Uma vida ardente em busca da Verdade expressa o anseio de ascensão da alma. Mas ascensão é, muitas vezes, sacrifício. Por outras, trabalho exaustivo. Outras ainda, incompreensão do semelhante. É um acúmulo de derrotas no curto prazo. Derrotas que por vezes desanimam e nos convidam a abrir a mente para outros modos de pensar, de conceber a vida e o universo. Derrotas que nos magoam e nos tentam a seguir os caminhos do mundo - caminho vazios. Caminhos de gôzos pérfidos e vitórias efêmeras. Caminhos alienantes e estúpidos. Mas caminhos bem consolidados e poderosos, que se impõem com força gigantesca, comprimindo o ser com febre de evolução, que se vê aprisionado no torvelinho das coisas mundanas: fofocas, burocracias, falatórios superficiais e conhecimento fragmentado. Nada de praticar os valores e fazer valer as teorias. É o espírito da força se impondo à força do espírito.
Em outros momentos, de outro modo, ocorreram tormentas na vida do autor. São tempestades verdadeiramente desesperadoras, na qual as formas mentais mais conservadoras se precipitam para impedir o progresso do ser - e consequentemente, do mundo. São embates titânicos entre um pobre ser, desprovido dos meios da argumentação, da astúcia e dos recursos, e um grupo encabeçado por uma mentalidade que o próprio (grupo) desconhece num nível mais profundo. Esse é um embate que se manifesta em atitudes firmes e resolutas por parte do mundo. Suas ferramentas são, primeiramente, ignorar a manifestação de um ser que possui febre de ascensão. Se isso não funcionar, há duas armas potentes que minam a imensa maioria (dessa diminuta minoria): medo e sedução. Às vezes em etapas- outras, simultaneamente, causando mais desespero naquele que é alvo. Mas quando se sofreu suficientemente os dissabores das (e pelas) vias mundanas, a desilusão é tão forte que, ou mata o ser por completo, dilacerando sua alma, ou induz a criatura com anelo de ascensão suprema a buscar destemidamente novas vias. E nesse momento o mundo (Anti-Sistema) treme. E as barreiras emergem quase que do nada, sem motivo, num esforço hercúleo de cessar o movimento ascensional na vertical.
A grande batalha começa.
Falando nisso, o primeiro livro de Pietro Ubaldi com o qual este autor teve contato foi justamente o de título homônimo ao grande embate (citado acima) que já se iniciou. As palavras e frases, de início, pareciam repetitivas - porque não se conhecia o fenômeno expressivo que seguia os motos fenomênicos. Mas logo todos os relatos começaram a exercer forte influência na pessoa que aqui escreve, relatando uma vida ansiosa por ultrapassar uma barreira. Barreira conceitual e - especialmente - de vivência...
Continuemos.
Todo o movimento iniciado aqui inicia-se em fevereiro de 2022 quando o autor, após um período de 2 anos de incubação devido à pandemia que assolou o mundo, sentiu uma determinação tão forte sobre suas visões de mundo e vivências, que a sua natureza íntima, em transformação profunda e buscando experiências no nível do consciente, impeliu-o a se aventurar por novos caminhos.
Agir no mundo sem ser do mundo.
Caminhar por entre seus semelhantes, captando o melhor de cada um, de cada grupo, de cada pensamento, de cada saber, de cada história de vida, de cada crença. Um processo de filtragem automático. Uma síntese das grandes ideias que nortearam o pensamento humano, em todos os campos (arte, filosofia, religião e ciência), expresso por todo tipo de gente. Uma expressividade tão dinâmica, tão atuante, tão criativa, tão livre de barreiras, que se supera a cada dia. De tal forma que o autor, mês após mês, não consegue ser enquadrado pelos grupos da instituição, pela forma mental de seus colegas. Sua personalidade é oscilante. Seu psiquismo é dinamismo puro. Ele prontamente se dispõe a se corrigir. Expõe todas suas visões de mundo, suas ideias, suas percepções, à mostra, deixando tudo como alvo fácil, para testar a força de tudo que possui.
