segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A cultura que melhor representa o Anti-Sistema

Nosso planeta é sem dúvida um mundo de expiação e provas. Os fatos dizem isso em alto e bom tom. Basta olharmos à nossa volta e percebermos as coisas: as instituições são ineficientes; as religiões se fecharam em práticas engessadas e engessantes, negando a diversidade que o mundo apresenta e as outras crenças; a ciência teima em reproduzir seus métodos, remastigar velhos conceitos na esperança de que brote, por um acaso, uma nova descoberta que irá resolver todos os problemas; as filosofias se fecharam em bolhas de eruditismo frio, com pensadores que sofisticam sem intenção de aprofundar; a arte (a verdadeira) está afogada num oceano de interesses comerciais, se manifestando e surtindo efeito em poucas almas; o paradigma econômico sufoca o planeta e corrói as relações sociais - e com isso o sistema político desmorona, incapaz de gerar um modelo. 

Fig.1: A desintegração do modo de vida atual já começou. Há povos que, por estarem demasiadamente 
seduzidos pelo materialismo e pelo individualismo (ou um falso coletivismo), irão embarcar até o fim nessa empreitada. 
Não cabe aos pequenos seguir os reis do mundo - mas criar novas formas de vida. Novos conceitos. Novos valores...
Fonte: Image Credit Wallpapers Wide

O roteiro para sair desse lodaçal já foi dado: o Evangelho. No entanto, a mente moderna se tornou assaz astuta para perceber verdades que o inocente benévolo era incapaz de assimilar. Há claras vantagens em argumentar, ter boa capacidade comunicativa, possuir raciocínio lógico desenvolvido, de sistematizar, de aplicar o método científico. Isso não se questiona. No entanto, esse conjunto de habilidades, por si só, são impotentes diante do desafio que emerge: unificar a humanidade para que esta siga a senda evolutiva. Mas convencer o homem moderno a ter bom senso, - isto é, seguir os ensinamentos do Cristo - se tornou necessário mostrar a ele, usando a linguagem moderna, mostrar no detalhe, fazendo uso de lógica e ciência. Eis que surge A Grande Síntese.

Em relação aquilo que o mundo valoriza, estamos nos antípodas. 

É preciso que a humanidade saia desse lodaçal em que se colocou. E para isso não basta ter uma obra completa que sintetize não apenas todo conhecimento humano, mas toda a fenomenologia universal: é imperativo que as pessoas façam a sua parte - ou seja, corram atrás do conhecimento.

Quanto tempo é perdido com inutilidades porque não se possui orientação para as grandes questões da vida! Os trabalhos deste mundo se tornam improfícuos à medida que um tende a anular o outro. Interesses contraditórios, premissa desagregadora...Só aquele que enxerga a essência das coisas percebe. E com isso a dor não cessa, sempre assumindo novas formas. E o ser imaturo, perdido e com medo, incerto e raivoso, repete velhos métodos, reage, goza e sofre sem jamais imaginar a grande Lei que tudo arrasta e coordena. 

Nesse mundo de expiações e provas há povos distintos. Cada nação possui seu sistema político (mais ou menos democrático), seu sistema econômico (mais ou menos igualitário), sua cultura (cada qual representando um átimo da cultura humana), sua história e suas metas; seus conflitos e seus anseios; seu poder e sua impotência. E pode-se dizer que uma está ligeiramente mais avançada do que a outra em vários termos - apesar das mais evoluídas ainda estarem distantes de uma organização realmente digna de uma nova civilização. 

O que possuímos em nosso mundo são ilhas de desenvolvimento humano. Ilhas que apesar disso estão incompletas em suas formulações. Poderíamos elencar países que atingiram alto grau de desenvolvimento humano (IDH), muita igualdade (baixo índice de Gini) e tem um povo sintonizado com um modo de vida mais sustentável, ditado por relações mais leves, pensamento mais claro e condições para desenvolver o espírito. São poucos. E apesar de vacâncias (ex.: uma falta de visão do esquema geral, de Deus e sua Lei, sentimento mais caloroso), possuem muitos elementos que servem de base para pensarmos em como seria uma nova civilização. Esses são países do AS que estão querendo sair do AS, buscando inconscientemente formas de organização mais inteligentes.

