sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Significado profundo de aproveitar a vida

A humanidade está imersa num ciclo, num grande e imenso ciclo, permeado por diversos outros semiciclos menores. Mas esse ciclo (esses ciclos) não é (não são) um ciclo(s) exatamente, a rigor, em termo absoluto. A característica cíclica (repetitiva) é uma das componentes do fenômenos da evolução humana. Há mais elementos nesse caldo profundamente monista. Há coisas sutis, que passam despercebidas aos olhos das grandes multidões. Muitos, de forma inconsciente, já pressentem essas verdades, e são incapazes de negá-las em seu íntimo. Podem seguir tendências barulhentas superficiais que se calcam na objetividade da superficialidade de um mundo vazio de convicções e carente de superações.Mas sentem no fundo se sua alma que aí existe uma verdade tão sublime, tão excelsa, plenificada de possibilidades edificantes para um mundo perdido - que flerta com a perdição mas anseia pela salvação. É aí que reside o poder do conceito, do sentimento. 

As palavras tem pouco valor frente ao conceito. Paulo de Tarso já o sabia, pois viveu o fenômeno místico. "Já não sou eu que vivo. É o Cristo que vive em mim." Ele, esse grande apóstolo do Cristo, disse - como seu Mestre - as verdades supremas em seu modo mais simples, sucinto, sem revoluteio: "A letra mata, o espírito vivifica." E é exatamente isso. Esse é a grande questão de nossos tempos. Porque hoje, mais do que nunca, o mundo carece de orientação.

O evoluído, ansioso por interagir, não vê possibilidades de encontrar ressonâncias num mundo que está majoritariamente focado no supérfluo. Preso numa forma mental. Ansioso pelo curto prazo, não vendo um horizonte mais amplo, que dê motivos para sofrer (i.e., não ser reconhecido, correr riscos materiais, liberar sua natureza inferior para superá-la) em prol de uma ascensão efetiva. Uma ascensão sem igual. Íntima, e por isso mesmo imperceptível...

Não posso afirmar que senti plenamente a sensação de libertação íntima completa. Mas sinto que já vivenciei momentos supremos, de superação. Momentos mágicos, com profusão de sentimentos ordenados rumo a uma fé num destino glorioso. Um destino que poderia ser sofrido, mas apontando para supremas ascensões biológicas, psíquicas e espirituais. Esses foram os momentos mais gloriosos de minha vida. Aqueles momentos inigualáveis, em que as forças humanas não são páreo para o fluxo ordenado de impulsos divinos. Foram verdadeiros pontos singulares. Momentos de mudança abrupta no rumo de minha vida. Trechos da trajetória cíclica que deram um impulso para que o raio da trajetória crescesse, fazendo meus revoluteios humanos abarcarem uma maior gama de fenômenos; que meus sentimentos se tornassem mais aflorados, percebendo nuances que julgava inexistentes (ou besteiras); que minha orientação aumentasse, tornando meu agir mais lento, porém muito mais preciso. Assim se inicia a construção do Eu Superior. 

Esses impulsos fazem nossas trajetórias (individual e de espécie) mais do que uma mera repetição. Elas são um lento caminhar rumo a um destino de libertação. Libertação de todas limitações desse universo de espaço-tempo. Há uma ascensão, sim. Que se dá ao longo dos ciclos. Ela é sutil, e por isso imperceptível. Mas para quem observa mais à fundo, torna-se evidente a lei mais profunda que rege o transformismo da matéria, da forma dinâmica, da vida, do psiquismo, das coletividades, da alma...de tudo. É uma espiral.

Esse ciclo ascensional tem uma característica a mais: ele é oscilatório. Avançamos radialmente, mas, ao mesmo tempo, recuamos. No entanto, a ascensão é sempre maior do que a queda, por um pequeno fator. Um delta. É nesse delta que reside o ganho. A esperança. A salvação. As possibilidades. A liberdade. O segredo da felicidade efetiva - que ainda não foi atingida. 

O objetivo da vida é evoluir - não ser feliz. 

A felicidade que não desvanece é aquela que reside no ápice da jornada evolutiva. 

Enquanto estivermos imersos num universo em relativo - isto é,  transformação incessante - não teremos felicidade. Apenas ilhas de sossego em meio a uma guerra sem fim. Batalhas longas e árduas, que são vencidas com a absorção das lições que elas trazem. Eis o que o canto da vida me disse ao longo dos últimos anos. Mas prosseguindo será possível ouvir esse canto de forma cada vez mais clara, mais sublime, mais potente...

