E temos tido sucesso. E continuaremos tendo com o progresso. Mas acredito que a maior conquista a ser feita deixará tudo isso como capítulos da pré-história de uma humanidade futura, que venceu as amarras de um mundo fortemente calcado na materialidade. Trata-se de um destino irresistível mas (aparentemente) irrealizável. Mas já se constata que a utopia de hoje é a realidade de amanhã. E é graças a essas visões "loucas" que poderemos chegar em lugares inimagináveis.

Eu não sei como esse processo se dará. Mas sinto que, quando se consumar, abolirá definitivamente as deficiências e doenças. E assim nada nos atingirá - pois teremos aprendido sobre as limitações do outro e sofrido outras dores, de outras formas. Variadas formas. 

Link:https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=ns3YRpeeGwI&feature=emb_title


FIM

Compilação de visões (D7)

Atividade 2.2 – Fórum Avaliativo – Questões norteadoras do processo de elaboração, desenvolvimento e avaliação dos impactos do currículo da educação profissional

Algumas questões sobre currículo, lançadas no início do século passado, ainda são objeto de debate, tanto no meio acadêmico quanto nos meios político e econômico. Discuta com seus colegas as seguintes questões:
  1. Como conciliar as principais fontes do conhecimento a ser ensinado: o conhecimento acadêmico, as disciplinas científicas e os saberes profissionais do mundo ocupacional?
  2. O que deve estar no centro do ensino: os saberes “objetivos” do conhecimento organizado ou as percepções e as vivências subjetivas dos indivíduos?
  3. Afinal, qual deve ser a finalidade da educação: ajustar os indivíduos à sociedade, tal como ela se encontra, ou prepará-los para transformá-la?
  4. Como avaliar a eficácia do cumprimento curricular?
Reflita sobre essas questões e poste seus comentários em nosso fórum. Não se esqueça de acessar o fórum com frequência, para poder dar continuidade na conversa com seus colegas sobre o tema!


por LEONARDO LEITE OLIVA - quinta, 1 Ago 2019, 10:27
 
Bom dia a todos(as).

A educação tem um caráter duplo: ela deve simultaneamente adequar o indivíduo ao mundo presente e capacitá-lo a transformar esse mundo da forma mais harmônica possível, a partir de suas inclinações. Todos podem trabalhar em prol do progresso (em seu sentido mais pleno e puro). Mas cada um o fará a seu modo. Alguns como cientistas; outros como inventores; outros como oradores; outros como professores; outros como grandes estadistas; outros como pensadores; outros ainda como brilhante artistas; outros como aqueles que aliviam o sofrimento ; e por ai vai. A variedade de tipos é enorme.
O processo de aprendizagem deve colocar em pauta as seguintes perguntas:

1) Por que o mundo é como é?
2) Como ele funciona?
3) Quais são as micro e macro tendências? Como elas se relacionam?
4) Qual a nossa origem e o nosso destino?
5) Como se dá o processo evolutivo?

Em (1) devemos remontar às origens: a Física moderna nos explica sobre a gênese do espaço-tempo. A Biologia nos expõe à gênese da vida orgânica e seu desdobramento. A História revela a trajetória de nossa espécie, com o desenvolvimento do psiquismo num nível completamente novo, que se destaca violentamente daquele das outras espécies.

Em (2) temos os processos cognitivos. Relações de causa-efeito. Leis do mundo infra-humano e humano. Com a explicação dos mecanismos de funcionamento (leis, normas, costumes, etc.) passamos a compreender como foram elaborados e por que. Percebe-se que eles nascem, crescem, alteram-se e morrem, para dar lugar a outros mecanismos.

Em (3) podemos aproveitar para reconhecer padrões - formados conscientemente ou não. A partir de experiências pretéritas é possível imaginar desdobramentos futuros. Aí é imprescindível observar que o caos do muito pequeno pode se revelar uma grande ordem - se vista de um plano mais elevado. Isso é percebido na visão espacial, quando nos aproximamos muito de um belo quadro, que parece cheio de cores destoantes, mas que se revela belo quando visto em seu todo; ou quando só percebemos fragmentos de correntes de pensamento, que nos parecem sem sentido. 

Em (4) a educação tem a oportunidade de apresentar-se em sua essência: humilde e dinâmica. Deve esclarecer que nada pode ser negado completamente. Resta muito a ser desvendado pela mente e pelo coração. E até superar a própria forma mental, esboçando outras formas de realizar pesquisa dos fenômenos. Nisso a Física quântica já avançou: o observador deve estar na mesma faixa vibracional do fenômeno para compreendê-lo em sua plenitude. Uma fusão de alma individual com fenômeno, destruindo momentaneamente o ego enclausurante em prol de uma (re)descoberta. 

Re-descoberta? Por quê? 

A partir daí tem-se a oportunidade de discorrer sobre esse tema em termos metafísicos, relacionando religião, filosofia e ciência - o tripé do pensamento e sentimento que anima todo ser humano. 

Huberto Rohden deixa claro a função do educador:
"O educador é um “edutor”, alguém que “eduz” do seu educando o que nele dormita de melhor e mais puro. Educar não é injetar, impingir, mas sim eduzir e desenvolver o que já existe na alma do educando, assim como a luz solar desperta e desenvolve na semente a planta que nela existe potencialmente."

O educador desperta o que está em estado latente. Ele é catalisador. Quem deve atravessar a porta é o próprio aluno, sujeito do processo individual de realização universal. 

Conforme a X afirmou, o envolvimento do estudante com o processo evolutivo humano tende a torná-lo um sujeito de valor. 
"Se formos capazes de fazer nossos alunos se sentirem parte desse processo, estaremos aptos a tornar a educação um processo de transformação e não apenas de formação."

A partir do momento em que o aluno percebe o que ele é, diz: "Agora eu percebo que posso transformar o meu entorno!" E com isso ganha ímpeto, regenerando suas forças e orientando seus sentimentos. Inicia-se a pensar mais profundamente, abarcando horizontes de tempo mais vastos e implicações mais profundas.

por LEONARDO LEITE OLIVA - segunda, 5 Ago 2019, 13:28
 
Bom dia X. 
Muito interessante essas observações. 
Um ponto importante é de conhecermos o conjunto de alunos. Partir de suas subjetividades para saber em que sequência abordar os conteúdos; como apresentá-los (e em que ritmo); quais os tipos de relações a serem estabelecidas (entre saberes, entre o saber e a prática, entre casos reais e soluções envolvendo o conhecimento ensinado, etc.); como elaborar o currículo; entre outras questões.

Quanto ao vídeo, ele mostra alguns pontos interessantes que dificilmente nós - presos nos automatismos do dia-a-dia - paramos para refletir. Um deles é a felicidade como fonte do sucesso (e não o contrário). 

A felicidade é o estado de uma pessoa num dado momento da vida. O sucesso é a interpretação subjetiva do indivíduo de suas realizações. Mas essa interpretação é fortemente influenciada pelo sistema no qual vive e pela sociedade com a qual se relaciona (de alguma forma). Isso torna difícil trilhar um caminho claro, já que o "nosso" sucesso será uma mescla de visões de mundo que no íntimo não estão ressoando em nossa essência.
De forma simplificada podemos dizer que:

Felicidade está para ser.
Sucesso está para fazer.

O nosso fazer (obras concretas) deve ser um transbordamento do nosso ser (essência). É muito difícil construirmos (uma carreira, uma vida pessoal, de) sucesso sem um embasamento atitudinal que dê força e orientação às nossas ações. 

Podemos ainda encarar como fontes de cada um a maturação interior (conquista da felicidade) e a atuação social (ter sucesso), que visa superar uma forma de vida. 

A questão da gratidão é fascinante. Ela remonta da aurora da história, em que várias religiões e filosofias se debruçaram em cima da questão da felicidade. 
Acredito que esse tópico possa estar relacionado a questões profundas. Podemos perscrutar o terreno das religiões no quesito 'gratidão', que é um tipo de oração. Fundamentalmente existem três tipos de orações: 

a) para pedir; 
b) para agradecer;
c) para louvar.

Pedir está para o ato mais individualista, focado no curto prazo e portanto em interesses que não trarão uma satisfação substancial e efetiva. 