É preciso muito sofrer para compreender de verdade.
Não basta ler algo. Tampouco entender. Nem mesmo estudar. O estudo sistemático e esforçado te levará adiante na senda evolutiva até certo ponto. Após um certo nível, quem está em busca de uma explicação que compreenda toda a fenomenologia universal; quem busca a integração total do ser; quem busca a essência do microcosmo e macrocosmo físico; quem busca a essência do universo interior humano; quem arde pelo intangível e dedica a vida nessa busca infinita (num mundo finito). Essa criatura, fraca exteriormente mas destemida interiormente, se forja através da dor.
Para quê?
Para superar barreiras que o mundo considera intransponíveis.
E assim se dão saltos quânticos na forma de atuar no mundo. Um mundo (ainda) perdido, em estado de alucinação. E esses saltos não são gratuitos nem simples. Eles são uma conquista árdua por vias lamacentas. E por ser uma superação tremenda, que impressiona o mundo de forma tão profunda, as reações revelam - nem que por breves momentos - uma impotência total de lidar com as questões supremas. É aí que se percebe que se está no caminho certo. E a partir dessa sensação cristalina, se adquire uma determinação tão férrea e um dinamismo psíquico tão veloz, que o mundo, antes com o ser na palma das mãos, se sente, de certa forma, dominado por ele, buscando-o e temendo-o. Não pela criatura em questão ser agressiva ou astuta, mas justamente pela sua atuação tão fora do comum. Pela sua perseverança e criatividade. Pela sua busca apaixonada, que a torna capaz de conquistar patamares que jamais julgara ser capaz.
As vias do espírito se tornaram prioridade. A matéria possui agora papel secundário, de coadjuvante que auxilia. As coisas começam a se colocar no seu devido lugar: o lugar justo. Uma hierarquia divina começa a ser formada na consciência daquele que tanto se esforçou pelo ideal. E dessa forma todo seu íntimo se torna ordenado, harmônico, coerente e coeso. Isso lhe dá energia para ir além. Lhe dá ímpeto criativo para criar novos conceitos e gerar ideias unificantes e interessantes. Lhe dá coragem para se expressar de modo cada vez mais sintético, efetivo e envolvente. É irresistível.
Os resquícios que cada um tem do AS age contra esse ser que tanto manifesta características do S. É o diabo atuando através de pessoas cujas consciências ainda não despertaram (às vezes nem em grau mínimo). E assim se tornam demônios a sentem superados no caminho. Matrix é uma metáfora para esse fenômeno.
Na cena em que Morpheus e Neo estão caminhando num programa de treinamento (uma avenida de Nova Iorque), de repente, surge uma mulher de vermelho e Neo se põe a fitá-la enquanto Morpheus lhe passa ensinamentos. E o sábio mestre que instrui o discípulo percebe isso (na verdade já antecipava a reação dele). E convida-o a olhar para trás e ver a mulher. É aí que ela sumiu e tomou a forma de um agente, que lhe aponta uma arma na testa.
A cena ilustra de modo claríssimo esse fenômeno: as pessoas do mundo, em sua maioria inconscientes da realidade profunda, se deixam levar pelos algoritmos impostas a elas. E assim, a qualquer momento, o programador dessa grande farsa (o princípio da revolta, o AS, o diabo) consegue facilmente entrar em seu domínio pessoal e torná-la um atuador inerte que serve a interesses escusos.
Meu amigo...a partir do momento em que você enxerga a essência das coisas - e pratica o ideal nas mais diversas vertentes de sua vida, continuamente e criativamente - tudo muda. Tudo...
A tormenta iniciou (mais uma).
A criatura que aqui escreve está ciente das forças que o rodeiam. Ele sabe as consequências de seguir e implementar o ideal - nem que em grau mínimo. Mas (estranhamente) se sente muito seguro. Confiante e até mesmo animado.
Que misteriosa força é essa que preenche o ser de paz? De "onde" vem? Como atua?
Pouco se sabe sobra a natureza desse impulso íntimo.
Porém, ele é muito convincente.
Que se inicie a grande orquestração musical da ascensão!