domingo, 15 de janeiro de 2017

Gênese de um Novo Paradigma

Para a humanidade, o trabalho jamais finda. Especialmente porque tão pouco houve dele nos últimos 7 milênios de civilização. Me refiro a um trabalho que não envolva sofrimento e esteja orientado para fins mais elevados. Me refiro a um trabalho que englobe a natureza como uma entidade viva; a cultura como um patrimônio útil; a arte como uma fonte inspiradora; a espiritualidade como um vir-a-ser (próximo).

Um artigo muito interessante diz que a rotina matinal poderá nos garantir a produção de coisas realmente úteis - para nós, o entorno e a vida em geral [5]. Um trecho é particularmente interessante (grifos meus):

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According to psychologist Ron Friedman, the first three hours of your day are your most precious for maximized productivity.
“Typically, we have a window of about three hours where we’re really, really focused. We’re able to have some strong contributions in terms of planning, in terms of thinking, in terms of speaking well,” Friedman told Harvard Business Review.
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É interessante me deparar com isso, pois é justamente nas manhãs que me sinto mais inspirado a escrever neste espaço, ou ler um livro, ou fazer ginástica, ou conversar, ou estudar. E os estudos nas primeiras 3, 4 horas do dia são de tal intensidade que eu sinto que se pudesse coordená-las adequadamente, mantendo uma rotina matinal pelo resto de meus dias, poderia gerar muita coisa.
Foi assim que aprendi francês; foi assim que emagreci 15 kg; foi assim que criei muitos de meus melhores e textos; foi assim que consegui ir excepcionalmente bem em algumas provas. Entre outras coisas que no momento não me vêm à cabeça.

Existem muitas pessoas fazendo trabalhos realmente úteis para o mundo que está prestes a nascer - não me incluo nesse campo prático. Pretendo de alguma forma entrar nessa engrenagem planetária , dirigida por uma elevada consciência coletiva nascente. Por a mão na massa, como dizem. 

Há alguns dias fiquei sabendo que nevou numa cidade localizada no sul da Itália. A cidade se chama Salento [4].

O que impressiona é: 

, desde que existem registros históricos, nunca foi registrado neve nessa cidade;
, no sul da península itálica - uma região muito quente, semelhante ao nosso nordeste - não é normal nevar;
, Matteo Tafuri "previu", há aproximadamente 500 anos, que quando isso ocorresse, o mundo tal como o conhecemos estaria próximo do seu fim.

Matteo Tafuri viveu 90 anos, entre 1492 e 1582, o que na época era incrívelmente fora do comum. Era um filósofo e ganhou fama por fazer profecias, sendo considerado o "Nostradamus" italiano. Ele disse: 

“dois dias de neve, dois relâmpagos no céu. Eu sei que o mundo acaba, mas eu não estou ansioso”. 

A cidade de Salento é famosa por suas belíssimas praias - conforme pode ser constatado por uma breve pesquisa no Google.

O fato provavelmente está relacionado ao aquecimento global, que leva a alterações climáticas. É já admitido que várias regiões da Europa vêm sofrendo com ondas de calor ou frio pouco usuais. 

Praias de Salento com neve.

Quanto ao dito "o mundo acaba", cuidado. Como outros Profetas, sempre é usado o termo "fim do mundo" para designar grandes catástrofes, mas não se trata do fim de nosso planeta - nem necessariamente nossa espécie. O que irá - a meu ver - desmoronar é o atual paradigma, que plasmou a forma mental dos últimos 5 séculos. Forma mental que plasmou em forma econômica e - concomitantemente - política o sistema o qual denominamos capitalismo.

