"A ciência se nos apresenta como uma psicologia de prudência e de desconfiança, que penetra no desconhecido dos grandes planos do ser, sobre terreno inseguro, que ela de contínuo prova e comprova experimentalmente. Avança, desse modo, por tentativas e incertezas, lentamente, por hipóteses e teorias mas, graças a seu método, seus resultados são positivos, controlados, aplicáveis a todos. As últimas verdades que a intuição apreende, através de lampejos, lhe escapam; são na maior parte uma meta desconhecida e distante. Mas, embora desconhecida, é dela que a ciência tenta se avizinhar, através da descoberta e da coordenação de verdades parciais, e isso por aproximações sucessivas."
Trecho de palestra de Pietro Ubaldi no Brasil, 1951
A Ciência é um dos quatro atores coletivos imateriais criados pela nossa espécie para ajudar a nos elevarmos para o Alto. Os outros três são a Religião, a Filosofia e a Arte. Todos tem importância ímpar no progresso da nossa espécie. Cumprem um papel divino, ainda incompreendido por nós em sua substância. Se trata de um papel de elevação via consciencialização. A conscientização vêm através de experiências. Experiências no campo da imaginação, com criação de ideias novas; no campo da sistematização, com gênese de novos subsistemas sociais e tecnológicos; no campo da expressão, com desenvolvimento das habilidades comunicativas e esclarecimentos; no campo do amor, com a sensibilização do ser, adquirindo senso de gratidão e coragem de atuação.
Qual o papel de cada um desses quatro eixos no progresso humano?
A Religião traz os problemas últimos. Ela aborda a questão do transcendente e busca a manifestação da substância imanente. Vê o panorama geral. Busca trazer o Céu (Sistema, S) para a Terra (Anti-Sistema, AS), com o intuito de mostrar que precisamos nos reconectar com a Fonte Criadora - apesar Dela nunca ter se desconectado de nós.
A Filosofia dá dinamismo à jornada evolutiva. Ela conecta a praticidade e objetividade da Ciência com o misticismo e fé da Religião. Ela questiona, reflete e age no campo das ideias primordiais - que se tornam saberes científicos, que geram teorias e métodos e experimentos e (finalmente) inventos para melhorar o bem-estar.
A Ciência realiza no mundo concreto através da descoberta consciente das leis. Ela inicia suas indagações e investigações no campo mais sensório e superficial para, em seguida, se aprofundar gradualmente nos mistérios do mundo natural. Depois ascende para o campo humano e se desenvolve de outra forma, vendo necessidade de superar a si mesma para continuar cumprindo seu belo papel. Hoje, nos primórdios do século XXI e na iminência de um colapso ambiental, ela se vê diante da necessidade de um novo salto. Um salto imenso, para o campo do super-humano, campo do espírito, das origens, da vida além da vida. Está com medo pois se habituou a pensar que sua jornada jamais a levaria às portas do reino do espírito e do amor.
A Arte sensibiliza a psique humana através de todas formas de expressões. É estilo, estética e criatividade. É inspiração através da imanência divina. Parte do imanente para tocar o transcendente. Expressa tudo para trabalhar com tudo, explodindo num ímpeto de paixão. Orienta-se para a sensibilização da alma. Emoções se tornam sentimentos. Técnica e prática se tornam meios de expressão de coisas inimagináveis.
Aqui iremos tratar da Ciência. Mas não do que já se encontra consolidado. Aqui a Ciência, através da visão de Ubaldi, será tensionada até seus limites, para assim revelar o que se espera dela - e porque isso será essencial para ela continuar cumprindo sua função.
No livro Problemas do Futuro há farto material sobre as últimas orientações da ciência. No volume Ubaldi trata dos problemas atuais sob a perspectiva do espírito, com Deus e o Absoluto como elementos essenciais - sem os quais é impossível avançar até mesmo no campo material e objetivo.
Compreenda: a humanidade, à medida que descobre leis e vive experiências, vai adquirindo uma memória. O corpo de conhecimento cresce (quantidade) e se desenvolve (qualidade). Os saberes se relacionam; a compreensão da linha de desenvolvimento histórica ganha novos contornos; vamos cada vez mais adentrando para dentro. A questão se torna cada vez mais o interior e o melhoramento do ser humano - e cada vez menos a geração de comodidades.
Não podemos ter como meta o simples bem-estar material. A Ciência e a Tecnologia (C&T) não são a solução milagrosa que irá resolver nossas besteiras psíquicas. O clima não será preservado a não ser que nossa cultura mude. Mudar a cultura implica em mudar costumes. Mudar costumes implica na transformação da mentalidade de cada ser. Mais que isso: implica na transmutação da alma, tornando o ser sensível para o próximo e para o meio. Isso significa que devemos amar viver simples, com o mínimo indispensável. Visar a eficiência, o consumo ponderado, a previdência, a criatividade e o decrescimento econômico.
