segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Nem falar, nem agir: é preciso ser

Falar é, no máximo, dizer coisas profundas, com sinceridade e elegância.

Agir é, no máximo, fazer coisas significativas, com esforço e cansaço.

Tudo isso é bom, muito bom. No entanto, são ações que não se sustentam ao longo do tempo. Elas tendem a se enfraquecer à medida que são executadas. Elas não vêm carregadas de substância. São portanto degradáveis à medida que são feitas. Devem ser sustentadas por algo externo, artificial ao universo interior, do espírito. 

Necessidade de reconhecimento (nem que mínimo). Ter um público seguidor. Alguma coisa. Algum sinal. Alguma manifestação exterior, objetiva. Esse é o problema. Essa é a barreira que se impõe entre o mundo esforçado e trabalhoso humano e o mundo espontâneo e suave divino. 

Ser é (simplesmente), ou seja, essência. Sem passado ou futuro, apenas um eterno presente. Sem dimensões espaciais, mas além delas. Centrado nela (essência), age-se diretamente, na raiz, efetivamente, para resolver problemas. Fala-se pouco e diz-se muito. Não há esforço - apenas alegria de criar. Ou melhor, alegria de revelar através de uma vivência profunda os caminhos da evolução.

Nossa civilização como um todo está baseada em princípios errôneos. Há culturas mais próximas de um equilíbrio social, de um dinamismo do conhecimento e das práticas, de uma síntese entre os polos, de uma harmonização com o meio ambiente. Mas ainda assim, são passos pequenos. Insuficientes para os desafios da nova civilização que deverá surgir - por bem ou por mal, isto é, pela força da Lei ou pelo esforço humano.

Fig.1: Os hábitos refletem a forma mental. Esta é típica de um baixo grau de consciência.

Nós temos um problema quando se trata de compreender o nosso destino e nosso papel no Universo. 

Porque isso ocorre? 

Porque estamos imersos duplamente no reino do relativo. 

Por um lado vivemos no Anti-Sistema (AS), em que existe o dualismo, o movimento, a degradação, a matéria e energia (espaço-tempo) e as dores. Por outro, nossa espécie vive um momento de exaltação do relativo (relativismo), tornando-o um absoluto e assim caindo numa contradição conceitual que leva a horrores quando desenvolvemos esse princípio até as últimas consequências. 

Criamos o hábito de pensar que tudo pode ser feito desde que as argumentações sejam convincentes ou a força impeça a frenagem de absurdos. Criamos a mania de albergar montanhas de informações, objetos, likes, publicações, momentos de prazer, dinheiro e coisas relacionadas às aparências, à matéria e à posse. Criamos o vício de gozarmos por meio de comparações, nos atendo mais às relações entre as coisas do que à filtragem de qual coisa é mais englobante do que a outra; de qual está mais alinhada à corrente evolutiva; à vontade de Deus. Estamos viciados...

Essa tara pelo relativo (relativismo, ideologia dos tempos) nos levou a um beco sem saída, em que pondera-se em meio à catástrofe. Isso leva sempre a cálculos metódicos, reuniões seguidas, argumentações elaboradas, pensamentos sistematizantes e sistematizados e toda geração de coisas que nos pesa. Coisas que dão armas a quem não deseja progredir. Coisas que causam mais atritos, desentendimentos (porque quantidade em excesso polui a mente, cansa, confunde e coloca os seres e debaterem sobre pontos de forma, de letra, de símbolos). 

Debatemos sobre os símbolos e esquecemos o simbolizado. A essência imutável e eterna foi jogada de lado. Os mais adiantados se prenderam apenas ao devenir, ao vir-a-ser, que é uma das grandes verdades de nosso Universo - mas não a única.

O Universo possui um esquema monístico. Ele é essência, vir-a-ser e forma.  

Essência está para espírito. Espírito está para pensamento (profundo), princípio e lei.

Vir-a-ser está para energia. Energia está para movimento (íntimo), evolução e complexidade.

Forma está para matéria. Matéria está para física, manifestação, aparência.

Os três aspectos coexistem. Não podem ser separados na menor escala de espaço ou tempo. Independente da cultura, não será feita uma leitura da realidade saudável (fiel) sem levar em consideração essa trindade. Não podemos compreender a realidade sem levar em conta (e vivenciar) as três fases do cosmo. Nada dará certo sem uma lente metafísica adequada. E essa lente - a única que poderá nos salvar de uma catástrofe que levará séculos ou milênios para nos recuperarmos, é o monismo.

Para vencermos o desafio ecológico, devemos nos espiritualizar. Para vencermos a desorganização política e a destruição econômica, devemos superar a política e a economia. Como? Criando uma nova forma mental, que irá gerar novos métodos. E quando digo 'criando', é gerando algo imaterial, dentro de nós.

I truly and emphatically believe that a shift/return to a new/ancient nature-based spirituality is the only way we are going to move into the next phase of our evolution.

Fonte: [1

Eu realmente e enfaticamente acredito que um translado/retorno para uma nova/antiga cultura natural baseada na espiritualidade é a única forma de nos movermos para a próxima etapa de nossa evolução.  

Tradução

Eu recebo e leio coisas que muito busco. Os mecanismos de buscam viciam apenas aqueles que não estão orientados - que é a imensa maioria da humanidade. Por isso tantos alertas sobre o perigo dos algoritmos. Sem dúvida, para um ser que possuí um baixo grau de consciência, as más intenções podem causar muitos danos. Por outro lado, quem já está fervorosamente orientado para certas coisas consegue tirar proveito de todas essas más intenções. 

Buscais e achareis (Mt, 7:7).

Buscar o quê? O que realmente interessa para a sua libertação. Para a libertação do espírito e todas suas faculdades maravilhosas e poderosas. Sem aparências demasiadas. Sem posses exageradas. Sem objetivos voltados para coisas do mundo. Nada disso. Apenas o mínimo indispensável para sua evolução. 

Vamos falar um pouco sobre o grau de consciência humano e a questão da alteração do clima.

Fig.2 : Concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera no período 1960-2020.
Destacados os eventos (COP's) e publicações relevantes. 

Vocês estão vendo o gráfico acima? Ele expressa o nível de CO2 (em ppm, partes por milhão) na atmosfera da Terra nos últimos 60 anos. E há setas apontando para as datas em que ocorreram grandes conferência do clima (COP's) e pesquisas sérias foram publicadas (ex.: como a do Clube de Roma, em 1972).

Veja bem...todos esses encontros internacionais, esses estudos sérios interdisciplinares, esses acordos assinados...tudo isso visava em primeiro lugar reduzir as emissões do gás CO2. Gás considerado o mais controlável (e também o mais crítico, junto com o metano, CH4) para frear o efeito estufa. Percebem o que estou querendo dizer? 

Falamos muito. Planejamos muito. Estudamos muito. Podemos até dizer que fazemos muito - mas no sentido emborcado, de superfície, e não na raíz. Mas nada ocorre. Nada! Por quê? Porque não estamos mexendo na essência (de nossa psique), e com isso nossos objetivos são contraditórios, nossos métodos são ineficientes, nossas ferramentas são obsoletas. 

As emissões continuam seguindo a mesma tendência: aumento acelerado. Essa tendência reflete a relação entre o grau de consciência coletivo e a complexidade que se tornou o sistema geosfera-biosfera-noosfera. Ou seja, nosso grau de consciência (como espécie) não está à altura da configuração sistêmica do sistema-Terra, do sistema-Vida e do sistema-Cultura.

Vamos mostrar outra tendência, agora mais voltada para a questão econômica e social.

Fig.3 : Evolução do PIB e do DIB ao longo do período 1945-2005. 
Fonte: [3]

O que o gráfico acima mostra é a evolução do Produto Interno Bruto, o PIB (a riqueza produzida e movimentada pelo mundo dividida pelo número de habitantes) e a evolução do Desenvolvimento Interno Bruto, o DIP (a riqueza que se torna qualidade de vida no mundo dividida pelo mesmo número de habitantes).

Um (PIB) se interessa pela movimentação de coisas, ou prestação de serviços e produção de bens - independentemente deles serem úteis ao crescimento do ser humano (ou seja, aumentar a consciência, a maturidade evolutiva, integrar o ser).

