Há
alguns meses atrás assisti um filme pra lá de interessante que
retaratava o início da vida acadêmica de Albert Einstein. O título:
“Einstein e Eddington”. Este filme tratava das dificuldades que
esse gênio da Física teve para difundir sua teoria (a Teoria da
Relatividade Geral) no meio acadêmico de outros países. Por motivos
nacionalistas...
Basicamente
vemos retratada a relação científica – muito dificultada por
barreiras nacionais – entre o cientista inglês Sir
Arthur
Stanley Eddington
e
Albert Einstein. Era o início da 1a Guerra Mundial (1914-1918), e
Eddington acabara de ser nomeado astrônomo chefe da Universidade de
Cambridge por Sir Oliver Lodge, seu chefe. Este lhe instruíra a
investigar a nova teoria do jovem judeu alemão e ao mesmo tempo
tentar derrubá-la, defendendo a teoria Newtoniana a qualquer custo.
Ao mesmo tempo Einstein se encontrava na Academia Prussiana de
Ciências tendo seu trabalho financiado pelo Estado alemão, cuja
intenção era meramente usar a nova teoria como uma propaganda de
guerra, na tentativa de derrubar o trabalho de Newton. O fato é que
ambos os lados estavam impedidndo o progresso da ciência – e da
humanidade – por motivos mesquinhos.
Pôster do filme "Einstein & Eddington" (2008) |
Assistindo
o filme o espectador se dá conta de que os cientistas estavam
totalmente desprovidos de preconceitos, ignorando questões
nacionais. A busca dos dois era pela verdade. Independente de
qualquer detalhe como origem, língua, nacionalidade ou crença. Puro
caráter. Mas infelizmente os Estados (britânico e alemão)
sistematicamente impunham barreiras para a descoberta e difusão
dessa nova verdade, mais interessados em se apropriar de uma teoria e
usá-la para esmagar seu adversário do que em promover a verdade
para o desenvolvimento de todos seres do planeta. Puro egoísmo.
Existem
diversas passagens que mostram que o modelo de Mecânica celeste de
Newton – apesar de correto e preciso – era um caso particular da
teoria de Einstein, mais geral. E era essa limitação que precisava
ser ampliada. Por exempo, numa cena vemos Eddington observando uma
maquete do sistema solar, falando com um colega (ou sua esposa, agora
não me lembro) sobre o problema de Mercúrio: sua trajetória não
obedecia às Leis de Newton com precisão. O modelo clássico não
captava esse fenômeno, apesar de descrever perfeitamente outras
dezenas de movimentos. E é aí que a correspondência com seu colega
de ciência do outro lado do canal (da Mancha) era tão importante.
Haviam fendas a serem descobertas.
Uma
cena engraçada é justamente quando Eddington comenta com seus
superiores de Cambridge sobre os estudos sendo feitos por um
cientista alemão que estavam questionando a abrangência da Física
de Newton. “Quais são as referências dele?”, perguntaram ávidos
em obter (talvez) uma resposta que lhes agradassem. Ao passo que
Eddington reponde: “Nenhuma”. E todos riem de Einstein,
subestimando o impacto que seus estudos teriam no futuro. Isso
demonstra que originalidade e visão não está atrelada a volume de
referências. Em suma: informação é uma coisa, inteligência é
outra.
Eddington e Einstein na vida real |
Esse
fato histórico me deixou (mais) fascinado pela ciência. Mas o
principal efeito do filme foi denunciar as mazelas dos chefes de
estado e de institutos que estão mais preocupados com seus poderes e
títulos do que com o desenvolvimento e bem-estar de sua espécie (e
de todas as outras). E
podemos estender esse egoísmo para o campo das pessoas jurídicas –
sim...as corporações.
Da
mesma forma que os Estados brigam entre si por ideologias, recursos e
ciência, empresas – em sua grande maioria – agem da mesma forma.
Só que no caso destas as brigas são mais por recursos e ciência. É
possível observar, por exemplo, que muitas corporações, quando
enviam funcionários para trocar ideias com seus concorrentes,
informam aos seus que devem passar a menor quantidade de informação
possível e extrair (para não dizer sugar...) o máximo possível da
outra. Por definição biológica, esse tipo de relação é
PARASITÁRIA. Tida como esperta em nosso mundo involuído. Mas que no
fundo acaba minando o desenvolvimento dos próprios funcionários,
impossibilitando-os de crescer intelectualmente, pois cada um
restringe as informações que pode dar ao outro (o “concorrente”),
e assim ambos se desgastam, fazendo uma encenação elegante por
horas – que gera custo a ambas empresas – com o intuito de
“vencer”. Cria-se um teatro-arena na qual a atuação e a
agressividade devem ser exercidas no mais alto grau. Isso é
anti-cristão e deve ser abolido num mundo que afirma ter o desejo de
evoluir.
No
entanto, eu não vejo como o mundo pode se tornar um lugar melhor
enquanto o foco primário da preocupação humana for EXTRAIR o
máximo de tudo e de todos e/ou eliminar seu semelhante
(“concorrente”). Num contexto global isso nada mais é do que
auto-mutilação. Sim. Exatamente. Porque a Lei da Causa-Efeito é
universal e, portanto, age sobre todas ações, sejam elas de origem
Natural ou Humana. Esse ganho de um sobre outro é temporário. O mal
causado a outrem retorna na mesma proporção para o(s) agente(s)
causador(es). Em forma diferente talvez. Mas retorna.
É
só imaginarmos o Império Romano. Tamanho era seu poder que ninguém
imaginava que um dia ele iria ruir. E ruiu porque o sistema estava
saturado. Porque ele (o sistema) era centrado na dominação. E
quando se tornou muito grande (dispendioso para controlar) e sem nada
mais para dominar – além de causas políticas, econômicas,
religiosas e sociais que não dá tempo de comentar aqui – começou
a definhar. Lentamente. Ao longo dos séculos. E caiu.
Pode-se
aplicar o tipo de análise anterior para qualquer sistema criado por
nós, humanos. Se analisarmos em termos cósmicos, observaremos um
comportamento semelhante. Ascensão, dominação, clímax e queda.
O
que eu quero dizer com tudo isso é que essa lógica parasitária de
operação das nações e corporações NÃO É SUSTENTÁVEL. A longo
prazo não. E tende a ser abandonada por outra um pouco mais sensata.
Quando
as barreiras nacionais e a ganância empresarial forem postas à
pique, a ciência terá total liberdade para se desenvolver e –
mais belo e importante de tudo – aplicar suas descobertas para
gerar bem-estar para tudo e para todos. E para aproximar todas almas
desse planeta.
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