Atualmente
estou lendo um livro chamado “The Happiness Project”. O que me
atraiu logo de relance foi justamente esse título, que fala sobre um
dos temas fundamentais da existência, que sonda a mente de qualquer
ser: a felicidade.
o livro e li o pequeno
resumo na contracapa. Encontrei uma frase da autora que citava
exatamente aquilo que ela sentiu quando teve a ideia de começar
esse curioso projeto, que consistia em aumentar seu nível de
felicidade: “The days are long, but the years are short” (Os dias
são longos, mas os anos são curtos). Essa faísca, que surgiu
justamente enquanto ela estava andando de ônibus num dia chuvoso,
foi a gênese que culminou com seu projeto e conseqüente livro. No
entanto, me recordo de ter proferido essa mesma frase para uma pessoa
há alguns anos quando comentava sobre alguma coisa da vida – um
daqueles momentos filosóficos no qual eu inconscientemente propago
pensamentos mais profundos para alguém. Era a mesma sensação. E
achei incrível. Dias longos e cansativos, mas os anos correndo
rápido, e você ficando mais velho sem ter aproveitado de fato nada.
Não
desejo me ater à discussão sobre quem é o autor original da frase
– mesmo porque pessoas podem ter a mesma ideia quase ao mesmo
tempo no mundo, sem que um tenha noção da existência do outro –
como, por exemplo Newton e Leibnitz em relação à invenção do
Cálculo Diferencial e Integral. O importante foi a profunda
identificação gerada com esse pensamento. Identificação esta que
me fez sentir menos sozinho e mais próximo da verdade (e..por que
não, da felicidade?). E para mim essa busca se resume basicamente no
nosso modo de percepção do ambiente exterior.
Desde o
início da civilização nós tivemos como norte de desenvolvimento a
capacidade de atuação. Devemos ser expansivos, comunicativos e
agressivos (porém hoje em dia de forma maquiada, sutil e discreta)
para sermos bem sucedidos. Pelo menos é isso o que a maioria das
famílias ensina aos seus filhos. E as escolas. E a sociedade. Em
suma, sempre foi valorizada uma postura falocêntrica. Até as
mulheres tendem a ser mais reconhecidas e valorizadas no trabalho e
na sociedade se tiverem um comportamento mais “forte” e viril.
Sensibilidade é algo de segunda classe. Indiretamente admitido como
importante, mas nunca desejado pela maioria das pessoas. No entanto,
é interessante perceber que são as pessoas mais sensíveis aquelas
capazes de levar uma vida mais plena.
Explico
e exemplifico melhor.
Imagine
um sujeito capaz de admirar um pôr-do-sol por um bom tempo – 5 a
10 minutos por exemplo, algo plausível. Se trata de alguém capaz de
alimentar sua alma através dos sentidos. A sensação de admirar um
pôr-do-sol radiante é ímpar e propicia uma tranqüilidade e paz
que nenhum aparato à capaz de lhe proporcionar. Ao mesmo tempo, esse
fenômeno diário da natureza é capaz de manter uma pessoa distraída
por um bom período. Sem custo algum. Nenhuma taxa (ninguém foi
capaz de inventar uma desculpa para privatizá-lo...ainda).
Muito
bem. Esse tipo de apreciação é tão sutil que seus efeitos são
igualmente pouco perceptíveis. Mas – eu garanto – são intensos
e renovadores. Agora vamos estender esse modo de vida simples a
outros setores para mostrar as múltiplas possibilidades que o
Universo nos apresenta – sem custo algum.
Existem
alguns locais onde é possível pegar livros emprestados e
devolvê-los após um período. Esses lugares se chamam bibliotecas e
ainda existem – apesar de serem pouco freqüentadas. Uma pessoa
pode não gostar de ler a princípio. Mas talvez, por uma
circunstância da vida, alguém, ao se interessar por algo que uma
pessoa disse (uma idéia, uma teoria, um modo de vida, uma história
de vida, uma técnica, uma curiosidade, etc), acabe recorrendo às
prateleiras empoeiradas de uma biblioteca para buscar saber mais
sobre esse algo. E durante essa busca, pode ser (pode ser) que esse
alguém encontre outras coisas interessantes, que falem de sua vida.