Inicialmente assumindo a forma Mercantilista (Séc. XV-XVIII), na qual as molas propulsoras foram Portugal e Espanha, passamos à forma Industrial (Séc. XIX-XX), na qual a mola propulsora inicialmente foi a Inglaterra, sendo alcançada posteriormente pela Alemanha e após pelos EUA. Atualmente essa forma se plasmou para a Financeira (1970 - Séc. XXI), e segue seu desenvolvimento máximo, que culminará em outra crise, desta vez relacionada à energia, aos alimentos e à economia - que no fundo estão intimamente relacionadas. Essas formas, por sua vez, podem ser vistos como ciclos, que possuem ciclos menores, internos, que influenciam e caracterizam os maiores - e vice-versa. 

No aspecto político observamos um caminhar paralelo: a formação dos Estados Nacionais, que permitiu a concentração de poder para o empreendimento de grandes projetos ultramarinos (Espanha e Portugal). Quando Alemanha e Itália se unificam e os EUA inicia sua industrialização, inicia-se uma corrida pela supremacia, que levará a Europa ao enfraquecimento global com a 1ª Guerra (1914-1918), enquanto nasce um novo protagonista na economia global: os EUA. 

A forma mental conduz todos os desenvolvimentos políticos, econômicos, tecnológicos e culturais. A forma mental que desencadeou o novo paradigma é comumente conhecida como Renascimento. O Antropocentrismo assume o lugar do Teocentrismo. Ruim? Não. Natural. 

A questão é: como esse grande ciclo se desenvolve? 
                     ele saberá acabar, dando lugar a um novo?
                     por que ele surgiu?
                     o que o anterior tinha de ruim? (sabemos muito bem)
                     e de bom? (muitos ignoram)
              
Uma humanidade que se valoriza é muito útil num primeiro momento. Permite o seu desenvolvimento, geração de conhecimento, teorias, artes; criação de sinfonias e riquezas e tecnologias que viabilizam encurtar distâncias, comunicações distantes simultâneas, e desnudamento de superstições. No entanto, ao colocar a carruagem em movimento, devemos observar o que o próprio movimento nos diz. E mais: precisamos aprender a escutar o canto da História, que nos apresentou inúmeros momentos de transições. Ouvir a voz da Vida em nós e nos acontecimentos. Sentir o transformismo.

O Iluminismo foi o salto da Ciência - compilação de todos saberes até então - e estímulo aos saberes por surgir. Galielu, Kepler, Newton, Locke, Hegel, Kant, Darwin, Pasteur, Lavoisier, Rousseau, Goethe, Dante,...Tudo isso paralelo à Revolução Francesa (1789), que abriu as portas conceituais para a propagação da Era da Ciência e da Tecnologia. Logo após, uma combinação de fatores permitiu a eclosão da Era Industrial, cujos efeitos finais começamos a sentir nesse século. O que muitos vem sentindo nos últimos 2 séculos é:

1 - Vivemos num planeta de recursos finitos (materiais e energéticos não-renováveis, a depender da taxa de extração);

2 - A finalidade da vida está além da aquisição de bens e serviços (consumo) sem fim.

Perceber isso está em ressonância com os limites que começamos a sentir - limites impostos pelo planeta. Limites saudáveis. 

A Consciência Humana começa a dialogar com o Grito da Natureza.

Um artigo sério, muito extenso e baseado em fontes está disponível na internet [1]. Ele cobre o problema do pico do petróleo, esmiuçando vários detalhes pouco comentados - e consequentemente desenvolvidos - entre nós, a sociedade, seja pela falta de tempo, seja pela falta de vontade, ou por ambos em proporções diferentes. Outro artigo, referenciado pelo primeiro [2], aponta para o que podemos fazer para participar desse processo. Acredito que todos concordarão e acatarão em unanimidade:

"When you realise something’s wrong with the world, the first step has to focus on educating yourself about it."

Quando você se dá conta de que há algo errado com o mundo - isto é, nosso modelo de civilização - o primeiro passo é procurar saber sobre isso. Ler diversas fontes, estudar temas, usar seus conhecimentos específicos, ouvir as pessoas nas ruas, perceber as suas reações e a dos outros, tentar traçar semelhanças, compreender o porquê das diferentes ações, relacionar. E refletir sobre as grandes questões. Isso é um primeiro passo. Não só fundamental, mas essencial.