Cada coisa que temos deve ter valor supremo. Deve ter alguma utilidade para despertar nosso espírito e o meio. Tudo serve à evolução. A evolução só tem um fim: atingir a perfeição perdida - nos reintegrando a Deus. Logo, a Ciência não é um ente absoluto que deve dominar a mente humana, mas um meio a ser desenvolvido para atingirmos a vida eterna no infinito. Eis o motivo pelo qual esse grande pilar humano necessita enxergar a si mesmo e ver suas próprias orientações.
Para 'onde' a ciência caminha?
Um artigo muito interessante publicado na BBC Brasil pode nos dar uma ideia de como a Física tem se embromado em questões excessivamente complicadas que não levarão a nada [1].
É preciso entender o que as nossas descobertas trazem. Elas apontam para um 'lugar' muito especial. Sem essa compreensão não criaremos conceitos realmente novos, em direção ao alto. Patinamos. E boa parte da ciência patina há mais de cinquenta anos.
Todas leis são derivadas de um esquema único que se repete em todas escalas, formas, níveis e circunstâncias. Só há uma Lei e ela é simples. Mas ao mesmo tempo é complexa. É simples em sua intenção mas complexa na nossa capacidade de compreender essa simplicidade. Por isso costuma-se dizer que os assuntos divinos são simples e complicados ao mesmo tempo.
Neil Turok (o sujeito da Fig.1 logo no começo do texto) é um físico teórico sul africano, diretor emérito do Perimeter Institute for Theoretical Physics, no Canadá. Segundo ele, a teoria do Big Bang que existe hoje está incompleta. Por quê? Porque os mecanismos dessa explosão são desconhecidos. Ou seja, os motivos dela ter ocorrido não conseguiram ser explicados pela Física - e ele propõe uma hipótese. Essa hipótese vai de encontro com a Teoria de Ubaldi.
"Turok trabalhou ao lado de Stephen Hawking tentando descobrir o início do universo, mas diz que os cálculos em que trabalharam juntos "tinham falhas e eram inconsistentes"."
Trecho da matéria da BBC. Ref. [1]
Ele se coloca contra modelos que sugerem que vivemos num cosmos complexo. Para ele nosso universo é simples...extremamente simples, e que portanto não são necessários novos modelos ou partículas para explicá-lo. Afirma que 'estamos nos afogando em teorias'.
"Turok também vai contra modelos e experimentos que sugerem que vivemos em um universo complexo — que, para explicar como funciona o universo, agregam cada vez mais ideias novas sobre partículas, dimensões extras ou campos invisíveis.
Em vez disso, sua visão é que o universo é "extremamente simples" e que não é necessário sugerir novos modelos ou novas partículas para explicá-lo."
Idem.
De fato, a Física teórica patina há muitas décadas. Suas descobertas não trazem nenhuma descoberta efetiva, isto é, realmente sólida que se consolida e permite irmos além.
"Sede inteligentes à altura de vossa ciência; sede modernos, ultramodernos, e vislumbrareis o espírito, que é a realidade do amanhã, e o tocareis com o raciocínio, com o refinamento de vossos órgãos nervosos, com o progresso de vossos instrumentos científicos. O espírito está aí, à espera, e fará vibrar as civilizações futuras."
AGS, Cap. III
As últimas descobertas substanciais desse campo se encontram na primeira metade do século XX (Teoria do Big Bang, Relatividade Geral e Mecânica Quântica). Daí em diante acrescentou-se muito, mas sem finalidade, remexendo e complicando teorias; criando partículas e hipóteses; experimentando sem chegar a uma conclusão.
Fig. 3: Modelo de 'universo-espelho' de Turok.
""A proposta de Turok é que o Big Bang também deu origem a um "universo espelho", onde governam nossas mesmas leis da física, mas ao contrário.
É um "anti-universo" onde o tempo corre para trás e a antimatéria é dominante. Dessa forma, a simetria seria cumprida""
Idem (grifos meus).
Ele afirma que o Big Bang deu origem a um universo espelho (S) porque no avesso não há conceito de tempo. Então dessa forma, sob perspectiva humana (do AS), podemos afirmar que nossa "geração" deu origem ao universo espelho, avesso ao nosso (o S). Assim, percebendo a limitação conceitual do nosso mundo podemos perceber que o AS caminha para o S, apesar de aparentemente algumas explicações não baterem (ou irem até contra, à princípio) com a Teoria de Pietro Ubaldi.
"Para Turok, em vez de adicionar ingredientes, a chave para entender os mistérios do universo é olhar para "a surpreendente simplicidade, beleza, elegância e economia" da natureza.
Para o físico, o universo é tremendamente simples nas menores e maiores escalas, mas no meio do caminho entre elas, onde os seres humanos estão localizados, há complexidade."
Idem (grifos meus).
E assim, ano após ano, os expoentes da ciência vão descobrindo a mais profunda verdade sobre nossa origem.
Referências
[1] Neil Turok, o físico que desafia a teoria do Big Bang e defende a ideia de um 'universo espelho'. BBC Brasil. Reportagem de Carlos Serrano. 27 de Abril de 2021.
[2] Ubaldi, Pietro. A Grande Síntese.
[3] Ubaldi, Pietro. Problemas do Futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário