sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

A meta, os caminhos e os porquês

O autor inicia um período de leituras muito interessantes. Essas leituras tem o significado de aprimorar o conhecimento dos detalhes do mundo: nossa trajetória histórica; nossas estruturas econômicas, sociopolíticas; todo o conjunto de normas e valores humanos; as capacidades tecnológicas e as revoluções no modo de pensar e conceber o entorno; os constantes aprimoramentos e tendências da civilização (será seu fim ou o início de uma que faça verdadeiramente jus à denominação?). Cada jornada nas visões humanas se relacionam, em alguns pontos, com a visão unificada de Ubaldi. Em outros não há casamento entre síntese e análise. Entre observações terrenas e inspirações místicas. Entre métodos, enfim. No entanto as negações nada mais se revelam como conclusões precipitadas  de exímios observadores que se detiveram na segurança dos métodos consolidados pela ciência e pela observação dos fatos. Relacionando-os, chegam a muitos diagnósticos interessantes. Os prognósticos são poucos e vacilantes.

As abelhas realizam a polinização das flores. Elas servem
como um mecanismo reprodutivo, não planejado
conscientemente pela flora ou pela fauna - mas já
determinado por uma consciência universal que inseriu
no íntimo o princípio evolutivo.
Acredito que seja necessário, de tempos em tempos, mergulhar no dédalo da análise. Ver o mundo com lentes humanas. Assim é possível sentir mais à fundo o que motiva muitos estudiosos da atualidade. Eles conseguem esboçar tendências de unificação. Cada indivíduo dá seu tempo, seu suor, sua capacidade, de acordo com o sentimento que tem de um dever verdadeiramente edificante, que dê sentido à sua vida.

Por vezes podemos perceber opiniões que não concordam com as nossas. Mas com um pouco de cuidado é possível - de certo modo - sentir aquelas ideias que ainda não foram devidamente amadurecidas. Isto reflete na possibilidade futura de uma aceitação crescente de outras ideias, ou visões, que permitam uma reorientação. O horizonte deve se expandir não apenas na dimensão tempo ou geográfica. Nem apenas no quesito cultural. É necessário dilatar a consciência, abarcando de forma cada vez mais confiante verdades ditas de forma incisiva outrora - por profetas, santos, místicos e mesmo gênios da arte e da ciência.

Compreender aponta para uma maturação interior que se tornou hábil em sentir a corrente histórica que se elabora no subterrâneo das intenções. Ela elabora síntese. Entender está para uma capacidade cognitiva que permite criar relações entre acontecimentos, transformações e ritmos evolutivos da forma, tornando a mente mais sagaz. Cria-se conhecimento. Aprimora-se a análise.

Cada personalidade humana tem uma inclinação que a torna peculiar. Somos partículas inteligentes vagando num oceano de incertezas, em meio a alegrias momentâneas e um conjunto de dores (crônicas e agudas), com ou sem sentido, que podem levar a outras (dores / alegrias). Isso vai tecendo uma rede. Essa rede progride no tempo, retrocedendo e avançando em seus rearranjos. Para muitos, ela parece não ter sentido - como a vida. Mas uma vida destituída de sentido logo perece. Nada cria. É preciso crer em algo, nem que isso leve a cominhos equivocados.

Sempre, antes de uma grande mudança de paradigma, nos
vemos (sem saber) diante de uma bifurcação. Antes não era
visível. Com o tempo se torna óbvia. Essa incapacidade de
vislumbrar se deve (a meu ver) ao fato de não termos
desenvolvido a superconsciência. 
Vivemos uma era de letargia. O movimento é prisioneiro de uma férrea vontade. Vontade calcada em sensações momentâneas. Uma armadilha. No entanto, espasmos de progresso são observados. A ciência e a tecnologia se aliaram de modo fortíssimo nos últimos duzentos anos. A Revolução Industrial selou o matrimônio entre o conhecimento teórico, a pesquisa, e as linhas de produção e aplicações para o bem-estar e o crescimento econômico. De fato, este último é a característica mais marcante de nossos tempos. Segundo Yuval N. Harari, a religião que se instalou em nosso mundo de forma mais profunda (o capitalismo) depende do crescimento econômico. Cada vez maior. Esse vínculo se efetivou após o advento da indústria. Dessa forma criamos - naturalmente - um meio de progresso que no entanto - ao que me parece - deve ser superado.