Depois, devemos ser pragmáticos e realistas acerca dos eventos. Isso nos levará a não querer mudar o mundo, mas sim, alterar nossa conduta local. Isso pode significar passar a falar menos, aparecer menos, refletir mais, focar em certos tipos de atividades (novas), entre outras coisas. Pode inclusive influenciar em como você faz seu trabalho, conversa e faz atividades do dia a dia. 

Precisamos perceber que existem três níveis no estudo de sistemas: eventos, comportamentos e estruturas.

Os eventos são os efeitos visíveis. O que sai nos grandes jornais, na TV, no rádio, nas rodas sociais, etc. Buscar soluções para eventos desagradáveis implementando ações-evento irá resolver problemas no curto-prazo (mas provavelmente ampliar no médio e longo). Por exemplo, aumentar o policiamento e as prisões (sem julgamento) para aumentar o temor e assim (tentar) reduzir os crimes e roubos - mas apenas os da base da pirâmide.

Os comportamentos são a lógica por trás dos eventos. Se relacionam às conexões entre as pessoas, famílias, comunidades, culturas, cidades, estados, países. São o modo de responder aos eventos. Comportamentos são cultivados e consolidados a partir do meio, de sua realidade externa e de sua forma e grau de instrução. Uma ação-comportamento pode atacar de forma mais eficaz um evento desagradável. Por exemplo, criar programas de inclusão social de dependentes químicos, de miseráveis, de órfãos fora das prisões e nas prisões. Ouvi-los.

A estrutura é a base sob a qual irão nascer os comportamentos. São os conceitos que fazem o sistema operar. Os princípios, as leis, o senso-comum. Alterá-los requer paciência, pois é provável que a pessoa não veja resultados concretos em vida. Essa é uma ação que não é ação - do ponto de vista mundano. Mas o é. 

Voltando à questão fundamental (mudança de paradigma), temos a Viviane Mosé, cuja visão segue a mesma linha [3]. Basicamente estamos num ponto de inflexão na escalada cósmica. Precisamos nos atentar para ela, pois o que deve ocorrer ocorrerá independente de nossa vontade ou não. 

O planeta nos alerta. A vida nos grita. A consciência nos incomoda. Tudo muda rapidamente. O previsível atravessa a barreira e se torna imprevisível. Ilya Prigogine define isso tudo como a Era das Incertezas. É transformação profunda e inexorável. Se fizermos de dentro pra fora será muito melhor. Caso contrário ela será imposta de forma pra dentro... 

Na Educação muito deveria estar sendo feito. A começar pela criação de cursos livres que comecem a dialogar com a realidade dos alunos. Livre significa que apenas quem está realmente interessado irá participar - pois seu "ganho" ou "prejuízo" será zero. Cursos que façam as pessoas refletirem sobre o atual estado das coisas. Não se trata necessariamente de filosofia, e sim uma nova abordagem para questões emergentes. Se trata sobretudo de harmonizar o interior das pessoas expondo de forma criativa conhecimentos consolidados, experiências (íntimas ou não, a depender do grau de maturidade do grupo), e ideias inéditas. Fusão de saberes. 

A Grande Sìntese trouxe uma visão tão avançada para nosso atual nível evolutivo que somos incapazes de assimilá-la - mesmo em grau ínfimo - seus dizeres. Um dos problemas é que nos prendemos às palavras ao invés do que elas apontam. No entanto me parece - cada vez mais - que essa descida dos ideais será a bússola nos séculos (e milênios) vindouros.

Iremos chegar lá. 