O outro (DIB) se interessa pela utilidade intrínseca dessas movimentações. Ou seja, qual a riqueza real gerada? Ela está servindo para as pessoas terem mais educação, mais saúde, mais cultura, mais tempo livre para se expressar e viver e desenvolver? Para terem menos contratempos? 

Fica claro qual indicador é mais substancial. E com o gráfico percebe-se o que está ocorrendo conosco. 

De nada adianta se mover se o movimento é inteiramente circular. De nada adianta velocidade se não se sabe para aonde vai.

Avançamos numa dimensão: a secundária (meios)

Estagnamos em outra: a principal (meta)

Para além da riqueza real (saúde, educação, segurança, previdência, cultura, lazer), é preciso ainda apontar essa riqueza para a realização do ser (conscientização, iluminação, sensibilização). Esse é o objetivo supremo. Objetivo que um sistema econômico - por melhor que seja - só pode atingir como servo. Servo de que? De uma noosfera efervescente que almeja crescer e se reproduzir, adentrando cada vez mais no infinito, na eternidade e no absoluto. 

Estamos parados na estrada evolutiva. O movimento espacial é uma constante. O movimento íntimo da substância também o é. Mas até um ponto o ser pode decidir se mover ou não em seu universo interior. Ele possui essa liberdade. Mas se não usá-la bem, a partir de certo ponto, o que deveria ter sido feito será cobrado. E quanto mais adiamos evolver, mais forte será o choque de correção. É simples lei de equilíbrio.

A Lei de Deus, sendo absolutamente perfeita, deve ser seguida cedo ou tarde, pelo bem ou pelo mal - respectivamente. Isso significa que a liberdade dada deve ser usada par alinhar-se à Lei. E isso não é ditadura, e sim amor. 

Coerção apenas ocorre quando a lei que coage é imperfeita, é relativa, é particular a uma época, circunstância, povo, cultura, perspectiva.

Amor ocorre quando a lei que coage é perfeita, absoluta, geral e, ao mesmo tempo, flexível para todas épocas, circunstâncias, povos, culturas e perspectivas. 

Está na hora de adotarmos uma nova metafísica para conduzirmos nossas vidas. E assim nos aproximarmos um pouco mais de nosso espírito. 


Referências:

MARSHALL, Stephen. Climate worship will doom us forever. May, 2021.  Link: <https://stephenmarshall.medium.com/climate-worship-will-doom-us-forever-a0f78c971745>

REMBLANCE, Erin. Life in a Degrowth Economy and Why You'll Love It. Oct, 2020. Link: <https://medium.com/postgrowth/life-in-a-degrowth-economy-and-why-youll-love-it-a0eb96c44ec7>

KUBISZEWSKI, Ida. Beyond GDP: Measuring and achieving global genuine progress.  Link: <http://www.bioline.org.br/pdf?nd13075>

sábado, 13 de novembro de 2021

Teoria da Queda

Pietro Ubaldi apresentou uma visão de Deus e do Universo inteiramente nova. Seu método intuitivo é uma antecipação evolutiva que uma humanidade adulta irá ter como prática normal para nos aproximarmos da verdade. O místico da Umbria ousou publicar em seus 24 volumes uma visão vasta (em conhecimentos e exemplificações) e profunda (em sabedoria e vivência) da evolução, de nossa origem, de nosso destino, da função da dor e de Deus.

Fig.1: A queda dos espíritos não foi espacial. Foi dimensional. 
O espírito livre se embatumou na matéria, refém das leis deterministas.

Depois do monismo ubaldiano a humanidade jamais será a mesma. Trata-se da forma de expressar uma metafísica poderosa - talvez a única que não se abale por todo o transformismo e complexidade de nosso mundo pós-moderno - de forma a conjugar todos os domínios científicos num único fenômeno: a grande equação da substância. Daí podemos derivar os motos fenomênicos, a evolução das dimensões, os movimentos vorticosos e todas belezas da criação incessante - que em sua forma emborcada, no Anti-Sistema, assume o dinamismo de um evolucionismo perpétuo que degrada uma forma inferior para gerar uma forma superior, e assim sucessivamente, até os limites do concebível.