Podemos aproveitar esses momentos de felicidade (temporários, ilusórios e frágeis), sem dúvida. Mas aproveitar significa fazer bom uso dos mesmos. Significa, em sua essência, extrair o máximo possível do seu íntimo através de condições exteriores favoráveis. Compreender isso é a chave da evolução virtuosa. Uma evolução individual com menos dor - ou melhor, com dores mais bem aproveitadas. 

Os choques da vida nos fazem compreender cada vez melhor a essência de tudo.

Para falar com as massas é mister ir ao âmago da questão, sem medo ou revoluteios. Mas ao mesmo tempo não podemos proferir os mesmos discursos de sempre. Ou falas vazias, de superfície, que são compreendidas e sentidas por todos, mas não fisgam o espírito de cada ser de forma a torná-los orientados. Creio que ainda está por nascer um tipo assim. Será um dia glorioso. Ha História já houveram alguns. Mas poucos. Pouquíssimos. Está no momento de surgir um grupo mais numeroso. A explosão dos meios de comunicação, das tecnologias da informação, tornaram a busca mais fácil.Mas é preciso filtrar muito...

O mundo vê o surgimento de seres mais evolvidos e, concomitantemente, vê  brotar de hordas numerosas e barulhentas que expiram ódio, confusão ,incompreensão. Esse fenômeno ocorre atualmente no mundo e neste país. A intensidade do trabalho construtivo de poucos é contrabalanceado pela numerosidade dos empregos deletérios de muitos. De modo que, realizando um produto que considere o peso da quantidade com a vitalidade da qualidade, a luta seja árdua, quase equilibrada, mas ainda pendendo para as forças do Anti-Sistema. Mas o futuro pertence ao bom senso, à honestidade, à transparência, à eficiência. A tendência é uma mudança. Mas antes haverá um grande confronto. Um parto de uma nova forma de vida. E como todo parto, algo doloroso e incerto. 

Aproveitar a vida. O que é?

É olhar para ao céu após uma tempestade sem igual e se deslumbrar com a magnificência de cores e formas no céu. E sentir a brisa suave no rosto. Um vento cálido, mas proeminente;

É sentir o sabor de uma refeição bem feita. Um alimento feito com amor, dedicação e alegria, em meio a um dia cheio de afazeres;

É se entrosar com uma música envolvente, portadora de sentimentos profundos sobre regiões ignotas da alma. Uma música que desperte pontos críticos, que fale com sua alma;

É ter plena certeza de que você consegue aproveitar da forma mais virtuosa os recursos energéticos, utilizando a energia elétrica para conservar alimentos bons, para lavar roupas simples e confortáveis; usando o acesso à informação para compreender melhor, para sentir o canto da História e a implicação das correntes filosóficas, para sentir o drama das grandes almas e ganhar todos tipos de conhecimentos - para aprimorar as inteligências;

É saber usar seu repertório de palavras da forma mais construtiva; seu vocabulário do modo mais envolvente; sua lógica de forma mais edificante; sua experiência do modo mais útil à coletividade;

É saber que o caminho do meio (equilíbrio) é a meta neste mundo. Mas a orientação para a vertical da ascensão deve sempre ser com toda intensidade - cada qual a seu modo e ritmo;

É ter consciência dos fenômenos mais profundos da vida, mesmo que apenas por vaga intuição e parcas experiências (como eu), ou por clareza cristalina, por ter evolvido o espírito profundamente, tornando-o apto para gloriosas missões  (como Ubaldi).

Aproveitar não é gozar! É fazer uso da experiência humana para ascender definitivamente nos degraus evolutivos.

Todas conquistas no campo humano se devem unicamente ao fato de se ter uma missão a cumprir no mesmo. Isso eu sinto, do fundo de minha alma. 

Este blog é uma parte (pequena) dessa missão. Há muito a se fazer em outros campos. Apenas aqui o falar é mais direto, para um público já preparado para compreender aspectos mais profundos da vida, sem necessitar de sistematizações acadêmicas, provas escandalosamente tangíveis. 

Desejo cumprir outros objetivos. Tento de tempos em tempos tornar meu cândido ideal uma materialização envolvente que satisfaça o intelecto e unifique os seres. De pouco em pouco sinto que as coisas vão sendo construídas.

A vida deve ser consumida para gerar psique.

Psique deve ser tensionada para despertar o espírito.

Um abalo sísmico irá nos fazer ver. 

O que acontece para alguns individualmente ocorrerá para muitos.

Assim o será.

E aí a nossa longa trajetória terá valido a pena.