Agradecer, ou ser grato, revela um estado mais sublimado. Pois a pessoa observa sua vida, vendo à fundo o que ela possui e é, e percebe que conquistou uma série de características positivas e posição (que podem ser muito melhoradas). Sente-se uma paz inigualável quando esse sentimento de gratidão, às vezes executado em forma de reverenciamento íntimo, transmudando o olhar, a voz, o ânimo em executar as atividades banais do dia-a-dia, se manifesta.

Louvar seria uma transcendência da barreira da gratidão. Ser grato ainda implica em olhar para sua própria vida e ver num nível mais intangível, de longo prazo e com sensibilidade refinada, o que você possui que lhe seja realmente benéfico. Mas a partir do momento em que louvamos (as leis do universo, um princípio diretor universal, a unidade em cada diversidade, etc.), rasgamos as barreiras do ego para adentrar no princípio universal que irmana todos fenômenos e dá tom ao processo evolutivo, em todos os níveis (de complexidade) e escalas (espacial, temporal, consciencial, intuitiva,...). O ser não se identifica mais com o nome, título, memória ou história. Ele é o próprio fenômeno, o universo, o devenir incessante da forma. Sua vida pode estar destroçada sob todas as perspectivas, mas sua unidade com o Todo lhe dá uma tranquilidade. Torna-se misterioso e irresistível.  Um misto de temor e fascinação toma conta de quem observa de longe, numa distância espacial pequena - mas a anos-luz em termos conceptuais...

As três formas de interagirmos com o mundo (exterior e interior) são válidas. É preciso que cada um inicie no nível mais compatível com sua natureza. 
Se só se sabe pedir, que se peça com um mínimo de bom senso e apenas o necessário;

Se já se aprendeu a agradecer, agradeça as coisas realmente valorosas, que são imperecíveis e fulcro de novas virtudes;

Quando se atinge a habilidade de louvar, percebe-se que nada mais é importante - exceto estar conectado ao princípio universal. Logo, tudo é importante...Mas com um novo olhar. O modo de agir é discreto e profundo. Potente e orientado. Lento mas certo.

Atividade 6.2 – Fórum Avaliativo – Planejamento Docente

Como vimos no decorrer desta disciplina, “o planejamento é um processo e, como tal, é ativo e dinâmico, envolvendo operações mentais como analisar, prever, selecionar, definir, estruturar e organizar. Planejar, portanto, é refletir, é prever, é criar, é agir.” (HAIDT, 2000). 
Com base nos textos estudados nesta unidade e na sua experiência docente, discuta neste fórum sobre:
  1. A importância do planejamento didático no processo de ensino e aprendizagem.
  2. O desafio posto ao trabalho docente no planejamento e no desenvolvimento de projetos interdisciplinares.
Não se esqueça de acessar o fórum com frequência, para poder dar continuidade na conversa com seus colegas sobre o tema!


por LEONARDO LEITE OLIVA - segunda, 2 Set 2019, 11:42
 
O planejamento acompanha a humanidade desde a aurora da História. Trata-se de uma prática que visa garantir uma certa tranquilidade ao longo de períodos futuros baseado em planos feitos no passado e sendo implementados no presente. É construir, em linhas gerais, um roteiro (script) a ser seguido por todos os membros envolvidos, orientando de forma normativa um processo cujo produto final deve ser um sistema ou aprendizado. 

"considera-se o planejamento a previsão metódica de uma ação a ser desencadeada e a racionalização dos meios para atingir os fins." (AGASI, L.C.P., 2018) (grifos meus)

Prever envolve traçar possibilidades (acidentes, gargalos, conflitos, ou mesmo eventos benéficos inesperados). Assim, a capacidade de fazer projeções no tempo é de grande valia. A construção de modelos simples - e mesmo simulações - pode ajudar a definir o caminho a ser seguido. 
Racionalizar os meios significa sistematizá-los a fim de tornar o processo o mais automático possível, diminuindo a duração e frequência de atividades repetitivas. E estabelecendo uma linguagem comum que permita as pessoas se comunicarem com menos ambiguidade. 

Igualmente, o processo de reflexão é fundamental para o planejamento adequado. Segundo Saviani (1987, p.24), uma reflexão filosófica envolve três características:

• "radical" - o que significa buscar a raiz do problema;
• "rigorosa" - na medida em que faz uso do método científico;
• "de conjunto" - pois exige visão da totalidade na qual o fenômeno aparece. 

Trata-se portanto de ver em profundidade, nas causas, um determinado problema, cuja solução deve ser transformada em objetivo-mor efetivo, não-perecível à curto prazo e que não atropele nenhum princípio vital, humano e de equilíbrio do meio. 

O plano de ensino deve ser (re)avaliado constantemente, à medida que é executado e (re)elaborado. Logo, percebe-se a característica cíclica-ascensional-oscilatória desse objeto tão peculiar para o processo de ensino-aprendizagem.

Cíclica porque as atividades sempre são retomadas em sua essência;
Ascensional porque o objetivo é sempre melhorar o que se tem, causando menos desgaste e mais resultados, com integração cada vez maior de todos;
Oscilatória porque ninguém possui uma receita pronta. Todas tentativas trazem em germe a possibilidade de erro, e portanto pode-se terminar um ciclo num patamar igual ou mais rebaixado do que aquele do qual se partiu. Mas o acúmulo de erros potencializa a criatividade e a vontade, tornando cada vez maior a garantia de conquistas futuras, dando um tom ascensional ao processo- se observado a longo prazo.

Trata-se de fenômeno universal muito bem descrito pelo Prof. Pietro Ubaldi, que fala sobre a Lei da Complementariedade, cujos princípios podemos encontrar em sua Obra:

"O movimento que existe no universo não é jamais um deslocamento unilateral, efetivo e definitivo, mas é a metade de um ciclo que retorna ao ponto de partida, após haver cumprido determinado devenir, uma vibração de ida e volta, completa em sua contraparte inversa e complementar."
A Grande Síntese, Cap. 8

Ou seja: para vencer é preciso antes fracassar. Geralmente um número grande de vezes. É esse fracasso que forma o substrato da vitória. Um plano de ensino, para sobreviver e não ser descartado, deve estar em mutação constante, navegando na onda de transformismo ditada pelos afetos, novas técnicas, teorias, métodos e configurações sociais. Daí a necessidade de refletir:

"Segundo SAVIANI (1987, p. 23), "a palavra reflexão vem do verbo latino 'reflectire' que significa 'voltar atrás'. É, pois um (re)pensar, ou seja, um pensamento em segundo grau." 
(AGASI, L.C.P., 2018)

Esse 'voltar atrás' dá o tom oscilatório do fenômeno.
Deve-se refazer os pontos falhos, mas jamais alterar aqueles já fortificados, que se tornaram consolidados como método. O que se consolida se torna clássico. Mas para melhorar é preciso ir além dos métodos consolidados. Criar o novo, fazer o inesperado, pode passar pela estrada segura dos conhecimentos clássicos - mas exige um quid a mais. Uma verdade ainda em estado fluídico. Não materializada. Incompreendida em sua generalidade. Sem contornos definidos e objeto de profundas perquirições.

Essas (e outras) questões devem ser apresentadas aos alunos antes de qualquer empreitada interdisciplinar.

por LEONARDO LEITE OLIVA - domingo, 8 Set 2019, 10:52
 
Bom dia a todos(as).
X, esse vídeo é realmente esclarecedor ao deixar definido de forma objetiva o significado da multi, inter e transdisciplinaridade. Muito interessante todos os temas tratados pelo vídeo e por ti. Sinto por vezes que desejamos apontar para regiões mais altas do pensamento, e acabamos por despejar questões interessantes, de profundidade oceânica, capazes de resolver dilemas do atual momento histórico.

Multidisciplinaridade - múltiplas disciplinas, mas compartimentadas.
Interdisciplinaridade - disciplinas múltiplas, que se relacionam em nível de superfície.
Transdisciplinaridade - disciplinas múltiplas, que se relacionam em profundidade.

Trata-se de uma progressão de consciência. Começamos, como civilização, desenvolvendo as múltiplas áreas do conhecimento para na sequência inciarmos ensaios de unificação. Essa unificação começa com relações à nível simples, em que a essência de cada departamento permanece intocada - mas seus efeitos e ferramentas e métodos podem ser imitados por outros campos.

