segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Compilação de visões (D8)

Atividade 2.2 – Fórum Avaliativo – O público-alvo da Educação Especial no contexto educacional Regular

Neste fórum iremos analisar e debater o processo de inclusão de alunos que fazem parte do público-alvo da Educação Especial no contexto de cursos do Centro Paula Souza.
Você já teve ou tem alunos público-alvo da Educação Especial (deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TEA) ou altas habilidades ou superdotação) em algumas de suas salas de aula? Compartilhe com os colegas as seguintes reflexões:
  1. Você conversou com esse aluno no início do curso?
  2. Você realizou alguma atividade ou conversa com sua turma ao receber esse aluno?
  3. Foi necessário adaptar algum material, procedimento ou conteúdo?
  4. Como foi a convivência desse aluno com o restante da turma?
Caso você não tenha tido um aluno público-alvo da Educação Especial em suas turmas, reflita as questões acima de forma a se colocar da maneira como agiria se tivesse tido um aluno com tais características em seus cursos.


por LEONARDO LEITE OLIVA - segunda, 7 Out 2019, 17:08
Bom dia a todos(as) !

Eu nunca tive de lidar com um aluno que exigisse cuidados especiais. Não imagino como eu agiria. Provavelmente seja necessário algum treinamento para saber como proceder durante o curso - pois trata-se de alguém que possui menos sentidos e/ou diferente ritmo de aprendizado, com limitações do ponto de vista do que consideramos normal.

Acredito que há pessoas com mais (ou menos) aptidões para lidar com esse tipo de público, assim como temos docentes que lidam melhor com o público infantil do que com adultos - e vice-versa. Percebo que pessoas que possuem mais afinidade com as artes, em geral, são mais receptivas ao diferente, por serem capazes de internalizar sentimentos de forma mais pronunciada. Isso não significa que a pessoa tenha de ter uma formação na área, mas uma afinidade com as formas de expressão. Da mesma forma, o fenômeno pode se dar para quem se envolve de forma muito intensa com aspectos mais profundos da realidade através da ciência, da comunicação ou da filosofia.

Recentemente vi um filme muito bom que trata justamente do tema. Uma freira na França que trabalha num convento para meninas surdas acaba se responsabilizando por uma menina cega e surda, mesmo que o lugar não tenha competência para tratar de tal problemática. Ela acaba recebendo a menina e acaba conquistando sua confiança, tornando-a uma pessoa autônoma em vários sentidos.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=D5qJv_I7K6M&feature=emb_title

O espectador vê o árduo trabalho assumida pela jovem e frágil freira. Ela possui saúde precária e acaba falecendo no final, mas cumpre sua missão, considerada impossível (e indesejável) pelas suas colegas: elevar uma menina a um status aceitável, dando-lhe autonomia e confiança, expandindo seus horizontes através de um trabalho formidável, criando uma forma de comunicação nova. É realmente muito bonito. Recomendo o filme.


por LEONARDO LEITE OLIVA - quarta, 23 Out 2019, 20:06
Concordo contigo X. Eu particularmente estou muito despreparado. Não sei como agir. E às vezes, mesmo com as melhores das intenções, podemos estar fazendo algo prejudicial a alguém. Precisamos ter vivência e um certo treinamento para essas situações. Como você bem disse (grifos meus):
Analisando o contexto de inclusão de uma forma mais ampla, acredito que grande parte dos docentes, ainda está despreparado para receber em sala de aula, alunos com deficiências e dificuldades físicas e cognitivas mais significativas."

Eu fico pensando em termos de comunicação...
Nos apoiamos nos cinco sentidos para atuarmos e formarmos nossas opiniões. A carência de um deles - ou de um membro, ou de uma capacidade cognitiva - traz um problema para o indivíduo. No entanto, percebo que há casos fenomenais, em que a amputação de um sentido, membro ou capacidade intelectual acaba servindo de estímulo para a potencialização de virtudes, gerando-se assim ideias e obras de arte fantásticas.

Quantos casos de gênios não há em que personalidades fora do padrão viviam tormentos constantes e intensos durante toda a vida. Van Gogh, Beethoven e Alan Turing exemplificam esse fenômeno. O sofrimento, se atinge seres de elevado grau de consciência, tirando-lhes às vezes sentidos muito queridos (Beethoven ficou surdo) é o catalisador das criações que ecoam na vasta esteira do tempo. É sem dúvida um fenômeno muito intrigante, que nos deixa perplexos e nos leva a perguntar se existe uma função pedagógica em tudo isso.

Fico pensando em evolução com tudo isso..
Várias obras cinematográficas apontam para uma realidade futura imprevisível, porém muito ansiada pelo íntimo coletivo.

No filme Inteligência Artificial (idealizado por Kubrick e filmado por Spielberg), quando o menino-robô se depara com alienígenas num futuro distante, o espectador percebe que esses seres esbeltos, transparentes (em todos aspectos), eficientes, verdadeiramente inteligentes e pouco materializados, se comunicam por pensamento. Não é necessário ver, ouvir, cheirar, tocar, saborear...Não é necessário um subtrato físico para que ocorra a transmissão de ideias e sentimentos...Logo, a deficiência inexiste, pois vive-se num plano superior, que (aparentemente) superou, há muitos milênios, tendências instintivas que acompanham a nossa personalidade. 

Me pergunto se uma evolução profunda de nossa espécie, à nível íntimo, substancial, não terá o poder de plasmar o organismo físico de modo orientado, rumo a uma neo-configuração orgânico-molecular, reestruturando tudo. Uma evolução interior, que se dará cada vez mais no campo psíquico do que no físico. E este sofrerá influências concretas a partir de fenômenos internos, intangíveis.

Tudo me indica que deslocar nosso centro de gravidade de preocupações para planos mais sutis nos libertará cada vez mais da necessidade de sermos dependentes de órgãos saudáveis para nosso pleno desenvolvimento. Quando discorro sobre essas questões, obviamente penso na escala de milênios e milênios - pois sei que a evolução...especialmente da consciência humana...é lentíssima. 

Enfim...acredito que chegará um momento em nossa trajetória multimilenar em que não haverão mais deficiências. Porque estaremos vivendo em planos de existência hiper-sensórios (como os alienígenas do filme). Mas antes de chegar lá precisamos saber tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. É mister ter empatia para com o outro para operar essa ascensão de espírito. E...por mais paradoxal que pareça...é apenas sabendo abraçar o outro e inseri-lo na sociedade que permitirá à humanidade se livrar da dependência desse organismo pesado, com vínculo férreo ao tempo, que sente a existência se arrastar; um organismo muito sensível às perturbações do ambiente. 

Criamos tecnologias para aliviar o sofrimento. Tratamentos e medicamentos para reverter doenças e deficiências. E temos tido sucesso. E continuaremos tendo com o progresso. Mas acredito que a maior conquista a ser feita deixará tudo isso como capítulos da pré-história de uma humanidade futura, que venceu as amarras de um mundo fortemente calcado na materialidade. Trata-se de um destino irresistível mas (aparentemente) irrealizável. Mas já se constata que a utopia de hoje é a realidade de amanhã. E é graças a essas visões "loucas" que poderemos chegar em lugares inimagináveis.

Eu não sei como esse processo se dará. Mas sinto que, quando se consumar, abolirá definitivamente as deficiências e doenças. E assim nada nos atingirá - pois teremos aprendido sobre as limitações do outro e sofrido outras dores, de outras formas. Variadas formas. 

Link:https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=ns3YRpeeGwI&feature=emb_title


FIM

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