Referências:

[1]
https://medium.com/insurge-intelligence/brace-for-the-financial-crash-of-2018-b2f81f85686b#.tney3wit9

[2] 
https://medium.com/insurge-intelligence/how-to-change-the-world-in-three-easy-steps-92d7ca576fc1#.sxp2cz95c

[3]
https://www.youtube.com/watch?v=ku5jhVYRrkE

[4]
http://blogs.correiobraziliense.com.br/nqv/cidade-praiana-da-italia-registra-neve-por-dias-seguidos-e-fim-do-mundo-pode-estar-proximo-segundo-profecia-feita-ha-500-anos/

[5]
https://medium.com/the-mission/this-morning-routine-will-save-you-20-hours-per-week-c3088cd2c685#.oz5lzb5eu

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

11-12-14-17-...

"Por que a decadência da velhice, que vai chegando a todas as coisas? Também a vida é um ciclo, contendo a sua fase evolutiva e involutiva, com o inexorável retorno ao ponto de partida. Que mais poderia ser esta mecânica que reconduz tudo ao estado de germe, esse processo natural que opera através de contínuos regressos ao estado de semente, senão a expressão mais evidente da lei de evolução e involução cíclica"

"A ação é o primeiro grau de α, o qual, sendo contíguo a β, está, com efeito, cheio de energia, mas vazio de experiência e sabedoria."

"Quando algo se repete, resume e repousa, isto representa apenas uma retomada de forças, uma pausa com a finalidade de avançar mais para o alto. Esta é, em seu íntimo mecanismo, a evolução, que contém o significado mais profundo do universo. A verdade de minhas palavras está escrita em vosso mais poderoso instinto e aspiração, que é subir, subir sem medida, subir eternamente."

A Grande Síntese


Evolução-Involução. Numa proporção de 3:2. Três experiências ascensionais. Duas quedas. De forma a percorrer o mesmo caminho, no sentido evolutivo, 3 vezes; e o mesmo trecho, em sentido involutivo, 2 vezes. Por quê? Para fixarmos no âmago as experiências.

A ação é a inauguração do universo do espírito. Ela é o início da consciência. Da psique. No entanto é ação apenas. Cheia de energia, que traz ideias, teorias, fórmulas, movimentos, maquinações mentais. Mas tudo isso vêm oco, sem a experiência que preenche e sustenta. Sem o fermento dela a ação é ineficaz. Possui baixa eficiência e logo se exaure - sem resultados constatáveis à mente hodierna. 

Pergunta: Qual o Destino?
Reposta: Aquele que você forjar intensamente.
A personalidade faz o destino.
A Causa pacientemente orientada leva a efeitos
magneticamente influentes e conceitualmente sustentávei.s
A experiência vem com os choques causados pela ação. E depois do organismo se consumir com o tempo - ilusões - inicia-se a construção do alicerce. Alicerce da sabedoria. 

A sapiência, essa capacidade de focar no importante, superando as ilusões, é o que na Grande Síntese se chama de α. A energia, essa vontade e capacidade do talento humano, é o que recebe a denominação de β. No atual momento a humanidade inicia a transição β - α. O máximo grau de vida orgânica agora deve permitir o desenvolvimento de uma vida imaterial, mais voltada aos conceitos. Conceitos que dirigem a ação e a subsequente concretização. 

2011 foi um ano ruim. Agora, nesse momento, decorridos cinco anos, parece que o ruim se tornou útil. Libertador de certa forma. O simples choque desencadeou um processo cujos efeitos são sentidos como ciclos. 

O 1o Ciclo cobre o período de Agosto de 2011 até Dezembro de 2012.

O 2o Ciclo cobre o período de Dezembro de 2012 a Novembro de 2014.

O 3o Ciclo inicia-se em Novembro de 2014 e se desenvolve ainda - aparentemente.

O que caracteriza o início e fim desses ciclos? Por que eu defino-os? Que critério uso? Não sei ao certo. Mas a observação cuidadosa talvez valha o esforço. 