Após a gênese dos princípios que iriam nortear todo o desenvolvimento do pensamento científico e filosófico (Séc. XVI em diante), na Grécia Antiga, começam a surgir mentes que aprofundam cada área do conhecimento. Nasce a Física, a Química, a Medicina, a Psicologia, a Sociologia, a Genética, a Economia, entre outras. A especialização é a palavra de ordem. Nos fascinamos com as descobertas que o método da especialização nos trouxe. Vencia por ora o pensamento materialista calcado na racionalidade pura. Análise e utilitarismo pareciam ser a última palavra e solução de todos problemas da existência humana. No entanto as contradições aparecem...

A primeira metade do século XX viu uma explosão na Física. Nasce a relatividade, a física quântica e a teoria da gênese do espaço-tempo (Big-Bang). Na Biologia descobre-se a estrutura do DNA e seu roteiro de coordenação. As experiências coletivas enriquecem a filosofia (ex.: Hannah Arendt) e demais departamentos humanos. Descobrimos que pouco (ou nada) sabemos. Nos vemos obrigados a retomar conceitos antigos sob um prisma diferente. Não há solução sem a fusão. Fusão de tudo e de todos. De teorias, de pessoas, de grupos, de estados nacionais, de formas de expressão, de almas...

Estamos diante de um fenômeno em que a evolução da sensibilidade humana é um reflexo da expansão da consciência. As gerações novas, tendo sedimentado todo o desenvolvimento multimilenar da espécie, e já com um pacote cultural sintético que resume - mesmo que de forma insuficiente e pobre - as grandes descobertas e métodos da ciência e do pensamento - conseguem sempre partir de um ponto mais alto. E com mais velocidade inicial. Isso se traduz num potencial de progressão maior.

Teilhard de Chardin (1881-1955) vislumbrou o advento da noosfera [1], uma esfera de pensamento (nous) que tende a se consolidar no planeta à medida que evoluímos em termos psíquicos. Trata-se de correntes de pensamento, cuja manifestação e consolidação a ciência ainda desconhece. Para criar essa esfera, me parece que iniciamos usando a tecnosfera como muleta. A internet seria um primeiro ensaio dessa construção humana, via tecnologias digitais e conhecimento da física moderna. Trata-se da construção de uma 'atmosfera' de pensamentos que permite a cada um 'capturar' um pensamento que paira no ar. Mas é preciso antes desenvolver a capacidade receptiva. Nesse campo a Física quântica poderá nos brindar com muitas descobertas interessantes aplicadas à questão de conexões humanas.

De fato, a humanidade começa a mudar seu comportamento devido a essa fusão de opiniões, sentimentos e ideias. Serio o aspecto de relação (inter), que tende a evoluir para ideias e sentimentos que se interpenetram (trans), criando uma verdadeira fusão de almas. Na fase inicial o fenômeno é caótico. Mas à medida que se adquire a dimensão do fenômeno, encaixando-o na fenomenologia universal, torna-se cada vez mais diretor do processo - ao invés de se ser arrastado por ele, à força. Desenvolvi uma breve visão do tema [2], relacionando-o com a Obra de Pietro Ubaldi (1886-1972).

Afirmo com segurança que essas descobertas no campo do pensamento acabarão desaguando no manancial dos grandes fenômenos místicos, abandonados há um bom tempo, e portanto ainda muito negados e mal interpretados pelo homem moderno, que abandonou métodos intuitivos por não ter maturação interior suficiente que possibilite a percepção dos resultados.

O advento da ciência moderna e do bem-estar afastou o ser humano de um fenômeno capaz de dar luz à questão da transdisciplinaridade. Atravessar e ser atravessado implica em deixar-se diluir no Todo. Implica fusão de almas. E para interpenetrar - na vida dos outros, nos fenômenos, na História - é preciso estar receptivo a algo maior que seu invólucro individual. Essa é uma descrição mais atualizada do fenômeno místico, brilhantemente descrito por Ubaldi, pois ele viveu-o:

"Para resolver o problema do conhecimento, é necessário atingir a universalidade do eu. Faz-se mister escancarar, mediante um ato de fé e de amor, mediante um senso de completa submissão, as portas da alma e projetar-se fora de si, para que o infinito nela penetre. Certamente, este é um comportamento novo na hodierna psicologia, contudo ele é necessário à consecução de resultados novos. Somente a identificação do eu com o fenômeno pode permitir a dilatação do primeiro até aos limites do segundo. Assim, quando o fenômeno se tornar o universo, a expansão do eu não terá limites, como não os tem a Divindade."
Ascese Mística, Cap. VI

Trata-se do maior fenômeno do universo, do qual agradeço profundamente a Ubaldi, que através desse resgate das questões mais intrigantes da humanidade - através de sua vivência e genialidade - me retirou de um lodaçal de pensamentos desconexos e sentimentos conflitantes.
Deixar que o infinito nos penetre significa nos abrirmos a novas experiências. Ter empatia é se fundir ao outro para perceber sua dor. Não é um fenômeno externo (simpatia), mas profundo.

As três (trans, inter e multi) disciplinaridades formam um organismo uno. Para haver relações (inter) entre algo e coisas, é necessário que hajam duas ou mais (multi). Para você penetrar no mistério de um fenômeno / personalidade (trans), é preciso antes sondar sua periferia. Como numa relação. Começamos por aproximações tímidas e seguras para, a partir do que se sabe com segurança, penetrarmos mais, desenvolvendo a relação. Uma relação que se torna cada vez mais íntima quanto mais unidade se sente em relação ao outro / ao fenômeno. Dessa forma podemos ver que transdisciplinaridade, interdisciplinaridade e multidisciplinaridade são uma só coisa, mas em níveis evolutivos diferentes (ver figura anexa), da mesma forma que espírito, energia e matéria são formas de manifestação diversas de uma mesma substância [4]. Em suma, o dualismo desse universo está contido num grande monismo, que o coordena magistralmente, guiando os sujeitos através de forças evolutivas. Forças que fatalmente irão nos levar a mais liberdade e felicidade.

Creio que a visão dos níveis de consciência do Prof. Ubaldi, através de uma palestra de Gilson Freire [5], pode dar luz a essa questão de mudança de paradigma.

Estamos rumo à uma unificação sem precedentes...

Referências:
[1] Noosfera. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Noosfera >
[2] OLIVA, L.L. Da biosfera à noosfera. DIponsível em: <http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2019/08/da-biosfera-noosfera_28.html>
[3] UBALDI, Pietro. Ascese Mística.
[4] UBALDI, Pietro. A Grande Síntese.
[5] FREIRE, Gilson. XX Congresso Pietro Ubaldi: Rumo à Superconsciência.

Compilação de visões (D6)

Atividade 1.2 – Fórum Avaliativo – A afetividade em sala de aula

No texto A afetividade em sala de aula: As condições de ensino e a mediação do professor, de Sérgio Leite e Elvira Tassoni (https://www.fe.unicamp.br/alle/textos/SASL-AAfetividadeemSaladeAula.pdf), os autores abordam a importância da dimensão afetiva na gestão da sala de aula. Segundo os autores, para Wallon, a emoção é o primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos. É fundamental observar o gesto, a mímica, o olhar e a expressão facial, pois são constitutivos da atividade emocional.
Considerando as leituras e vídeos apresentados na Unidade, conte-nos:
  • Como você dá início aos trabalhos pedagógicos com uma nova turma?
  • Quais as estratégias que você utiliza para conhecer os novos alunos?
  • Você estabelece um contrato didático com eles?
Reflita sobre estas questões e poste seus comentários em nosso fórum. Não se esqueça de acessar o fórum com frequência para poder dar continuidade na conversa com seus colegas sobre o tema.


por LEONARDO LEITE OLIVA - segunda, 17 Jun 2019, 13:43
 
Bom dia Monica e turma.