Por outro lado existem países que estão no AS e amplificam a essência do AS. Essas nações pecam por possuir muita riqueza, muitas condições, e ainda assim não são capazes de dar um mínimo de qualidade de vida a seus cidadãos. São ágeis porém são carentes de reflexão; negociam mas não sabem viver; são práticos mas sua superficialidade enoja e enjoa. Há um país que capitaneia o aprofundamento no AS. Esse país é os EUA.

Não venho aqui desprezar as imensas contribuições de uma nação, que o nosso mundo deve abraçar. Houveram muitas contribuições do modelo estadunidense que o mundo abraçou em alguma medida. No entanto seus valores se perderam. 

Vejamos a sensação de Pietro Ubaldi ao viajar durante seis meses nessa grande nação, em explosiva expansão na época

"Logo após ser diplomado, demorou-se alguns meses nos Estados Unidos da América, o qual percorreu até à Califórnia, visitando todas as suas belezas naturais, realmente grandiosas. Nada mais viu além disso. Achou as cidades monótonas. A linguagem, os costumes, a maneira de vestir, tudo era estandardizado de um oceano a outro. Um mundo rico de recursos, de espaço e de dólares. Mas, do ponto de vista intelectual, era um mundo pueril diante da Europa."

História de Um Homem, Cap. VII (grifos meus)

Isso porque a Europa, de acordo com as descrições do autor em toda sua obra, está longe de ser um paraíso.

Trata-se de uma nação em que o significado mais profundo, minimamente reconhecido em outros povos, é eliminado das relações sociais e familiares. Uma cultura centrada no consumo, na rapidez e na grandeza espacial. Que devido a essas características acaba forjando sistemas adequados a esse estado vibratório. 

Uma economia cujas relações (80% delas) sejam de consumo é uma economia centrada no 'comprar cada vez mais, a qualquer custo', no 'se endividar'. Na Europa esse índice é 50%. Na China, 30% [1]

Não é preciso fazer muito esforço para nos darmos conta do quão desagregador é o modus operandi estadunidense. Basta coletarmos dados e estabelecermos comparações entre o que se deseja e o que se obtém. Creio que a questão central aqui é o de bem público

Bens públicos representam o maior avanço em toda história de nossa espécie. E ele se deu nos últimos cem anos. 

"Bens públicos são todos os bens móveis ou imóveis pertencentes às pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas autarquias e fundações públicas)."

Fonte: [2]

Bens públicos estão para algo o que chamo de sociedade socialista, em que várias questões que são ramificações de eixos centrais (ex.: matriz energética, estradas, portos, hospitais, universidades) pode ou não ser dirigido / coordenado pelo Estado - e sim pela população. O que impera é a sociedade. As comunidades. Os grupos comunitários. Os conselhos das comunidades são deliberativos, isto é, eles decidem o que será feito. É lei. O Estado é central como organismo genético dos processos e sustentador dos princípios - mas não é objeto de uso para fins particulares de grandes conglomerados. Para mais detalhes, ler capítulos 97 e 98 de A Grande Síntese.

Para haver uma nação estruturada de tal forma, é imperativo um povo com grau de consciência capaz de forjar relações construtivas que apontem para uma organização inteligente. Isso significa superar paradigmas incessantemente, nas conversas, nos conflitos, no ato de realizar os trabalhos (e criá-los), nos modos de perceber e sentir. 

Vamos voltar à nação que melhor representa o AS aqui na Terra. 

Fazendo uma pesquisa na internet é muito evidente o baixo nível dos indicadores estadunidenses [3, 4]. Com gráficos fica mais evidente [5]. Podemos continuar, mas creio que partindo desse ponto serão encontrados dados que reforcem os argumentos expostos.