Na inauguração do 1o Ciclo, uma grande dor. Desestabiliza-se toda uma vida construída ao longo de 26 anos. Estava tudo muito tranquilo. Estabilidade. Tentativas de fazer parte do mundo. Tentativas intensas e portanto desgastantes. Traía-se o ser para parecer. Quanto mais se intensificava o processo, maior era a quantidade de esforço necessário para atingir um resultado igual. Como a energia era limitada - assim como a paciência e estabilidade emocional - o fim era certo. Restava saber em que momento, e de que forma.

O colapso veio não com o evento, mas com a negação dele somada à falta de pontos de apoio. Especialmente porque o ser que o sofreu não possuía nenhuma habilidade em lidar com o mundo. E com isso com ninguém podia contar. E dessa forma a única reação era desespero quieto, isolado e repetitivo. 

No final do mesmo ano ocorre algo: o primeiro contato com uma visão de mundo abrangente. Começa-se o estudo de fenômenos mais profundos que buscam a explicação das dores humanas e sua finalidade. Menos tensão, mais emoção. Tudo silenciosamente.

Enquanto na esfera financeira-profissional a situação melhora, o inconformismo se estabelece. A vida é menos dor, mas os questionamentos de antes tornam-se mais orientados. Reformula-se questões. Ganha-se uma visão mais vasta a respeito de tudo que existe. Apresenta-se ao ser conceitos além dos existentes. A potência de forças imponderáveis começam a fazer certo sentido. Mas atém-se muito à questões mais superficiais sobre a finalidade da existência. 

Decorrido um ano - Ago/2012 - inicia-se a vida afetiva. Um ano após o choque. Uma perda, depois um laço de união. Essa vida afetiva seria considerada como tal apenas até o ponto em que a moça percebe ser impossível conduzir os acontecimentos de acordo com sua vontade. Uma vontade quase desesperada de se firmar no mundo sem afirmar nas ideias e nos sentimentos. Firmar às custas de outro. Não afirmar em prol das aparências. Isso o personagem não percebia. Ele era inocente no mundo afetivo. Ver filmes não o preparou para sentir os fenômenos da vida afetiva entre homem e mulher. Era necessário a vivência. A teoria estava sendo vista e sentida em prática. Era necessário absorver bem a situação amarga para a potência criadora se manifestar com toda sua magnitude e majestade. Estava findando o 1o Ciclo.

O avanço será em outro plano.
O plano atual está saturado e não é mais
capaz de conduzir à salvação.
Para esquecer as dores do primeiro choque todas energias foram empenhadas na criação de um trabalho com algum sentido. Como o meio profissional não oferecia essa oportunidade, buscou-se dar sentido à vida profissional através da criação acadêmica. E o sucesso de revelou antes do findar do ano. De Janeiro a Novembro de 2012 - em 9 meses - foi gestado um trabalho de importância reconhecida. Até hoje é difícil explicar como surgiu a vontade e determinação em realizar tal feito. Contra todas possibilidades, o irrealizável se realizou. A perda, os tormentos psicológicos, os atritos na relação,...tudo não foi suficiente para frear o progresso. Aliado ao fato do autor ter feito toda sua pesquisa e contornado todos os obstáculos sem auxilio nem compreensão de pessoas capacitadas para tal torna a explicação de seu sucesso ainda mais inusitada. Em Novembro desse ano veio a aprovação. Glória e alívio. Tanto sucesso não poderia vir desacompanhado de mais um golpe.

O segundo choque - de magnitude menor que o primeiro - chegou próximo ao Natal de 2012. Separação sem explicação. Tentativas de compreensão. Tentativas que deram como resposta a completa ausência de sentimento da outra parte. E uma ou duas semanas muito desesperadoras. Após isso, de tanto cansaço, o ser começa a focar em sua vida diária. Para esquecer? Não. Para poder iniciar a compreender o processo. E assim as coisas foram ficando mais claras.