Antes de tudo gostaria de confessar que a ementa dessa disciplina muito me interessou: primeiro porque eu venho (desesperadamente) buscando formas mais inteligentes de avaliar, visando que o aluno enxergue esses eventos (ex.: provas, debates, apresentações) ou projetos ao longo do curso (ex.: trabalhos em grupo, seminários) não como obrigações mas sim como  uma oportunidade evolutiva para despertar potencialidades – cada um tem um vetor com maior poder de desenvolvimento máximo. E segundo pelo simples fato de que o meu sucesso como professor irá depender da minha capacidade de me relacionar de forma harmônica com o corpo coletivo de alunos que se apresenta diante de mim – durante e após os cursos. Esse segundo aspecto é o mais desafiador, pois implica em vencer tendências que se encontram amalgamadas no subconsciente, cuja força é incomensurável. Assim é preciso usar técnicas novas (introduzidas em cursos, ou observando a experiência dos outros) e me destruir-reconstruir constantemente. Trata-se de um trabalho de psique profunda.

Vamos às questões.

1.       Como você dá início aos trabalhos pedagógicos com uma nova turma?
Meus métodos vêm mudando ao longo do tempo. Fundamentalmente essas mudanças se dão devido às experiências que tive com turmas passadas.
Atualmente, na primeira aula, eu falo sobre o método de avaliação, as datas críticas, o objetivo da disciplina e a importância da mesma dentro do curso. Entrego um papel contendo a ementa e todas as informações pertinentes a cada um. Apresento-me brevemente e peço a cada aluno para falar um pouco sobre sua trajetória e suas expectativas: nome, idade, se tem uma formação anterior, se exerce ou exerceu atividade remunerada, quais seus interesses/inclinações. Assim a turma já tem uma possibilidade de se conhecer melhor – e vencer o medo da fala. 

Nos últimos dois semestres, com as Engenharias e Técnicos concomitantes/subsequentes, faço uma breve apresentação sobre temas relacionados ao mundo do trabalho. Procuro contextualizar o que será aprendido. Geralmente envolvo assuntos com os quais já trabalhei – ou tenho certo domínio e interesse. Dentre os assuntos posso citar: conceito de simulação e validação; últimas novidades e implicações da automação e inteligência artificial; ambientes colaborativos; evolução do conceito de produção; etc. Estou pensando em fazer isso para o Técnico Integrado ao Ensino Médio no próximo ano. Nesse caso seria necessário usar linguagem e recursos mais chamativos, para conseguir não apenas impressionar os sentidos e desafiar a mente, mas fazer ver o objetivo supremo de cada relativo (disciplina, método, propriedade, ferramenta, etc.). Isso não é fácil.

2.       Quais as estratégias que você utiliza para conhecer os novos alunos?
Conforme citado anteriormente, uma breve apresentação de cada um já possibilita um primeiro contato. O desafio é desenvolver isso ao longo do curso. E – especialmente – depois que ele termina, quando muitos não me verão mais em sala de aula.

3.       Você estabelece um contrato didático com eles?
Quando exponho meu método de avaliação sempre explico o porquê de adotar determinadas políticas. Mas percebo que é difícil fazer algumas turmas respeitarem esse contrato ao longo do curso. 

Eu venho aplicando na média um índice de Comportamento Coletivo (10% da média geral) na tentativa de manter um maior controle sobre a turma – deixa-la livre dentro de certos limites, sem os quais não é possível trabalhar de modo eficiente. Algumas turmas precisam disso mais do que outras, mas acredito que essa estratégia pode tornar-se uma ferramenta muito útil para aumentar a eficiência do curso na sala de aula - e fora dela.

O conceito é simples: cada aluno terá 1/10 de sua média definida pelo comportamento da turma como um todo. Ou seja: ele não tem controle sobre esse décimo, que é 'definido' depende do coletivo do qual faz parte. Assim, se a turma estiver saindo do caminho acordado (ex.: falar durante avaliações, ruído excessivo, desrespeito entre colegas ou professor, barulho durante explicações, etc.) essa parcela será zero. A ideia é que o(s) aluno(s) interessado(s) – que não são poucos – sentindo-se prejudicado(s), comece(m) a auxiliar o professor para melhorar o clima da sala de aula. Trata-se fundamentalmente de uma transferência de responsabilidade para cada um, de modo a jungir 10% da média da turma através de um índice de comportamento. 

Sempre deixo muito claro como funciona essa parcela da média, qual o meu objetivo e a essência do conceito (cheguei a falar de Hannah Arendt e sobre a perversidade da neutralidade [1], que serve como “ferramenta do diabo”). “Para que o mal se manifeste basta que os bons não façam nada.”, disse uma vez Albert Einstein

Eu venho insistindo nesse método porque acredito que, uma vez compreendido no âmago pelo grupo de alunos realmente interessados, ele tende a dar certo. Como resultado a relação com a turma será muito melhor, com aulas muito mais fluídas e absorção de conceitos, além de todos terem um ponto na média garantido. 

Até o momento não senti que o efeito foi conforme desejado. Em parte porque (talvez) esse termômetro deva ficar visível de tempos em tempos, mostrando ao aluno, na sua nota (a cada semana ou mês) que ele estará perdendo se sua turma não estiver cooperando minimamente para o bem-estar do curso – ou ganhando com essa cooperação. 

A relação entre o fator (que vai de zero a um) e a nota individual de cada um irá determinar se ele está em perda ou não. A ideia é mobilizar aqueles que mais es esforçam e são respeitosos, tornando-os coparticipes do processo evolutivo na educação.
A meu ver um aluno (na verdade, qualquer ser humano) deve apresentar três características fundamentais:

a)       Ser esforçado e dinâmico naquilo que se propõe estudar e fazer;
b)       Respeitar as regras estabelecidas e tratar o outro com respeito;
c)       Ser um sujeito de transformação do meio, atuando na esfera pública destemidamente para melhorar as condições sistêmicas de aprendizado.

A consequência de (a) será o desdobramento de certas inteligências. As consequências de (b) será um melhor aproveitamento de (a), além de mostrar a seriedade do aluno para aqueles mais sensíveis, em busca de uma parceria (de ensino ou afetiva) mais coerente e construtiva. O item (c) estaria vinculado ao índice proposto, sendo que as consequências seriam a transformação do ambiente de sala de aula através de uma aliança inédita entre alunos e professores.

Eu costumo dizer que não basta ser bonzinho e inteligente – isso é condição necessária, mas não suficiente.
É preciso saber mergulhar num meio adverso e imprimir tom de transparência e ímpeto evolutivo ao mesmo.
Sinto que existem coisas que o professor dificilmente conseguirá fazer por conta própria - é necessário encontrar aliados.

Além dessa tática, venho tentando melhorar minha capacidade de discurso e fala. Devo ser mais sintético e firme no que acredito. Outro detalhe: já me dei conta de que sou uma pessoa muita mais séria do que engraçada. Não tenho em meu imo uma habilidade em saber fazer piadas ou me socializar (superficialmente). Experiências pretéritas se revelaram um tanto catastróficas e dessa forma sinto que a vida aponta para outros caminhos, com poucas referências. A mim me interessa seriedade, sinceridade e trabalho - em seu sentido mais lato. Por isso acredito que devo revelar quem sou - e da melhor forma – para a turma.
Meu grande sonho (digamos assim) é estabelecer um contato duradouro, tornando a sensibilidade psíquico-nervosa dos alunos mais pronunciada – chegando a superar sua capacidade de atuação (habilidades, comunicabilidade, etc.). Acredito que essa seja a chave para o progresso humano – em todas as frentes.

A mim me interessa muito mais a sensibilidade social do que a sociabilidade [2]. Não que esta última seja ruim, mas ela por si só pode nos conduzir a muitos problemas, que geram dores que reverberam na esteira da existência. É preciso antes ser sensível aos fenômenos, à vida e à psique, para poder se comunicar de forma efetiva.
Essa questão muito me desperta interesse. Gostaria de recomendar um vídeo que mostra a encarnação desse embate entre sensibilidade social e sociabilidade, na qual a primeira se revela uma construtora da verdadeira sociabilidade - enquanto que a última está focada em aparências agradáveis com objetivos desagregadores [3]. Trata-se de algo muito profundo que talvez seja interpretado de forma emborcada (mas afinal...a vida é um salto de fé [4]).

