Existe um
motivo profundo para toda atitude humana – e também a animal, vegetal e
mineral. Essa motivação profunda pode vir de dois campos distintos:
o instintivo (do subconsciente) ou o intuitivo (do
superconsciente).
Atitudes
instintivas são mecânicas. Feitas sem raciocínio prévio. Porque
já se tornou hábito, adquirido por automatismos constantes no
passado. Assim o ser humano mantém seu organismo biológico em
funcionamento e toma atitudes no dia-a-dia tidas como naturais, mas
que a ética tem a função de controlar (a fome, o sexo e todos
demais excessos). E essa ética, cuja finalidade é colocar
fronteiras via religião ou leis civis, serviu de elemento balizador
ao progresso da humanidade.
Se não
houvesse um código de leis a tendência do ser humano seria
permanecer num patamar puramente sensório. Se não indefinidamente,
por um longo tempo. O que retardaria nossa jornada rumo à
felicidade. Basta observar. O progresso em todos campos tem a mesma
base: imaginação, ousadia, para e pensar e repensar. Importar do
passado , observar o presente e se projetar para o futuro. Atender
aos anseios do íntimo das pessoas. Perceber o mundo à sua volta e –
no caso mais sublime – o mundo interior. Autoconhecimento.
Ao mesmo
tempo, para concretizar um progresso não basta simplesmente
respeitar as normas (religiosas, civis). Com isso somos meros
executores. Permanecemos no presente – o melhor atingido até o
momento. Realizamos obras projetadas para o futuro, mas a uma taxa
quase nula, que justamente por isso desafia a paciência de alguns.
Esses alguns começam a ser cada vez menos alguns e mais muitos.
Lentamente, mas determinadamente.
Cristo,
Sócrates, Giordano Bruno, Hipátia, Beethoven, Teilhard de Chardin,
Pietro Ubaldi,...Vidas sofridas. Existências não reconhecidas.
Vidas usadas como estandarte de impérios após a extinção corpórea
de seus “fundadores”. “Fundadores” estes que jamais desejaram
criar grupos, e sim apenas revelar verdades profundas. Ir além.
Questionar. Dar o exemplo até as últimas consequências.
Como eu
vinha dizendo, não basta sermos bons cidadãos para gerar progresso
efetivo. Precisamos ir à fundo no trabalho de pesquisa e sentir
os fenômenos mais sutis e profundos que lemos durante a vida. É
preciso SENTIR – nem que minimamente – a experiência dos grandes
autores para podermos realizar um processo de transformação
profunda. Um processo que culminará na gênese de um ser
completamente diferente. Um ser mais seletivo nas atividades, mais
compreensivo aos golpes, mais previdente nos atos e palavras. E
sobretudo: mais confiante diante do que o mundo vê como abismos.
As
personalidades citadas no penúltimo parágrafo foram assassinadas,
afastadas, excluídas, colocadas de lado ou coisas do tipo. Na época
em que viveram. E muitas outras tão grandiosas quanto tiveram
destinos parecidos. Eram tidas como radicais, loucas, idiotas,
desestabilizadoras. Mas basta abrirmos a famosa Wikipedia e
começarmos a investigação. Ver-se-à um conjunto de seres que
eram fervorosamente a favor do cumprimento das condutas éticas de seu
povo. A diferença: queriam
viver e não apenas aparentar; queriam ir à fundo nos porquês;
queriam revelar o que o íntimo do povo sentia; queriam demonstrar
uma verdade universal: que a ética é relativa e
progressiva. E que portanto
nenhum povo, partido, religião, área do saber, grupo, etnia, pode
afirmar superioridade em relação ao universo. Apenas isso. E por
realizar esse trabalho foram condenados. Era demais para a forma
mental da época.
A
grande maioria é movida pelos instintos e não reserva (quase)
nenhum tempo para se deixar levar pela intuição. Explica-se: esta
ainda não foi desenvolvida. É o desconhecido, o imponderável. Para
a grande maioria. Portanto não-existente. Assunto de louco. No
entanto as maiores realizações começam com a projeção de alguns
seres ao infinito. Síntese para se chegar a uma análise nova. O
poder da visão. E após verem a concretização de algo baseado em
algo imperceptível, as pessoas começam a rever seus conceitos. É o
início da mudança.
Diagrama gráfico do fenômeno Queda-Salvação. Para compreendê-lo devemos antes sentir a realidade profunda do Todo. |
A
humanidade está numa era de transição profunda. Essa transição
será lenta mas efetiva. Pessoas começam a sentir que existe algo
saturado e passam a crer cada vez menos nas velhas fórmulas.
Percebem que (talvez) uma revolução no campo mental esteja prestes
a se iniciar. Por que nele? Tudo parte do cérebro. A própria
biologia demonstra através de sua teoria da evolução: o sistema
nervoso se torna cada vez mais sofisticado, possibilitando uma
manifestação concreta de pensamentos cada vez mais complexos e
sublimes.
A
tecnologia? Ela continuará importante e gerando conforto. Basta não
depositar todas emoções e expectativas nela. Ela é meio e não
fim. O próximo carro-chefe da evolução tem um nome e se chama
MORAL. Ela será o norte de progresso. Seus aliados de base: as
ciências humanas e interdisciplinares, auxiliadas pela ciências
naturais e linguagem matemática. As artes continuarão, mas cada vez
mais conscientes de sua função construtora. Não se trata de
eliminar uma coisa e inserir outra. Se trata de dar o peso respectivo a cada ramo do saber.
Quando colocamos uma idéia numa arena sujeita a críticas e
observações, já revelamos boa intenção e segurança.
Especialmente se a arena estiver permeada de profundidade
investigativa. Se essa idéia, após constantes (digamos) assaltos
continua inabalável, sendo a negação a única “crítica” a
ela, tem-se um porto com um mínimo de segurança. Após várias
rodadas (pontos de vista), se a tendência de solidez continuar, –
e se quem a defende estiver consciente do poder da mente –
descobre-se um elemento de poder incomensurável. Poder abstrato mas
presente em cada gesto. Do micro ao macro. Da arte à ciência.
Afirma-se o mundo mas concebe-se mais. Isso é visto de forma emborcada pelo mundo. É encarado como negação. Porque o tipo biológico predominante - tido como exemplo - é incapaz de conceber além. Sem intenção, o investigador
desnuda a crua realidade contraditória. E demonstra possibilidades.
De forma criativa, construtiva, respeitando as diversas relatividades
e demonstrando o transformismo. Iluminação.
Quando consegue-se vislumbrar mais e vivê-lo – nem que em grau
reduzido – um sinal é sentido: as portas do passado foram
fechadas. O presente é incerto. Resta seguir em frente, rumo ao
futuro desconhecido. Uma névoa que, se adentrada com sinceridade e
vontade, se revelará cada vez menos densa, mostrando um novo mundo.
Sinceridade e Vontade !
Nenhum comentário:
Postar um comentário