O aspecto mais gritante é a desigualdade. A partir dela se desdobram mazelas que reflete em todos setores:

  • Sistema de saúde
  • Gastos militares
  • Legislação trabalhista
  • Previdência
  • Distribuição de renda
  • Educação
  • Violência
  • Concentração de patrimônio
  • Etc..
Lembrem-se: igualdade não é nivelar todos num mesmo patamar - mas garantir que os tipos evolutivamente mais adiantados, dispostos a desenvolver seu potencial e transbordar suas obras para a a sociedade, tenham condições para isso.

Igualdade é:
diferenciar as subjetividades na vertical evolutiva, valorizando as criações inspiradas pelo espírito - e equalizar as condições indispensáveis à vida digna, conforme as condições produtivas permitam.

Outra questão aqui é o escapismos aos quais nos acostumamos. E aqui não podemos colocar a culpa num único país, mas em toda nossa espécie. 

"People brush off the climate crisis to justify their comfortable lifestyles. We are guided by a merciless economic system that preaches the virtues of materialism and individualism. We are far too narcissistic and accommodated to accept that we are provoking our own extinction."

Fonte: [6]

"Pessoas correm da crise climática para justificar seus modos de vida confortáveis. Somos guiados por um sistema econômico desapiedado que prega que as virtudes do materialismo e do individualismo. Nós somos muito narcisistas e acomodados para aceitar que estamos causando nossa própria extinção." 

Tradução do autor

Uma atitude de liderança exemplar seria encabeçar o processo de (tentativa de) frenagem e preparação para o que está por vir. Nesse aspecto os EUA tem a maior parcela de culpa. 

Quem mais consome e exalta a cultura do consumo deve ser mais responsável. A Lei de Deus é diferenciada na hora do julgamento definitivo, além do alcance de nossa compreensão. Ela diferencia na substância para que a justiça seja feita.

E coroando esse ensaio, podemos mostrar o quão insano é uma sociedade através de suas reações a mudanças profundas que se aproximam: trata-se da turma que se prepara para o fim do mundo [7]. As ideias são tão absurdamente limitadas, incoerentes e egoístas que a utilidade de tantos planejamentos (ex.: bunkers artificiais, treino com armas, como lidar com um inimigo, etc.) é mais revelar a forma mental de uma sociedade doente em sua maioria.

Se a reação às catástrofes vêm dessa forma, de nada adianta o esforço em implementar os planos de salvação. Salvação sempre individual e às custas dos outros. Salvação que ignora (não reconhece) o mal que a forma mental hodierna fez e faz às outras formas de vida. Salvação que não é salvação, mas perdição. 

Estamos no AS e não devemos admirar a nação que melhor a representa, mas orar por ela e tratá-la como um enfermo muito debilitado. 

A salvação não virá de quem é mais famoso, rico, forte, ágil ou astuto.

Ela virá de quem se sintonizar com a intimidade do fenômeno evolutivo, alinhando suas vibrações com a vibração de um plano superior.

Referências:

[1] https://eand.co/the-age-of-cheap-stuff-is-over-36d2ae9101c8

[2] https://www.institutoformula.com.br/direito-administrativo-classificacao-dos-bens-publicos/#:~:text=Bens%20p%C3%BAblicos%20s%C3%A3o%20todos%20os,respectivas%20autarquias%20e%20funda%C3%A7%C3%B5es%20p%C3%BAblicas)

[3] https://www.bbc.com/portuguese/internacional-42076223

[4] https://www.bbc.com/portuguese/internacional-53562958

[5] https://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2020/10/eua-contradicoes-da-maior-economia-do-mundo-em-5-graficos.html

[6] https://medium.com/bigger-picture/are-humans-going-extinct-e634750bc80f

[7] https://jessicalexicus.medium.com/a-few-things-ive-learned-from-watching-doomsday-preppers-a8008da53583

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