A sensibilidade, quando adquire voz e ímpeto, parece rude. Mas percebemos que na profundidade da visão intuitiva, a percepção das coisas se inverte, e o construtivo de superfície se revela destrutivo na essência - enquanto o destrutivo de superfície se revela construtivo na essência. Lembrando que a essência é eterna e etérea - ao passo que a forma é finita e ruidosa.

Enfim...meus contratos didáticos vêm melhorando com o tempo. Mas o que mais deve mudar em mim (creio) é a coragem de me afirmar. Sou forçado a ser o ideal que não teme dizer seu nome. Devo sobretudo adquirir a coragem de me expressar à altura do ímpeto evolutivo que faz minha alma ferver.
Isso é uma tarefa titânica. Muitas derrotas contadas e desprezos registrados. Mas pequenas glórias sentidas. De forma muito sutil, por gestos, olhares a atitudes. É nelas que devo me apoiar. Pois revelam o eterno e ilimitado universo do saber rumo à realização plena do ser.

Referências:
[1] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2016/04/a-perversidade-da-neutralidade_18.html
[2] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2014/02/sensibilidade-social-versus.html
[3] https://www.youtube.com/watch?time_continue=5&v=kbvyzU0Ab-o&feature=emb_title
[4] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2018/12/um-salto-de-fe.html


por LEONARDO LEITE OLIVA - sexta, 21 Jun 2019, 14:19
 
Boa tarde X,
Belo vídeo. Princípios sistêmicos. Sinergia...quando o todo é maior do que a soma das partes...uma soma qualitativa (de relações, interconexões) - e não quantitativa (de elementos).   =)

Conforme você disse, a nossa natureza busca criar relações:
"É da natureza humana, a necessidade de criar relações, estabelecer elos, os quais o tempo todo estamos expostos."

Ao observar todos esses fatos, parece que estamos em busca de uma perfeição perdida. Que desejamos (re)construir uma coletividade harmônica. E a educação, sendo fundamental para a transmissão, assimilação e desenvolvimento do conhecimento, é a que mais pode imprimir força nas relações.

A educação é um fenômeno natural (instintivo) ao ser humano, como Pietro Ubaldi atesta em sua obra:

"A educação é, pois, um fenômeno instintivo, universal e automático de captação, por parte da psique sempre renascente, dos produtos da psique que, cansada, se retira da vida. É um fenômeno que abrange toda a produção espiritual de um povo, portanto não pode morrer e transmite-se por lei natural. A educação desejada, sistemática, digamos também artificial, não é senão um momento particular e reflexo deste tão vasto fenômeno de educação natural, que está na lei da vida e do qual todos, quer queiram quer não, consciente ou inconscientemente, docentes ou discípulos, tomam parte." 
O Problema da Educação (1939)
(grifos meus)

Cada aluno tem um potencial específico dentro de si. Ele pode ser visto como um músico de uma grande orquestra - cada um tem seu instrumento e seus métodos. O professor é o regente: ele coordena a orquestra como um todo e atende cada membro, orientando-o para que ele se torne o melhor de si. O objetivo é que haja harmonia. Sequenciamento, tempos, intensidades, tons, posicionamentos, repetições, etc. Todas essas coisas envolvem o outro. Não basta ser o melhor de si - é preciso coordenar-se com o grande organismo coletivo, melhorando-o e melhorando-se. 

Às vezes a orquestra está desafinada. Ótimos músicos sem motivação. Sem inspiração. Mas um indivíduo, com seu exemplo, pode mudar tudo, servindo de eixo condutor que magnetiza espiritualmente o corpo coletivo, atraindo-os para as altas ondulações do sentimento e da imaginação. Vemos aí um ser que assume o papel de catalisador. A cena abaixo, do filme "Le Concert" (O Concerto, 2009), de Radu Mihaileanu, revela esse fenômeno muito bem.


https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=hnaFuTtNXjE&feature=emb_title

por LEONARDO LEITE OLIVA - segunda, 24 Jun 2019, 09:51
 
Prezado X,

Sua ideia sobre os monitores de classe me parece muito interessante. Creio que seja uma maneira oficial de colocar alunos interessados em auxiliar os colegas e assim diminui os índice de evasão (conforme você constatou) e distração da turma:

"O que prático, que mais assemelha-se a sua prática é beneficiar alunos que possuam facilidade em um determinado componente curricular, de atuarem como "monitores de classe" - auxiliando os alunos que possuam maior dificuldade... Isso inclui atendimento e auxílio fora do espaço físico escolar. "

Queria saber: você faz um acordo com esses alunos oficialmente? Estou pensando em aplicar esse método no próximo semestre com uma turma.

Eu estou percebendo que a postura do professor em sala é muito importante. De certa forma precisamos possuir uma certa dose de ator: devemos ser nós mesmos, mas omitindo certas características da personalidade (mais profundas). E também escolhendo para quem revelar tópicos mais profundos, quando dizê-lo e de que forma. O ser humano tem sede em despertar a própria consciência e a dos outros - podendo ser a partir (ou através) de uma aula de informática, mecânica, desenho, simulação, etc. 

O vídeo com o Carlos Novaes é realmente muito ilustrativo. Revela um embate multimilenar que assume várias facetas. Um confronto que se dá em todos os meios e pode assumir várias formas (pessoas), que momentaneamente representam forças apontadas para a unificação ou desagregação. A questão é: para qual lado iremos ceder: para as forças da vida que clamam evolução em seu sentido mais lato, pela unificação e harmonização – ou pelas forças da morte que operam para desagregação, desinformação e superficialidade?
Isso é muito interessante e profundo...

Compilação de visões (D5)

Atividade 1.2 – Fórum Avaliativo – Mural de histórias 

Bem-vindo ao nosso Mural de Histórias!

Aqui, você poderá expor um pouco de suas vivências pedagógicas e, também, conhecer muitas outras histórias interessantes que serão compartilhadas por seus colegas cursistas.

Para tornar este espaço ainda mais interessante, sugerimos que você escreva ou grave áudios (máximo 1 minuto) para contar suas histórias e disponibilizá-las neste fórum.

Você pode utilizar recursos simples, como o próprio gravador do seu celular e compartilhar o arquivo no fórum ou, se você quiser saber mais, sugerimos que acesse as dicas da Rede de Jornalistas Internacionais ou do Blog Resultados Digitais. Você descobrirá que este recurso também pode ter um grande potencial educacional!

Nas unidades 1, 2  e 3 serão propostos 4 temas em 4 tópicos que serão abertos neste fórum (dois na unidade 1, um na unidade 2 e um na unidade 3) onde você postará suas histórias.

Não esqueça que os tópicos estarão disponíveis para que você poste suas histórias até o final da unidade 4.

Agora, veja quais os tópicos de discussão já estão disponíveis para você participar!

Bom estudo!


Tópico 1

por LEONARDO LEITE OLIVA - quarta, 17 Abr 2019, 00:10
Boa noite.

Estive perscrutando a internet essas noites e me deparei com uma dissertação muito interessante da EESC da USP:
"SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL COMO UMA FERRAMENTA DE AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO" 
(Muriel de Oliveira Gavira, 2003)

Na seção 2.4 Aquisição de conhecimento, a autora trata justamente dos conhecimentos tácito e explícito. Ela define e fala sobre os modelos de conversão do conhecimento NONAKA E TAKEUCHI (1997).
Esses trabalhos confirmam como as coisas estão profundamente relacionadas. Simulação computacional passa a ser vista em um outro aspecto seu que não o de simples aplicação no mundo técnico. Trata-se também de uma área do conhecimento que possibilita essas transformações - de um conhecimento em outro.

"A partir dessas definições, pode-se assumir que um modelo de simulação de um sistema é uma forma de converter conhecimento tácito em codificado, já que as atividades de reflexão, discussão, dedução, indução, etc., inerentes à modelagem, proporcionam o conhecimento do sistema (aquisição do conhecimento sobre o sistema modelado)." 
GAVIRA, 2003   (grifos meus)

O conhecimento tácito, em sua forma mais elevada, se relaciona à intuição - o que o Prof. Ubaldi denomina 'superconsciente', ou seja, o destino da natureza humana, a ser atingido através do longo processo evolutivo. E também aos instintos, que nada mais são do que os automatismos biofísicos e psíquicos, que o ser humano se apropriou e tornou parte de sua natureza. Portanto, esse tipo de conhecimento possui muitos elementos do subconsciente humano: emoções, valores, perspectivas, etc., e ao mesmo tempo, que estão no inconcebível mas não são naturais ao ser. Esse conhecimento dificilmente é sistematizável, transmissível ou utilizável para fins concretos. Porque as visões de mundo são relativas entre si e progressivas no tempo. 
Acredito que, sabendo filtrar o conhecimento tácito, dividindo as particularidades relativas (subconsciente) da universalidade substancial (superconsciente), ambas fora do alcance da sistematização, podemos fazer uma conversão tácito-tácito (socialização) e tácito-explícito (externalização) mais eficaz que dê força à evolução humana.

Já o conhecimento explícito se relaciona diretamente à zona do consciente humano (médio), pois ele é sistematizável e transmissível através de fórmulas, teorias, textos, diagramas, etc. 
Um grande pensador húngaro, Karl Polanyi (1886-1964), atesta a limitação do conhecimento explícito frente ao tácito, que representa apenas uma pequena parte de todo conhecimento humano:
"Podemos saber mais do que podemos dizer." Polanyi (1966, p.4)

Isso comprova que o conhecimento tácito está no inconsciente humano, cuja força de reprodução vem das camadas do subconsciente (o passado do ser) - e cuja potencialidade de transformação reside na intuição humana, a ser sistematizada e assimilada pelo consciente, para um dia se tornar natureza. De tácito para explícito. De explícito para tácito - mas um outro tipo de tácito, mais elaborado, mais sutil e potente. Uma transformação de qualidade unidirecional, ascensional e fatal.
Fico muito empolgado quando percebo essa unidade de saberes. É cada vez mais evidente que a fenomenologia universal só possa ser abordada a partir de uma visão integral da realidade. Aqui observamos um aprofundamento de relação entre simulação computacional (meu métier) e aquisição de conhecimento (nosso estudo presente), que um dia pode virar casamento. 

Estamos caminhando para a fusão. O par que antes era visto como antagônico passa a ser visto como complementar. Porque a mentalidade mudou. E a (nossa) natureza talvez esteja prestes a dar um salto...

Tópico 2

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Tópico 3
por LEONARDO LEITE OLIVA - segunda, 15 Abr 2019, 15:19
Olá a todos(as).

Até hoje nunca trabalhei com mapas conceituais - nem sequer estava a par da existência deles.
No entanto, como engenheiro de simulação, já tive a oportunidade de trabalhar com diversos diagramas esquemáticos que modelam um fenômeno físico ou informacional. Por exemplo, o Diagrama de Blocos (DB), muito usado nas leis de controle de sistemas e também na modelagem de planta (sistemas físicos); e os Grafos de Ligação (GL), adequados para modelar fenômenos físicos, em que existe um fluxo bidirecional entre elementos (causa-efeito). 
Planejo implementar mapas conceituais em uma disciplina que darei no próximo semestre: Física Aplicada, para o técnico concomitante/subsequente em mecânica. 

Recentemente li um artigo falando sobre as sete inteligências, cada vez mais reconhecidas e adotadas pelos psicanalistas para avaliação das pessoas - e pelo pedagogos para diagnosticar as potencialidades dos alunos. Elas são:

a) Linguística;
b) Lógica;
c) Espacial;
d) Motora;
e) Musical;
f) Interpessoal;
g) Intrapessoal.

O grande mérito do mapa conceitual é transmitir uma informação que é geralmente comunicada verbalmente ou oralmente através de diagramas esquemáticos. Diminui-se o peso da inteligência linguística - aumenta-se o peso das inteligências lógica (diagramas esquemáticos) e espacial (formas e coloração dos ícones e setas). Trata-se de uma transformação na forma de comunicação. Às vezes diagramas são mais sintéticos, abrindo possibilidades para intuições aos alunos.

Acredito que seja possível esboçar a possibilidade de serem criados diagramas que envolvam movimento (das figuras), seja na forma de vibração, rotação ou translação. Seria necessário estabelecer se esses movimentos particulares possuem alguma relação com a transmissão de algo tipicamente comunicado por outras inteligências. Assim poderia ser atrativo para aqueles com inteligência motora bem desenvolvida. O mesmo poderia ser feito em relação a sons e musicalidade. 

Enfim, os idealizadores e sistematizadores estão de parabéns. É realmente uma ideia muito interessante.

Tópico 4


por LEONARDO LEITE OLIVA - segunda, 22 Abr 2019, 18:53
 
Boa noite a todos(as).
Vivemos numa era de abundância de informações e sensações. Mas informação não é conhecimento - muito menos sabedoria. E sensação não é sentimento. Por isso é preciso saber se orientar no dia a dia. É necessário, antes de tudo, saber o que está ocorrendo e por que
Quem se beneficia com as fake News? Por que muitos (que não tiram vantagem efetiva) propagam a mesma?

Ao longo dos últimos anos pude constatar a força de um poder que se interessa em manter um certo equilíbrio entre dois protagonistas. Correntes de pensamento antagônicas nos seus propósitos - porém muito semelhante em seus métodos...Esse poder não declara partido, religião, ideologia. Ele apenas manipula a informação de acordo com interesses mais profundos. Ele opera criando contextos, com passos muito bem calculados e esquematizações que fogem da capacidade das massas. Ao longo do tempo, esse poder é capaz de colocar em marcha um plano diretor geral, em que não interessam as conquistas ou derrotas momentâneas, mas sim o aprisionamento da capacidade de imaginar e criar das pessoas, mantendo-as restritas a um paradigma.

Falo sobre tudo isso porque o controle de informação é um fator-chave para conquistar e manter o poder. Noam Chomsky cita dez estratégias de manipulação das massas [1]. Ele investigou à fundo a questão midiática, revelando ao público vários aspectos que não são colocados em pauta nas mídias de massa - nem nas massas de mídia. Acredito que explicitar esses aspectos às turmas, sejam elas técnicas, de engenharia ou cursos não-relacionados diretamente às humanidades, é um início. Tímido, mas já algo. No entanto, é importante ressaltar que essa exibição deve ser feita:
(a) se a turma apresentar maturidade para lidar com a temática;
(b) se houver tempo disponível na disciplina;
(c) se não houver nenhuma lei proibindo tais exposições (como numa ditadura);
(d) se não houver nenhum aluno que precise de mais tempo de reforço, sem o qual ele seja incapaz de apresentar;
(e) se os alunos concordarem com a exibição do vídeo. 

Trata-se de uma possibilidade. Não somos professores de ciências humanas ou filosofia. Mas somos humanos, e por isso possuímos em nosso imo o germe filosófico que nos permite conceber correntes de pensamento. Não somos fragmentados - somos íntegros. 
Se alguém julga a questão da informação é tão importante, essa pessoa deve ser coerente com essa crença, difundindo da forma que puder isso. Sem medo. Com ousadia inteligente [2]. No meu caso, já expus isso em meu blog [3], desenvolvendo o tema de forma intuitiva, criando uma taxonomia para os tipos de manipulação de informação. Também, graças ao meu gosto por cinema (de verdade!), já pude vivenciar na tela grandes questões envolvendo a manipulação da informação. Um grande filme que trata magistralmente a questão midiática é Meet John Doe (1941), de Frank Capra. Sempre expor sua opinião, de forma incisiva, organizada e orientada, onde puder, nos meios sociais, é outra estratégia. Tangenciar a questão em cursos criados (de extensão). Há muita coisa a ser feita. Apesar de pouca, é alguma coisa e é o que um indivíduo sem muitos contatos pode fazer.

Há um número grande de produções norte-americanas e europeias que tratam dos meios de comunicação. O Cinema nos brinda com boas produções nesse quesito.

Mas...voltando à questão da manipulação da informação, percebi que existem seis modos de jogar com a informação [3]. 
São eles:

O direcionamento se dá em função da reatividade de um nicho específico de público (que pode ser grande). Ela visa informar uma parcela da população sobre um aspecto ou dois (jamais todos) de uma realidade. Dessa forma os algoritmos que direcionam informação o fazem a partir de uma subjetividade que estabelece uma base axiomática que se manifesta como desdobramento de toda lógica. Quem decide qual o público que vá ter em maior dose este ou aquele tipo de informação? Obviamente não há participação da sociedade nisso.