Mais ou menos nessa época ocorre algo muito interessante. Ouve-se pela primeira vez, de alguém, em algum lugar, um nome. Um nome que estava associado a um ser de profundidade imensurável, com vivência intensa, orientada. Esse nome era (e é) Pietro Ubaldi. Em seguida foi apresentado outro, igualmente libertador: Huberto Rohden. Passados uns meses o interesse decaiu. Buscou-se algumas obras do primeiro. Leu-se um pouco. Mas logo largou-se tudo. O autor parecia repetitivo. No entanto, a Obra ficou na mente, inquietando.

Por volta de Junho de 2013, após 5 meses de maturação interior, pequenos ensaios são feitos. Ensaios que caracterizarão o início efetivo do 2o Ciclo. Nessa época nosso personagem aventura-se (não se sabe o porquê) na escrita. Começava a escrever o que sentia e colocava tudo em palavras. Ordenadas. Sinceras. Sérias. Textos caóticos mas com substância. Que foram se ordenando com o passar do tempo. 

A eclosão textual, com a geração de ideias, se harmoniza com a explosão coletiva pela qual o país passava. Em ambos os casos tratava-se de um grito de indignação que clamava por uma nova forma de conduzir os acontecimentos. O alinhamento não parecia ser ao acaso. O autor vibrava em ressonância com o país. Era uma época fantástica em todos aspectos. Cheia de possibilidades. O latente estava em erupção.

Paralelamente a essa criação inesperada, dentro de casa, que avançava com ímpeto titânico, houve um início tímido de vivência questionadora. 

A vivência se torna mais intensa. As cicatrizes do 2o golpe arrefecem. Ele foi um ganho no fundo. As do 1o são assimiladas e usadas como combustível para a tarefa de escavação interior. O meio que o personagem era forçado a viver a maior parte de seu tempo atentava contra sua natureza. No entanto, tudo ele fez para se adaptar e compreender o sentido profundo daquele modo de vida. Não o encontrou, e isso o decepcionou. 

A partir do momento em que as relações subjacentes se tornavam claras, os comportamentos se tornaram previsíveis, e tudo se torna sem graça. A vida que um ser considerado normal neste mundo tanto admirava era motivo de desespero para o nosso personagem. Mas ele não via saída. Todo seu tempo era varrido. Todas suas energias eram sugadas. O que sobrava era uma parcela ínfima (tempo-energia), que não possibilitava realizar qualquer tipo de criação que ele julgava útil, com algum sentido social, ambiental, cultural, para a vida. Para o espírito...

Após várias chances dadas, o nosso personagem se cansa: um acontecimento marcará para sempre a imagem do local que ele precisou frequentar - por motivos materiais - durante 30 meses. Não era possível compactuar com algo que era diametralmente oposto à sua mais íntima natureza, que ressoava com um Universo ainda desconhecido. Fora expulso sem explicação satisfatória. 

O fato não o impediu de continuar criando. Ao contrário, a produção de textos se tornou mais vulcânica. O vocabulário enriqueceu e se articulava mais elegantemente. A intensidade das palavras, das frases, dos parágrafos, eram mais perfurantes. A capacidade de síntese assombrava-o após ver a obra concluída.  

Paralelamente, Ubaldi já era interesse central em sua vida. 

O que ocorrera nesse meio tempo? Tudo e nada. Tudo em termos de vivência interior. Nada em torno de sinceridade e seriedade no mundo.O nada reforçava o Tudo. O Tudo compreendia o nada. Logo a lógica deste mundo torna-se sem graça. Era preciso encontrar um meio minimamente compatível com a sua natureza.

O que mais espanta é o fator monetário. 

Em nenhum momento, antes ou depois do segundo golpe (Nov/14), desde sua formatura, deixou de cair dinheiro na conta do ser. Após receber bolsa do INPE ele passa para o PEE. Depois entra na empresa como funcionário. E tudo finda nesse (pseudo-) fatídico mês. Mas a inquietação momentânea logo é preenchida por uma confiança fora do comum: o ser revela estar disposto a enfrentar tudo, desde a superfície de suas palavras até a raiz de seu espírito. Isso pode ter sido a causa-prima de sua Salvação.

