quarta-feira, 28 de maio de 2014

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA O PROGRESSO INDIVIDUAL E COLETIVO

Muitos escritores famosos receberam “não” de várias editoras antes de serem reconhecidos internacionalmente. Muitos cientistas foram ridicularizados e menosprezados pela sociedade e pelo meio ao qual pertenciam, respectivamente, antes que suas teorias fossem reconhecidas e tivessem grande influência na vida das pessoas. Muitos pensadores foram taxados de utópicos quando traçaram teorizaram sistemas políticos-econômicos e novas possibilidades de socialização ( ainda são!). E etc. Muitas rejeições permeiam a trajetória de todos nós. No entanto, é a determinação em traçar uma nova possibilidade que impele alguns a irem mais longe, e consequentemente elevar a si mesmos e a humanidade a um novo patamar.



Me lembro de uma frase célebre de um marechal francês do século XIX: “Não há nada mais para ser inventado.” Essa frase (tão célebre quanto cega) foi proferida em 1898 se não me engano. Estávamos a véspera de construir o primeiro veículo voador mais pesado do que o ar – o avião. E nos cem anos seguintes houveram tantas invenções nas comunicações, nos transportes, na medicina e outras áreas, que eu arrisco dizer que o número de aparatos inventados nesses cem anos suplantou (em eficiência e potência e influência) tudo que o Homo Sapiens Sapiens criou nos últimos 40 mil anos. E não estou nem sequer falando sobre a área artística, afetiva, social e etc.

O erro do marechal francês é uma tendência que temos enraizada em nosso pensamento. Em maior ou menor grau. Isso se dá, a meu ver, pela falta de capacidade em visualizar o futuro. As possibilidades não são procuradas em mentes assim. E também – e sobretudo – pelo comodismo que invade nossas mentes a partir de uma certa fase da vida, que pode ter como causa uma condição cultural, ou um sentimento de arrogância. É claro que existem pessoas (e muitas) cujo pensamento não segue essa linha. Mesmo sem saber de forma racionalizada, a pessoa intui que existe mais a ser inventado, descoberto e sentido. E sempre existirá.


Agora, quanto àqueles que descobrem mais sobre a Humanidade e a Natureza, e que criam novos aparatos, existe uma característica em comum que une essa espécie de criaturas: o seu HORIZONTE. Ele possui uma amplitude muito maior do que a média do meio em que está inserido no local e no momento. E isso dá a esses seres particulares uma espécie de incentivo – sobrenatural às vezes – de buscarem aquilo que julgam ser de extrema importância para tudo e para todos. Independentemente dos obstáculos que venham a surgir. Fazendo uso de uma metáfora, é como se esse horizonte fosse uma espécie de fonte energética, responsável por dar uma vontade muito maior ao indivíduo para que este possa seguir o seu caminho.

Utópicos” é a terminologia que muitas pessoas , comumente bem sucedidas do ponto de vista material, dão a pessoas ,comumente mal sucedidas do ponto de vista material, cujas ideias são incompreendidas ou não-aplicáveis (no momento presente). No entanto, virando os olhos para trás e percebendo a trilha deixada pela nossa espécie, nos damos conta de que muito daquilo que foi ridicularizado no passado hoje é Lei. E muito daquilo que era impossível agora é possível. E isso se dá – em grande parte – ao fato de que muitas coisas que pertenciam à esfera da aleatoriedade agora pertencem à esfera do determinismo. Portanto, nada mais sensato do que ESCUTAR as pessoas. E se alguém deseja rejeitar alguma ideia, sugiro que, antes de tomar tal atitude, ESTUDE a fundo aquela ideia, e agrupe fatos, informações e crie argumentos sólidos, para contestá-la.


É claro que há muitas ideias ruins de fato e cheias de inconsistências. No entanto, eu acredito que seja difícil separar o joio do trigo. Especialmente se não dispomos de experiência e sabedoria suficiente. O problema central é que duas ideias podem ser muito semelhantes num primeiro momento. Mas após uma observação mais criteriosa, a diferença entre os dois pensamentos pode se tornar abissal. Isso pode ser muito perigoso. Porque se uma ideia ruim de fato é rejeitada a princípio, e outras ideias sejam concebidas tendo uma série de conceitos semelhantes a essa primeira, toda essa família de ideias – que podem ser vitais para nossa evolução – estarão sendo rejeitadas num primeiro golpe. A título de ganho de tempo. Essa forma de agir (e pensar) é consequência de um comportamento que julgamos ser eficiente – mas não é de fato, a meu ver. Um comportamento que prima pelo imediatismo e (consequentemente) superficialidade. Mas não vejo motivo para que continuemos a pensar assim. Especialmente quando a democratização da informação e o despertar de algumas consciências estejam começando a se interceptar e agir de forma inteligente.