Um livro pode indicar outro. Direta ou indiretamente. E de repente,
sem querer, a pessoa pode se ver lendo incessantemente. Em busca de
algo a mais. E passa horas e horas toda semana imersa num mundo que
foi edificado aos poucos, por diversas mentes, de diversos lugares,
que igualmente buscavam esse algo a mais. Uma comunicação indireta
se estabelece. Vitória e glória para quem teve a coragem de
“perder” seu tempo nesse mundo.
Então,
da leitura construtiva via bibliotecas pode-se concluir: o custo é
nulo (ou quase), o ganho em conhecimento é grande, a pessoa se sente
mais calma e começa a observar diversas coisas ao seu redor de forma
diferente. Se ver mais mazelas, ela pode buscar mais informação (e
reflexão!) para combatê-las. Mas com certeza vai começar a
perceber que existem coisas boas imperceptíveis para milhões de
transeuntes.
Quem
capta mais belezas e significados do meio em que vive tem mais
condições de ser feliz com menos. Isso significa menor dependência
de recursos materiais, e consequentemente a pressão do mundo laboral
se torna menor. Eis o destino natural do ser dotado de sensibilidade.
Com
menos preocupação em conseguir recursos, o sensível é menos
permeável às loucuras das pessoas “normais”. Coisas que são
vitais para a (ainda) maioria são vistas como fúteis e efêmeras
para aqueles com sensibilidade aguçada. Ao passo que as verdadeiras
preocupações destes são vistas como tolices e infantilidades –
ou até mesmo doença – para o tipo atuante. Um é a antítese do
outro.
Apesar
do ser atuante ter sido (e ainda ser) necessário e até
imprescindível para o desenvolvimento da civilização, seu tempo
está prestes a acabar para dar lugar a um novo tipo, com percepções
mais aguçadas das relações e dos fenômenos. Um tipo mais voltado
para o intangível. Discreto, sem vontade de aparecer ou aparentar.
Mais focado no SER. Isto é...se a nossa civilização deseje
realmente dar o passo à frente.
A
riqueza do sensível jamais será captada pelo atuante. Este não
consegue compreendê-la. E é aí que reside a causa que forçará a
metamorfose do ser atuante – para o ser sensível. Caso isso não
ocorra o atuante tende a se autodestruir, ou melhor, se transformar
para melhor de forma dolorosa.
Indivíduos
do novo tipo começam a nascer cada vez mais. Segundo a Doutrina
Espírita esse tipo é denominado por criança INDIGO e CRISTAL. A
primeira é inconformada com a injustiça e faz de tudo para
construir um mundo diferente e melhor do que o presente, combatendo a
injustiça com palavras, argumentos e atos sempre que possível;
enquanto a segunda - também diferente - é mais delicada e tem
sensibilidade apurada. Uma complementa a outra nessa jornada pela
construção de um novo mundo. Essas novas gerações que pensam
diferente vem pipocando ao redor de nós. Em todas classes sociais.
Em todas nações. Em todas crenças e etnias. Resta à sociedade e
famílias do tipo antigo saber acolher de forma adequada esse novo
tipo de ser, com alta sensibilidade, menos refém da matéria e mais
voltado para as riquezas da alma. Ser que deve ser visto como motor
de construção de uma nova civilização, e não como uma
anormalidade.
Nos
últimos 2 séculos o desenvolvimento foi pautado por progressos
materiais. A ciência foi aplicada sem consciência, gerando uma
tecnologia que poderia propiciar muito mais bem-estar para todos os
seres vivos deste planeta - e até para a própria Terra. Esse
período é conhecido como Era Industrial. Mas - para alívio dos(as)
sensatos(as) - é transitório. Muito mais breve do que a era que a
precedeu (Agrícola) e que sucederá (Pós-Indutrial). Essa nova era
será o início de um novo modo de agir, de sentir e - sobretudo - de
pensar.
Aquele
famoso ditado "Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos" será
sentido na prática.
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