segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Ar-Água-Alimento-Abrigo-Afeto

Tenho visto diversos vídeos de Eduardo Marinho nos últimos dias. E me admiro cada vez mais ao ouvir um indivíduo com tão alto grau de consciência e capacidade ímpar em lidar com a realidade material. Isso é raro. Raro nesse grau. Nessa intensidade.

Arte de Eduardo Marinho.
Excesso causa carência - carência revela excessos.
Excesso é nojento, embora não pareça.
Carência é triste, embora revele a verdade.
Muitas pessoas estão despertando para o que está ocorrendo no mundo. Eu tenho reparado nisso através de observações profundas em todos momentos do cotidiano: nas aulas, nas ruas, nas pessoas, nos mercados, nas feiras, nas redes sociais, nas mídias, nas artes, na ciência, na religião. Existe algo nascendo com ímpeto e força. E não podemos encerrar essa gênese numa classe social, num nível intelectual, numa raça, numa igreja, numa área de pesquisa ou num local. É simultâneo e se manifesta de várias formas. No entanto percebe-se, em profundidade, um fio condutor em comum, que é forte como titânio quando é enfrentado pela razão do mundo; e suave como uma pétala de rosa ao lidar com questões (aparentemente) insolúveis.

O futuro se materializa em função do desespero do indivíduo. Ele começa a tomar forma à medida que o indivíduo esgota todas as possibilidades apresentadas e reconhecidas pelo mundo (passado e atualidade). O futuro é algo que se cria quando você reconhece os benéficos do passado e ao mesmo tempo rejeita aquilo que está erodindo e não serve mais. Em todas esferas da vida. Teorias, invenções, sistemas, relações. Modos de conceber o mundo que serviram numa dada época mas devem ser abandonados - por mais doloroso que seja. Quebrar paradigmas - tendo ou não estudo, sendo rico ou pobre, homem ou mulher, jovem ou idoso, negro ou índio, branco ou amarelo. É uma destruição da forma velha e inútil para que a substância construa novas formas.

Somente nos transformamos quando nos desprendemos da vida. Melhor dizendo: apenas quando nos desprendemos do que esse mundo vê como vida.
AR

A Vida não morre, pois ela é substância. 
As existências nascem e morrem, pois elas são formas.

Vida é um princípio que anima a matéria.
Existência é uma experiência na matéria.

Mas...voltando ao tópico. Num dos vídeos Eduardo apresenta os 5 A's que todo ser humano REALMENTE precisa para viver. Eu fiz uma alteração de modo a tornar a idéia mais completa, trocando o agasalho pelo afeto: Ar, Água, Alimento, Abrigo e Afeto. De fato, tudo é redutível a isso. Se estivermos conscientes disso - independente da nossa riqueza material - podemos começar a libertar nossa mente dos pesos do mundo e preenchê-la com as potências da sabedoria.

Através de experimentações interiores chegamos a perceber a potência dessa verdade. Tudo que utilizamos nessa existência - ou deveríamos utilizar - são redutíveis a esses cinco aspectos fundamentais. Vejamos como isso se dá de fato. O ar, elemento primário, indispensável à vida humana, contínuo e frequente em sua circulação, elemento basilar para a execução de qualquer atividade, permite as atividades mais elementares. É a base sem a qual nada é possível. A água, cujas moléculas são maioria em nosso corpo físico (70%), é fundamental à vida, pois contém dois dos quatro elementos fundamentais à vida orgânica: Hidrogênio, Carbono, Nitrogênio e Oxigênio (H,C,N,O). Dois ou três dias sem a circulação dela extingue a atividade dos sistemas e órgãos e suas células. Mas vejamos mais a fundo as relações do ar e da água com o mundo exterior ao corpo.

ÁGUA
Ar com elementos tóxicos significa circulação frequente de elementos nocivos ao funcionamento corporal. São milhares de litros por dia. Por outro lado, água mal tratada contamina o organismo. O processo é lento e discreto, de forma a enganar os sentidos e até mesmo o raciocínio. Nos acostumamos com elementos e situações estranhas que, introduzidos lentamente, discretamente, e às vezes assumindo formas elegantes e sedutoras, se infiltram no corpo e passam a fazer parte dele, dominando processos biológicos, podendo estes interferir no processamento cerebral-mental, porta de conexão entre mundo material e mundo espiritual.

A luz é outra necessidade fundamental. Ela nada mais é do que a sublimação da matéria ao grau máximo. Não se lista ela justamente pela sua característica universal. Ela é não-enquadrável em si mesma. Helioterapia é tomar quantidades de radiação solar para ativar algumas vitaminas (moléculas com função vital específica). Ela deve ser diária e em horários adequados. Quem vive encerrado diariamente dificilmente tem essa oportunidade. O paradoxo é que nossa sociedade industrial fixa essa regra como necessidade suprema de sobrevivência material, obrigatória, induzindo-nos à repetição e consumo desnecessários, estrangulando-nos aos poucos. Estranha lógica! Dá se pseudo-vida à custa da vida de fato. E isso justamente por termos nos afastado lentamente do contato com a natureza. Nos seduzimos pela ciência, que se plasmou em tecnologia e anima nossos desejos e projetos de vida. Nos encantamos pelo pensamento racional, uma explosão mental despertada na Renascença (séc. XVI) e desenvolvida por meios de ciclos tão ascendentes quando destrutivos - porque não guiados pela intuição espiritual, sintética e orientadora. Com isso veio o espasmo da Ciência material (Pascal, Galileu, Newton), Iluminismo (ordenação do saber), Gênios artísticos (Beethoven, Tchaikovsky, Mahler, Rachmaninoff,...), Revolução Francesa (política / sociedade), Revolução Industrial (economia / tecnologia) e desenvolvimentos lógicos de bases plantadas no século XIX. As consequências se estendem e desenvolvem em ciclos mais refinados e insustentáveis, porque não pautados pela intuição...