A amplificação visa maximizar feitos de um grupo humano (partido, religião, personagem histórico ou presente, ideologia, país, etc) e simultaneamente minimizar feitos, universalmente aceitos como bons (tanto nas intenções quanto nas implementações), de outros grupos. Essa relação entre maximização de conjunto A - minimização de conjunto B deve ser feita de modo a não deixar evidências (pistas) da estrutura por trás desse comportamento. Isso torna o trabalho investigativo mais laborioso. E num mundo repleto de obrigações inúteis e rituais insanos, qualquer coisa que demande um esforço além do mínimo é prontamente desconsiderada. A amplificação geralmente funciona de modo duplo: minimiza-se as ações deletérias de grupo A e maximiza-se as do outro; e maximiza-se as ações benéficas do grupo A enquanto se minimiza as do B.

supressão é o extremo da amplificação (para mais ou para menos). Trata-se de nulificar os aspectos positivos do outro - e maximizar os próprios, dando aspecto de "tudo de bom aqui se deu graças a mim, ao meu grupo, à minha ideologia, etc" - e "tudo de mal que  existe se deve a ideologia x, partido y, pessoas z, etc". Essa tática é mais agressiva do que a anterior, pois passa-se ao público uma visão absolutista de um relativo humano - que as pessoas tendem a aceitar com relativa facilidade. Essa aceitação irá depender do quão frustrada a pessoa está. Trabalho alienado e consumo conspícuo intensos reforçam as chances de alguém aceitar as supressões da mídia.

A retenção nem amplifica nem suprime nem direciona uma informação. Ela apenas capta ela em sua forma mais pura e original e espera a passagem de tempo para liberá-la ao público. Qual o sentido em fazer isso? A depender do momento em que você recebe uma informação, pode ser que sua reação a ela surta um efeito mais fraco devido a esse atraso. Isso se relaciona diretamente ao conceito sistêmico de atraso (delay). Geram-se oscilações em variáveis humanas (ex: ansiedade, expectativa, tensão, etc), o que acaba causando mais instabilidade na sociedade, deixando-a mais desorientada e em busca de "soluções" mais simples - a nível de evento.

O atraso se relaciona diretamente a retenção. A diferença é que o período de tempo entre a recepção (pela mídia) e a transmissão (ao público) é um período finito, ao passo que existem casos de retenção no qual o período de tempo pode ser infinito. Ou seja, a intenção da mídia é nunca divulgar certas verdades. Ou, numa escala de vida humana, num período de cinco, seis ou mais décadas, o que praticamente pode ser considerado eterno - do ponto de vida da existência material. Exemplo disso é a divulgação de alguns crimes contra a humanidade de regimes autoritários - muitos sustentados pela lógica capitalista diga-se de passagem. Outro exemplo clássico é a condenação de Galileu Galilei por dizer que a Terra se move. Ele se retrata e admite que a Terra está parada (mas diz bem baixinho a alguns..."E pur si muove!". "Mas ela se move"). 350 anos depois a Igreja admite seu erro...

A distorção , ao contrário da amplificação, não visa regular a quantidade (grandeza do ato positivo ou negativo). Ela tem por escopo inserir uma miscelânea de elementos de análise para tornar a informação maleável sob outros pontos de vista. Podemos dizer que ela dá uma característica plástica a um evento.

O princípio é simples: quanto mais gente se lançar ao turbilhão da investigação, em busca da verdade, mais pessoas se sentirão impelidas a pensar sobre essa questão. 

Referências:
[1] https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=FkjH-s1eVF8&feature=emb_title
 
por LEONARDO LEITE OLIVA - terça, 23 Abr 2019, 10:36
 
Bom dia X, Y e participantes.

No meu 1º curso de extensão eu costumo passar dois trechos do filme O Jogo da Imitação.  

O primeiro trecho revela o processo de inserção numa realidade mais profunda, adotado pelo Sr. Turing (e por todos os gênios da ciência, da arte, do pensamento e da liderança), usando o ambiente apenas como meio para capturar possíveis soluções para o "seu" problema;
O segundo mostra a capacidade intuitiva desse homem em saber usar o conhecimento adquirido - isso nos remete à sabedoria. Não basta ser um especialista fenomenal - é mister revelar-se um sábio condutor do processo histórico.

O primeiro trecho mostra o processo de construção do conhecimento.
O segundo, a sapiência em usá-lo.

Existe um canal muito bom no youtube que pode ajudar as pessoas a melhor compreenderem a hierarquia DIKW [1]:

Data (dados) - símbolos ou palavras organizadas que representam uma percepção. não tem significado e portanto pode-se usar automação computacional para capturá-la e processá-la.  
Information (informação) - dá contexto e significado aos dados. pode responder questões interrogativas como: quem, o que, onde.
Knowledge (conhecimento) - síntese de múltiplas fontes de informação ao longo de um período visando estabelecer uma plataforma conceitual, teorias e axiomas. é tácito, ou seja, possui uma dimensão subjetiva.
Wisdom (sabedoria) - estado de percepção capaz de dar pleno discernimento dos objetos e sujeitos. é saber os porquês. é ver o Todo. é o que a ciência sistêmica visa atingir pelas vias do que já existe.

Percebe-se que o conhecimento, quando convertido (sistematizado) em símbolos e equações, passa a ser informação. Logo, tudo que é informação é completamente assimilável pela mente racional - por outro lado, tudo que é conhecimento só pode ser "gerado" por faculdades singulares, residentes na subjetividade de cada um. 

Racionalizar é fazer descer (conceptualmente) uma ideia superior.

À medida que se ascende, muda-se a percepção do que é consciência. Uma transmigração de valores do superconsicente para o consciente. E deste para o subconsciente, ao longo de milênios e milênios. Sedimentando em nosso imo princípios mais elevados, ascende-se mais facilmente. 

Alan Turing percebeu que sua genialidade de nada valeria se não soubesse usá-la. Ele se superou ao se inserir numa posição de humildade, percebendo que é preciso ter muito cuidado após atingir-se um grande feito. Por que? Porque as pessoas ficam inebriadas com suas conquistas, e se tornam cegas à realidade, decaindo logo após uma (pequena) ascensão. Essa é a armadilha - que Turing muito bem soube perceber.

Quando capturamos uma fake News que seja do nosso agrado - isto é, satisfaça nosso subconsciente - tendemos a difundi-la loucamente. Ocultamos o grande quadro em prol de satisfações momentâneas. Verdades fragmentadas, ordenadas de modo simplório. Muitas vidas destruídas - muitas dores indescritíveis, que se arrastam por gerações...Quem monta uma fake News sabe que está retirando algo de contexto. A intenção é clara. Quem difunde é menos culpado - mas muito ignorante. 

A manipulação é um artifício humano para escapar de questões que o incomodam. Isso parece trazer vitória - mas eu digo que é aquisição de débito perante uma realidade imponderável. Daí a dificuldade da sociedade em combater grandes corporações que geram e criam métodos (para as fake News): nós fazemos parte desse jogo, e muitos acabam contribuindo, seja criando esse problema, seja divulgando-o. A neutralidade significa não oferecer resistência para essa avalanche de desorientação. É participar do processo através da inércia. É - no vocábulo do Baghavad Gita - uma atitude tamásica com leves pitadas de rajas [2].

Enfim...eu continuo acreditando que o que pode ser feito é nos engajarmos individualmente em projetos pessoais. Tudo que puder ser feito independentemente, seja feito. Com o tempo surgirão outros, que perceberão a importância da questão. Gênese de associações coletivas. Crescimento que culminará numa massa crítica. Crítica porque conscientizada e conscientizável. 

Referências:
[1] https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=67pGihlSTt8&feature=emb_title
[2] https://www.spiritualresearchfoundation.org/portuguese/spiritualresearch/spiritualscience/sattva_raja_tama


por LEONARDO LEITE OLIVA - quarta, 1 Mai 2019, 11:42
 
Bom dia a todos(as).