É uma visão gloriosa! Quem estudou bem e de forma orientada, busca ardentemente a auto-realização e tem em si um senso moral já desperto, é tocado pela Obra como uma agulha toca um nervo vital. Daí em diante a vida nunca será a mesma. 

Vê-se tudo com outros olhos. Compreende-se antes mesmo de entender; ama-se antes de sistematizar; sintetiza antes de analisar; age antes de planejar. Porque a única atuação certeira é aquela que é guiada por um senso de realização que jaz no âmago da alma - e ela é instantânea...é uma ousadia inteligente que se planeja enquanto o ser está pairando entre a terra firme e o abismo. Um salto de fé. Um ato de coragem guiado pela sinceridade e pela simplicidade. 

Para superarmos as barreiras da lógica econômica; para superarmos os desentendimentos da política; para aceitarmos a diversidade religiosa; para reconhecermos a importância dos saberes; enfim, para amarmos incondicionalmente, é imperativo adotarmos um novo método. Esse método só pode ser implementado seguramente (ou seja, eficazmente) quando superarmos a forma mental presente. Exatamente: é preciso adquiri uma nova forma mental.  

Fig.2: A progressão é por oitavas. A música reflete isso. Essa lei de coesão obriga a uma 
retomada de movimentos inferiores para que eles revivam em oitavas mais altas. O alto de sobra para baixo para que todo o Universo marche para a frente. Glória e Salvação. Graças a Deus.

A Teoria da Queda de Ubaldi é aquela ideia que, mesmo sem possuir referências bibliográficas, mesmo sem seguir os formalismos (cada vez mais) engessantes da academia, mesmo sem parecer relacionada com nossa vida quotidiana (cheia de dramas e misérias), é algo que convence e nos dá um senso de preenchimento interior sem igual. Porque ela é simples e profunda. Através de palavras orquestradas de forma semi-musical, de um rigor lógico-científico orientado e apenas suficiente para a assimilação da pobre mente racional, de uma estética apaixonada e apaixonante, o profeta de Gubbio apresenta ao mundo a visão mais avançada até o momento. 

Foi erigido um edifício conceitual sem igual - no máximo com outros conceitos que se aproximam - através de um sincretismo envolvente. A fusão de diversos sistemas de crenças e valores, sem ofender nenhuma teoria científica, resultou numa teoria toda revigorada sobre a nossa origem, o nosso destino e a causa de nossas dores. É fantástico sob todas as perspectivas. Basta ter os olhos para ver. Olhos espirituais - não carnais.

Para começar a entender do que se trata, um vídeo do Dr. Gilson Freire explica essa nova visão da queda:

"Que absurdo!", alguém pode pensar. "Como pode a obra de Deus conter a possibilidade de falha?"..."Das duas uma: Ou Ele é imperfeito ou Ele não existe!". Mas essas observações passam pela cabeça de muitos porque o grau de compreensão da natureza divina ainda é muito pequeno. Se observarmos com mais cuidado, na essência, percebemos que essa possibilidade de falha é a comprovação da magnanimidade e inteligência do Criador.

Mas como poderia acontecer fosse o Sistema, obra de Deus, tão imperfeito que pudesse desmoronar a cada momento? Não. Ao contrário, era tão perfeito, podendo até desmoronar sem dano definitivo, justamente por isso podia conter, deixada à mercê da livre vontade do ser, a possibilidade de uma queda. Se isso tivesse ocorrido, é porque o Sistema era perfeito a tal ponto, que teria tido a possibilidade de ressurgir de sua queda. Esta implícita capacidade de automedicação, apta a resolver qualquer crise, tornava inócuo, em última análise, esse perigo e erro. Não se tratava, pois, de imperfeição. Ao contrário, na perfeição do Sistema, tudo estava previsto, até a possibilidade de uma desordem e de uma queda; por isso, foi deixada nas mãos do ser a escolha entre obediência e a desobediência, com a possibilidade de uma desordem e uma queda.

O Sistema, Cap. III  (grifos meus)

Sabendo que, haja o que houver, tudo permanecerá sob controle, e com isso dar liberdade plena à criatura é o maior ato de amor (liberdade concedida) e sabedoria (domínio de Sua Criação) imaginável. Para cinco minutos para refletir sobre esse ponto.