A Era Industrial parece ser algo momentâneo na história do Homo sapiens, que poderá (ou irá) ser vista futuramente como marco de transição entre uma época dominada pelo crescimento majoritariamente exterior, objetivo - mesmo que havendo consideração pela subjetividade e unificação, e uma época dominada pela maturação interior - mesmo que continuando a ter desenvolvimentos tecnológicos, materiais e intelectuais. Não se sabe ao certo o que irá ocorrer nos próximos anos.

Um livro muito interessante. Uma
varredura histórica que traz à tona
os principais dilemas e ímpetos
evolutivos de nossa espécie.
A complexidade do mundo, aliado à mudança de costumes e o domínio da "ciência da incerteza", deixam as pessoas temerosas de adentrarem em aventuras de superação paradigmática. O medo domina. Mas no fundo não devemos temer as ameaças apontadas pelos meios de comunicação, pela sociedade ou pelas instituições. Somente quando a intenção não vibra de acordo com a atitude e a atuação há razão para se preocupar. Mas o número exerce uma influência enorme sobre as nossas mentes e corações. Até mesmo Cristo passou por tentações do AS que o tentaram convencer, de toda maneira, a abraçar a facilidade de suas vias em detrimento de sua reintegração no S. A questão não é nos tornarmos seres inexpugnáveis às influências do mundo - mas sim nos transformarmos em criaturas capazes de ter consciência do que ocorre de fato à nossa volta e dentro de nós. "Conhece-te a ti mesmo", já diziam os antigos.

Por vezes o trabalho excessivo drena as energias e lesa o organismo físico. Isso pode levar a momentâneos traumas físicos que inviabilizam a produção de conhecimento. É preciso se recompor. Isso ocorreu há alguns dias com aquele que aqui escreve. No entanto, o descanso não foi tempo perdido. Iniciou-se a leitura de um volume de 550 páginas, iniciado domingo e prestes a terminar. Trata-se de um livro do historiador israelense Yuval Noah Harari (1976-   ): Sapiens: uma breve história da humanidade. 

Harari é um excelente historiador. Doutorou-se em Oxford e escreveu mais dois livros. Um deles - Homo Deus - se projeta para o futuro, esboçando tendências. O outro - 21 lições para o ´seculo 21 - se projeta no presente, nos brindando com alguns conselhos baseados em suas minuciosas observações. Ele tem pé no chão e não se deixa levar facilmente por aspectos sedutores de ideologias e religiões. No entanto, esse distanciamento pode ser justamente o que falte a ele para colocar a cereja no bolo. Sem um sentimento elevado, capaz de decifrar os mistérios da vida por vias sobre-humanas, é difícil explicar algumas coisas.

Russell Brand tem um podcast que tem o nome Under the skin (Sob a pele). Num deles entrevista Harari. É um bate-papo de uma hora pra lá de interessante. Muitas questões são levantadas. Um confronto saudável de visões de mundo. Os dois são praticamente concordantes no geral. Mas existe uma diferença: enquanto o doutor apresenta receio em retomar certos princípios que se deturparam, o artista esboça princípios novos. Um é mais razão. Outro é mais sentimento. (Razão em busca de orientação. Sentimento calcado na realidade presente). Eu me identifico mais com a personalidade de Brand, apesar de achar formidável e único o esforço do Harari em conscientizar as pessoas à fundo sobre os rumos e possibilidades da nossa (jovem) civilização - se é que podemos denominá-la como tal.


A meta só será construída quando tivermos clareza sobre nossa origem e o princípio imaterial que guia tudo. Uma lei única que se desdobra em múltiplas leis em diversos níveis. Nisso Russel Brand avança a passos largos.

Os caminhos podem ser traçados com precisão convocando pessoas inteligentes e comunicativas como o historiador israelense.

Os motivos que nos levam a um conjunto de objetivos e seus caminhos são muito profundos. Eu só compreendi plenamente isso após conhecer a Obra de Ubaldi - e sua vida magnânima, que deixou de queixo caído pessoas de todas formações, culturas, crenças e valores.

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