X, esse mapa conceitual montado por ti é muito interessante!
Muitas vidas são destroçadas justamente porque existe uma associação íntima (e perversa) entre aqueles que fabricam as fake news (poucos, muito criativos) e aqueles (muitos, neutros, que seguem tendências) que, sem seguir sua consciência - leia-se internalizar o vosso diagrama, aplicando-o sempre, em todas situações - acabam acatando, gratuitamente, como verdade absoluta, o que lhes é apresentado. Sem questionar, sem investigar...por medo de ficarem de fora do grupo.

As relações sociais podem ser facilmente erodidas em função da nossa incapacidade em seguir essa lógica - tão bem apresentada por você. Mas acredito que para segui-la não basta sabermos conscientemente que ela seja uma verdade que nos conduzirá a um melhor estado de convivência: devemos internalizá-la em nossas vidas. 

Somente quem sente na pele os efeitos das fake news, e tem uma orientação para a justiça, consegue chegar a concepções mais vastas da realidade.

Gostaria de relembrar sobre os três filtros de Sócrates (que pode ser encarado como um precursor de Cristo). 

Segue a história:

Na Grécia antiga, Sócrates era um mestre reconhecido por sua sabedoria. Certo dia, o grande filósofo se encontrou com um conhecido que lhe disse:

- Sócrates, sabe o que acabo de ouvir sobre um de seus alunos?

- Um momento, respondeu Sócrates. Antes de me dizer, gostaria que você passasse por um pequeno teste. Chama-se "Teste dos 3 filtros".

- Três filtros?

- Sim, continuou Sócrates. Antes de me contar o que quer que seja sobre meu aluno, é bom pensar um pouco e filtrar o que vais me dizer.

O primeiro filtro é o da Verdade. Estás completamente seguro de que o que me vai dizer é verdade?

- Bem... Acabo de saber...

- Então, sem saber se é verdade, ainda assim quer me contar?

Vamos ao segundo filtro, que é o da Bondade. Quer me contar algo de bom sobre meu aluno?

- Não, pelo contrário.

- Então, interrompeu Sócrates, queres me contar algo de ruim sobre ele, que não sabes se é verdade!

Ora veja! Ainda podes passar no teste, pois ainda resta o terceiro filtro, que é o da Utilidade. O que queres me contar vai ser útil para mim?

- Acho que não muito.

- Portanto, concluiu Sócrates, se o que você quer me contar pode não ser verdade, não ser bom e pode não ser útil, então para que contar?

Este episódio demonstra porque era tão estimado.
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Quando formos falar para outros sobre outras pessoas, devemos sempre aplicar os três filtros. Se a nossa "verdade" passar por pelo menos um deles, podemos contar - se não, não vale a pena, pois poderá causar um mal irreparável.

No fundo trata-se de uma questão de consciência. Uma sociedade consciente é séria. Sendo séria, procurará apenas o útil - em seu sentido mais lato, não apenas em termos de utilidade sensória-materialista. Os esquemas falsos terão a finalidade de elevar as pessoas, unificá-las, irmaná-las num amplexo de compreensão e fraternidade, não prejudicando a ninguém, e sim revelando aspectos mais profundos da vida. 

"Os artistas usam a mentira para revelar a verdade, enquanto os políticos usam a mentira para escondê-la."
V de Vingança

Não existem apenas políticos puros e artistas puros. A humanidade é composto de seres híbridosExistem políticos-artistas e artistas-políticos.

Político-político segue a corrente de seu meio - sendo assim, serve de ferramenta do diabo. 
é (apenas) sagaz como a serpente.
Artista-artista segue o belo e o ideal, mas não é capaz de permear todas as esferas da vida com sua criações. 
é (apenas) simples como a pomba.

O político-artista usa das ferramentas do real para desmascarar as falsidades que dividem e travam o progresso. 
é simples como a pomba e sagaz como a serpente.
O artista-político é embalado pelo ideal, usando sua criatividade para materializar suas belezas. 
também é simples como a pomba e sagaz como a serpente.

Os híbridos combinam o melhor dos dois mundos. Eles fazem a síntese, associando o mais belo do ideal com o mais forte do real. Razão e Fé, de mãos dadas, ascendendo em meio a golpes - para que as pessoas percebam a armadilha na qual estão imersas.

Atividade 6.3 – Fórum Avaliativo

Muitas vezes dizemos que os alunos copiam e colam da Internet, mas na realidade nunca os orientamos para processos de busca eficazes de informações.
Como soa esta questão para você? Faz sentido? Você tem orientado seus alunos para práticas eficazes de pesquisa na Internet? Se não, ao ter contato com o conteúdo deste curso, você se sente estimulado e seguro para fazer este tipo de orientação? Conte nos como você acredita que pode incorporar esta prática à sua rotina junto aos alunos. Nos relate uma situação real de aula onde isso poderá ocorrer.
Acesse este fórum com frequência para acompanhar e comente as respostas dos colegas para dar continuidade ao debate.


por LEONARDO LEITE OLIVA - sábado, 25 Mai 2019, 08:01
 
Bom dia a todos(as).

Os estudantes fazem muito uso de equipamentos eletrônicos. O celular é o que ganha de longe. Estima-se que atualmente a maioria dos acessos à internet seja realizada através do smartphone [1]. Existem vantagens e desvantagens no uso de tal equipamento. As vantagens são as possibilidades: pode-se, com um único dispositivo, realizar fotos e vídeos para documentar trabalhos; usar aplicativos para mensurar e apoiar estudos; organizar eventos; repassar informações sem necessidade de deslocamento; etc. No entanto o mau uso gera problemas.

Os aparelhos celulares criam uma barreira entre os jovens e o hábito de ler [2]. Muitos ficam conectados nos seus aparelhos visando jogos e novidades. Fazer um uso orientado e eficaz ainda é difícil.

Recentemente uma aluna me apresentou um aplicativo que está usando na disciplina de desenho técnico. Ele ajuda a desenhar e cotar as peças, com o aluno construindo o desenho de uma das vistas. Essa é uma boa iniciativa.

As tecnologias digitais, como todas outras que precederam as mesmas, devem ser usadas com ponderação. Deve-se fazer uso - nem abuso nem recusa - das possibilidades da tecnologia. Para isso procuro sempre imprimir em meus discursos (durante as aulas) da importância da auto-orientação do aluno. Alguém em busca de esclarecimento deve ser capaz de discernir o que é ou não verdadeiro. Deve saber perceber a coerência entre coisas. 

Referências:
[1] http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/04/smartphone-passa-pc-e-vira-aparelho-n-1-para-acessar-internet-no-brasil.html
[2] https://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=245644


por LEONARDO LEITE OLIVA - terça, 28 Mai 2019, 14:20
 
Bom dia a todos(as).

X, essas informações que você citou são muito interessantes. Destaco o caso da Wikipedia, cuja confiabilidade é próxima à da Enciclopédia Britânica, conforme você constata baseado nas referências.

Ainda existe muita resistência a novas formas de obter informação (referências). O meio acadêmico, nesse aspecto, é muito conservador: teses e dissertações não podem referenciar a wikipedia pelo fato dela não ter uma "base científica". Isso revela que a ciência, assim como as religiões e ideologias, também possui um sistema de crenças e valores que se calcam em práticas consolidadas (clássicas), com dificuldade de abraçar novas formas de busca e métodos de trabalho. É preciso perceber o transformismo evolutivo que se dá em todas vertentes.

É claro que o tipo de dogmatismo que embala boa parte da comunidade científica não é do mesmo grau e tipo de outros. Mas devemos estar atentos ao fato de que toda esfera do saber e meio de manifestação está sujeito à sua época, às suas ferramentas, à sua história particular e ao seu conhecimento relativo da pessoa/grupo. Ninguém nem nada escapa por completo de uma visão sintética que aponte as limitações e necessidade de transformação (adaptação).

Nossos alunos devem ser capazes de questionar construtivamente, afirmando possibilidades que expandam a realidade - ao invés de negar baseado em outras crenças. 

A wikipedia demonstra que a compilação do conhecimento pela via democrática faz frente a outras obras elaborada por um corpo profissional. Isso aponta para o fato de que dar liberdade às pessoas abre as portas para a revelação de pessoas talentosas, com capacidade de organizar e desenvolver (e vontade de se ocupar). Esse exemplo pode servir de base para a democratização de outras instituições (ex.: meios de comunicação, participação política, deliberação sobre as fontes de energia e o destino dos recursos, etc.).