A queda dos anjos (nós, espíritos tendo uma experiência humana atualmente) se deu por termos uma perfeição que era relativa, não absoluta. Pois caso tivéssemos perfeição absoluta nos igualaríamos a Deus em potência (Criador = Criatura), resultando num sistema anárquico, com infinitos deuses - ou seja, sem Deus de fato. Absurdo completo. 

O que temos de compreender é que somos da mesma natureza de Deus - mas não de mesma potência. Isso é destacado por Ubaldi em sua obra. É um ponto capital na teoria apresentada. Sem ele não podemos fazer um estudo com vistas a realmente compreender o que aconteceu.

Como se deu o processo?

Fora dada por Deus, à multidão dos espíritos, uma livre autonomia de vontade, com a condição desta ser coordenada em harmonia com a Lei, em função Dele. Mas, este poder estava nas mãos deles que, sendo livres, podiam dirigi-lo mesmo em direção errada, contra a ordem, contra a Lei, contra o próprio Deus. Bastava aquele poder, ser canalizado pela vontade livre deles, para fora do caminho justo, e ocorreria a queda.

O Sistema, Cap. III  (grifos meus) 

 E isso foi o que se deu para todos nós que estamos aqui.

Não se tratou simplesmente de uma desordem qualquer, que semeasse o caos no seio da ordem. Dada a natureza do impulso de onde nascera, essa desordem assumiu uma direção precisa e significou exatamente o emborcamento do Sistema num estado antagônico ao anterior: o Anti-Sistema.

O Sistema, Cap. III  (grifos meus) 

Um impulso contra a vontade de Deus só pode resultar em algo catastrófico. Pois a melhor atitude que sempre podemos tomar é sempre (sempre, sempre, sempre) aquela que se alinha inteiramente à Vontade de Deus. De um estado unitário decaímos num estado dualista. Mas não há com o que se preocupar: o monismo continuou no domínio, envolvendo o dualismo. Assim, os aspectos fenomênicos de nosso universo são (muito discretamente) coordenados por uma sábio princípio diretor. 

Com efeito, o nosso atual universo é baseado no dualismo: Sistema e Anti-Sistema, e só assim podem ser encontradas e compreendidas as suas primeiras causas. Só assim podemos compreender por que, em nosso universo, tudo se baseia no contraste dos elementos, impulsos e conceitos opostos e complementares. 

O Sistema, Cap. III  (grifos meus) 

O dualismo gerou o relativo. Com este surge o ritmo, os oposto, o contraste. E assim surge o movimento  tal qual a ciência o concebe (e conhece). Não um movimento intrínseco, mas espacial, molecular, atômico. Nasce a energia e a energia se embatuma na matéria. A trajetória, outrora não-vibracional e aberta ao infinito (livre do espaço-tempo), se torna ondulatória (energia) e fechada (matéria). Uma contração dimensional pré-tempo (big crush) atinge o fundo do abismo, explodindo em seu ponto mais baixo, involuído (big bang), que a partir daí se expande, evoluindo sem cessar, até o momento presente. 

A ideia de uma criação do nada é absurda, conforme pessoas já estão percebendo (BAKER, 2021). Houve uma causa para o fenômeno da origem de tudo que conhecemos. Mas essa causa está no superconcebível. Um universo super-dimensional (o Sistema), que está curando o nosso universo de espaço-tempo (o Anti-Sistema). 

Vejamos o que uma pessoa leiga nas questões da ciência, mas intuitiva (que é o que realmente interessa), pensa:

Whether you ascribe the causal power of the Big Bang to a physical law or to the classical ideal of God, the result is the same for both. To be able to create time, space, and all matter and energy; the cause must be timeless, beyond the constraints of space, and immensely powerful. This again sounds exceedingly close to God whether you call it a law or God, it doesn’t matter.

(BAKER, 2021), grifos meus

Traduzindo:

Quer você atribua a causa do evento do Big Bang a uma lei física ou ao ideal clássico de Deus, o resultado é o mesmo para ambas ideias. Para ser capaz de criar tempo, espaço e toda matéria e energia; a causa deve ser atemporal, além dos limites do espaço, e imensamente poderosa. Isso novamente parece excessivamente próximo a Deus quer você chame isso a Lei ou Deus, não interessa. 