Seguro-desemprego: janeiro a maio de 2015.

Nesse período toda a Obra de Ubaldi (24 volumes) é terminada e assimilada. Num jato engole-se todo o conhecimento que irá satisfazer incontáveis gerações. Assimila-se Rohden paralelamente. É a coisa mais fantástica que ocorrera em sua vida. Indescritível...

A vida afetiva renasce. Desta vez com uma pessoa que melhor compreende os tipos de dores do personagem. Sente-se amor e sinceridade. A relação revela-se séria e com isso inicia-se um caminhar em dupla. Mas de nada adianta o desenvolvimento afetivo sem o sustento material.

Em junho de 2015 o personagem retorna ao meio acadêmico, agora como estudante de doutorado. Nenhum projeto de pesquisa à vista. Apenas a vontade de começar algo. Contra todas expectativas minhas, a bolsa é aprovada. E as disciplinas são cursadas. Em grande quantidade. Era preciso ocupar a mente...

Paralelo a isso está ocorrendo outro estudo. Um estudo mais importante. Feito com paciência e de forma serena, perseverante. Afinal, é assim que o personagem agia quando sentia uma determinação férrea. 

Em Novembro de 2015 - exato 1 ano após o choque profissional - é aberto um email com uma mensagem de nomeação. Fora aprovado no concurso público. Em sua cidade. Em sua especialidade. Numa área que julgava mais adequada a sua personalidade. E assim, em dezembro desse ano, recebe sua última bolsa de doutorado e inicia a vida de professor em instituição pública. Abrem-se as portas para a união definitiva com aquela que seria sua esposa. 

Explicar tudo à luz da razão atual é muito difícil. O momento histórico era apropriado. Sua idade, sua formação profissional, seu ímpeto em negar a natureza corruptora do meio em que se encontrava, sua reação ao acontecimento, o tempo disponível, a circunstância ímpar que lhe permitiu estudar e se preparar, a compreensão de sua companheira,...tudo foi vital para permitir o resgate glorioso. Não há outra palavra que descreva o acontecimento: MILAGRE.

Essa história se desenvolve a passos largos. Ela parece se impulsionar por choques. O 1o foi familiar; o 2o afetivo; o 3o profissional. Tudo indica que haverá um 4o. E daí em diante. Não se sabe de que tipo nem em que momento exato. Mas o desenvolvimento do universo pessoal e as circunstâncias em formação no mundo e no país podem indicar algo. 

Quanto ao momento, temos uma sequencia:

2011 - 2012 - 2014 -...

O intervalo que separa o 1o do 2o choque é aproximadamente 1 ano (2011-2012). Do 2o ao 3o temos 2 anos (2012-2014). Como o período foi de relativa tranquilidade em 2015 e 2016, é possível que algo esteja para eclodir em 2017Se isso se confirmar, o próximo intervalo terá sido de 3 anos (2014-2017).

1, 2, 3,...

Me vem à cabeça Fibbonacci

1+1=2   
    1+2=3    
        2+3=5
            3+5=8
                5+8=13
                   ...

Só o tempo revelará...

Mas uma coisa é certa: 
A de que todo benefício exige um sacrifício de elevação. 

Tudo posso. 
Nada quero. 
Pois sei que tudo devo.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Feliz Forma Mental Nova !

Expectativas de saúde, paz e sucesso todo mundo tem - ou quer ter. Na verdade o primeiro erro está no "sucesso": sucesso implica em "vencer na vida", que dada a forma mental dominante de nossos dias implica em esmagar o outro ou o entorno. Em diversos aspectos. Físicos, emocionais, financeiros, psicológicos, políticos. É um equívoco que está se revelando como tal. 

Já foi a época em que vencer no exterior implicava em algum grau de melhoria coletiva. A cada ano se torna mais evidente a insensatez dessa meta - e ao mesmo tempo mais custoso e doloroso é sustentar isso como finalidade da vida. Mas no entanto muitos ainda querem. 