A humildade é motor de desenvolvimento humano. Ela coloca o ser numa posição que permite a ele ter um horizonte avantajado. Ilimitado em alguns casos. E é esse horizonte amplo o responsável pela sua vontade fora do comum, que o levará a aprender mais e mais e mais, e a estabelecer inúmeras conexões com os fenômenos e grupos. E também a admitir os prórpios erros, tendo em vista de que não se trata de uma vitória individual, porque esse ser se vê como parte integrante de um enorme organismo chamado Universo. E que a única coisa pela qual vale a pena dedicar seu tempo seja a Verdade – infinitamente distante para todos nós no atual estágio evolutivo.

A busca pela Verdade se dá através de perguntas. E as respostas a essas perguntas geram novas perguntas. E assim indefinidamente. Porque o dia em que não houverem perguntas a serem feitas poderemos dizer que chegamos ao grau mais alto de desenvolvimento intelecto-moral (estamos longe de esgotarmos as perguntas...). E esse trabalho parte de uma área do conhecimento chamada FILOSOFIA que, apesar de não ter como finalidade se encarregar de fornecer as metodologias para chegarmos às repostas, ou as próprias respostas, é fundamental para ampliarmos nossos horizontes, a assim continuarmos atuando eficazmente no nosso plano.

É graças às grandes utopias que muitas atitudes cotidianas simples são tomadas por certas pessoas. E é a soma dessas pequenas atitudes que podem vir a criar novas possibilidades para adentrarmos num novo mundo.

Não ideal, mas sem dúvida melhor.

TRANSFORMAÇÃO, EVOLUÇÃO, LIBERTAÇÃO.


Sólidas mudanças interiores tem sua gênese em atitudes e pensamentos aparentemente fracos e sem poder transformador. Para a maioria das pessoas ainda vale a regra: se não consigo mudar o meu entorno (incluindo gente) à força, passo para outro meio. É muito mais fácil. E assim bilhões de seres (bilhões...BILHÕES...) vem agindo ininterruptamente.

O que se pode esperar de um campo de batalha onde soldados, diante da menor dificuldade, remanejam suas prioridades com vistas a atingir um objetivo mais fácil (e rápido)? Pequenas vitórias, grandes alívios, e nenhum mudança realmente digna desse nome. O exemplo é não-exemplar (um aparente paradoxo!), mas sua capacidade de construir analogias é o cerne da questão.

Sócrates – o filósofo – é constantemente convidado a permear nossa mente quando estamos diante de desafios de convivência. Não apenas ele, mas todos grandes pensadores da ciência, filosofia, religião e arte. Seres cuja sapiência permitia perceber que a humanidade está muito longe de colocar o ponto final nas grandes questões.

A dialética* vem demonstrando ser o caminho mais unificador. A contraposição de ideias, somada à paciência e à busca pela Verdade são os ingredientes fundamentais para que seja viável a edificação de indivíduos mais conscientes e – consequentemente – felizes. E de uma sociedade mais consciente – e feliz.

O problema da dialética é que poucas pessoas estão dispostas a aplicá-la no seu dia-a-dia. É muito desgastante. É muito perigoso. E não te garantirá um emprego remunerado nem reconhecimento nem diversas benesses materiais nem curtidas nas redes sociais. No entanto ela é, a meu ver, o único elemento propulsivo capaz de nos fazer sair do campo gravitacional da ignorância. Mas aplicá-la corretamente exige justamente a conscientização de sua importância. E isso pode demorar muitos anos, que certamente serão permeados de dores, decepções e horrorosas alegrias enquanto não reconhecida.

Não adianta forçar: a valorização do ouro espiritual só virá com o florescer dos sensores adequados a captá-lo.

Existe um tipo de trabalho de importância colossal que ainda está longe de ser percebido pela humanidade. Trata-se de um processo de escavamento contínuo, profundo, orientado pela curiosidade e bom senso. Um processo que se desenvolve a passo de bebê. Um processo que marcha em sincronia com a receptividade dos indivíduos ao mesmo. Um processo delicado que desemboca na auto-transformação – se levado à cabo da maneira correta. E a partir daí quem era escravo de si passa a ser livre para si.

Glória espiritual sem custo material.

A transformação nuclear leva à evolução do ser como um todo. O espírito muda a mente que muda o corpo. A pessoa passa a sentir e atuar de modo completamente diverso nas atitudes mais banais do cotidiano. A psicologia passa a ser outra. O processo é espiritualmente irreversível.

É dever de todo ser humano se tornar um agente indutor de transformação de seu meio – e de si. Quando uma pessoa se conscientiza disso, o dever passa a ser prazer. E tudo corre naturalmente, sem dor.

Os maiores poderes estão ocultos aos nossos limitados sentidos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Dialética