quinta-feira, 19 de junho de 2014

Instinto, Razão e Intuição: as três inteligências e seu papel na evolução


A evolução individual e coletiva foi, é, e – pelo que me parece – sempre será influenciada por diferentes formas de inteligências. Cada uma delas possui uma função específica e, como consequência, momentos e circunstâncias adequadas para agir. No entanto, é muito usual nos momentos de demanda de uma inteligência específica, ocorrer a falha da mesma. E isso pode ser explicado de várias formas. 

Mas antes preciso revelar como interpreto cada uma dessas inteligências.

O INSTINTO é algo mecânico. Uma atitude que não mais necessita passar por uma unidade de processamento (o cérebro) para ser executado. Exemplo: defesa da prole (ou autodefesa num ambiente hostil. defesa física ou psicológica); conservação (fome); perpetuação da espécie (reprodução, atração sexual); entre outros. Trata-se de uma inteligência que no linguajar popular não é vista como tal porque já foi inteiramente assimilada individualmente e coletivamente pelas espécies. É algo primário, mas ainda necessário.

Albert Einstein (1879-1955)
Quando digo que o instinto é primário, é porque o considero o alicerce que irá permitir o florescimento e consolidação da inteligência que a segue: a RAZÃO.

A razão é uma faculdade que começa a ser desenvolvida na espécie humana. Pode-se dizer que seu pleno desenvolvimento é uma exclusividade dela. E que através de nossa constituição física complexa – teoricamente adequada ao nosso grau espiritual – o ato de raciocinar pode se manifestar no mundo palpável que nos rodeia desde o momento do nascimento até a nossa morte. 



A razão é ordenada e portanto trabalha de forma mais lenta – a lentidão nem sempre implica preguiça. ela é cada vez mais pensamento profundo. É através dela que nossa mente recebe um mundo desordenado e devolve um mundo um pouco menos desordenado. À nossa própria mente. E passar essa visão de mundo mais cristalina aos semelhantes (capazes de compreendê-lo) é dever de todo ser. 

No mundo oficial, convencionou-se estabelecer como patamar final de evolução possível a um ser humano aquele que tem sua razão completamente desenvolvida. E seus instintos presentes, mas controlados. Esse seria o ideal de super-homem de nossa sociedade. Mas como é possível sentir na vida (afetiva, social e cultural) e observar nos (manipuladores) meios de comunicação, parece que o super-homem do presente não solucionará muita coisa daqui para frente...

O último grau de inteligência só começa a florescer com o amadurecimento do segundo.



A INTUIÇÃO é uma forma de sensibilidade a fenômenos cuja natureza é tão iminente quanto permanente. Fenômenos incapazes de serem detectados pelos órgãos sensoriais que temos à disposição. Fenômenos que nossas ferramentas e métodos são muito pobres para explicar e exemplificar. Porque ela não é racionalizável (explicada) – no presente! Por isso o lapso de tempo entre uma atitude gerada pela intuição e sua ação efetiva é veloz. Trata-se aparentemente de um instinto. Um decréscimo na evolução. Mas um olhar cuidadoso revela que se trata de um mentalidade completamente diversa.

Cometa representando o fenômeno evolutivo-intelectual.
O ser que opera intuitivamente não sabe explicar o porquê de agir daquela forma. E como consequência é comummente taxado de ingênuo, idiota, utópico ou perigoso ou variações desse tipo. Mas se alguém se dedicar a observar as consequências de suas atitudes, perceberá – sem no entanto saber explicar – que elas desembocam de uma forma elegante, num ponto pronto para recebê-la. E no momento certo. Sorte ou planejamento? Certo ou errado? 

É muito difícil para um ser “realista”, com “pé no chão”, “inteligente”, compreender o que se passa na mente de uma criatura cuja vida é conduzida pela intuição. 

Uma das características mais interessantes é que o produto final da atitude de uma pessoa intuitiva demora muito tempo para se efetivar – na maioria dos casos. Mas a demora parece ser proporcional à eficácia. Isso é assombroso para o biótipo adequado ao mundo de hoje. E deslumbrante para uma pequena parcela utópica, ingênua, louca e perigosa da sociedade...

A partir do raciocínio desenvolvido é possível estabelecer uma relação entre os três tipos de inteligências e o que Ubaldi denomina por sub-consciente, consciente e super-consciente. 

Pode-se estabelecer a seguinte relação:

INSTINTO está para SUB-CONSCIENTE

RAZÃO está para CONSCIENTE

INTUIÇÃO está para SUPER-CONSCIENTE

Importando pensamentos desenvolvidos (magistralmente) por Pietro Ubaldi, podemos fazer a analogia dos três com o progresso evolutivo de nosso ser.


Pietro Ubaldi (1886-1972)

Imaginemos nossa evolução como um cometa. Não podemos definir um ponto específico no qual nos situamos. Deixamos um rastro enorme que torna impossível uma dissociação. A cauda, o núcleo, e a parte frontal fazem parte do mesmo “ser”.

Da mesma forma, nossas inteligências estão presentes em nós. Os instintos são a cauda. O passado que se arrasta por muito tempo e deve ser mantido para nossa sobrevivência material. No entanto, sua super-valorização tende a atrasar o desenvolvimento das inteligências mais elevadas. Não é à toa que uma vida equilibrada pede que não ignoremos os instintos básicos, mas ao mesmo tempo saibamos controlá-los para não sofrermos consequências indesejadas no futuro – é aí que a razão age. 

A razão é o núcleo. A realidade presente. E a intuição a parte frontal que, com nada à sua frente, pode vislumbrar horizontes nunca adentrados. Eis o processo de evolução completo. 



Agora, quanto à falha comentada no início, posso afirmar com relativa segurança que ela ocorre devido a uma falta de desenvolvimento de uma inteligência ainda pouco desenvolvida. Perceba que o sentido é único (o instinto nunca falha, mas a razão sim. a razão pode falhar, mas a intuição acerta. se não acerta, não é intuição, e sim um instinto travestido de intuição. Auto-engano).

Através da constatação é possível perceber que trata-se efetivamente de um fluxo unidirecional*. Ou seja, parece (parece) haver uma Lei inexorável e bela que rege o fenômeno de evolução de cada criatura viva do cosmos. 

Não é belo tudo isso?

* não confundir com o fluxo bidirecional das relações entre nosso ser e todas outras entidades do Universo. Num caso trata-se de relações; no outro, de evolução.

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