Me endereço aos conscientes - ou que já atingiram um certo grau. Aqueles que sabem que não podemos voltar ao passado doloroso, mas ao mesmo tempo não devemos permanecer no lodo do presente. Precisamos avançar evolutivamente. Não cronologicamente, evolutivamente. Um futuro em termos de evolução, não necessariamente concatenado ao tempo; um futuro que aponte para cima, para a conscientização profunda, para a libertação de conceitos que se transformam em ideias, que por sua vez viram modos de vida, com atitudes viciantes e vazias. 

Deseja-se saúde e paz. No entanto, as opiniões, em geral - e que se impõem - são as que começam a destruir a saúde, tanto no nível individual (comidas processadas, jornadas alucinantes, desinformação na TV, nos jornais, nas revistas, nos cinemas,...) quanto no coletivo (sistema público sendo extinto, lógica de financeirização dos serviços). A paz igualmente: todos soltam desejos da boca para fora, mas raros são os que trabalham por ela a cada instante. Não culpo, apenas constato. É normal seguirmos o rebanho, fazermos os votos e cerimônias. Nos prendemos a isso na expectativa de uma melhora que venha externamente. Infelizmente (ou felizmente) ela não virá. Seremos nós que precisaremos dar um passo ousado para transformação efetiva desse sistema à beira de levar grande parte de vidas ao colapso. 

De nada adianta desejar feliz ano se não mudarmos a forma mental. Isso pode ser feito a qualquer momento, em muitas circunstâncias. Quem possui melhor circunstância, infelizmente, é capturado pela mesma e vive em função dela, para mantê-la ou melhorá-la. Mas uma hora ela muda contra nossa vontade, e o que resta é sofrimento que gera soluções relativas que apoiam lógicas autoritárias - cada vez mais sutis - nas quais aparentemente está mais difícil nos desvencilharmos sem sofrermos algum tipo de represália forte do mundo. Eis o grande desafio de nossos tempos. Á medida que constato e sinto e reflito a sensação se torna mais forte. Uma cadência que se intensifica. Uma cadência que, se intensificando, começa a trazer uma série de instrumentos (conceitos) novos para o mundo, como o Bolero de Ravel. E não é possível ignorar o que está martelando sua alma. Isso é o que muita gente vem sentindo. 

Não precisamos desejar nada feliz. Precisamos VER a REALIDADE e mergulhar nas concepções mais profundas...cósmicas, para a partir daí começar a gerarmos soluções efetivas. No longo prazo haverá muito trabalho. Mas posso garantir que se soubermos passar por esse túnel de desespero com convicção e orientação, o trabalho começará a apresentar frutos. Para você, para mim, para todos. Para as espécies, para a Terra. Para o mundo das ideias, das teorias. Extrair de dentro novos conceitos. Viver o sentido até as últimas consequências. Observar a Realidade e senti-lá. Absorvê-la. Compreendê-la. Reformá-la. Supera-la.  

O seguinte ensaio mostra que existem pessoas que levam a sério isso. E vêem o que provavelmente deverá ocorrer nas próximas décadas. 

https://medium.com/@joe_brewer/we-are-all-stepping-into-a-broken-future-ee65e49d764d#.l1pgxdxg7

Devemos estar preparados para o que vier. O primeiro passo para isso é compreender o que está ocorrendo no mundo. O como e - acima de tudo - o porquê. Em todas esferas: político-social, econômica, científica, afetiva, religiosa, cultural, filosófica. Diversos ciclos, de diversas durações, estão fechando. Esse alinhamento de furos de discos que giram em velocidades diversas levará a uma transformação. Resta a nós aceitá-la e usá-la da melhor forma. Ela é inevitável. A História nos levou a ela, pelo bem ou pelo mal. 

Ascensão é a palavra mais adequada para quem realmente quer que haja paz e saúde e vida.

Efetivamente.