ALIMENTO
O alimento é uma combinação orgânica que fornece elementos elementares, carregando em doses adequadas outros elementos essenciais ao bom funcionamento dos sentidos e órgãos e processamento. Ele influencia no físico e no mental. Sua carência quantitativa ou qualitativa se manifesta como deficiência. Essa pode assumir duas formas, conforme se caminha para um exagero ou outro (ausência). Nesse quesito o que devemos saber é o seguinte: precisamos do suficiente com a qualidade necessária. Os prazeres alimentares podem induzir a vícios crescentes, nos desprendendo da base da vida e consequentemente nos fazendo dispender mais tempo e energia para adquirir recursos para a compra de coisas desnecessárias.

Com a expansão da ganância alimentar invadimos outras esferas da vida individual: as posses. Nos alimentamos de bens além da nossa capacidade de usá-los para proveito próprio ou adjacente (auxílio fraterno), consumindo bens num ritmo frenético e com atributos desnecessários. Pior: tornando necessidade o luxo, sendo este mera desculpa para satisfação de instintos.

Só se deve adquirir algo se for feito uso benéfico e eficiente. Para si e para o entorno. Desde o curto até o longo prazo. Para avaliar isso é preciso ter desenvolvido a faculdade de discernimento. Ela não se adquire na escola ou universidade, e sim na vida, com a sensibilização psíquico-nervosa. Não se trata de impor um pensamento, e sim apenas apontar em linhas gerais qual é a finalidade da vida. Entrar com exemplos práticos pode ser contraproducente, uma vez que certos leitores podem inflar seu ego e se sentirem atacados em seu modo de vida particular, que julgam ser correto e de seu direito. Mas nem sequer o autor se julga com esse direito, se questionando constantemente, revendo seus conceitos e se expondo a vivência intensa de realidades necessárias. 


ABRIGO
Uma idéia incapaz de sobreviver a sistemáticas investidas violentas não é digna de sobreviver.

Digo mais: quanto mais sublime a idéia, mais ela tende a fortalecer-se com os ataques. De repente percebemos que muitos questionam ou atacam não para destruí-la, e sim testá-la até ao nível de alicerce. E se resiste e cresce, se tornando mais bela e forte, demonstra-se o poder construtivo da dor, seja ele praticada por agentes inconscientes ou pela Lei de Deus. Estamos diante de fenômeno sublime que encanta espíritos sensibilizados de forma intensa. E mesmo àqueles presos à razão ou aos instintos não podem deixar de ficar paralisados ao sentir em si mesmos uma corda vibrando. Eles não compreendem mas se assombram com esse desconhecido. A sensação é ímpar e envolvente. Ela domina sem exercer uma gota de energia. Ela encanta e convence pelo simples fato de SER sinceridade máxima. Partindo-se de um conceito extremamente simples bem conduzido chega-se à compreensão dos mais complexos fenômenos sociais, políticos, econômicos, psicológicos, morais, científicos, afetivos, científicos. 

Subindo na pirâmide chegamos ao abrigo. Este nada mais é uma extensão do alimento. É a necessidade de conservação, segurança do indivíduo e da família. É a vestimenta, é o colchão financeiro para os tempos de penúria. É a proteção das intempéries ambientais. É a privacidade, em que as idéias e opiniões e afetos podem se manifestar sem temor de represálias (teoricamente). É o Lar, direito de todo ser humano. Lugar onde se exerce a individualidade de forma mais intensa, para que a atuação social seja cada vez mais efetiva e coordenada. Para que a aceitação seja maior. Espaço que deve ser usado para reflexão. É a propriedade necessária. Não deve ser mais sofisticada a ponto e que essa sofisticação prejudique alguém - direta ou indiretamente. Novamente vemos o discernimento como elemento balizador da evolução interior que dita as necessidades exteriores.

AFETO
No topo da pirâmide temos o afeto, base da unificação. É aí a gênese das famílias, uniões não apenas para perpetuar a espécie, mas para desenvolver as capacidades intuitivas latentes e satisfazer os instintos. Geralmente sentimos a necessidade dessa última, mas no íntimo temos vago sentimento de que existe um algo-a-mais que nos leva a escolher uma pessoa e um grupo. É aí que reside a chave para a evolução. A intensidade da experiência afetiva permitirá o desenvolvimento virtuoso e orientado de toda inteligência analítica, a razão. Ele alimenta-a por trás, sem aparecer. É a força sutil do espírito que nos impulsiona a aprender o antes chato, o hoje interessante, e o amanhã fascinante.

Com isso construímos a pirâmide das necessidades fundamentais descritas pelo Eduardo. Pirâmide que é síntese das necessidades e finalidades da vida. Em todas existências, em quaisquer circunstâncias.

Pautar a Vida por essa hierarquia nos levará a eliminar inutilidades e construir nossa personalidade ao longo das diversas existências. Mas isso requer atitude constante e convicta, sem se importar com circunstâncias temporárias e aparentes.

Eu creio que podemos sair desse labirinto.

Mas precisamos de VONTADE.

Vontade de EVOLUIR...

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Link recomendado:    https://www.youtube.com/watch?v=NMn_1rQ3sms
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