(BAKER, 2021), grifos meus

Para causar os princípios de nosso universo (leis físicas) é preciso recorrer a princípios superiores (leis metafísicas). Isso é lógico para quem já percebeu o esquema geral do cosmos e arde pelo invisível e intangível. Pelo absoluto que guia os relativos. Absoluto discreto, paciente e sábio. Absoluto amoroso, que se revela na da arte através da estética da beleza interior; da ciência através da sistematização dos fenômenos; da religião através da devoção sem preconceitos e pela contemplação; da filosofia através das sínteses intuitivas. Estamos à beira de descobrirmos um princípio que guiará tudo e todos nesse turbilhão evolutivo. É glorioso. Eu o vejo de forma nítida. Sinto de modo forte. Saboreio intensamente quando me ponho em contato com esse pensamento diretor. 

Há pessoas chegando muito próximas à visão. Arranhando o grande monismo apresentado pelo profeta de Gubbio, porta-voz da Nova Civilização do Terceiro Milênio. Uma civilização do espírito, pautada por valores mais do S do que do AS. Uma humanidade regenerada, em que teremos superado a barreira mais árdua, em que na balança universal as forças do S predominam levemente sobre as do AS. 

No momento atual, tudo me faz crer que o S e o AS estão em equilíbrio quase total, o que dá uma sensação de desespero. Muito esforço para o alto e igual esforços para se desmontar tudo isso. Desânimo e tristeza. Mas não se desespere, viajor do deserto dimensional. A tendência é uma e só uma: o avanço das forças do Bem e o recuo das forças do Mal. 

Bem é unificação, é integração, é ver as propriedades emergentes (relações) entre as partes e o telefinalismo (meta), é síntese, é moral e inteligência elevados de mãos dadas.

Mal é separação, é desintegração, é ver apenas as partes que se relacionam de modo competitivo, se destroçando e gozando na medida do possível, é análise, é baixa moral e muita inteligência, ou muita moral sem inteligência, ou ambas baixas, sempre divorciadas.

A ideia de movimento íntimo é essencial aqui. Esse é o dinamismo que devemos almejar. Dinamismo intenso, de substância, que se manifesta em atitudes que podem até ser lentas e sem adeptos, mas certeiras e intensas. Esse é o dinamismo que realmente interessa. Não movimento de superfície para aparecer e ter - e sim movimento profundo para vir a ser cada vez mais. Até atingirmos o ser de Parmênides...

Heráclito percebeu o movimento incessante e transformador. Movimento que é vida. Os relativos.

Parmênides vislumbrou a causa sem causa, a essência, o ser. Causa que contém a salvação. O Absoluto.

Ubaldi funde ambos numa síntese magistral, em que Absoluto guia relativos - que são gerados no Absoluto e a ele retornarão, por simples natureza do Todo.

Essa é a teoria que devemos compreender. Pois compreendendo a aceitaremos. E com isso, avançaremos, chegando a continentes nunca antes explorados. Continentes imateriais, intangíveis, maravilhosos. Continentes do espírito.

Será glorioso...

Celebremos esses novos tempos com a forma mais elevada de arte, a música. Deixemos nossos tímpanos carnais albergar a mensagem espiritual de Ludovico Einaudi - um compositor que soube captar aspectos do infinito e traduzi-los em música. Vamos celebrar a vida através do vir a ser (divenire). O fluxo ao qual nos devemos nos alinhar para chegarmos ao Reino de Deus.

Vídeo do canal: Jacob's Piano

Referências:

BAKER, Jeremiah. The Universe Created from Nothing is Absurd. 25 Out., 2021. Disponível em: < https://medium.com/@randomgadfly/the-universe-created-from-nothing-is-absurd-e4114b7cb972>

UBALDI, Pietro. O Sistema: gênese e estrutura do universo. Ed. FUNDAPU. PDF disponívl em: <http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/ubaldi_14.pdf>

UBALDI, Pietro. Queda e Salvação. Ed. FUNDAPU. PDF disponívl em:<http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/ubaldi_19.pdf>