domingo, 11 de setembro de 2022

Se está quase impossível, então continue!

Você, que gosta de ficar o mais isolado possível e se cansa com a companhia da imensa maioria das pessoas. Você que não suporta mais o modo como as pessoas agem; a falta de coerência entre discurso e prática; o ceticismo mórbido dos grupos e a falta de percepção das pessoas. Você que se cansa enormemente ao estar com outros, sendo conduzido pelas brincadeiras, pelos falatórios que se repetem ciclicamente - sob várias formas, mas sempre iguais em sua essência - e pelas obrigações repetitivas que tem pouco efeito na melhoria das condições. Você pode se fazer três perguntas sobre sua imensa vontade (e determinação) de se isolar para ver se de fato você deve persistir em seu caminho único:

   1ª) Eu me isolo por estar com medo de algo ou alguém?

   2ª) Eu me isolo por me achar superior a algo ou alguém?

   3ª) Eu me isolo por estar com raiva de algo ou alguém?

Se para as três perguntas a resposta for negativa, então siga seu caminho solitário. Por mais árduo que seja,tenha certeza que você iniciou a jornada de ascensão. E deverá encontrar por si mesmo as respostas para suas inquietações. 

Fig.1: Num certo momento, nem você nem eu não precisaremos nos esforçar. Será tudo suave.
O trabalho será um regozijo porque se tornou apostólico, missão de vida, imperativo supremo. 
Ninguém irá compreender...E assim despertamos em nós essa consciência crística.
Imagem: filme Matrix (1999).

Haverão pessoas que irão aparecer e desaparecer de seu caminho. Você irá se iludir com muito nos próximos anos, décadas - e quem sabe vidas. Como Ubaldi, quando veio ao Brasil com garantias de ter total apoio moral e sustento financeiro para continuar sua obra - que é a Obra de Deus. O missionário da Umbria, aos 66~67 anos, se deparou com a cruel realidade dos grupos voltados a uma proposta espiritual, que não estavam no seu nível de universalidade e imparcialidade, preferindo engrossar suas fileiras à ascender rumo a planos superiores de vida. Mas tudo deu certo, pois seu trabalho era apontado para o Alto - e assim foi lhe dada todo o apoio. É a providência divina complementando a previdência humana. 

Devemos sempre estar nos fazendo essas três perguntas. Elas nos dão o norte. São nossa bússola. E ao estarmos diante de um (aparante) beco sem saída, devemos buscar algo para continuar nossa jornada. É preciso algo que lhe inspire. Um projeto de vida que não dependa de terceiros. Um modo de ser próprio, unicamente seu. É preciso perseverar até o esgotamento de suas forças - coisa que ninguém faz.

A estrada para o Paraíso está repleto de cadáveres. Pessoas que desistem diante de dificuldades. A imensa maioria nem começa, já percebendo que existe uma barreira inicial. Preferem seguir a maioria e se manter num estado de existência mais próximo à animalidade. Tem medo de se aventurarem por caminhos que lhes ajudem a conquistar uma forma de vida superior, mais livre e significativa. Como a conquista é elevadíssima, a dedicação é fora do comum. Muitos deixam de acreditar, e assim o Evangelho é letra morta para muitos. Para outros, são palavras bonitas a se repetir no silêncio da noite ou em grupos isolados, mas apenas isso. Outros ainda gostam de se aproximar desses belos ensinamentos para satisfazer seu ego intelectual, mas jamais aplicam esses conceitos em sua vida.

Num mundo de ignorância interior não é possível transformar explicando intelectualmente ou usando fatos. É preciso permear sua vida com os ensinamentos multimilenares dos grandes gênios, santos e heróis. Não esperar por apoio humano - pois não há compreensão. Ninguém compreende porque não enxergam uma realidade mais profunda. 

As pessoas estão vivendo o clímax de um modo de vida que morreu. Se refestelam ao redor de um grande cadáver sem o saberem. Não veem o corpo moribundo e por isso o cultuam. Estão todas juntas, de mãos dadas. A minoria que vê nisso tudo um beco sem saída, é diminuta. Tem pouca ou nenhuma voz. É ignorada. É suprimida. É vista como sonhadora e infantil... Mas o tempo irã revelar quem de fato é infantil em todo esse turbilhão moderno...

Fig.2: Por nos prendermos ao agora e ao sensório, nos perdemos numa vida sem Vida.
Para quem já despertou, uma vida sem sentido não vale a pena ser vivida. Avançar sempre, 
de forma cada vez mais firme, vetorizada e criativa. Eis o inexorável destino de quem tocou a Realidade.

