A fábula da tartaruga e da lebre é muito interessante. Com a mesma profundidade das parábolas de Jesus Cristo, ela traz em si elementos que nos permitem chegar a uma visão cada vez mais profunda da vida. E com isso, perceber aspectos muito interessantes em nosso mundo moderno. Para isso, é preciso saber usá-la como ponto de partida - uma origem, que contém em si os princípios que devem preencher as multiplicidades da vida, seja no campo da biologia, das ciências físicas, da tecnologia, da sociedade, da economia, das artes.
Todos conhecemos a história: uma lebre e uma tartaruga disputam uma corrida ao longo do campo; os animais estão reunidos por toda a longa pista; a lebre vê o oponente e se tranquiliza, pois sabe que ninguém a vence no terreno da agilidade - muito menos uma tartaruga. Esta, por sua vez, não expressa nenhuma emoção de desânimo ou de alegria: apenas se concentra na disputa. E no final das contas, contra todas as expectativas do bom senso, vence.
O que ocorreu? Por quê? Como? São perguntas que a lebre expressa ao ver a sua lenta colega cruzar a linha de chegada antes de suas ágeis e longas pernas. Ela estava incrédula. E não compreende. Não compreende porque só enxerga o quesito velocidade: é mil vezes mais veloz, mais ágil e elegante nos movimentos. Mas existem outros fatores que não apenas o mais visível - que podem levar à vitória definitiva...
A lebre tinha certeza de que venceria. De fato, não há páreo para suas pernas. Com pouco esforço ainda venceria com folga. Com pouquíssimo ainda, pensou. E talvez, nem precisasse se preocupar com a corrida.
O apito da largada soa e um vendaval faz uma nuvem de poeira se erguer diante da tartaruga. Em poucos segundos o ser de orelhas grandes completa grande parte do circuito. A tartaruga cansada e desengonçada camela pela áspera superfície. Cada curva contornada é uma vitória - pois ela se cansa muito devido ao seu casco pesado. Ela não se desespera. Apenas corre (à seu jeito).
A lebre decide parar e brincar, tão convencida aparenta estar. Quer mais do que uma vitória. Deseja mostrar o quão mais veloz (superior) é à tartaruga.
Num mundo em que a velocidade, a agilidade de resposta e o movimento ditam a hierarquia do ser, quem está nos píncaros do movimento se sente senhor de tudo. Mas nem só de movimento se constrói a grandeza de um ser.
Existem ritmos sutis que se manifestam de surpresa, nos momentos menos esperados. Os senhores do mundo exterior pasmam. Quem se exaltou se torna humilhado por forças que transcendem sua compreensão. E quem se humilhou é agraciado com a bênção da salvação.
Exaltar-se é crer na invulnerabilidade individual. É colocar as aparências acima da essência. É alimentar o que constantemente caduca - e ignorar o que incessantemente se revigora. É matar o espírito (sua possibilidade de ascensão) em prol de um momento a mais de gozo da matéria (características atávicas acumuladas por milênios).
Humilhar-se é reverenciar o mistério e servir o que não se toca. É dar um salto de fé, munido de razão, no desconhecido. É alimentar o que jaz em potencial e um dia irá nascer - e domar o que está manifesto, usando as características mundanas como servo.
Quem se colocar acima da Lei será atingido por ela,
pois a Lei é Deus em Seu aspecto Justiça.
Quem se alinhar com a Lei será impulsionado por ela,
pois a Lei é Deus em Seu aspecto Justiça.
A Lei é simples, apesar de profunda. Simples porque não exige um cerebralismo intenso. Profunda porque só se revela para aqueles que sabem enxergar - e só funciona para quem, além disso, harmonicamente alinha suas qualidades humanas (horizontalidade ética) com sua substância divina (vertical mística).
A lebre acumula e celebra vitórias no relativo - por isso cairá.
A tartaruga absorve derrotas no relativo - por isso vencerá.
Porque acumular vitórias superficiais, que logo exigem novas vitórias para sustentar a imagem, é o caminho para o desgaste e a perdição. Ao passo que absorver derrotas devida a seus "defeitos" é sinal de maturação interior que demonstra aprendizado através da vida.
Trata-se de ser escravo ou livre. Para ser livre é preciso enxergar a realidade. Por isso Cristo certa vez disse "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".
É preciso fracassar várias vezes para vencer de verdade. Pois é o acúmulo da experiência que forja o ser - e a assimilação delas esculpe o anjo. Num mundo tão insensato quanto este, a derrota é verdadeira bênção; o desprezo é sinal de grandeza; a fraqueza é força; e o negativo é oportunidade de revelar seres transformadores, que dinamizam a matéria corporal; direcionam o dinamismo vital; orientam o conhecimento intelectual; e mistificam o saber.
