Aqui irei continuar a desenvolver o aspecto profundo dos grandes visionários do caminho. Este ensaio é a parte 2. Para quem deseja saber a linha de pensamento sendo traçada, recomendo ver a parte 1, cujo estudo de caso foi o Dr. Enéas. O nosso ponto de apoio é a intuição - a única inteligência capaz de nos dar a orientação adequada e a potência impulsiva para a nossa realização universal. Ela é o motor da civilização do futuro: a civilização do espírito. Uma civilização cujos expoentes serão valorizados pelos estudiosos e pela coletividade, colocados em posições de liderança.
Já falei algures sobre determinismo e livre-arbítrio num ensaio [1]. E também sobre a necessidade de avançar em nosso caminho interior, apesar de todas adversidades [2]. Gostaria de realizar uma fusão desses dois aspectos - duas grandes realidades da existência. E para isso é preciso falar um pouco sobre locomotivas.
Uma locomotiva percorre um caminho pré-determinado. Ela avança apenas. Seus recuos são apenas com função de manobra em baixa velocidade, para encaixes de vagões e adentrar em oficinas de reparo, por exemplo. Ela não anda para os lados: apenas avança.
Esse caminho já traçado pode parecer uma desvantagem, pois que o maquinista não tem a opção de realizar a escolha de que caminho seguir. Apenas o ritmo, a velocidade, o passo, pode ser manuseado. Mas sempre se segue em frente. Sempre...Porque há um destino a ser atingido. Um cronograma a ser seguido. Um dever a ser cumprido. Uma finalidade a ser conquistada.
O traçado prévio da via impede a escolha. No entanto a via foi traçada por quem a percorre. Ela foi feita assim (direção única, sem bifurcações múltiplas) porque já se sabia de antemão o trajeto a ser seguido. Isso dá velocidade e determinação ao comboio carreado pela máquina. É muito mais rápido, porque não há bifurcações.
A meta é distante mas o caminho é certo.
Na vida, quando precisamos realizar escolhas que irão determinar nosso futuro (e outras vidas), sentimos haver um peso enorme em nós. Parece que uma lâmina paira sobre nossas cabeças. Essa sensação de responsabilidade, nos evoluídos, é muito mais um peso imposto pela consciência do que por pressões mundanas. Vive-se dramas abissais. Dramas interiores. Dramas não percebidos pelas pessoas à sua volta - pois que ainda não passaram por esse vertiginoso processo evolutivo, que resulta de um espírito em desacordo com o organismo, puxando este (e a vida da pessoa) até seus limites.
Os Profetas do Antigo Testamento eram fortes. Suas palavras eram diretas, sem rodeios. Durante séculos uma linhagem espiritual veio ao mundo, trazendo revelações para além da capacidade de compreensão da mente racional. Suas afirmações eram tão profundas que até hoje os mais avançados campos as estudam: desde a ciência que busca decifrar as metáforas até os historiadores e teólogos que buscam extrair seu significado universal.
Uma antecipação evolutiva, para ser ser preservada e ser objeto de interesse no mundo para ulteriores assimilações, deve ser cravada com força e determinação. Assim se explica a série de criaturas que vieram a formar os grandes livros da primeira parte da Bíblia (Antigo Testamento).
Esse fenômeno cessou alguns séculos antes da vinda do Cristo (o último profeta bíblico foi Malaquias), com o intuito de preparar terreno para uma mensagem suprema. E da vinda do Cristo em forma de Jesus até hoje se passaram dois milênios: o tempo necessário para o mundo amadurecer a visão trazida pelos profetas e a vivência crística.
Hoje nos deparamos com uma ciência agoniza, e só avança resgatando as grandes mensagens; com uma tecnologia que escraviza as pessoas por se colocar como absoluta; com uma erudição que se afoga em gozos; com uma sociedade que está deixando de pensar e se recusando a sentir. É uma era de desespero. E tão mais desesperadora é devido à falta de orientação geral. Especialmente por parte de nossos chefes - sejam eles do âmbito político, militar, empresarial ou público.
Há uma falta de visão que impede a tomada de decisões que levem a humanidade para longe do buraco que ela cavou (e vem cavando). Há uma insensibilidade diante de temas centrais para a solução dos problemas modernos. Problemas de um mundo de alta complexidade organizacional e tecnológica. Um mundo de transformismo vertiginoso e de instabilidades relacionais. Um mundo que deseja relativizar tudo, inclusive o Absoluto, e assim se condenar. Um mundo que se refugia da verdade através dos barulhos das mídias, das novidades tecnológicas, das fofocas incessantes e rodopiantes e da sociabilidade vazia.
Não temos carência de recursos, de tecnologia, de barulho, de informação - que apesar de mal ordenada, desinformando as pessoas, está aí para ser bem usada. Temos carência de profetas. Profetas modernos. E carência gera necessidade. E necessidades não reconhecidas geram desespero, que se manifesta através de rituais imbecis (e imbecilizantes) e todos seus derivados.
Eis o quadro do mundo atual.
No entanto, em meio ao caos, as placas tectônicas do espírito se movem...
Nas próximas décadas as pessoas mais inesperadas deverão tomar a dianteira do processos evolutivo da transição planetária.
Há muitas personalidades que já enxergam esse novo mundo. Que já arranham nas questões dos problemas últimos. Que aplicam um método substancialmente muito diverso daqueles tradicionais (que no fundo são de mesma essência). Está tudo aí, às claras. Basta prestar atenção.
Discernimento é o que nos dará a visão.
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