A humanidade, desde que
a razão começou a ganhar forma, começou a criar seus sistemas para
explicar o mundo, o porquê de tudo e melhorar a qualidade de vida
(mesmo que apenas para alguns).
É natural que a
RELIGIÃO tenha sido a primeira esfera do saber humano. A falta de
explicações racionais para os fenômenos mais admiráveis não
poderiam ser atribuídas a outra coisa senão a uma ou várias
divindades. Cada deus – o uma deusa – era responsável por um
fenômeno natural. Ou um sentimento. Assim atribuímos significados,
ou melhor, explicações elementares, para tudo que desconhecíamos –
o que era muita coisa.
Com o passar dos
séculos o politeísmo foi cedendo lugar ao monoteísmo. Esse passo
foi iniciado no povo hebreu (judaísmo) e seguido pelo ocidente
(cristianismo) e oriente próximo (islamismo). Em sua essência,
essas três grandes religiões tem muito mais em comum do que se
imagina. A confusão – que gerou muito derramamento de sangue e
infelicidade – tem mais a ver com confusão de palavras e
diferenças culturais do que o ideal comum inerente a cada uma delas:
a existência de uma inteligência criadora de tudo e todos e a
prática do bem.
A arte de representar o contato entre o divino e o humano. Pintura de Michelangelo na Capela Sistina. |
Outras crenças,
igualmente centradas em princípios comuns, surgiram e foram criando
seus sistemas para explicar o mundo.
Enfim...as religiões
foram o primeiro passo para explicar o mundo.
Paralelamente a isso
tudo, há 2.500 anos, na Grécia Antiga, começaram a surgir os
primeiros pensadores (que conhecemos como tal) preocupados em
explicar o mundo de forma racional*. A partir daí surgiu a FILOSOFIA
e – na sequência e naturalmente – a CIÊNCIA.
A ARTE, algo comumente
tido como supérfluo para uma sociedade, aparece desde tempos
imemoriais, quando o ser humano passa a retratar o seu mundo através
de pinturas. E desde então, apesar de criticas contra seu
utilitarismo, ela nos acompanha e nos deleita nos momentos em que nos
sentimos mais perdidos e ávidos por um prazer que (no momento)
nenhuma pessoa ou bem material seja capaz de nos dar.
Eis os quatro elementos
essenciais para o desenvolvimento da humanidade.
ARTE CIÊNCIA
FILOSOFIA RELIGIÃO
Até aqui cada uma
dessas esferas do saber se desenvolveram muito. É impressionante ver
quantas teorias, histórias, ideias, linhas de pensamento e etc foram
e estão sendo criadas. No entanto nós humanidade crescemos muito
menos do que esse quatrilho.
Por quê?
Minha explicação é:
fomos incapazes de ESTABELECER RELAÇÕES entre elas.
Ao contrário, assim
que as criamos, nos unimos a uma delas (ou um par...no máximo) e
passamos a ver cada uma delas como a verdade absoluta – e o
restante como inimiga do progresso...não apenas o nosso, mas o de
tudo e de todos.
Passamos a nos viciar e
assim começamos a criar (verdadeiras) superficialidades em cada uma
delas. Começamos a gerar sistemas que não tem por objetivo a
UNIDADE, mas a SEGREGAÇÃO. Em cada área. Sistematicamente.
"A religião do futuro será unitária e científica" (Pietro Ubaldi). Duas coisas diferentes não são antagônicas, e sim complementares. Nada há a segregar. Tudo há de se unificar. |
Todos os saberes são
verdades incontestáveis. O que gerou separatismo entre nós – não
neles, que são o que sempre foram – foi nossa má interpretação
e inclinações ao vício, que começaram a gerar ideias que
objetivam destruir. E nessa aventura nós humanidade, empunhando
nossos escudos e espadas dos saberes, nos digladiamos
incessantemente. É por isso que hoje em dia, mais do que nunca, as
mentes precisam se abrir.
Eis como eu vejo o
papel de cada saber:
Imagine um retângulo
que represente todo o Universo do conhecimento e desenvolvimento
possível a nós (enorme né?).
Imaginemos que a área
escura representa o que desconhecemos – no campo moral, afeitvo,
social, científico, filosófico, teológico,... - e a área clara o
que conhecemos.
No início, era tudo
escuro, e com nosso instinto, criamos pequenos “saberes”. E a
partir de um ponto, a razão começou a exercer força (setas) para
expandir nossa área de conhecimento. Experimentando, explicando
racionalmente e logicamente.
E a religião, sem
conhecer racionalmente, mas intuitivamente, nos dizia que existiam
coisas elevadas e desconhecidas (área cinza).
Sentimentos e modos de
vida e forças inexplicáveis no momento, mas que deveriam servir de
Norte para todo nosso desenvolvimento – a seta amarela significa
esse ideal a ser atingido. Essa ligação. Essa re-ligação.
E a filosofia?
Ela é aquela
inteligência que dá uma orientação adequada às forças
(ciências), mantendo-as corretamente orientadas para o desconhecido
e organizando o conhecido de uma forma a esclarecê-lo ainda mais.
Em, outras palavras: a
ciência conquista efetivamente; a filosofia orienta.
E a arte?
Bom, a Arte é aquilo
que nos dá indiretamente aquela energia que nos permite tentar novas
coisas através de novos pontos de vista e sensações [ acho que é
isso...]. Ela chega a ser inexplicável em alguns momentos. Mas não
deixa de ser importante. É como se fosse um tempero. O tempero da
vida...
Dessa forma temos
estabelecido o grande quatrilho.
As grandes mentes estão
na fronteira entre o conhecido e desconhecido, batalhando para
incorporar novas verdades para TODOS SERES. Não apenas isso, elas
estão orientadas corretamente, sabendo para onde devem ir. E úteis
para aqueles próximos ao núcleo original.
O dia em que Arte,
Filosofia, Ciência e Religião andarem juntos será o início de uma
nova era.
Cabe a nós realizar
essa grande unificação.
Observações:
* É uma convenção
dizer que Tales de Mileto tenha sido o primeiro filósofo de todos os
tempos. Mas trata-se de uma convenção, não querendo dizer que não
tenham existido mentes que já pensaram e formularam explicações
racionais do mundo, mas que nunca tiveram oportunidade para deixar
sua marca.
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