A tartaruga não é ninja. Ela é apenas o que é. Mas sabe o que é - e se alinha à sua natureza. A lebre caiu na armadilha de sua beleza, agilidade e grandeza. Vaidosa e convencida, terminou perdida.
Há criaturas que possuem defeitos (aos nossos olhos) para que as grandezas divinas se manifestem através delas.
Mas isso já foi dito de forma muito mais profunda e elegante por Cristo, há dois mil anos.
Para quem não conhece, aí vai o desenho.
Quem persiste e se orienta, vence tudo e todos. |
O que ocorreu? Por quê? Como? São perguntas que a lebre expressa ao ver a sua lenta colega cruzar a linha de chegada antes de suas ágeis e longas pernas. Ela estava incrédula. E não compreende. Não compreende porque só enxerga o quesito velocidade: é mil vezes mais veloz, mais ágil e elegante nos movimentos. Mas existem outros fatores que não apenas o mais visível - que podem levar à vitória definitiva...
A lebre tinha certeza de que venceria. De fato, não há páreo para suas pernas. Com pouco esforço ainda venceria com folga. Com pouquíssimo ainda, pensou. E talvez, nem precisasse se preocupar com a corrida.
O apito da largada soa e um vendaval faz uma nuvem de poeira se erguer diante da tartaruga. Em poucos segundos o ser de orelhas grandes completa grande parte do circuito. A tartaruga cansada e desengonçada camela pela áspera superfície. Cada curva contornada é uma vitória - pois ela se cansa muito devido ao seu casco pesado. Ela não se desespera. Apenas corre (à seu jeito).
A lebre decide parar e brincar, tão convencida aparenta estar. Quer mais do que uma vitória. Deseja mostrar o quão mais veloz (superior) é à tartaruga.
Num mundo em que a velocidade, a agilidade de resposta e o movimento ditam a hierarquia do ser, quem está nos píncaros do movimento se sente senhor de tudo. Mas nem só de movimento se constrói a grandeza de um ser.
Existem ritmos sutis que se manifestam de surpresa, nos momentos menos esperados. Os senhores do mundo exterior pasmam. Quem se exaltou se torna humilhado por forças que transcendem sua compreensão. E quem se humilhou é agraciado com a bênção da salvação.
Exaltar-se é crer na invulnerabilidade individual. É colocar as aparências acima da essência. É alimentar o que constantemente caduca - e ignorar o que incessantemente se revigora. É matar o espírito (sua possibilidade de ascensão) em prol de um momento a mais de gozo da matéria (características atávicas acumuladas por milênios).
Humilhar-se é reverenciar o mistério e servir o que não se toca. É dar um salto de fé, munido de razão, no desconhecido. É alimentar o que jaz em potencial e um dia irá nascer - e domar o que está manifesto, usando as características mundanas como servo.
Quem se colocar acima da Lei será atingido por ela,
pois a Lei é Deus em Seu aspecto Justiça.
Quem se alinhar com a Lei será impulsionado por ela,
pois a Lei é Deus em Seu aspecto Justiça.
A Lei é simples, apesar de profunda. Simples porque não exige um cerebralismo intenso. Profunda porque só se revela para aqueles que sabem enxergar - e só funciona para quem, além disso, harmonicamente alinha suas qualidades humanas (horizontalidade ética) com sua substância divina (vertical mística).
A lebre acumula e celebra vitórias no relativo - por isso cairá.
A tartaruga absorve derrotas no relativo - por isso vencerá.
Porque acumular vitórias superficiais, que logo exigem novas vitórias para sustentar a imagem, é o caminho para o desgaste e a perdição. Ao passo que absorver derrotas devida a seus "defeitos" é sinal de maturação interior que demonstra aprendizado através da vida.
Trata-se de ser escravo ou livre. Para ser livre é preciso enxergar a realidade. Por isso Cristo certa vez disse "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".
É preciso fracassar várias vezes para vencer de verdade. Pois é o acúmulo da experiência que forja o ser - e a assimilação delas esculpe o anjo. Num mundo tão insensato quanto este, a derrota é verdadeira bênção; o desprezo é sinal de grandeza; a fraqueza é força; e o negativo é oportunidade de revelar seres transformadores, que dinamizam a matéria corporal; direcionam o dinamismo vital; orientam o conhecimento intelectual; e mistificam o saber.
A tartaruga não é ninja. Ela é apenas o que é. Mas sabe o que é - e se alinha à sua natureza. A lebre caiu na armadilha de sua beleza, agilidade e grandeza. Vaidosa e convencida, terminou perdida.
Há criaturas que possuem defeitos (aos nossos olhos) para que as grandezas divinas se manifestem através delas.
Mas isso já foi dito de forma muito mais profunda e elegante por Cristo, há dois mil anos.
Para quem não conhece, aí vai o desenho.