A humanidade está perdendo o bonde da História. A quem vê, cumpre o dever de avisar. Existem pessoas que expressam esse fim dos tempos e o advento de um novo mundo, com uma nova forma de sentir e pensar (ou melhor, pensar de fato). Elas o fazem através de suas relações com outras pessoas: como falam, o que destacam, o que assistem, escutam, desejam; como se dedicam a determinadas coisas; que peso dão às coisas do mundo. Essas pessoas às vezes vão mais longe, e começam a materializar esse espírito que pulsa dentro de seu imo. E começam a ousar destemidamente, mobilizando recursos interiores e exteriores. Em alguns pontos, quase desistem, porque sua natureza se tornou tão diferente daquela de seu ambiente que este começa a lhe barrar, do modo muito sutil, todas tentativas de fazer o mundo ascender. Mas é apenas superando essas barreiras que se progride.

Esses alguns. Esses pouquíssimos. Esses seres criam coisas que ficarão registradas pela eternidade. Enquanto tudo que não for substancial irá desmoronar, as obras calcadas no Absoluto irão sobreviver. Porque quem participou delas o fez sem esperar fama ou dinheiro ou títulos ou cargos ou gozos diversos - ao contrário de quase todos que se dedicam arduamente a algo.  

Os nossos tempos demandam pessoas altamente sintonizadas com uma forma de vida progressiva e sustentável. As circunstâncias se desenrolam de modo muito claro. Quem não sabe ler as profundezas dos fatos se atêm aos aspectos momentâneos, às regras, às reações superficiais. 

O setor educacional está uma catástrofe não exatamente por falta de investimentos ou políticas públicas ou mesmo a cultura geral daqueles que participam de suas fileiras (como servidores ou servidos). Claro, essas questões são importantíssimas e devem ser abordadas. Mas o cerne da questão não se encontra nos aspectos exteriores. 

Há um baixo grau de consciência coletiva em nosso mundo. 

Como podemos constatar (e até mensurar) isso?

Reparando como as pessoas estão presas a diversos rituais, cheios de frases repetidas atavicamente sem o perceber;

Reparando como as pessoas, cheias de "verdades absolutas", se recusam a testá-las na arena das ideias, das conversas, das conversas oficiais;

Reparando como as pessoas só se associam a outras superficialmente, para preencher um vazio interior;

Reparando que as pessoas se amedrontam diante da Vida, se albergando em regras e normas e leis. Se refugiando em comportamentos robóticos que retiram sua humanidade;

Reparando que as pessoas se colocam em situações hiper-estressantes, que às vezes duram anos ou décadas ou toda a vida, e se lamentam de modo disfarçado através de sua busca insana por consumo conspícuo e egoísta (inclusive de outras pessoas);

Reparando que ninguém (ou quase) sabe reagir diante de algo verdadeiramente diferente. E assim fogem, ignoram, obliteram e etc. Porque se acostumaram ao modo de comportamento de rebanho. Se sentem seguros por estarem todos juntos, em grande quantidade. E em nosso mundo inconsciente, o que dita o que é certo e verdade é a quantidade de pessoas que fazem algo.

Poderia continuar, mas creio ter ressaltado os pontos centrais. 

O problema é simples: o trabalho de ascensão é árduo porque as pessoas, se não ignoram completamente, tentam usar o ideal materializado para obter alguma vantagem. Para o involuído, tudo neste mundo é visto como artigo de uso para satisfazer algum tipo de gozo. Então não há muito a se fazer a não ser ter paciência infinita e procurar modos (cada vez mais) criativos de atuar - sem se rebaixar. Isso é difícil. Às vezes, quase impossível. 

Fig.3: "Vale a pena!" Quem diz não está no conforto. Quem diz não está repetindo belas teorias.
Quem diz já caminha há muitos anos por uma estrada diferente. 

Quando alguns começam a perceber que certas coisas que você está fazendo são 'pra valer', ou seja, que estavas realmente falando sério a respeito de algumas coisas - e não apenas fazendo para chamar atenção - então as barreiras emergem quase que do nada. 

É nesse momento que deves se ancorar no Patrão (O Único).

Porque do mundo nada se pode esperar.

Mas pessoas virão inesperadamente - gente que às vezes você nem esperaria. 

Compreenda (e isso vale para mim especialmente): Não se trata de costurar contatos, sociabilizar ou planejar. Trata-se de avançar por conta própria, pacientemente, mesmo que no vazio e em meio aos ataques.

Avança-se como uma locomotiva, que só conhece uma rota: a certa, determinada pela Lei.

Eu não vivo o mundo dos outros - crio o meu mundo continuamente.

Logo, a Vitória Única é certa - porque o fracasso é contínuo.

É isso. Compreenda quem o puder.

Referências:

https://laurajanehaver.medium.com/your-journey-is-harder-because-your-calling-is-higher-5f5915204da9

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