sexta-feira, 10 de junho de 2022

Desnudando almas através do olhar

Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas... João 14:12

É muito simples. É direto e reto. É sincero, sério e singelo. E é justamente por isso (sua simplicidade) que até nossos dias - dois mil anos após os ensinamentos supremos terem sido trazidos na Terra - as pessoas tem tanta dificuldade e medo em implementar as máximas do Evangelho do Cristo. 

De degrau em degrau, a vida me parece cada vez mais orientada. As atitudes se tornam mais firmes e a confiança maior. O olhar penetra e desvenda cada criatura. Através de atos preenchidos de substância divina, ministro minhas aulas, semana após semana, de modo cada vez mais ousado e inteligente, criando algo que me parece substancialmente novo. E quando a expressão do Espírito atinge os vértices do superconcebível, o semblante de cada ser revela se ele valoriza ou não. É muito interessante.

Em todas aulas realizo experimentos de laboratório. Mas não se trata de um laboratório no qual trabalha-se com elementos inertes, integralmente aderentes ao determinismo da Lei (manifestada através de múltiplas leis). Não. Trata-se de um laboratório vivo e profundo. De reações discretas e comunicações sutis. Um experimento que transcende o estudo dos organismos vivos. Um experimento cuja matéria-prima é o psiquismo de cada criatura. Não a consciência se superfície (sensível), mas aquela de profundidade (latente) - que representa nosso Eu superior, que jamais perece e anseia por despertar. Esse anseio se expressa das mais variadas formas, indo das mais brutas (involuídas) as mais sublimes (evoluídas). Um laboratório riquíssimo, que pode ajudar o próprio experimentador a melhorar sua abordagem - que por sua vez irá dar efetividade à meta: despertar consciências adormecidas. 

Fig.1: O olhar revela a magnitude da alma. Para extrair esses tipos de olhares, é preciso emitir luz espiritual. 
É imperativo preencher seus atos de Espírito Santo para que a luz revele o íntimo de cada ser. 
Fonte da imagem: Grisha Chernigowsky (Pexels)

Há olhares neutros, inexpressivos, de rapazes altos e vigorosos, que duvidam das chispas de luz provindas da boca e doa atos do mestre. São frios e sem sensibilidade; não são reativos, porém estão mortos. Uma alma que não compreendeu ainda qual a meta suprema, e como consequência, qual o método para o sucesso real. Eles ignoram por dentro e aparentam por fora. No fundo, enganam a si mesmos. 

Há olhares analíticos, de rapazes inteligentes e céticos. Estes tem um senso do bom, mas precisam de provas, de objetividade e de resultados visíveis que impressionam os 'sentidos do intelecto'. São olhares que revelam interesse, mas ainda não buscam ardentemente a realização do ideal. O intelecto ainda fala mais alto que o Espírito - apesar de haver uma chama de boa intenção. Há cálculos a cada passo. A fé vacila e a mente se inquieta. É o início...

Há os olhares de pessoas em desvio, que não conseguem escutar as palavras, julgando os dizeres mais profundos uma novidade digna apenas de diversão. Olhares que olham apenas a superfície do fenômeno, se divertem positivamente com ele, mas não o compreendem e não conseguem se concentrar na essência. São inteligências ágeis e joviais, que estão no início de uma busca.

Há os olhares intensos, que rasgam e julgam tudo vencer através da força de uma autoridade terrena. No fundo eles revelam almas curiosas, tão mais incomodadas quanto sua imersão no mundo dos sentidos. Querem crer e por isso investem com fúria. Teimam em acreditar porque nunca saborearam as excelsitudes do Alto. Magnificências que se revelam através dos milagres sutis de vidas ardentes e perseverantes.

Há os olhares amistosos e quietos. Não são agressivos nem analisam com a frieza do intelecto. Se antenam quando as palavras são proferidas. São almas sinceras que já possuem em seu imo uma chama de intuição acesa. Sentem o Infinito se manifestar; o Eterno se aproximar; e o Absoluto tudo guiar...

Cada semblante revela o grau atingido até o momento. É muito interessante...

Quanto mais desafios se impõem, maior é a criatividade e a vontade se intensifica. A tentação do diabo vem através de criaturas que possuem grau de consciência baixa (os demônios) que, em sua estreita visão de mundo, decide incomodar aquele que está emitindo luz e auxiliando o despertar de outros. O ataque é nos pontos fracos. É aí que deve ser feito um reforço. 

Utilizando-se do conceito profundo da dor, pode-se usar essas investidas demoníacas - que por vezes se dão de forma muito sutil -  para o aprimoramento do Espírito. Podemos denominar isso de expansão da consciência, ou alargamento da alma. Conquista-se um estofo interior após a correta absorção da dor. Porque esse é o método de transformação. O método da superação. Assim perde-se o medo de morrer - pois já se sabe renascer. Renascer num plano superior de existência, em que a luta é mais bela, mais nobre, mais elegante e com mais resultados. Ganha-se alavancagem.

Alavancagem é um conceito muito apropriado à ocasião. Trata-se de atingir uma meta com pouco esforço (ou desgaste). Você pode até trabalhar muito em prol do objetivo, mas a sensação de cansaço, de desgaste e desgosto à medida que se executa o processo, é pequena, Por que? Porque se percebe o significado. 

Significado...

Para alavancar é preciso ousar. Para ousar é imperativo se orientar. Para se orientar é necessário buscar.

"Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta.

Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e àquele que bate, a porta será aberta."

Mateus 7:7-8

Pedir o necessário para o cumprimento de sua missão - ou quitar sua expiação. Não se trata de usar o Alto para conseguir interesses mundanos, mas se alinhar à Vontade de Deus para que se opere a Sua obra. Obra que é para o nosso bem. 

A irreversibilidade se inicia a cada momento decisivo, em que o conceito, puro pensamento ou ideal, se plasma em vontade dinamizante. Essa vontade acaba se materializando em produto acabado, forjando destinos. Destinos de dores ou de glórias. Muitas dores, poucas glórias...Pois há pouca compreensão das leis superiores. 

É preciso morrer num plano inferior para viver plenamente num plano superior.

Fig.2: Estamos fechados em nosso relativo - que se choca com outros relativos, igualmente fechados. 

A vida se torna mais psíquica do que orgânica. Mais atuante na profunda metafísica dedutiva, que se materializa numa física precisa, do que numa física linear de ação e reação. Em seguida, essa metafísica se plasma em vivência, expressando o Absoluto através dos canais do relativo. É nesse ponto em que as reações do mundo começam. 

Alguns ficam perplexos. Suas faces inexpressivas ignoram por fora e se desesperam por dentro. Outros se indignam e ridicularizam. Fazem pouco caso, riem como hienas por dentro (e às vezes, por fora), procurando sempre motivos de gargalhar diante daquilo que ignoram. E sofrem muito - sem no entanto sabê-lo, nem senti-lo...Outros enxergam loucura e delírio. É preciso ter referências, provar analiticamente e buscar evidências empíricas que impressionem os sentidos.

O cientista materialista, preso no método científico, na análise, na objetividade e no materialismo, se perde diante dos grandes desafios da ciência de nossos tempos. O progresso da ciência trouxe consigo, implícito em seu seio, uma mensagem que diz: "Espírito". Não há como escapar se se deseja avançar na senda do progresso. A Mecânica Quântica acabou com o primado da matéria, apontando para a possibilidade de um reino não-local e atemporal que viabiliza comunicação instantânea e afirmando uma causalidade descendente, na qual a consciência não depende do corpo físico mas se junge a ele durante nossas vidas. A Relatividade Geral destronou o espaço e o tempo, relativizando-os. Ademais, percebeu a equivalência substancial entre massa e energia e relacionou a curvatura do espaço-tempo com a presença da matéria. A Cosmologia acabou demonstrando que houve um início e haverá um fim; que o nosso Universo é incomensurável, porém limitado; e de que a entropia crescente produz ilhas de complexidade que podem albergar a vida - que por sua vez pode tomar consciência de sua origem e seu destino. 

A humanidade está num lodaçal e tem todas as condições de sair dele. Bastam apenas três coisas:

1ª) Pensar - de verdade, percebendo a falta de coerência entre o que se almeja e os métodos;

2ª) Contemplar - a essência da vida, parando de se mover como um desmiolado e desfrutando de todos momentos;

3ª) Agir - destemidamente, de modo orientado, para que o seu exemplo comece a mobilizar outros, mesmo que os resultados não sejam percebidos em vida.

A verdade é que raríssimas são as pessoas que pensam. Porque o ato de pensar não significa tirar dez em provas, ou fazer uma série de exercícios, ou adquirir títulos e escrever artigos científicos ou gerar patentes ou coisas do tipo. Isso é uma forma de automatismo. Sofisticada admito. Mas não é pensar. 

Somos uma sociedade que gera autômatos muito eficazes e eficientes; que gera pessoas que sabem socializar - mas são destituídas de sensibilidade social; que controla seus processos e goza o máximo possível sem aparentar. Somos uma sociedade doente. 

Você, que se sente excluído, não se desespere: pode ser você parte da cura para a doença que se perpetua nessa humanidade perdida. 

Meu amigo, está na hora de encher os pulmões de ar e preencher seu ser de coragem e orientação. Vossos atos devem ser preenchidos de substância Divina. No início ninguém irá lhe apoiar. Quase todos (se não todos) irão te rejeitar, isolar, sabotar - inclusive familiares, provavelmente. As pessoas mais próximas trarão as maiores amarguras: amigos, namorada(o), pais, parceiros de trabalho.

Quem está sintonizado com os (anti-)valores do mundo atual não deseja novidades substanciais. Há um movimento um tanto inconsciente que impõe mil barreiras àqueles que iniciam um caminho radicalmente diferente. É o diabo agindo através dos canais humanos frágeis. Ele está tentando a pessoa na expectativa de que ela desista, seja através de ofertas de gozos (=ilusão ou maya) ou de ameaças (=medo). Se ambos não funcionarem, tentar-se-á aproveitar algum mal daquele que está fazendo o certo. O Anti-Sistema irá persistir até que se ultrapasse a barreira espiritual. 

Nos momentos que antecedem essa passagem da barreira espiritual, a situação psíquica vai ficando cada vez mais tensa: as tentações crescem em quantidade e intensidade. A confusão é geral, fazendo muitos retrocederem. O drama interior é titânico. Mas para dadas configurações e parâmetros interiores, é possível vencer essa barreira. É preciso ter estofo espiritual. Podemos fazer uma analogia entre o fenômeno de expansão da consciência que culmina numa verdadeira libertação com o fenômeno de quebra da barreira do som pelo piloto de teste Chuck Yeager.

Retroceder espiritualmente, jamais!

Retroceder materialmente, apenas para pegar impulso.

Repetir é uma obrigação universal - mas façamos isso de forma cada vez mais cristalina e bela.

Aliando os três movimentos, temos uma espiral.

Fig.3: Movimentos Fenomênicos. Se não o compreenda, pelo menos viva ele. 
Caso contrário, agonize no lodo das ilusões. O tempo das evasões está acabando.
As bases da Nova Civilização estão sendo plantadas. Em vários pontos, de várias formas.
Compreenda quem o puder...